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Acórdãos TCAS Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul

Processo: 2046/16.8BELSB

Secção: CT

Data do Acordão: 08-06-2017

Relator: ANABELA RUSSO

Descritores: APOIO JUDICIÁRIO/NOMEAÇÃO DE PATRONO/PREPARAÇÃO-


INSTAURAÇÃO DE ACÇÃO/ CERTIDÕES/CUSTAS

Sumário: O pedido de emissão e entrega de certidão necessárias ao estudo, preparação e


instauração de uma acção judicial, formulado por patrona oficiosa em nome de
requerente que beneficie de dispensa total de pagamento de custas, não está
dependente do prévio pagamento de emolumentos.

Aditamento:
1
Decis I – Relatório
ão
Texto
Integ J... intentou a presente acção contra o Ministério das
ral: Finanças pedindo a intimação deste a emitir “certidão que
contenha os elementos e/ou documentos tal e qual foram
requeridos em 08.02.2016 e em 01.03.2016 no competente
Serviço de Finanças de ...».
Proferida sentença pelo Tribunal Tributário de Lisboa
julgando procedente o pedido e, consequentemente, intimando
o Chefe do Serviço de Finanças de ... a emitir a certidão
requerida, no prazo de 10 (dez) dias, interpôs a Autoridade
Tributária e Aduaneira o presente recurso, concluindo as
alegações apresentadas com a formulação das seguintes
conclusões:

«a) A sentença supra identificada não se pronuncia e omite totalmente a questão


controvertida nos presentes autos, que se resume, a saber: se o apoio judiciário
concedido nos termos da Lei n°34/2004, de 29 de Julho abrange a dispensa do
pagamento de emolumentos administrativos.

b) Em sede de resposta, a Recorrente suscitou várias questões e fundamentou a


inaplicabilidade do apoio judiciário a um apoio administrativo, tendo o Tribunal "a
quo " ignorado, omitido in totum os argumentos da Recorrente, porquanto nem
sequer se pronunciou sobre eles.

c) Com efeito, a omissão de pronúncia constitui causa de nulidade da decisão


impugnada, nos termos do disposto no artigo 125° do Código de Procedimento e
de Processo Tributário (CPPT) e nos artigos 195°, n°1 e 615° do CPC.

d) O que se requer para todos efeitos legais.

e) Não bastando a omissão de pronúncia supra identificada, salvo melhor


opinião, a sentença sub judice padece de um erro de julgamento de facto e de
direito.

f) Vejamos que o legislador define no artigo 6° da Lei n°34/2004, de 29 de Julho,


que a protecção jurídica reveste as modalidades de consulta jurídica e de apoio
judiciário.

g) O apoio judiciário legalmente definido consiste em "a) Dispensa total ou


parcial de taxa de justiça e demais encargos com o processo; b) Nomeação e
pagamento de honorários de patrono; c) Pagamento da remuneração do
solicitador de execução designado; d) Pagamento faseado de taxa de justiça e
demais encargos com o processo, de honorários de patrono nomeado e de
remuneração do solicitador de execução designado; e) pagamento de honorários
de defensor oficioso."

h) Não faz qualquer referência à concessão de um apoio administrativo, ou


isenção de emolumentos administrativos.

i) Deste modo, o que o legislador não distinguiu/e não cabe a intérprete


distinguir.

j) Pelo que, é ilegal a intimação à passagem de certidão, sem o pagamento dos


emolumentos legalmente devidos, sob pena de violação dos artigos 2° e 13° da
Constituição da República Portuguesa.

k) Sem conceder, estribando-se a douta sentença no entendimento que o


Tribunal colocando-se na posição do Requerente afere da necessidade dos
referidos documentos para a acção judicial que pretende intentar, é uma posição
jurídica que não está ao alcance do Chefe do Serviço de Finanças.

l) Vejamos que, não caberá ao Chefe do Serviço de Finanças ficcionar quais os


documentos se revelam necessários para uma determinada acção judicial (aliás
nem sequer fazem parte das suas atribuições e competências legais).

m) Podendo inclusive não o fazer em termos futuros e beneficiar da isenção no


que concerne a emolumentos administrativos que são legalmente devidos;

n) Ora, parece-nos claro que a lei não contempla a isenção/dispensa do


pagamento de emolumentos administrativos ao abrigo do denominado apoio
judiciário;

o) Pelo que salvo melhor opinião, não impende a obrigatoriedade legal de


passagem de certidão, enquanto não for realizado o pagamento dos
emolumentos em questão.

p) Deste modo, incorreu em erro de julgamento a sentença proferida.

Termos em que, e com o mui douto suprimento de V. Exas, se requer que seja
dado provimento ao recurso como é de Direito e Justiça.»

O Recorrido apresentou contra-alegações, pugnando pela manutenção do


julgado, pelas razões que aduziu no quadro conclusivo apresentado e que é do
seguinte teor:

«1. A decisão de que a Autoridade Tributária e Aduaneira recorre é a douta


sentença proferida em 14 de Dezembro de 2016 pelo Tribunal Tributário de
Lisboa, na qual determinou, e muito bem, a intimação Serviço de Finanças de ...
a prestar a informação tal qual havia sido requerida pelo Autor/Recorrido em
08.02.2016 e 01.03.2016 ao abrigo do apoio judiciário de que beneficia;

2. Nas alegações de recurso a Autoridade Tributária e Aduaneira vem invocar,


em síntese, que a douta sentença recorrida padece do vício de omissão de
pronúncia e que padece de um erro de julgamento de facto e de direito, sendo
que tais alegações são completamente infundadas;

3. Com efeito, naquele que é o muito modesto entendimento por parte do


Autor/Recorrido a douta sentença recorrida não é susceptível de qualquer
reparo, sendo se criticamente analisada a mesma é perfeitamente reveladora de
que o Tribunal a quo procedeu a uma correcta apreciação dos pressupostos de
facto e de direito, tendo fundamentando e decidido aquela que era a questão
controvertida que se colocava nos presentes autos;

4. No que concerne aos pressupostos de facto, dir-se-á que é pacífico que o


Autor/Recorrido viu ser-lhe deferido apoio judiciário por parte dos competentes
serviços da Segurança Social, na modalidade de dispensa do pagamento da
taxa de justiça e demais encargos com o processo e atribuição e pagamento da
compensação de patrono, com vista à interposição de acção judicial, cujo
comprovativo acompanhou o requerimento que veio a dar entrada no
competente Serviço de Finanças de ... em 08.02,2016, o que não poderia deixar
de ser dado como assente;

5. Por outro lado, é pacífico que nos requerimentos que veio a dar entrada no
Serviço de Finanças de ... foi invocado pelo Autor/Recorrido que a certidão
requerida se destinava a instruir a acção judicial a que se reportava a finalidade
do apoio judiciário que lhe veio a ser deferido, por ter que fazer prova dos factos
a serem vertidos na sua petição inicial;

6. Ora, conforme é referido nas doutas alegações de recurso apresentadas pela


Autoridade Tributária e Aduaneira, não lhe cabe, e nem concretamente ao Exmo.
Senhor Chefe do Serviço de Finanças de ..., o poder de decisão acerca dos
pressupostos de concessão do apoio judiciário a um beneficiário, pois que é à
Segurança Social a quem compete o poder para apreciação de um tal pedido!

