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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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13/12/2012 PLENÁRIO

AG.REG. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.218


DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO - IBRAM
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS INVESTIDORES EM
AUTOREPRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA -
ABIAPE
ADV.(A/S) : LUIZ ANTÔNIO BETTIOL
AM. CURIAE. : INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL - ISA
AM. CURIAE. : SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE
ADV.(A/S) : RAUL SILVA TELLES DO VALLE E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI
ADV.(A/S) : CASSIO AUGUSTO MUNIZ BORGES

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITOS CONSTITUCIONAL,
ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. PODER REGULAMENTAR
(ART. 84, IV, DA CONSTITUIÇÃO). DECRETO QUE ESTABELECE
PARÂMETROS E CRITÉRIOS PARA O LICENCIAMENTO
AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS POTENCIALMENTE
NOCIVOS AO PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO BRASILEIRO.
FARTA DISCIPLINA LEGAL. EVENTUAL OFENSA
CONSTITUCIONAL MERAMENTE REFLEXA OU INDIRETA.
INAPLICABILIDADE AO CASO DO ART. 225, § 1º, III, DA CARTA
MAGNA. EXIGÊNCIA DE LEI APENAS PARA A ALTERAÇÃO E
SUPRESSÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE
PROTEGIDOS, SITUAÇÃO DIVERSA DO CASO SUB JUDICE.
AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O patrimônio espeleológico nacional goza de proteção legal, assim
como encontra farta regulamentação em Lei o licenciamento ambiental de
atividades potencialmente nocivas às cavidades naturais subterrâneas.

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ADI 4218 AGR / DF

Artigos 3º, 16, 17 e 19 da Lei nº 7.805/89. Lei nº 8.876/94. Artigos 2º, II e IX,
3º, V, 4º, III, e 10 da Lei nº 6.938/81. Art. 36 da Lei nº 9.985/2000. Artigos 2º,
IV, 3º, V, 4º, VII, 9º, IV, 10, 11, 12 e 17-L da Lei nº 6.938/81.
2. É cediço na doutrina que “a finalidade da competência
regulamentar é a de produzir normas requeridas para a execução de leis
quando estas demandem uma atuação administrativa a ser desenvolvida
dentro de um espaço de liberdade exigente de regulação ulterior, a bem
de uma aplicação uniforme da lei, isto é, respeitosa do princípio da
igualdade de todos os administrados” (MELLO, Celso Antônio Bandeira
de. Curso de Direito Administrativo. 21ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
p. 336).
3. O art. 225, § 1º, III, da Constituição somente exige a edição de lei
para a alteração ou supressão de um espaço territorial delimitado de
especial proteção ambiental, previamente criado por ato do poder
público, este precedido de estudos técnicos e de consulta pública que
permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade.
4. O thema iudicandum sub judice revela: (i) a Ação Direta de
Inconstitucionalidade tem por fito a impugnação de Decreto Presidencial
que determina a classificação das cavidades naturais subterrâneas
brasileiras de acordo com o seu grau de relevância, definindo parâmetros
para o licenciamento ambiental de empreendimentos que possam afetar
tais recursos naturais; (ii) o próprio Decreto nº 99.556/90, nos seus
consideranda, registra ser editado tendo em vista o disposto na Lei nº
6.938/81, a qual define que são recursos ambientais o subsolo e o solo,
tratando do licenciamento ambiental para a proteção desses recursos nos
artigos 9º, IV, 10, 11, 12 e 17-L; (iii) nenhum dispositivo do Decreto
atacado realiza a alteração ou supressão de um espaço territorial
especialmente protegido, bem como não se determina que as Unidades de
Conservação existentes devem ser desprezadas no bojo do licenciamento
ambiental de que trata o mencionado regulamento; (iv) conforme dispõe
o art. 28 da Lei nº 9.985/2000, “São proibidas, nas unidades de
conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de

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ADI 4218 AGR / DF

utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e


seus regulamentos”, sendo que eventual descumprimento dessa
proibição no caso concreto deverá ser combatido pelas vias ordinárias, e
não em sede abstrata.
5. A alegação de que o Executivo desbordou dos lindes da sua
competência regulamentar resolve-se no plano da legalidade, não
avançando à seara constitucional senão reflexa ou indiretamente.
Precedentes (ADI 2243, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 16/08/2000, DJ 06-06-2003 PP-00029 EMENT VOL-
02113-02 PP-00255; ADI 1900 MC, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES,
Tribunal Pleno, julgado em 05/05/1999, DJ 25-02-2000 PP-00050 EMENT
VOL-01980-01 PP-00157; ADI 2626, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em
18/04/2004, DJ 05-03-2004 PP-00013 EMENT VOL-02142-03 PP-00354; ADI
1670, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em
10/10/2002, DJ 08-11-2002 PP-00021 EMENT VOL-02090-02 PP-00315).
6. Agravo conhecido e desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do
Senhor Ministro Joaquim Barbosa, na conformidade da ata de
julgamentos e das notas taquigráficas, o Tribunal, por unanimidade, e nos
termos do voto do Relator, em negar provimento ao agravo regimental.
Brasília, 13 de dezembro de 2012.
LUIZ FUX - RELATOR
Documento assinado digitalmente

