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CONSÓRCIO PÚBLICO

Introdução. O art. 241, da Constituição Federal de 1988, regulamentado pela Lei n° 11.107/2005 dispõe que a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, devem promover a gestão associada de serviços públicos por intermédio da
celebração de consórcios públicos. Dessa forma, os entes federados devem firmar consórcio público sempre que possuírem
identidade de objetivos, sem que venham a perder suas respectivas autonomias administrativas. Ex.: serviço de captação e
tratamento de água.

O Decreto n° 6.017/2007 estabelece que a União só poderá participar de consórcio público quando também integrarem
todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados. A União poderá celebrar convênios com
os consórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas
adequadas. Nessa situação, as exigências legais de regularidade aplicar-se-ão ao próprio consórcio público envolvido, e
não aos entes federativos nele consorciados. O mesmo Decreto também determina que a União somente celebre convênios
com consórcios públicos constituídos sob a forma de associação pública ou que para essa forma tenham se convertido.

Requisitos. Para a formalização dos consórcios públicos é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
I) Celebração de protocolo de intenções. A Lei n° 11.107/2005 dispõe que para que possa ser constituído um
consórcio público é necessário que, previamente, as entidades federadas firmem um protocolo de intenções. Tal
protocolo deve ser ratificado por lei ou ter sido subscrito com autorização legal, o que significa que é necessária a
manifestação conjunta das vontades dos Poderes Executivo e Legislativo para a celebração de consórcios públicos. O
representante legal do consórcio público deverá ser, obrigatoriamente, Chefe do Poder Executivo de ente da
Federação consorciado.

II) Constituição de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado. Historicamente, havia uma discussão
doutrinária acerca da necessidade ou não de constituição de uma nova pessoa jurídica quando os entes federados se
associavam. Tal discussão foi superada com a supramencionada Lei dos Consórcios Públicos, que determina a
formalização do ajuste através da constituição de pessoa jurídica, sob a forma de associação pública ou pessoa
jurídica de direito privado.

Criticável a posição defendida por José dos Santos Carvalho e Filho, dentre outros autores, com fundamento no art. 6°, § i°,
da Lei 11.107/2005, de que só a associação pública integrará a Administração Indireta, em virtude de sua natureza pública.
Entendemos que, mesmo no caso em que o consórcio público venha a se constituir sob a forma de pessoa jurídica de
direito privado, ele deve integrar a Administração Indireta dos entes federativos consorciados. Nesse caso, o consórcio
público revestido de personalidade jurídica de direito privado estaria na mesma situação jurídica das fundações públicas de
direito privado, bem como das empresas públicas e sociedades de economia mista que possuem natureza jurídica de direito
privado, mas integram a Administração Indireta. Como a associação pública possui personalidade jurídica de direito público,
pode-se afirmar que se trata de entidade pública da administração indireta com natureza autárquica. Uma autarquia que
possui a peculiaridade de integrar a administração indireta de todos os entes integrantes do consórcio público, razão pela
qual é nominada de autarquia multifederativa.

Prerrogativas. A associação pública ou pessoa jurídica de direito privado decorrente da constituição do consórcio público
deterá competência para:
I - celebrar contratos e convênios com entidades públicas e privadas;
II - receber incentivos públicos;
III - promover desapropriações;
IV - celebrar contratos de concessão ou permissão de serviços públicos;
V - emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação detarifas e outros preços públicos; e
VI - ser contratados sem licitação (dispensa) pela própria pessoa da administração direta ou indireta participante do
ajuste.

Apesar de se submeterem as regras de licitação e de contratação previstas na Lei n° 8.666/93, os consórcios públicos
gozam de tratamento diferenciado quando se trata de dispensa de licitação em razão do pequeno valor. É que o percentual
geral de 10% do limite fixado para licitação na modalidade convite é duplicado, quando o consórcio for formado por até 3
(três) entes da Federação, ou triplicado, quando o consórcio for formado por maior número.

Considera-se como área de atuação do consórcio público, independentemente de figurar a União como consorciada, a que
corresponde à soma dos territórios:
I - dos Municípios, quando o consórcio público for constituído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios
com territórios nele contidos;
II - dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando o consórcio público for, respectivamente, constituído por
mais de 1 Estado ou por 1 ou mais Estados e o Distrito Federal; e
III - dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios;
Retirada do consórcio público. A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu
representante na assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei. Os bens destinados ao consórcio público pelo
consorciado que se retira somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de consórcio
público ou no instrumento de transferência ou de alienação.