7. Por outro lado, na senda do que também foi referido nas alegações de
recurso, também não cabe à Autoridade Tributária e Aduaneira, nem
concretamente ao Exmo. Senhor Chefe do Serviço de Finanças de ..., o poder de
ficcionar a bondade/necessidade de tais documentos numa determinada acção
judicial!

8. Porquanto, não obstante o que decorre do artigo 75° da Lei Geral Tributária e
dos princípios pelos quais se deve reger na sua actuação para com os
contribuintes, dir-se-á que sobrestando dúvidas à Autoridade Tributária e
Aduaneira, concretamente ao Exmo. Senhor Chefe do Serviço de Finanças
de ..., quanto à finalidade ou não do uso de tais documentos numa determinada
acção judicial, então caber-lhes-á apenas discriminar naquela que vier a ser a
certidão a ser emitida que a mesma é emitida ao abrigo do processo de apoio
judiciário com a referência no mesmo indicada e que se destina exclusivamente
a fins judiciais, ou seja, a instruir acção judicial a dar entrada em Tribunal!

9. Este é, de resto, o procedimento que já é há muito seguido pelas certidões


emitidas pelas competentes Conservatórias e outros organismos e entidades
públicas que têm vindo a emitir certidões sem cobrar quaisquer emolumentos ao
beneficiário de apoio judiciário ao abrigo do que se encontra contemplado na Lei
n°34/2004, de 29 de Julho!

10. A circunstância do legislador não ter vindo especificar no texto artº16° da Lei
n°34/2004, de 29 de Julho, que a dispensa do pagamento dos demais encargos
com processo abrange a dispensa do pagamento de emolumentos
administrativos não pode, por si só, permitir com o sentido e com o alcance que
são pretendidos pela Autoridade Tributária e Aduaneira nas suas doutas
alegações de recurso;

11. A isenção de pagamento prévio do custo da certidão que está prevista no


art°16° da  Lei  n°34/2004, de 29 de Julho, tem tutela no conceito de encargos
processuais e deve ser conjuntamente interpretada e aplicada com o que
decorre de outros preceitos legais, como é o caso do que se estabelece no artigo
423° do Código de Processo Civil, do que se estabelece nas alíneas d) e d) do
art°16° do Regulamento das Custas Processuais e até mesmo no que se
estabelece no artigo 15° do Código do Procedimento Administrativo;

12. Foi este raciocínio exegético que foi feito, e muito bem, pelo Tribunal a quo
na douta sentença recorrida, pelo que a mesma deverá ser mantida
completamente inalterada, na medida em que só o sentido na mesma
contemplado se mostra consentâneo com a ideia de Direito;

Nestes termos e nos melhores de Direito, sempre com o douto suprimento por
parte de V. Exas., respeitosamente se requer seja mantida inalterada a douta
sentença recorrida, pois que só assim se fará Justiça! »

A Exma. Procuradora-Geral Adjunta neste Tribunal Central


emitiu douto parecer, no qual se pronunciou, a final, no
sentido da improcedência do recurso.

Com dispensa dos vistos legais, atenta a natureza do


processo (artigos 657.º do Código de Processo Civil e 278.º,
n.º 5 do CPPT), cumpre, agora, decidir.

II - Objecto do recurso

Como é sabido, sem prejuízo das questões que o Tribunal ad


quem possa ou deva conhecer oficiosamente, é pelas conclusões
com que o recorrente remate a sua alegação (aí indicando, de
forma sintética, os fundamentos por que pede a alteração ou
anulação da decisão recorrida) que se determina o âmbito de
intervenção do tribunal ad quem.

Assim, e pese embora na falta de especificação no requerimento


de interposição se deva entender que este abrange tudo o que na
parte dispositiva da sentença for desfavorável ao recorrente (art.
635°, n°2, do C.P.C.), esse objecto, assim delimitado, pode vir a
ser restringido (expressa ou tacitamente) nas conclusões da
alegação (n°3 do mesmo art. 635°). Pelo que, todas as questões
de mérito que tenham sido objecto de julgamento na sentença
recorrida e que não sejam abordadas nas conclusões da alegação
do recorrente, mostrando-se objectiva e materialmente excluídas
dessas conclusões, devem considerar-se definitivamente
decididas e, consequentemente, delas não pode conhecer o
Tribunal de recurso.

Acresce que, constituindo o recurso um meio impugnatório de


decisões judiciais, neste apenas se pode pretender, salvo a já
mencionada situação de questões de conhecimento oficioso, a
reapreciação do decidido e não a prolação de decisão sobre
matéria não submetida à apreciação do Tribunal a quo.

Atento o exposto e as conclusões das alegações do recurso


interposto, importa, assim, decidir:

- Se a sentença é nula por não conhecido da única questão


suscitada nos autos, a saber, se o apoio judiciário concedido
nos termos da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho, abrange a
dispensa do pagamento de emolumentos administrativos;

- Independentemente da resposta que seja dada à questão


supra enunciada, saber se à mesma - ou por via do
conhecimento do mérito do recurso ou por força da anulação
que eventualmente venha a ser determinada - deve ser dada
resposta negativa ou afirmativa, isto é, saber se recorrido tem
ou não direito a obter a certidão solicitada no serviço de
Finanças de ..., sem pagar previamente quaisquer
emolumentos, atento o apoio judiciário de que beneficia e
essa certidão ser necessária para “instruir” a acção que
pretende instaurar.

III - Fundamentação de Facto

A sentença recorrida deu como assente a factualidade que


infra se reproduz:

A) Em 08.02.2016, o requerente, efectuou um pedido, mediante


requerimento, para passagem de certidão, dirigido ao Chefe do
Serviço de Finanças de ...- 1, com o seguinte teor:

«(...).

J..., titular inscrito na matriz predial urbana a latere, vem requerer


nos termos gerais da legislação aplicável, designadamente o
art.582 n°1 do Código de Procedimento Administrativo, aplicável
ex vi artº2, alínea d) do Código de Procedimento e de Processo
Tributário, informação completa referente à aludida fracção dos
seguintes elementos, por cópia:
-inscrição primitiva a seu favor e do documento fundante;

-fichas de avaliação patrimonial correspondentes a todas as que


tenham sido efectuadas desde então;

-respectivos comprovativos de notificação;

-decisão de isenção temporária de IMI;

-comprovativos de cobrança do IMI desde então;

-matriz predial actualizada;

O requerente declara que a informação solicitada se destina a


instruir acção judicial para a qual está concedido o benefício de
protecção jurídica, como comprova liminarmente com o ofício do
Instituto da Segurança Social de que vai cópia junta e se tem por
integralmente reproduzido, estando, por isso, dispensado de
prévio pagamento do seu custo -se houver e não há -por via dos
conjugados dispositivos do artº16º nº1, alínea a), da Lei
nº34/2004, de 29 de Julho, e artº16.nº1. alínea f) do Regulamento
das Custas Processuais, entre os demais normativos
aplicáveis.»(conforme documento n.º 3, junto com o requerimento
inicial)

B) Através do pedido efectuado em 13.04.2016, em 01.07.2016, o


Instituto da Segurança Social, IP., concedeu protecção jurídica na
modalidade de dispensa de taxa de justiça e demais encargos
com o processo, nomeação de patrono e pagamento da
compensação, atribuição de agente de execução, por se ter
comprovado a insuficiência económica invocada:

(...)

A Apoio Judiciário requerido destina-se:

- Intimação para um comportamento – Requerer (conforme documento n.º


1, junto com o requerimento inicial).