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RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO - IBRAM
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS INVESTIDORES EM
AUTOREPRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA -
ABIAPE
ADV.(A/S) : LUIZ ANTÔNIO BETTIOL
AM. CURIAE. : INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL - ISA
AM. CURIAE. : SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE
ADV.(A/S) : RAUL SILVA TELLES DO VALLE E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI
ADV.(A/S) : CASSIO AUGUSTO MUNIZ BORGES

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Cuida-se de Agravo


contra decisão monocrática que julgou inadmissível Ação Direta de
Inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República em
face dos artigos 1º e 2º do Decreto nº 6.640/2008, no que alteraram a
redação dos arts. 2º, 3º, 4º, 5º e 5º-A do Decreto nº 99.556/90. Eis o inteiro
teor dos dispositivos impugnados:

DECRETO Nº 6.640, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2008.


Dá nova redação aos arts. 1o, 2o, 3o, 4o e 5o e acrescenta
os arts. 5-A e 5-B ao Decreto no 99.556, de 1o de outubro de
1990, que dispõe sobre a proteção das cavidades naturais
subterrâneas existentes no território nacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
que lhe confere o art. 84, inciso IV, e tendo em vista o disposto
nos arts. 20, inciso X, e 216, inciso V, da Constituição, e na Lei

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ADI 4218 AGR / DF

no 6.938, de 31 de agosto de 1981,


DECRETA:
Art. 1o Os arts. 1o, 2o, 3o, 4o e 5o do Decreto no 99.556, de
1o de outubro de 1990, passam a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 1o As cavidades naturais subterrâneas
existentes no território nacional deverão ser protegidas, de
modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico-
científica, bem como atividades de cunho espeleológico,
étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo.
Parágrafo único. Entende-se por cavidade natural
subterrânea todo e qualquer espaço subterrâneo acessível
pelo ser humano, com ou sem abertura identificada,
popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca,
abismo, furna ou buraco, incluindo seu ambiente,
conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali
encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se
inserem, desde que tenham sido formados por processos
naturais, independentemente de suas dimensões ou tipo
de rocha encaixante.” (NR)
“Art. 2o A cavidade natural subterrânea será
classificada de acordo com seu grau de relevância em
máximo, alto, médio ou baixo, determinado pela análise
de atributos ecológicos, biológicos, geológicos,
hidrológicos, paleontológicos, cênicos, histórico-culturais
e socioeconômicos, avaliados sob enfoque regional e local.
§ 1o A análise dos atributos geológicos, para a
determinação do grau de relevância, deverá ser realizada
comparando cavidades da mesma litologia.
§ 2o Para efeito deste Decreto, entende-se por
enfoque local a unidade espacial que engloba a cavidade e
sua área de influência e, por enfoque regional, a unidade
espacial que engloba no mínimo um grupo ou formação
geológica e suas relações com o ambiente no qual se
insere.
§ 3o Os atributos das cavidades naturais

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subterrâneas listados no caput serão classificados, em


termos de sua importância, em acentuados, significativos
ou baixos.
§ 4o Entende-se por cavidade natural subterrânea
com grau de relevância máximo aquela que possui pelo
menos um dos atributos listados abaixo:
I - gênese única ou rara;
II - morfologia única;
III - dimensões notáveis em extensão, área ou
volume;
IV - espeleotemas únicos;
V - isolamento geográfico;
VI - abrigo essencial para a preservação de
populações geneticamente viáveis de espécies animais em
risco de extinção, constantes de listas oficiais;
VII - hábitat essencial para preservação de
populações geneticamente viáveis de espécies de
troglóbios endêmicos ou relíctos;
VIII - hábitat de troglóbio raro;
IX - interações ecológicas únicas;
X - cavidade testemunho; ou
XI - destacada relevância histórico-cultural ou
religiosa.
§ 5o Para efeitos do § 4o, o atributo a que se refere
seu inciso V só será considerado no caso de cavidades com
grau de relevância alto e médio.
§ 6o Entende-se por cavidade natural subterrânea
com grau de relevância alto aquela cuja importância de
seus atributos seja considerada, nos termos do ato
normativo de que trata o art. 5o:
I - acentuada sob enfoque local e regional; ou
II - acentuada sob enfoque local e significativa sob
enfoque regional.
§ 7o Entende-se por cavidade natural subterrânea
com grau de relevância médio aquela cuja importância de
seus atributos seja considerada, nos termos do ato

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normativo de que trata o art. 5o:


I - acentuada sob enfoque local e baixa sob enfoque
regional; ou
II - significativa sob enfoque local e regional.
§ 8o Entende-se por cavidade natural subterrânea
com grau de relevância baixo aquela cuja importância de
seus atributos seja considerada, nos termos do ato
normativo de que trata o art. 5o:
I - significativa sob enfoque local e baixa sob enfoque
regional; ou
II - baixa sob enfoque local e regional.
§ 9o Diante de fatos novos, comprovados por
estudos técnico-científicos, o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes
poderá rever a classificação do grau de relevância de
cavidade natural subterrânea, tanto para nível superior
quanto inferior.” (NR)
“Art. 3o A cavidade natural subterrânea com grau de
relevância máximo e sua área de influência não podem ser
objeto de impactos negativos irreversíveis, sendo que sua
utilização deve fazer-se somente dentro de condições que
assegurem sua integridade física e a manutenção do seu
equilíbrio ecológico.” (NR)
“Art. 4o A cavidade natural subterrânea classificada
com grau de relevância alto, médio ou baixo poderá ser
objeto de impactos negativos irreversíveis, mediante
licenciamento ambiental.
§ 1o No caso de empreendimento que ocasione
impacto negativo irreversível em cavidade natural
subterrânea com grau de relevância alto, o empreendedor
deverá adotar, como condição para o licenciamento
ambiental, medidas e ações para assegurar a preservação,
em caráter permanente, de duas cavidades naturais
subterrâneas, com o mesmo grau de relevância, de mesma
litologia e com atributos similares à que sofreu o impacto,
que serão consideradas cavidades testemunho.

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§ 2o A preservação das cavidades naturais


subterrâneas, de que trata o § 1o, deverá, sempre que
possível, ser efetivada em área contínua e no mesmo
grupo geológico da cavidade que sofreu o impacto.
§ 3o Não havendo, na área do empreendimento,
outras cavidades representativas que possam ser
preservadas sob a forma de cavidades testemunho, o
Instituto Chico Mendes poderá definir, de comum acordo
com o empreendedor, outras formas de compensação.
§ 4o No caso de empreendimento que ocasione
impacto negativo irreversível em cavidade natural
subterrânea com grau de relevância médio, o
empreendedor deverá adotar medidas e financiar ações,
nos termos definidos pelo órgão ambiental competente,
que contribuam para a conservação e o uso adequado do
patrimônio espeleológico brasileiro, especialmente das
cavidades naturais subterrâneas com grau de relevância
máximo e alto.
§ 5o No caso de empreendimento que ocasione
impacto negativo irreversível em cavidade natural
subterrânea com grau de relevância baixo, o
empreendedor não estará obrigado a adotar medidas e
ações para assegurar a preservação de outras cavidades
naturais subterrâneas.” (NR)
“Art. 5o A metodologia para a classificação do grau
de relevância das cavidades naturais subterrâneas,
considerando o disposto no art. 2o, será estabelecida em
ato normativo do Ministro de Estado do Meio Ambiente,
ouvidos o Instituto Chico Mendes, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA e demais setores governamentais afetos ao tema,
no prazo de sessenta dias, contados da data de publicação
deste Decreto.” (NR)
Art. 2o Fica acrescido os arts. 5-A e 5-B ao Decreto no
99.556, de 1990, com a seguinte redação:
“Art. 5o-A. A localização, construção, instalação,

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ampliação, modificação e operação de empreendimentos e


atividades, considerados efetiva ou potencialmente
poluidores ou degradadores de cavidades naturais
subterrâneas, bem como de sua área de influência,
dependerão de prévio licenciamento pelo órgão ambiental
competente.
§ 1o O órgão ambiental competente, no âmbito do
processo de licenciamento ambiental, deverá classificar o
grau de relevância da cavidade natural subterrânea,
observando os critérios estabelecidos pelo Ministério do
Meio Ambiente.
§ 2o Os estudos para definição do grau de relevância
das cavidades naturais subterrâneas impactadas deverão
ocorrer a expensas do responsável pelo empreendimento
ou atividade.
§ 3o Os empreendimentos ou atividades já
instalados ou iniciados terão prazo de noventa dias, após a
publicação do ato normativo de que trata o art. 5o, para
protocolar junto ao órgão ambiental competente
solicitação de adequação aos termos deste Decreto.
§ 4o Em havendo impactos negativos irreversíveis
em cavidades naturais subterrâneas pelo
empreendimento, a compensação ambiental de que trata
o art. 36 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, deverá
ser prioritariamente destinada à criação e implementação
de unidade de conservação em área de interesse
espeleológico, sempre que possível na região do
empreendimento.” (NR)
“Art. 5-B. Cabe à União, por intermédio do IBAMA e
do Instituto Chico Mendes, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, no exercício da competência
comum a que se refere o art. 23 da Constituição, preservar,
conservar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio
espeleológico brasileiro, bem como fomentar
levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem
ampliar o conhecimento sobre as cavidades naturais

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subterrâneas existentes no território nacional.