Contrato de programa. Segundo o Decreto n° 6.107/2007 0 "Contrato de programa" é o "instrumento pelo qual devem ser
constituídas e reguladas as obrigações que um ente da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha para com
outro ente da Federação, ou para com consórcio público, no âmbito da prestação de serviços públicos por meio de
cooperação federativa". Portanto, contrato de programa é obrigatório quando um ente da federação venha a prestar
serviços públicos conjuntamente com outro ente político, por meio de consórcio público. o art. 13, caput, da Lei n°
11.107/05 estabelece que "deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade,
as obrigações que um ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no
âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos".

Contrato de rateio. O contrato de rateio é o instrumento por meio do qual os entes consorciados se comprometem a custear
as despesas do consórcio. Conforme expressa previsão da Lei n° 11.107/2005, os entes consorciados somente entregarão
recursos ao consórcio público mediante contrato de rateio. Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o
consórcio público, são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.o contrato
de rateio será formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de vigência não será superior ao das respectivas
dotações orçamentárias, com exceção dos contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em
programas e ações contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou
outros preços públicos. É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o atendimento de
despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.

A Lei nº 13.934/2019 entrou em vigor após decorridos 180 dias de sua publicação oficial (art. 12).

► Atenção!
 Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, 0 ente consorciado que não consignar, em sua
lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações suficientes para suportar as despesas assumidas por
meio de contrato de rateio.

 Constitui ato de improbidade celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

Contrato de desempenho. Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), no dia 12 de dezembro, a Lei n° 13.934/2019,
que regulamentou o contrato referido no § 8° do art. 37 da CF, denominado "contrato de desempenho", no âmbito da
administração pública federal direta de qualquer dos Poderes da União e das autarquias e fundações públicas federais. O
Contrato de desempenho é o acordo celebrado entre o órgão ou entidade supervisora e o órgão ou entidade
supervisionada, por meio de seus administradores, para o estabelecimento de metas de desempenho do supervisionado,
com os respectivos prazos de execução e indicadores de qualidade, tendo como contrapartida a concessão de flexibilidades
ou autonomias especiais.

• Metas de desempenho representam o nível desejado de atividade ou resultado, estipulada de forma mensurável
e objetiva para determinado período.
• Indicador de qualidade é o referencial utilizado para avaliar o desempenho do supervisionado.
• Flexibilidades e as autonomias especiais podem compreender a ampliação da autonomia gerencial,
orçamentária e financeira do supervisionado.

Vale ressaltar que o contrato de desempenho constitui, para o supervisor, forma de autovinculação e, para o
supervisionado, condição para a fruição das flexibilidades ou autonomias especiais (art. 3°). Nesse sentido, os órgãos ou
entidades supervisoras responsáveis por analisar, aprovar e assinar o contrato de desempenho, bem como os requisitos
gerenciais e demais critérios técnicos a serem observados para celebrá-lo, serão definidos pelos chefes dos Poderes,
através de atos normativos próprios (art. 40).

O não atingimento de metas intermediárias, comprovado objetivamente, dá ensejo, mediante ato motivado, à suspensão do
contrato e da fruição das flexibilidades e autonomias especiais, enquanto não houver recuperação do desempenho ou
repactuação das metas. O contrato poderá ser rescindido por acordo entre as partes ou por ato do supervisor nas hipóteses
de insuficiência injustificada do desempenho do supervisionado ou de descumprimento reiterado das cláusulas contratuais.
É dever do supervisionado publicar o extrato do contrato em órgão oficial, sendo a publicação condição indispensável para
a eficácia do contrato; além disso, deverá promover ampla e integral divulgação do contrato por meio eletrônico.

SÚMULAS DO STF
• Súmula 340. Desde a vigência do código civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião.
• Súmula 346. A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
• Súmula 516. O serviço social da indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da justiça estadual.
• Súmula 517. As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a União intervém como assistente
ou opoente.
• Súmula 556. É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.
• Súmula 654. A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5°, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável
pela entidade estatal que a tenha editado.
• Súmula Vinculante 27. Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de
telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.
• Súmula Vinculante 52. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU 0 imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que 0 valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 11

SÚMULAS DO STJ
• Súmula 42. Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de
economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
• Súmula 324. Compete à justiça federal processar e julgar ações de que participa a fundação habitacional do exército,
equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército.
• Súmula 333. Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista
ou empresa pública.

► Como esse assunto foi cobrado em concurso?


□ Após autorização legislativa, foi firmado um acordo de vontades entre entes públicos, criando-se um novo sujeito
de direito, dotado de uma estrutura de bens e pessoal com permanência e estabilidade. Nessa situação
hipotética, o pacto firmado consiste em contrato de consórcio público, que deve ser firmado exclusivamente por
entes da administração direta. (2019)
□ "0 consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os
entes da Federação consorciados". (2008).
□ Pode possuir personalidade jurídica de direito público ou de direito privado (2019)

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