C) Em 12.08.2016, através do ofício nº1520/176.PT, o autor foi


notificado pelo Chefe do Serviço de Finanças de ...-1, por
delegação, da notificação de indeferimento do referido pedido de
certidão referindo o Despacho datado de 11.02.2016 anexo, de
cujo teor se retira:
«(…)

A pretensão formulada apenas poderá merecer acolhimento mediante pedidos


de certidão, devidamente fundamentos, com indicação dos documentos
requeridos, designadamente artigo de matriz, número de processo, etc., e sujeita
ao pagamento da carga emolumentar devida sem o qual não poderá haver lugar
à respectiva resposta; (...)» (conforme documento n.º 4, junto com o
requerimento inicial).

D) Por correio electrónico datado de 01.03.2016, o autor remeteu


ao referido serviço de finanças, novo requerimento, identificando o
número de contribuinte, o artigo da matriz predial urbana – artº... -
F - DF- SAC e ..., arguindo a dispensa de pagamento de
emolumentos porque havia junto com o primeiro requerimento de
concessão de patrocínio judiciário (conforme documento n.º 5,
junto com o requerimento inicial).

E) Entre 15.03.2016 e 29.03.20106, o autor e o serviço de


finanças de ...-1, trocaram correspondência electrónica que se dá
por reproduzida, tendo o Chefe do Serviço de Finanças de ...-1,
mantido a decisão de indeferimento (conforme documentos n.ºs 6
e 7, juntos com o requerimento inicial).

Consta da mesma sentença que «Não se provaram outros factos com


relevância para a presente decisão» e que «A convicção do tribunal se baseou
nos documentos juntos aos autos, referidos nos factos provados, com remissão
para as folhas do processo onde se encontram».

IV – Fundamentação de Direito

Como se depreende dos autos, em especial do que ficou vertido


nos pontos I e II supra, pretende o requerente, ora recorrido, com
a instauração da presente acção, obter a emissão de uma certidão
que contenha os elementos e/ou documentos requeridos a
coberto dos seus requerimentos de 8 de Fevereiro e 1 de Março,
ambos de 2016.

Em tais requerimentos – que se complementam, uma vez que,


como veremos, e resulta dos factos apurados, o segundo é
apresentado na sequência de um despacho da Entidade
Administrativa dando nota de um necessário aperfeiçoamento - e
da densificação que deles é realizada na sucessiva troca de
e-mails e na própria petição inicial, conclui-se que o
recorrido, nesses requerimentos, para além de identificar
devidamente quais os elementos que pretende que lhe sejam
certificados, adianta as razões de facto e de direito que estão
subjacentes ao pedido formulado: pretende instaurar uma
acção para defesa dos seus direitos; tais documentos são
necessários/imprescindíveis para preparar a instauração
dessa acção e fazer prova dos factos em que pretende
sustentar a pretensão aí a deduzir e beneficia de apoio
judiciário na modalidade de «dispensa de taxa de justiça e
demais encargos com o processo, Nomeação e pagamento
de compensação de patrono, atribuição de agente de
execução».

De tudo, especialmente para o que ora releva, da concessão de


apoio judiciário na referida modalidade, o então requerente
apresentou prova documental.

A Administração Tributária, num primeiro momento, acusou a


recepção do pedido, tendo, no entanto, quanto ao mesmo
levantado duas objecções: (i) necessidade de o autor identificar
melhor os elementos e os processos administrativos em que os
mesmos se integram a fim de ser emitida a certidão - meio
administrativo que entendeu como o próprio para prestar a
“informação” peticionada; (ii) o prévio pagamento da “carga
emolumentar” devida pela emissão da referida certidão, sem
a qual, advertiu, não haveria “lugar à respectiva resposta”.

Notificado das referidas objecções veio o recorrido a insurgir-se


contra as mesmas, insistindo pela satisfação do seu pedido,
concedendo, no entanto, a final, que essa satisfação fosse
realizada por meio de “certidão”, mas rejeitando, em absoluto a
exigência de pagamento por entender que o apoio judiciário
abarca os custos decorrentes da emissão de certidões por
quaisquer entidades e que, por força de imposição legal,
esses documentos tem necessariamente de ser apresentados
com o articulado (presume-se, inicial).

É perante a apresentação daquele segundo requerimento e a


posição aí assumida pelo requerente, insistentemente
repetida, e face ao silêncio a que a Entidade Administrativa
posteriormente se remeteu, que a questão surge em Tribunal,
primeiro no Tribunal Administrativo de Círculo e, posteriormente,
declarada a sua incompetência, no Tribunal Tributário de
Lisboa, onde foi proferida a sentença ora recorrida que
intimou do Chefe do Serviço de Finanças de ...-1 a passar a
certidão pretendida, em 10 dias, nos termos do artigo 108.º nº1
do CPTA.

4.1. Efectuado este enquadramento, importa, naturalmente,


começar por apreciar a primeira questão colocada em recurso
(e que de todo o modo sempre seria a primeira a ser apreciada), e
que é a da nulidade da sentença por omissão de pronúncia,
adiantando-se, no entanto, que nesta parte não assiste
qualquer razão à recorrente.

Na verdade, e como claramente resulta da sentença recorrida, a


questão que cumpria apreciar – saber se ao recorrido devia
ou não ser reconhecido o direito a obter a certidão em causa
sem previamente pagar qualquer valor por essa emissão
atento o apoio judiciário de que beneficia – foi a questão que
o Tribunal elegeu para apreciar e foi a única questão que na
sentença foi decidida.

Aliás, podemos mesmo afirmar com segurança absoluta que toda


a sentença, desde a elaboração do relatório até ao segmento
decisório, se encontra perspectivada, delimitada e
enquadrada, de facto e de direito, no sentido da apreciação e
decisão dessa questão, como se pode ver:

- Da delimitação do «Objecto do processo -Seja intimado a


passar certidão nos termos requeridos pelo, ora requerente, no
requerimento constante do documento n.º 3, junto com o
requerimento inicial»; «Pedido Passagem de certidão que
contenha os elementos ….»; «A Autoridade Tributária …veio
alegar em síntese que o legislador não criou qualquer apoio
administrativo na concessão de isenções de emolumentos, pelo
que, efectuar-se uma interpretação extensiva do apoio judiciário a
um regime de apoio administrativo estaria a violar-se o princípio
de separação de poderes constante do art.º 2.º, da CRP»;

- Da totalidade dos factos integrados no probatório;

- Da enunciação das razões em que se fundou o


indeferimento enquanto questão central a apreciar: «O
indeferimento prendeu-se com o facto de considerar que tais
elementos deveriam ser solicitados através de certidão com o
pagamento da correspondente carga emolumentar»;

- E, por fim, de todo o discurso fundamentador do julgamento


realizado - começando a sentença por analisar o âmbito do apoio
judiciário, mais concretamente, se a obtenção da certidão constitui
ou não um “encargo” para efeitos de aplicação do artigo 16.º, n.º
1, al. f), do Regulamento das Custas Processuais e se existia no
caso concreto qualquer obstáculo à obtenção das concretas
informações. Após ter concluído, quanto a estas questões,
respectivamente, de forma afirmativa e negativa, decidindo pela
intimação requerida, percebendo-se claramente do juízo prévio
realizado, incluindo a parte relativa ao apoio judiciário, que para o
Tribunal a quo a emissão e entrega da certidão não estava
dependente do pagamento de quaisquer emolumentos.