Parágrafo único. Os órgãos ambientais podem
efetivar, na forma da lei, acordos, convênios, ajustes e
contratos com entidades públicas ou privadas, nacionais,
internacionais ou estrangeiras, para auxiliá-los nas ações
de preservação e conservação, bem como de fomento aos
levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem
ampliar o conhecimento sobre as cavidades naturais
subterrâneas existentes no território nacional.” (NR)

Afirmava-se que o Decreto anterior protegia plenamente as


cavidades naturais subterrâneas e suas áreas de influência, apenas
permitindo a utilização dessas áreas caso preenchidos os requisitos
previstos em lei, porém, o novel Decreto estabeleceria critérios não-
determinados pela comunidade científica para eleger os sítios que devam
ou não ser preservados.

O proponente sustentava que somente lei em sentido formal pode


tratar da redução do regime normativo de proteção às formações
espeleológicas. Relacionava as cavidades subterrâneas a unidades de
conservação, ressaltando sua titularidade da União (art. 20, X, CRFB), e
defendia que a sua supressão só pode ser realizada mediante Lei, pois
seria uma exigência do art. 225, § 1º, III, da Carta Magna (“(...) incumbe ao
Poder Público: definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”).

Vislumbrava, ainda, ofensa ao art. 84, IV, da Constituição (“Compete


privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos;”), bem como ao princípio da
separação dos Poderes (art. 2º CRFB), porquanto o Decreto impugnado se

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imiscuiria em tema reservado ao Legislador.

O então relator, Min. Eros Grau, determinou a aplicação do rito


previsto no art. 12 da Lei nº 9.868/99 (fls. 78).

A Presidência da República prestou informações no sentido de que:


(i) preliminarmente, a ADI seria inadmissível, na medida em que o
Decreto nº 6.640/2008 regulamenta dispositivos da Lei nº 6.938/81 (Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente), e a jurisprudência desta Corte não
admite Ação Direta de Inconstitucionalidade em face de atos normativos
secundários; (ii) o art. 225, § 1º, III, da Constituição não se aplica à
hipótese, visto que tal dispositivo se refere especificamente a Unidades de
Conservação, Áreas de Preservação Permanente, Reservas Legais
Florestais, e outros espaços ambientais especificamente delimitados pelo
Poder Público – neste sentido, a cavidade natural subterrânea pode ou
não tornar-se uma unidade de conservação, a depender dos critérios
previstos no art. 5º-A do Decreto vergastado; (iii) a competência do
CONAMA para editar normas sobre licenciamento de atividades efetiva
ou potencialmente poluidoras, bem como outros regramentos em matéria
de Direito Ambiental, está prevista no art. 8º da Lei nº 6.938/81; (iv) a
compensação ambiental é instituto previsto no art. 36, § 3º, da Lei nº
9.985/2000, e o Decreto impugnado apenas institui diretrizes para a
aplicação dessa figura.

A Advocacia-Geral da União posicionou-se pela constitucionalidade


do Decreto sub judice, com base nos mesmos fundamentos apresentados
pela Presidência da República.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e a Associação


Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica
(ABIAPE) requereram seu ingresso como amici curiae, o que foi deferido
pelo então relator, Min. Eros Grau (fls. 290). Sustentam, em síntese: (i) a
declaração de nulidade do Decreto nº 6.640/08 importaria na repristinação

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da redação original do Decreto nº 99.556/90, a qual estaria eivada de


inconstitucionalidade formal, por tratar de matéria de reserva de lei
específica, na forma do art. 5º, II, da Constituição, e material, por incluir
as cavidades subterrâneas como patrimônio cultural brasileiro, sem
correspondência no art. 216 da Carta Magna; (ii) o Decreto impugnado,
assim como seu antecessor, não cria, altera, nem suprime qualquer espaço
territorial especialmente protegido, motivo pelo qual é inaplicável o art.
225, § 1º, III, da Constituição; (iii) o Decreto impugnado apenas
regulamenta o art. 3º, V, da Lei nº 6.938/81 (“Para os fins previstos nesta Lei,
entende-se por: V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora.”); (iv) a antiga redação do art. 3º do
Decreto nº 99.556/90 já permitia a instalação e o funcionamento de
empreendimentos efetiva ou potencialmente lesivos às cavidades
subterrâneas, sujeitando-os à avaliação de impacto ambiental; (v) o
Decreto vergastado atende ao princípio da proporcionalidade.

O Instituto Socioambiental (ISA) e a Sociedade Brasileira de


Espeleologia (SBE) também requereram sua intervenção como amici
curiae, e foram admitidos pelo então relator a fls. 338. Protestam pela
declaração de inconstitucionalidade do Decreto nº 6.640/08, sob os
seguintes fundamentos: (i) somente lei em sentido formal poderia tratar
da redução do regime normativo de proteção às formações
espeleológicas; (ii) o Decreto combatido é autônomo, pois inova na ordem
jurídica; (iii) o novo regramento vai de encontro ao princípio da vedação
ao retrocesso ambiental ou ecológico e ao princípio da indisponibilidade
dos bens públicos.

