Você está na página 1de 2

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

A moralidade administrativa exige que a ação da administração seja ética e respeite os valores jurídicos e morais. De índole
constitucional, tal princípio está associado à legalidade, contudo, mesmo na hipótese de lacuna ou de ausência de disciplina
legal, o administrador não está autorizado a proceder em confronto com a ética e com a moral. O administrador não pode,
sob o argumento de exercício da discricionariedade (juízo de oportunidade e de conveniência) atentar contra a moralidade.
Conforme ensina Fernanda Marinela, a moralidade administrativa não se confunde com a moralidade comum, pois
enquanto a última se preocupa com a distinção entre o bem e o mal, a primeira está ligada ao conceito de bom
administrador. Esse princípio se apresenta como um vetor fundamental das atividades do Poder público, de forma que,
verificada ofensa à moralidade, mesmo que uma conduta seja aparentemente compatível com a lei, deve ser invalidada. Tal
compreensão está relacionada à mutação da noção clássica de legalidade para uma ideia de legitimidade, que, além do
cumprimento das regras jurídicas, abarca também a moralidade e a finalidade pública.

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal (STF - Súmula Vinculante n° 13). Conforme precedente do
STF, a edição da Súmula vinculante n° 13 não esgotou as possibilidades de configuração de nepotismo, sendo possível,
em cada caso concreto, proceder-se à avaliação das circunstâncias pertinentes, à luz da Constituição federal (STF, MS
31.697). Importante perceber que o nepotismo afronta princípios jurídicos, como a moralidade e a impessoalidade,
expressamente constantes na Constituição de 1988, como base normativa para a Administração Pública, e não
simplesmente ao verbete sumular aprovado pelo STF (que reconheceu a aplicação dos pertinentes princípios e
consequente ilegitimidade deste tipo de conduta). Assim, uma conduta praticada antes da edição da Súmula Vinculante n.
13 do STF (que rechaça o nepotismo) é igualmente ilegítima, podendo, inclusive, afigurar-se como ato de improbidade
administrativa, "não servindo o aludido verbete sumular como marco inicial da prática já vedada pela Constituição" (Aglnt no
AREsp 625.949/MG, DJe 08/11/2018). O Plenário do STF julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar
a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei n° 13.145/97, do Estado de Goiás, entendendo que o dispositivo questionado,
ao permitir a nomeação, admissão ou permanência de até dois parentes das autoridades ali mencionadas, além do cônjuge
do Chefe do Poder Executivo, criaria hipóteses que excepcionariam a vedação ao nepotismo. (STF. ADI 3745/GO, Rei. Min.
Dias Toffoli, 15.5.2013. Pleno - Info 706). Importante compreender que a vedação ao nepotismo tem como fundamento os
princípios constitucionais da Administração, impessoalidade, moralidade administrativa e igualdade, não se exigindo a
edição de lei formal para coibir a sua prática, nem podendo a Lei conspurcar tais princípios.

► Atenção!
Segundo precedente do STF (AgR 6650, Rei. Min. Ellen Gracie, 16/10/2008), em relação ao nepotismo, o Supremo tem
assentado que a nomeação de parentes para cargos políticos não configuraria afronta aos princípios constitucionais que
regem a Administração Pública, tendo em vista sua natureza eminentemente política. Tal entendimento do Supremo segue
a linha de raciocínio de que há uma diferenciação entre função administrativa e função política, e que o exercício desta
última não se submete integralmente ao regime jurídico da Administração Pública.

► Como esse assunto foi cobrado em concurso?


No concurso para Procurador da República (2013), com o seguinte enunciado: "Consoante a jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:" Foi considerada correta a seguinte assertiva: d) Exclui-se da vedação
concernente ao nepotismo a nomeação de irmão de Governador para exercício do cargo de Secretário de Estado, por se
tratar de agente político.

No concurso para o cargo de Delegado de Polícia de Pernambuco (Ces- pe/2016), com a seguinte ementa: "Tendo como
referência a jurisprudência majoritária do STF acerca dos princípios expressos e implícitos da administração pública e do
regime jurídico-administrativo, assinale a opção correta." Foi considerada correta a seguinte alternativa: "D) Segundo o STF,
a vedação ao nepotismo decorre diretamente de princípios constitucionais explícitos, como os princípios da impessoalidade,
da moralidade administrativa e da igualdade, não se exigindo a edição de lei formal para coibir a sua prática.

Tem-se entendido que a contratação de agentes públicos sem a realização de concurso caracteriza violação ao princípio da
moralidade e da impessoalidade. Não obstante, o ressarcimento ao erário depende da demonstração do enriquecimento
ilícito e do prejuízo para a administração.

Você também pode gostar