Em suma, sendo plenamente pacífico na doutrina e na


jurisprudência, há longos anos, que só existe omissão de
pronúncia se o juiz, devendo pronunciar-se sobre
determinada questão [ou porque a mesma lhe foi suscitada pela
parte ou oficiosamente se lhe impunha que tivesse conhecido,
num caso e noutro por se não mostrar prejudicada pela solução
dada a outra (s)], de todo, isto é, em absoluto o não fizer - não
valendo, para este efeito (omissão de pronúncia), uma apreciação
menos ou mal fundamentada e, muito menos, uma
fundamentação incorrecta do ponto de vista jurídico, constituindo,
naquela primeira circunstância, uma decisão pouco rigorosa (ou
medíocre) e consubstanciando a verificação da segunda eventual
erro de julgamento - não cremos, face ao que expusemos, que
no caso concreto possa existir qualquer dúvida quanto à não
verificação da nulidade invocada.

Julga-se, assim, com os fundamentos expostos, nesta parte,


improcedente o recurso jurisdicional.

4.2. Prosseguindo agora para a apreciação do mérito da


sentença, analisemos, então, se assiste razão à recorrente na
sua pretensão revogatória, sustentada que está, como se vê
das conclusões formuladas, nos seguintes argumentos
principais, que por nós ficam resumidos:

  - No artigo 6° da Lei n°34/2004, de 29 de Julho, o legislador


identifica as várias modalidades que pode assumir a
protecção jurídica, sendo que, no que respeita ao apoio judiciário
o mesmo surge legalmente definido ou consubstanciado na
dispensa total ou parcial de taxa de justiça e demais encargos
com o processo, nomeação e pagamento de honorários de
patrono, pagamento da remuneração do solicitador de execução
designado, pagamento faseado de taxa de justiça e demais
encargos com o processo, de honorários de patrono nomeado e
de remuneração do solicitador de execução designado e
pagamento de honorários de defensor oficioso [alíneas a) a e), do
artigo 6.º, da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho];

- Não sendo na Lei feita qualquer menção à concessão de


«um apoio administrativo, ou isenção de emolumentos
administrativos», não cabe ao intérprete e aplicador do direito
fazer essa distinção e concluir que o apoio judiciário abarca o
apoio administrativo nem, com esse fundamento, intimar a
recorrente, sob pena de violação do preceituado nos artigos
2.º e 13.º da Constituição da República Portuguesa;

- Mesmo que assim não seja de entender, não cabe ao Chefe do


Serviço de Finanças ficcionar quais os documentos que são
necessários para uma determinada acção judicial, por
extrapolar das suas atribuições e/ou competências legais e,
consequentemente, nessa parte, o julgado, para além de carecer
de fundamento legal, pode, inclusive, conduzir a que sejam
emitidos sem prévio pagamento de emolumentos certidões de
documentos que, em termos futuros, nem sequer venham a ser
apresentados em nenhuma acção judicial.

Vejamos.

No que concerne à alegada imposição à Administração do


dever de se colocar na posição de Juiz e aferir da pertinência
de um ou mais documentos para prova de fundamentos a
alegar ou alegados em acção judicial - que se bem
compreendemos a sentença recorrida foi o entendimento do
Tribunal a quo e daí o inconformismo, nesta parte, da recorrente -
é inquestionável que assiste razão à Administração
Tributária.

 Na realidade, para além de o procedimento administrativo que


precede o processo de intimação não ter, diferentemente
deste, natureza judicial, os deveres de instrução que recaem
sobre a Administração são, e só são, os necessários à
apreciação do concreto pedido formulado no procedimento,
no caso, emissão de uma certidão contendo cópia de um
conjunto de documentos sem o pagamento de quaisquer
emolumentos, e não os da pertinência desses documentos
para preparar e/ou fazer prova de factos alegados ou que
venham a ser invocados num processo judicial, qualquer que
ele seja, decisão que apenas ao juiz titular desse processo
competirá.

Note-se, aliás, que esse juízo de impertinência não foi


invocado por qualquer uma das partes, especialmente, para o
que releva, pela Administração Tributária como fundamento
do indeferimento, pelo que a única razão que conseguimos
encontrar para a “substituição” do “tribunal na pessoa do
requerente”, e para o “défice de instrução” que a dado passo
são convocados na sentença recorrida é a de que o Tribunal
a quo ainda estaria a aferir se a posição assumida pela
Administração Tributária teria justificação à luz de uma
insuficiência de alegação/comprovação do apoio judiciário
concedido e da sua relação com a certidão requerida, tendo
concluído negativamente

Todavia, porque resulta claramente da sentença que o


Tribunal a quo entendeu - e esta é a verdadeira a questão -
que atentos os factos apurados, concretamente face ao pedido
formulado, às razões subjacentes a esse pedido e à luz do
enquadramento jurídico que realizou, especialmente face ao
apoio judiciário concedido ao recorrido e ao disposto nos
artigos 16.º n.º 1, al. f), da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho, e 82.º
do Código de Procedimento Administrativo, não existia
justificação para a recusa de emissão de certidão, impõe-se,
agora, aferir do acerto do julgado.

Comecemos por recordar a questão essencial subjacente à


pretensão: o beneficiário de apoio judiciário na modalidade
de dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o
processo e nomeação de patrono, concedido para efeitos de
instauração de uma acção, tem ou não direito à gratuitidade
dos documentos necessários à preparação e instrução da
causa a instaurar?

Tendo em vista uma clara compreensão da decisão que


iremos tomar, deixamos já enunciados os três patamares em
que, de forma sucessiva, a apreciação daquela questão se irá
processar: (i) qual a relação entre o apoio judiciário e a
Constituição da República, isto é, que princípios e valores
constitucionais a Lei do Apoio Judiciário visa concretizar; (ii)
de que forma está legalmente conformada essa concretização
e, por fim (iii) como é que a situação dos autos se subsume
naquela relação Constituição – Lei Ordinária, ou, o mesmo é
dizer, como é que o caso de que ora nos ocupamos deve ser
integrado no âmbito daquela relação.

Antes porém de iniciarmos essa análise, importa realçar que


esta questão não tem sido objecto de grande debate na
doutrina. E mesmo no que respeita a recurso jurisdicionais,
pelo menos tanto quanto conseguimos alcançar, esgotam-se
num número contado as decisões das Relações e do Tribunal
Constitucional sobre a matéria, sistematicamente proferidas
num contexto de facto e, consequentemente, jurídico, distinto
do nosso, como infra procuraremos evidenciar.

Posto isto, avancemos, então, nos termos supra definidos.

4.2.1. Qual a relação entre o apoio judiciário e a Constituição


da República, isto é, que princípios e valores constitucionais
a Lei do Apoio Judiciário visa concretizar?

Nos termos do artigo 20.º da Constituição da República


Portuguesa – sistematicamente integrado na “PARTE I - Direitos
e deveres fundamentais“, “Título I – Princípios Gerais” – que tem
por epígrafe “(Acesso ao direito e tutela jurisdicional
efectiva)”:

«1. A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para


defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não
podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios
económicos.

2. Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e consulta


jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por
advogado perante qualquer autoridade.

3. (…)

4. Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja


objecto de decisão em prazo razoável e mediante processo
equitativo.

5. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei


assegura aos cidadãos procedimentos judiciais caracterizados
pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em
tempo útil contra ameaças ou violações desses direitos.».
No essencial, este direito, ainda que de forma mais tímida,
pelo menos do ponto de vista da sua redacção (e, dizemos
nós, da sua interpretação ou densificação) está já consagrado
no ordenamento jurídico português desde 1976, onde surgiu,
primeiramente, identificado como um “direito de defesa”: «A
todos é assegurado o acesso aos tribunais para defesa dos seus
direitos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de
meios económicos.» (redacção do artigo 20.º, n.º 1, da CRP, na
redacção atribuída pelo Decreto de 10 de Abril de 1976) e,
posteriormente, e até hoje, como um efectivo direito de
garantia de «Acesso ao direito e aos tribunais» (epígrafe que
veio a manter-se até à actualidade):

- «1. Todos têm direito à informação e à protecção jurídica, nos


termos da lei. 2. A todos é assegurado o acesso aos tribunais
para defesa dos seus direitos, não podendo a justiça ser
denegada por insuficiência de meios económicos.» (redacção do
artigo 20.º da CRP, dada pela Lei n.º 1/82, de 30 de Setembro);

- «1. A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais


para defesa dos seus direitos e interesses legítimos, não podendo
a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos. 2.
Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e consulta
jurídicas e ao patrocínio judiciário (redacção do artigo 20.º, dada
pela Lei n.º 1/89, de 8 de Julho).

O conteúdo e alcance do direito aqui consagrado tem vindo,


como é sabido, a ser objecto de recorrente apreciação pelo
nosso Tribunal Constitucional, colhendo-se da análise que a
doutrina tem vindo proficuamente a difundir, e na parte que
ora nos importa realçar, como nele estando contemplados a
todos (i) o acesso ao direito [fundado no principio de que “só
quem tem consciência dos seus direitos consegue usufruir os
bens a que eles correspondem e sabe avaliar as desvantagens e
os prejuízos que sofre quando os não pode exercer ou efectivar
ou quando eles são violados ou restringidos”][1]; (ii) o direito de
informação e consulta jurídicas [de que resulta a obrigação
para o Estado de proporcionar a todos “mesmo com escassos
meios económicos, a informação e a consulta jurídicas”, impondo
a existência de Lei prevendo efectivos mecanismos a que todos
possam recorrer para efectivar os seus direitos[2]]; (iii) o direito
ao patrocínio judiciário [que: constitui - conjugando-se este
preceito com o disposto, em especial, no artigo 208.º. da CRP – “
não apenas (…) elemento essencial à administração da justiça”
mas também elemento essencial da própria garantia
constitucional de acesso ao direito ao direito e aos tribunais, já
que confere aos particulares o direito de serem “técnico-
juridicamente aconselhados com vista a realizarem a concreta
defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos” e
nessa medida, permite-lhes uma defesa cabal das suas posições
jurídicas subjectivas”; “tem aplicabilidade directa, enquanto direito
fundamental de natureza análoga à dos direitos, liberdades e
garantias” e “impede o legislador de estabelecer requisitos tais
que dificultem ou tornem excessivamente oneroso o exercício
daquele direito, comprometendo, em última análise, o próprio
direito de acesso aos tribunais].[3]

Tudo, como sobremaneira nos importa reter, direito cujo


exercício não pode ser denegado por insuficiência de meios
económicos, constituindo esta imposição constitucional de
efectivação daqueles direitos, independentemente de uma
menor ou total incapacidade económica do cidadão para
suportar os custos desse exercício, a dimensão material do
direito considerado.

Como se escreveu no acórdão n.º 467/91, do Tribunal


Constitucional – convocando Parecer da Comissão
Constitucional - «(…) indo além do mero reconhecimento duma
igualdade formal no acesso aos tribunais, o n.º 1 do artigo 20.º, na
sua parte final, propõe-se afastar neste domínio a desigualdade
real nascida da insuficiência de meios económicos, determinando
expressamente que tal insuficiência não pode constituir motivo
para denegação da justiça.

Está assim o legislador constitucional a consagrar uma aplicação


concreta do princípio sancionado no n.º 2 do artigo 13.º, segundo
o qual «ninguém pode ser […] privado de qualquer direito […] em
razão de […] situação económica».[4]

E se é absolutamente pacífico na doutrina e na jurisprudência


constitucional que o artigo 20.º, n.º 1, da Constituição não
consagra um direito gratuito de acesso ao direito e aos
tribunais mas, tão só, que esse acesso constitui um direito
fundamental que não pode ser denegado por razões de
insuficiência económica[5] e que compete ao legislador
ordinário (para o qual o legislador constitucional remete) criar,
conformar ou disciplinar os meios ou institutos necessários à
salvaguarda dos valores que se querem salvaguardar,
também não é hoje minimamente discutível que essa margem
de conformação tem um limite, qual seja, o de que esses
meios legais, qualquer que seja o sistema instituído,
garantam a todos e de forma efectiva o exercício do direito
consagrado.[6]

O que nos remete para o segundo patamar da análise da


questão.

4.2.2. De que forma está infra constitucionalmente


conformado o exercício do direito de acesso ao direito e aos
tribunais? Mais concretamente, qual o âmbito do apoio
judiciário à luz da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho?[7]

Começamos por relevar que o legislador, na Lei n.º 34/2004 (lei


a que pertencem todos os normativos infra citados), consignou,
desde logo, que o «sistema» que instituía se destinava «a
assegurar que a ninguém seja dificultado ou impedido, em razão
da sua condição social ou cultural, ou por insuficiência de meios
económicos, o conhecimento, o exercício ou a defesa dos seus
direitos.» (artigo 1.º), reconheceu que este acesso constitui
«uma responsabilidade do Estado» (artigo 2.º, n.º 1), e definiu
de forma ampla o seu conteúdo - o «acesso ao direito
compreende a informação jurídica e a protecção jurídica».

Mais ficou estabelecido que as «modalidades de consulta


jurídica e de apoio judiciário» (artigo 6.º, n.º 1), em qualquer
dos casos «concedida para questões ou causas judiciais
concretas ou susceptíveis de concretização em que o utente
tenha um interesse próprio e que versem sobre direitos
directamente lesados ou ameaçados de lesão.» (artigo 6.º, n.º
2) constituem as duas grandes vertentes em que, dentro
deste sistema, a protecção jurídica se estrutura.

Tendo presente a questão em apreço, importa-nos,


naturalmente, identificar de que forma a segunda das
referidas modalidades - apoio judiciário - vem densificada
pelo legislador ordinário, isto é, em que é que o apoio
judiciário se traduz, objectivo que logramos alcançar, pelo
menos de forma mais imediata, do preceituado no artigo 16.º:

«1 - O apoio judiciário compreende as seguintes


modalidades:
a) Dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o
processo;

b) Nomeação e pagamento da compensação de patrono;

c) Pagamento da compensação de defensor oficioso;

d) Pagamento faseado de taxa de justiça e demais encargos


com o processo;

e) Nomeação e pagamento faseado da compensação de


patrono;

f) Pagamento faseado da compensação de defensor oficioso;

g) Atribuição de agente de execução.

(…).».