O Ministério Público Federal proferiu parecer (fls. 355) pelo


conhecimento e procedência da ação, ratificando as razões da inicial, e
acrescentando que a discussão não é de mera legalidade, mas gira em
torno da constitucionalidade do decreto, que teria violado o preceito
constitucional da reserva legal.

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ADI 4218 AGR / DF

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) requereu ingresso no


feito como amicus curiae, tendo sido admitida a fls. 402. Afirma, em suma,
que: (i) a via processual eleita pelo proponente é inadequada à discussão
da legalidade do Decreto nº 6.640/08; (ii) as cavidades naturais
subterrâneas só são espaços territoriais especialmente protegidos quando
reconhecidas pelo poder público como inseridas em unidades de
conservação, o que sói ocorrer em áreas específicas e delimitadas por ato
administrativo de efeitos concretos; (iii) inocorre retrocesso sócio-
ambiental na hipótese, havendo, ao contrário, consagração dos princípios
do desenvolvimento sustentável, da proporcionalidade e do devido
processo legal/administrativo.

A ADI foi julgada inadmissível por decisão assim ementada:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ATO


NORMATIVO SECUNDÁRIO. OFENSA REFLEXA À
CONSTITUIÇÃO. PETIÇÃO INICIAL MANIFESTAMENTE
INADMISSÍVEL (ART. 4º DA LEI Nº 9.868/99).

A Procuradoria-Geral da República, no presente Agravo, sustenta


que no presente caso há afronta ao princípio da reserva legal. Cita a
narrativa de funcionário do IBAMA, para quem o regime de proteção das
cavernas não está tratado em ponto algum da legislação. Não haveria,
segundo afirma, qualquer intermediação legislativa, pois as Leis nº
7.805/89 e 8.876/94 cuidariam apenas da atividade garimpeira e minerária,
sem qualquer relação com o plano de proteção ambiental das cavidades
subterrâneas naturais, e também porque as Leis nº 6.983/81 e 9.985/00
“têm por objeto os licenciamentos ambientais nos seus aspectos amplos e gerais”.

É o relatório.

10

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13/12/2012 PLENÁRIO

AG.REG. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.218


DISTRITO FEDERAL

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Não assiste razão ao


agravante. A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem por fito a
impugnação de Decreto Presidencial que determina a classificação das
cavidades naturais subterrâneas brasileiras de acordo com o seu grau de
relevância, definindo parâmetros para o licenciamento ambiental de
empreendimentos que possam afetar tais recursos naturais. Tal conclusão
resta patente quando da análise dos seguintes dispositivos:

Decreto nº 99.556, de 1990, com a redação dada pelo


Decreto nº 6.640 de 2008
Art. 4º A cavidade natural subterrânea classificada com
grau de relevância alto, médio ou baixo poderá ser objeto de
impactos negativos irreversíveis, mediante licenciamento
ambiental.
§ 1o No caso de empreendimento que ocasione impacto
negativo irreversível em cavidade natural subterrânea com grau
de relevância alto, o empreendedor deverá adotar, como
condição para o licenciamento ambiental, medidas e ações
para assegurar a preservação, em caráter permanente, de duas
cavidades naturais subterrâneas, com o mesmo grau de
relevância, de mesma litologia e com atributos similares à que
sofreu o impacto, que serão consideradas cavidades
testemunho.
§ 2o A preservação das cavidades naturais subterrâneas,
de que trata o § 1o, deverá, sempre que possível, ser efetivada
em área contínua e no mesmo grupo geológico da cavidade que
sofreu o impacto.
§ 3o Não havendo, na área do empreendimento, outras
cavidades representativas que possam ser preservadas sob a

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ADI 4218 AGR / DF

forma de cavidades testemunho, o Instituto Chico Mendes


poderá definir, de comum acordo com o empreendedor, outras
formas de compensação.
§ 4o No caso de empreendimento que ocasione impacto
negativo irreversível em cavidade natural subterrânea com grau
de relevância médio, o empreendedor deverá adotar medidas e
financiar ações, nos termos definidos pelo órgão ambiental
competente, que contribuam para a conservação e o uso
adequado do patrimônio espeleológico brasileiro,
especialmente das cavidades naturais subterrâneas com grau de
relevância máximo e alto.
§ 5o No caso de empreendimento que ocasione impacto
negativo irreversível em cavidade natural subterrânea com grau
de relevância baixo, o empreendedor não estará obrigado a
adotar medidas e ações para assegurar a preservação de outras
cavidades naturais subterrâneas.
Art. 5º-A. A localização, construção, instalação,
ampliação, modificação e operação de empreendimentos e
atividades, considerados efetiva ou potencialmente poluidores
ou degradadores de cavidades naturais subterrâneas, bem
como de sua área de influência, dependerão de prévio
licenciamento pelo órgão ambiental competente.
§ 1o O órgão ambiental competente, no âmbito do
processo de licenciamento ambiental, deverá classificar o grau
de relevância da cavidade natural subterrânea, observando os
critérios estabelecidos pelo Ministério do Meio Ambiente.
§ 2o Os estudos para definição do grau de relevância das
cavidades naturais subterrâneas impactadas deverão ocorrer a
expensas do responsável pelo empreendimento ou atividade.
§ 3o Os empreendimentos ou atividades já instalados ou
iniciados terão prazo de noventa dias, após a publicação do ato
normativo de que trata o art. 5o, para protocolar junto ao órgão
ambiental competente solicitação de adequação aos termos
deste Decreto.
§ 4o Em havendo impactos negativos irreversíveis em
cavidades naturais subterrâneas pelo empreendimento, a

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ADI 4218 AGR / DF

compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei no 9.985,


de 18 de julho de 2000, deverá ser prioritariamente destinada
à criação e implementação de unidade de conservação em área
de interesse espeleológico, sempre que possível na região do
empreendimento.

Malgrado diga respeito especificamente a áreas de interesse


espeleológico, é inegável que o Decreto versa sobre licenciamento
ambiental e compensação ambiental. E também é de comum sabença que
tais assuntos encontram densa regulamentação na Lei brasileira.

Não poderia ser diferente, pois, como bem assevera Paulo Affonso
Leme Machado, “as licenças, autorizações, aprovações prévias e
permissões só possam ser criadas por lei ou a lei deverá prever a sua
instituição por outro meio infralegal. O decreto do Presidente da República,
do Governador do Estado ou do Prefeito Municipal somente poderá criar uma
licença ambiental se a lei anterior expressamente cometer-lhe tal tarefa” (Direito
Ambiental Brasileiro. 18ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 287-288 – grifo
nosso).

O licenciamento ambiental para a permissão de lavra garimpeira


está previsto no art. 3º da Lei nº 7.805/89. Os artigos 16 e 17 dessa Lei
dispõem, respectivamente, que “A concessão de lavras depende de prévio
licenciamento do órgão ambiental competente” e que “A realização de
trabalhos de pesquisa e lavra em áreas de conservação dependerá de prévia
autorização do órgão ambiental que as administre”. Sobre a reparabilidade
do dano ambiental no bojo de atividades de mineração, o art. 19, dando
cumprimento ao art. 225, § 2º, da Carta Magna determina que “O titular
de autorização de pesquisa, de permissão de lavra garimpeira, de concessão de
lavra, de licenciamento ou de manifesto de mina responde pelos danos causados
ao meio ambiente”. A Lei nº 8.876/94 concede ao Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM) a atribuição de exercer a fiscalização sobre o
controle ambiental das atividades de mineração, em conjunto com as
autoridades ambientais.

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Ora, resulta textualmente refutado o argumento do Agravante, para


quem as normas supratranscritas cuidariam apenas da atividade
garimpeira e minerária. Há clara menção, nas Leis suso mencionadas, ao
licenciamento ambiental e à reparabilidade do dano ambiental, sendo
certo que empreendimentos ligados à atividade minerária revelam maior
potencial para interferir no patrimônio espeleológico brasileiro.

Além disso, a Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio


Ambiente) prevê, em seu art. 2º, o atendimento dos princípios da
“racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar”(inciso II) e da
“proteção de áreas ameaçadas de degradação” (inciso IX). O art. 3º, V, do
mesmo diploma assevera que o subsolo é um recurso ambiental, e seu art.
4º, III, determina o “estabelecimento de critérios e padrões de qualidade
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais”. No
art. 10, há a previsão de que “A construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de
prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem
prejuízo de outras licenças exigíveis”.

Por sua vez, a Lei nº 9.985/2000 trata do licenciamento ambiental de


empreendimentos de significativo impacto ambiental no seu art. 36, cujo
parágrafo 3º disciplina a compensação ambiental. Tal como a Lei nº
6.938/81, o diploma em comento também considera o subsolo um recurso
ambiental (art. 2º, IV). O seu art. 4º, VII, estabelece como objetivo do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) a
proteção das características relevantes de natureza espeleológica.

Repita-se: a Lei nº 9.985/2000, de forma explícita, clara e indeclinável,

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afirma, em seu art. 4º, VII, que se destina à proteção do patrimônio


espeleológico nacional. Como dizer, então, como pretende o Agravante,
que não há Lei tratando do assunto e que o Decreto vergastado é ato
administrativo autônomo? Uma tal afirmativa não encontra amparo no
ordenamento brasileiro.

Aliás, o próprio Recorrente admite que as Leis nº 6.983/81 e 9.985/00


“têm por objeto os licenciamentos ambientais nos seus aspectos amplos e gerais”.
Esses aspectos amplos e gerais incluem expressamente, como
demonstrado, o patrimônio espeleológico pátrio. Pretende o Agravante,
em última análise, que essa Corte entenda que seria necessária uma lei
específica para tratar tão somente do licenciamento ambiental relativo às
cavidades naturais subterrâneas, sem qualquer injunção constitucional
nesse sentido.