Considerando que estas várias “modalidades” de apoio


judiciário podem ser concedidas de forma autónoma ou
conjunta (artigo 29.º), parece ser de concluir que, e em
conformidade com a dimensão material ou jusfundamental
apontada pela doutrina supra mencionada, o legislador instituiu
(e quis instituir) um sistema que, no que respeita ao apoio
judiciário, permite de forma ampla assegurar, mesmo a quem
não possua rendimentos ou possua um rendimento mínimo,
aceder efectivamente ao direito e aos tribunais, consagrando
um conjunto amplíssimo de possibilidades capazes de
concretizar o direito constitucionalmente consagrado e que
esta Lei visa, na prática, garantir: nomeação de advogado
(patrono) a quem cumprirá analisar a pretensão do
beneficiário, preparar a defesa dos seus direitos e legítimos
interesses qualquer que seja a fase processual ou posição
processual que o beneficiário tenha ou venha a ter,
assumindo o Estado o custo do trabalho por aquele
desenvolvido, incluindo na preparação da acção, pelos
custos que decorrerão da sua apresentação (ou não,
designadamente porque alcançou uma solução extrajudicial ou
logrou obter informações e/ou documentos capazes de convencer
o requerente da falta de bondade da sua pretensão, postura que,
de resto, é valorada a vários níveis na própria Lei) e pela
manutenção dessa pretensão em juízo nos termos exigidos
pela Lei adjectiva.
É, pois, neste quadro constitucional e conformação legal, que
em nosso entender deverá ser alcançada a decisão para o
objecto deste recurso, ou seja, que deverá ser encontrada a
resposta à questão colocada, o que nos conduz ao último
patamar de análise da questão.

4.2.3.Como é que a situação dos autos se subsume naquela


relação Constituição – Lei Ordinária, ou, o mesmo é dizer,
como é que o nosso caso concreto deve ser integrado no
âmbito daquela relação? À luz da Constituição da República e
da Lei do Apoio Judiciário tem ou não o recorrido,
beneficiário de apoio judiciário, a obrigação de pagar os
emolumentos devidos pela emissão da certidão?

Entendemos que não.

Vejamos, então, porquê, começando por recordar que na


sequência do pedido de apoio judiciário formulado pelo
requerente o Instituto da Segurança Social, IP., concedeu
protecção jurídica na modalidade de dispensa de taxa de
justiça e demais encargos com o processo, nomeação de
patrono e pagamento da compensação e atribuição de agente
de execução, por se ter comprovado a insuficiência
económica invocada, destinando-se o mesmo a propor uma
acção – “Intimação para um comportamento” [alínea B) do ponto III
supra].

Não podendo subsistir dúvidas quanto ao facto de o apoio


concedido integrar “a nomeação de patrono”, o pagamento
da compensação devida e a “dispensa da taxa de justiça e
demais encargos com o processo”, fácil é antever que a
resposta por nós encontrada se funda no entendimento, que
perfilhamos, de que os custos com a emissão de certidões
tendo em vista a preparação e instrução de uma acção
(registe-se que a emissão sob a forma de certidão foi uma
exigência da própria entidade administrativa) constituem
necessariamente encargos do processo quando requeridos
pelo patrono nomeado tendo em vista aquele fim.

Ou seja, para nós, a amplitude do apoio concedido no caso


concreto, o fim para que tal apoio foi concedido e a natureza
dos deveres que sobre o patrono nestas circunstâncias
impendem, impõem que se conclua no sentido em que o
fazemos.

Vejamos, então, dividindo esta apreciação novamente em três


partes: (i) os deveres do advogado (patrono) nomeado; (ii) a
questão da certidão enquanto elemento necessário à
preparação da acção a instaurar e para efeitos da prova aí a
realizar; (II) a questão das certidões enquanto encargos do
processo.

4.2.3.1. No que respeita ao patrono nomeado – nomeação que


é realizada pela Ordem dos Advogados (artigo 30.º) - é
inequívoco que sobre este recaem dois tipos de deveres: os
deveres gerais que impendem sobre os advogados
constituídos fora da relação estabelecida no quadro da Lei de
Acesso ao Direito e aos Tribunais e os deveres especiais que
para aquele decorrem das normas especiais consagradas na
referida Lei.

Partindo das normas em que aqueles últimos deveres


(especiais) se mostram acolhidos, ficamos a saber que a
nomeação é notificada pela Ordem dos Advogados ao
requerente (com menção expressa, quanto ao requerente, do
nome e escritório do patrono bem como do dever de lhe dar
colaboração, sob pena de o apoio judiciário lhe ser retirado) e ao
patrono nomeado (sendo que, estando já pendente acção judicial
aquela notificação é ainda feita com a expressa advertência do
início do prazo judicial e comunicada ao Tribunal - artigo 31.º) e
que, por força do preceituado no artigo 33.º: a) se o patrono
tiver sido “nomeado para a propositura de uma acção deve
intentá-la nos 30 dias seguintes à notificação da nomeação; b) se
não instaurar a acção naquele prazo tem que apresentar uma
justificação à Ordem dos Advogados ou à Câmara dos
Solicitadores; c) a prorrogação do prazo para cumprimento desse
dever só pela Ordem dos Advogados (ou Câmara dos
Solicitadores) pode ser autorizada; d) a não apresentação desse
pedido ou um juízo de não justificação da não observância
daquele dever determinam que seja apreciada a «eventual
responsabilidade disciplinar» do patrono nomeado.

No mais, designadamente no que respeita a eventuais pedidos de


substituição ou escusa do patrono nomeado e/ou a sua
substituição em acto processual concreto consta-se que o regime
em apreço se não afasta do regime geral aplicado aos
mandatários na lei processual civil, adaptado, naturalmente, ao
quadro legal que sustenta a nomeação, designadamente ao nível
e comunicações e responsabilidade (pré-responsabilidade) pelo
pagamento do “substituto” (artigos 32.º, 34.º e 35.º).

Deixámos para o fim o importante enfoque de que é


merecedora uma norma que, quanto a nós, afasta qualquer
possibilidade de se entender o patrocínio prestado no quadro
desta particular nomeação como algo distinto do que é
prestado numa normal relação particular-advogado (excepto
no que respeita aos pontos já mencionados) e que é a norma
vertida no artigo 45.º que regula a «Participação dos
profissionais forenses no acesso ao direito», da qual resulta,
para o que ora nos interessa, que::

«1 - A admissão dos profissionais forenses ao sistema de acesso ao direito, a


nomeação de patrono e de defensor e o pagamento da respectiva compensação
realizam-se nos termos seguintes:

a) A selecção dos profissionais forenses deve assegurar a qualidade dos


serviços prestados aos beneficiários de protecção jurídica no âmbito do sistema
de acesso ao direito;

(…)

g) Os profissionais forenses que não observem as regras do exercício do


patrocínio e da defesa oficiosos podem ser excluídos do sistema de acesso ao
direito.»

Em suma, do que vimos expondo, resulta, assim, que não há no


sistema de acesso ao direito e aos tribunais, tal como o
mesmo está consagrado na Lei n.º 34/2004 qualquer norma
que determine que “o patrono nomeado”, o advogado
nomeado ao nosso requerente, não tenha o dever, isto é, a
obrigação de desenvolver a sua actuação nos exactos temos
em que qualquer outro advogado as exerce no quadro ou
relação de um vulgar mandato, isto é, nos exactos termos em
que são exercidos os deveres que resultam para um
advogado da celebração de um contrato de mandato, já que,
quer um quer outro ficam obrigados a praticar todos os actos
necessários à defesa dos direitos e interesses do mandante

O que significa que, para além dos deveres especiais supra


referidos, sobre o patrono impendem não só os deveres
deontológicos consagrados no Título III (“Deontologia
Profissional”), Capítulo I (“Princípios gerais”), da Lei n.º
145/2015, de 19 de Setembro, que encerra o Estatuto da Ordem
dos Advogados (doravante apenas designado por EOA),
entendidos como deveres conaturais à função que desempenha e
imprescindíveis ao papel que o advogado possui na administração
da justiça, como sejam o dever de integridade (artigo 88.º) e de
Independência (artigo 89.º), e ainda os deveres para com a
comunidade (artigo 90.º), para com a Ordem dos Advogados
(artigo 91.º) e para com os seus clientes (artigo 96.º), estes
últimos já regulados no Capitulo II do EOA.