O próprio Decreto nº 99.556/90, nos seus consideranda, registra ser


editado tendo em vista o disposto na Lei nº 6.938/81. Esta Lei, conforme já
demonstrado, define como recursos ambientais o subsolo e o solo,
tratando do licenciamento ambiental para a proteção desses recursos nos
artigos 9º, IV, 10, 11, 12 e 17-L.

Nem se diga que o Decreto impugnado desbordou dos limites do


poder regulamentar presidencial, inovando no ordenamento jurídico.
Recorro à clássica lição de Caio Tácito, ao tratar da subordinação da
Administração à Lei, verbis:

Esta subordinação a uma lei anterior não significa, porém,


que a administração seja um processo em que não participem
razões técnicas ou políticas. Como observou Jellinek, seria
inconcebível um Estado em que toda a atividade fosse
vinculada. O fenômeno social não se escraviza a coletes de
força, nem a esquemas teóricos. A administração necessita de
maleabilidade de métodos e caminhos para atender às suas
finalidades coletivas.

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ADI 4218 AGR / DF

(TÁCITO, Caio. Direito Administrativo. São Paulo:


Saraiva, 1975. p. 3)

O papel do Executivo é precisamente o de definir critérios e


parâmetros para o licenciamento ambiental e para a compensação dos
danos, como sói acontecer com o Decreto ora questionado. Nas palavras
de Celso Antônio Bandeira de Mello, “a finalidade da competência
regulamentar é a de produzir normas requeridas para a execução de leis
quando estas demandem uma atuação administrativa a ser desenvolvida
dentro de um espaço de liberdade exigente de regulação ulterior, a bem
de uma aplicação uniforme da lei, isto é, respeitosa do princípio da
igualdade de todos os administrados” (Curso de Direito Administrativo.
21ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 336). E continua o citado
administrativista:

Todos eles [regulamentos] são expedidos com base em


disposições legais que mais não podem ou devem fazer senão
aludir a conceitos precisáveis mediante averiguações técnicas,
as quais sofrem o influxo das rápidas mudanças advindas do
progresso científico e tecnológico, assim como das condições
objetivas existentes em dado tempo e espaço, cuja realidade
impõe, em momentos distintos, níveis diversos no grau das
exigências administrativas adequadas para cumprir o escopo da
lei sem sacrificar outros interesses também por ela confortados.
(…) estas medidas regulamentares concernem tão somente
à identificação ou caracterização técnica dos elementos ou situações de
fato que respondem, já agora de modo preciso, aos conceitos
inespecíficos e indeterminados de que a lei se serviu,
exatamente para que fossem precisados depois de estudo,
análise e ponderação técnica efetuada em nível da
Administração, com o concurso, sempre que necessário, dos
dados de fato e dos subsídios fornecidos pela Ciência e pela
tecnologia disponíveis.
(Op. Cit. p. 344-346)

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Por óbvio, é inexigível que seja feita por Lei a análise de atributos
ecológicos, biológicos, geológicos, hidrológicos, paleontológicos, cênicos,
histórico-culturais e socioeconômicos, das cavidades naturais
subterrâneas, avaliados sob enfoque regional e local. Como se trata de
averiguações de caráter técnico, melhor sejam definidas pela
Administração Pública.

Ainda que se entenda que o Executivo desbordou dos lindes da sua


competência regulamentar, o conflito se limitaria ao plano da legalidade,
não avançando à seara constitucional senão reflexa ou indiretamente.
Essa é a pacífica jurisprudência desta Corte, conforme se colhe dos
seguintes precedentes:

CONTROLE CONCENTRADO DE
CONSTITUCIONALIDADE - PARÂMETROS. O controle
concentrado de constitucionalidade pressupõe descompasso
de certa norma com o Texto Fundamental, mostrando-se
inadequado para impugnar-se ato regulamentador, como é a
Resolução nº 20.562 do Tribunal Superior Eleitoral, de 2 de
março de 2000, sobre a distribuição dos horários de propaganda
eleitoral, versada na Lei nº 9.504/97.
(ADI 2243, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 16/08/2000, DJ 06-06-2003 PP-00029 EMENT
VOL-02113-02 PP-00255)

EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo


201 e seu inciso II da Lei Complementar nº 75, de 20.05.93. -
Para chegar-se ao exame da inconstitucionalidade, sem redução
de texto, mediante interpretação conforme, como argüida na
presente ação direta (a argüição se cinge à aplicação da norma
impugnada aos membros do Ministério Público Federal
optantes do regime jurídico antigo), será necessário fazer-se,
primeiramente, o confronto entre a norma em causa da Lei
Complementar nº 75/93 e o artigo 7º, II, da Lei 1.341/51, para
depois verificar-se se o resultado desse confronto entra em