Sem nos determos grandemente na análise daqueles


primeiros deveres/ preceitos – uma vez que são os deveres
para com os clientes que constituem in casu o ponto mais
relevante – cumprirá, mesmo assim, atentar no seguinte: dos
normativos citados, por força desses normativos, e ainda do
disposto no artigo 208.º da CRP, conclui-se que para o nosso
ordenamento jurídico-constitucional o patrocínio é
considerado um “elemento essencial à administração da
justiça” e o advogado um profissional indispensável à
administração da justiça, que deve cumprir pontual e
escrupulosamente os seus deveres estatutários e todos os
que a lei, os usos, costumes e tradições profissionais lhe
impõem, designadamente, no que mais se reflecte na decisão
que tomamos, deve defender os direitos, liberdades e
garantias do seu cliente, pugnar pela boa aplicação das leis e
pela rápida administração da justiça, inclusive recusando os
patrocínios que considere injustos ou absolutamente
infundados e a prestação de serviços quando suspeitar
seriamente que a operação ou actuação jurídica em causa
visa a obtenção de resultados ilícitos e que o interessado não
pretende abster-se de tal operação.

            É, assim, neste pano de fundo, que se haverão de


compreender os princípios e os deveres gerais que regulam a
relação do patrono/advogado com o cliente: de confiança
recíproca (artigo 97.º, n.º 1); de agir de forma a defender os
interesses legítimos do cliente, sem prejuízo do cumprimento
das normas legais e deontológicas (97.º, n.º2); de recusa de
patrocínio para que saiba não deter competência ou
disponibilidade para dela se ocupar prontamente, dar a sua
opinião conscienciosa sobre o merecimento do direito ou
pretensão que o cliente invoca, e de prestar, sempre que lhe for
solicitado, informação sobre o andamento das questões que lhe
forem confiadas, estudar com cuidado e tratar com zelo a
questão de que seja incumbido, utilizando para o efeito todos
os recursos da sua experiência, saber e actividade,
aconselhar toda a composição que ache justa e equitativa
(artigo 100.º).

            E o que concluir do supra exposto para o caso


concreto? Para nós, que a advogada, nomeada pela Ordem
dos Advogados para intentar uma acção tendo em vista
defender os direitos e interesses do requerente e actuando
em conformidade com os deveres que sobre si impedem, não
pode deixar de efectuar todas as diligências necessárias
tendo em vista aquela defesa, designadamente provendo à
obtenção de todos os elementos necessários ao estudo e
preparação da questão jurídica que se lhe coloca, para
eleição do meio processual mais adequado à sua realização e
para fazer prova – livre de quaisquer constrangimentos ou de
entendimentos de terceiros (seja a administração, seja o
Tribunal) – do direito ou interesses que lhe cumpre
salvaguardar, sendo nessa actuação e na permissão dela
nestes termos abrangentes que se substancia um verdadeiro
acesso ao direito e aos tribunais que, inclusive, já foi
reconhecido como devido através da concessão do apoio
judiciário.

            É verdade, como no início fizemos questão de alertar,


que os Tribunais que se pronunciaram já sobre esta questão,
incluindo o Tribunal Constitucional, já decidiram, por
palavras nossas, e se bem os interpretamos[8], que entender-
se que o apoio judiciário não abrange a obtenção de
certidões sem pagamento de custos não constituirá uma
restrição ilegítima do benefício concedido porquanto sempre
poderá e deverá o Tribunal, pendente o processo, requerer,
oficiosamente ou a pedido da parte, os documentos
necessários à prova dos factos a quaisquer entidades
(administrativas ou não e a outros tribunais), tendo em todos os
mencionados acórdãos das Relações, debruçados sobre
recursos de despachos de 1ª instância que se recusaram a
prover a essa obtenção ou a entender essa obtenção/custo
como encargo, revogado essas mesmas decisões.

Tais certidões, como muito bem se afirma nesses arestos,


para além de sustentarem a prova dos factos, não podem,
necessariamente, ser havidas como encargos, isto é, como
devendo entrar em regra de custas e, consequentemente, que
a parte que beneficia de apoio judiciário, por essa razão, não
suportará esses encargos.

 Acontece porém que a questão nos nossos autos não se


resume à prova dos factos, já que a exigência em questão
também tem que ser colocada na tónica da preparação da
acção em prol de uma eficaz defesa do direito, situação em
que a obtenção dos elementos documentais que se
pretendem obter pode vir a ser decisiva, quer ao nível do tipo
de acção a instaurar, quer ao nível da opção do momento em
que a parte entende dever apresentar esses documentos,
razão pela qual em nosso entender, e salvo o devido respeito,
a concretização do direito fundamental de acesso ao direito e
aos tribunais não deve estar limitado pela consideração de
medidas alternativas a decidir por terceiros, incluindo o
próprio Tribunal onde o processo virá a ser instaurado.

Em suma, compete ao advogado, no legítimo exercício da sua


função e na observância escrupulosa dos seus deveres,
aferir, mediante o estudo da questão com os elementos que
julgue necessários obter, conformar a defesa e a
oportunidade de obtenção dos documentos tendo em vista o
direito do requerente.

E como dentro dos deveres que recaem sobre o patrono não


se inclui o de suportar antecipadamente o custo legalmente
imposto para a obtenção de quaisquer documentos e o
requerente comprovadamente não tem capacidade
económica para tal – por isso lhe foi concedido o apoio
judiciário na modalidade mais ampla possível (nomeação de
patrono, pagamento de compensação ao patrono nomeado e
dispensa de pagamento de taxa de justiça e demais encargos
com o processo), a única interpretação conforme a
Constituição (artigos 13.º, 20.º e 208.º) e a Lei de Acesso ao
Direito e aos Tribunais (artigos 6.º e 16.º), bem como o direito
a uma tutela jurisdicional efectiva (artigo    da CRP), só pode
ser a de que o nosso requerente não tem que suportar os
emolumentos devidos pela obtenção da certidão.

Aliás, e salvo o devido respeito, a própria redacção constante


de normas do Código de Processo Civil (CPC) e do
Regulamento das Custas Processuais (RCP) comporta esta
interpretação.

Quanto ao primeiro dos citados diplomas, na medida em que


determina que as custas processuais (de que o requerente está
totalmente dispensado) abrangem os encargos (artigo 529.º do
CPC), que são encargos do processo todas as despesas
resultantes da condução do mesmo, requeridas pelas partes
(ou ordenadas pelo juiz da causa) e compreendem o que cada
parte haja despendido com o processo nos termos do
Regulamento das Custas Processuais.

No que respeita ao segundo (RCP), porque ao identificar o


tipo de encargos que incluem as custas fixou que constituem
encargos “Os pagamentos devidos a quaisquer entidades pela passagem de
certidões exigidas pela lei processual, quando a parte responsável beneficie de
apoio judiciário» [alínea f) do artigo 16.º], sendo manifesto,
contrariamente ao que parece resultar das alegações da
recorrente, que não está a limitar este encargo às certidões
pedidas pelo Tribunal já que, para essas, existe dispositivo
autónomo [“Os pagamentos devidos ou pagos a quaisquer
entidades pela produção ou entrega de documentos,
prestação de serviços ou actos análogos, requisitados pelo juiz
a requerimento ou oficiosamente, salvo quando se trate de
certidões extraídas oficiosamente pelo tribunal” – al. d) –
sublinhado de nossa autoria].

Por fim, e para que nenhum argumento convocado pela


requerente fique por apreciar, cumprirá pronunciarmo-nos
quanto à alegação de que a interpretação por nós perfilhada
conduz (ou poderá conduzir) a um crescente recurso a
pedidos de emissão de certidões que “até podem a não vir a
ser usados em nenhuma acção”.

A este propósito só nos cumpre esclarecer o seguinte: não cabe


ao interprete e aplicador do direito, muito menos em sede de
direitos fundamentais, interpretar estes ou as normas que os
concretizam de forma a evitar antecipadamente que não haja
um uso abusivo fraude à lei, antes constituindo dever do
legislador ordinário e, no limite e dentro dos poderes que lhe
são próprios, às entidades administrativas estabelecer regras
que evitem o uso abusivo do direito, regulamentando o que
deve constar dessas certidões, designadamente em termos
de uso e validade, estabelecendo, se assim o julgar
necessário, uma relação necessária entre a mesma e o
processo instaurado ou a instaurar ou até sanções
pecuniárias pelo seu uso abusivo. Saliente-se, aliás, que
mesmo fora do leque de entidades expressamente
identificadas no artigo 16.º do RCP, outras há que já
orientaram internamente o seu comportamento nesse
sentido, como é o caso, e este é apenas um exemplo entre
vários, do Instituto dos Registos e de Notariado instituindo a
gratuitidade na obtenção de determinadas certidões com a
apresentação de documento comprovativo do beneficio de
apoio judiciário ou até de outros documentos reveladores
dessa insuficiência [«Custos do processo//Pelo processo de
separação de pessoas e bens por mútuo consentimento ou pelo
processo de divórcio por mútuo consentimento é devido o
emolumento de 280 euros – artigo 18º, 6.1. do Regulamento
Emolumentar dos Registos e do Notariado.//Todavia, podem os
requerentes do processo beneficiar de gratuitidade se
comprovarem a sua situação de insuficiência económica
mediante documento emitido pela competente autoridade
administrativa ou por declaração passada por instituição pública
de assistência social onde, eventualmente, se encontrem
internados.//  É também aceite, para o efeito, documento,
emitido pela Segurança Social, comprovativo da concessão
de apoio judiciário na modalidade de dispensa total da taxa
de justiça e demais encargos com o processo.[9]].

O que não pode, insiste-se, é o aplicador do direito realizar,


apenas para evitar esse hipotético uso abusivo ou fraude à
lei, uma interpretação de tal forma restritiva do direito
fundamental de acesso ao direito e aos tribunais ou de um
conjunto de normas processuais ou em matéria de custas
com esse direito relacionadas, que conduza, na prática, a
uma limitação injustificada e inadmissível daquele direito,
sendo precisamente o oposto que deve nortear o
aplicador/julgador, isto é, interpretar as normas legais que o
visam concretizar em conformidade com a Lei Fundamental
tendo em vista uma verdadeira efectivação dos direitos nesta
consagrados (artigo 3.º, n.º 3, da CRP).

É, pois, de julgar totalmente improcedente o recurso


jurisdicional interposto.

V – Decisão

Pelo exposto, acordam os Juízes que integram a Secção de


Contencioso Tributário do Tribunal Central Administrativo
Sul, negando provimento ao recurso jurisdicional, em
confirmar integralmente a sentença recorrida com a
fundamentação exarada no ponto IV deste acórdão.

Custas pela recorrente.

Registe e notifique, devendo a Administração Tributária sê-lo


para, no prazo de 10 dias, emitir e entregar a certidão
peticionada.

                                                 *****

Lisboa, 8 de Junho de 2017

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                              [Anabela Russo]

                                                         
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[LurdesToscano]

                                                      
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[AnaPinhol]

[1] JORGE MIRANDA, Manual de Direito Constitucional, IV,


Coimbra, 2008, pág. 317.
[2] JORGE MIRANDA/RUI MEDEIROS, Constituição Portuguesa Anotada,
VOLUME I, Universidade Católica Editora, 2ª edição, anotação III, ao
artigo 20.º, pág. 310.
[3] JORGE MIRANDA/RUI MEDEIROS, Constituição Portuguesa Anotada,
VOLUME I, Universidade Católica Editora, 2ª edição, anotação III, ao
artigo 20.º, pág. 310.

[4] Acórdão do Tribunal Constitucional citado, disponível em


www.tribunalconstitucional/pt/tc/acordaos e Parecer da Comissão
Constitucional n.º 78, de 23 de Fevereiro, in Pareceres da
Comissão Constitucional, 5.º vol., pág. 3.

[5] Como nos ensina JORGE MIRANDA, no seu Manual de Direito


Constitucional, Tomo IV, 1988, n.º 53, IV. “Do preceito não
decorre o imperativo duma justiça gratuita. O seu sentido será,
antes, o de garantir uma igualdade de oportunidades no acesso à
justiça, independentemente da situação económica dos
interessados. E tal igualdade pode assegurar-se por diferentes
vias, que variarão consoante o condicionalismo jurídico-
económico definido para o acesso aos tribunais.”.

[6] Cfr. Parecer do Conselho Consultivo da PGR, n.º 78/93 e os


numerosos acórdãos produzidos pela nossa jurisprudência
constitucional, em especial, o Acórdão do Tribunal Constitucional
de 17-12-1991, integralmente disponível em
www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos.

[7] A actual Lei de Apoios Judiciário, Lei n.º 34/2004, de 29-7, na


redacção que lhe foi atribuída pela Lei n.º 47/2007, de 28-8, teve
como antecedentes históricos, por ordem cronológica, a Lei de
Assistência Judiciária publicada a 31 de Julho de 1889, a qual
viria a ser integrada no Estatuto Judiciário, aprovado pelo Decreto
n.º 13809, de 22 de Junho de 1927; o DL n.º 33548, de 23-2-1944;
Decreto-Lei n.º 387-B/87, de 29 de Dezembro e a Lei n.º 30-
E/2000, de 20 de Dezembro.
[8] Cfr. Acórdão dos Tribunais das Relações: de Lisboa, de 1-2-
2010 (proferido no processo n.º 578/06.5BVFX-A-L-1-1), do Porto,
de 21-3-2013 (proferido no processo n.º 3498/08.5-TBVFR-B.P1-
Apelação) e de 17/5/ 2004 (proferido no processo com o n.º
convencional JTRP00036871) e de Guimarães, de 31-12-2014
(proferido no processo n.º 934/04.2. E acórdão do Tribunal
Constitucional de n.º 498/04, de 12-7-2012, todos integralmente
disponíveis, respectivamente, em www.dgsi.pt e
www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos.

[9] Disponível em www.irn.mj.pt › IRN › Registo Civil › Custos do


processo

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