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ADI 4218 AGR / DF

choque com o disposto no artigo 29, § 3º, do ADCT quanto à


opção, nele admitida, no que concerne às garantias e vantagens
do regime anterior. - Em casos que tais, a jurisprudência desta
Corte se tem orientado no sentido de que não cabe a ação
direta de inconstitucionalidade quando "o confronto do ato
questionada com os dispositivos da Carta teria que passar,
primeiramente, pelo exame in abstracto de outras normas
infraconstitucionais, de tal forma que não haveria confronto
direto da lei em causa com a Constituição". Precedentes do
S.T.F. Ação direta de inconstitucionalidade que não se conhece.
(ADI 1900 MC, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES,
Tribunal Pleno, julgado em 05/05/1999, DJ 25-02-2000 PP-00050
EMENT VOL-01980-01 PP-00157)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 4º DA INSTRUÇÃO Nº 55,
APROVADA PELA RESOLUÇÃO Nº 20.993, DE 26.02.2002, DO
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. ART. 6º DA LEI Nº
9.504/97. ELEIÇÕES DE 2002. COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTIGOS 5º, II E LIV, 16, 17, §
1º, 22, I E 48, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ATO
NORMATIVO SECUNDÁRIO. VIOLAÇÃO INDIRETA.
IMPOSSIBILIDADE DO CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE. Tendo sido o dispositivo
impugnado fruto de resposta à consulta regularmente
formulada por parlamentares no objetivo de esclarecer o
disciplinamento das coligações tal como previsto pela Lei
9.504/97 em seu art. 6º, o objeto da ação consiste, inegavelmente,
em ato de interpretação. Saber se esta interpretação excedeu ou
não os limites da norma que visava integrar, exigiria,
necessariamente, o seu confronto com esta regra, e a Casa tem
rechaçado as tentativas de submeter ao controle concentrado o
de legalidade do poder regulamentar. Precedentes: ADI nº
2.243, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI nº 1.900, Rel. Min. Moreira
Alves, ADI nº 147, Rel. Min. Carlos Madeira. Por outro lado,
nenhum dispositivo da Constituição Federal se ocupa

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diretamente de coligações partidárias ou estabelece o âmbito


das circunscrições em que se disputam os pleitos eleitorais,
exatamente, os dois pontos que levaram à interpretação pelo
TSE. Sendo assim, não há como vislumbrar, ofensa direta a
qualquer dos dispositivos constitucionais invocados. Ação
direta não conhecida. Decisão por maioria.
(ADI 2626, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno,
julgado em 18/04/2004, DJ 05-03-2004 PP-00013 EMENT VOL-
02142-03 PP-00354)

Ação Direta de Inconstitucionalidade. Decreto nº 2 .208, de


17.04.97 e Portaria nº 646, de 14.05.97. Alegação de afronta aos
artigos 6º, 18 e 208, II da Constituição Federal. Lei nº 9.394/96 -
Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ao editarem o
Decreto e a Portaria contra cujos dispositivos se insurgem os
autores, pretenderam o Presidente da República e o Ministro da
Educação conferir maior efetividade aos artigos 36, § 2º e 39 a
42, todos da Lei nº 9.394/96 (Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), disciplinando a implementação da
educação profissional destinada aos alunos e demais membros
da sociedade, como parte da política nacional de educação.
Trata-se, pois, de atos normativos meramente regulamentares,
e não autônomos, como sustentam os autores. Firmou a
jurisprudência deste Supremo Tribunal o entendimento de
que só é cabível a ação direta de inconstitucionalidade para o
confronto direto , sem intermediários, entre o ato normativo
impugnado e a Constituição Federal. Precedentes: ADIMC nº
996, Rel. Min. Celso de Mello e ADI nº 1388, Rel. Min. Néri da
Silveira. Impossibilidade jurídica do pedido. Ação direta de
inconstitucionalidade não conhecida .
(ADI 1670, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal
Pleno, julgado em 10/10/2002, DJ 08-11-2002 PP-00021 EMENT
VOL-02090-02 PP-00315)

Também confunde-se o Agravante ao invocar a aplicação do art. 225,

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ADI 4218 AGR / DF

§ 1º, III, da Carta Magna, que dispõe: “(...) incumbe ao Poder Público: definir,
em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade
dos atributos que justifiquem sua proteção”. Em nenhum dispositivo do
Decreto atacado se observa a alteração ou supressão de um espaço
territorial delimitado de especial proteção ambiental.

Esses espaços territoriais especialmente protegidos são denominados


pela Lei nº 9.985/2000 como Unidades de Conservação, e se dividem em
Unidades de Proteção Integral (art. 8º) e Unidades de Uso Sustentável
(art. 14). De acordo com o art. 22 dessa Lei, a Unidade de Conservação
deve ser criada por ato do poder público, precedido de estudos técnicos e
de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e
os limites mais adequados para a unidade. Ora, nada disso é disciplinado
pelo Decreto nº 6.640/2008, que se limita a definir critérios e parâmetros
para o licenciamento ambiental, este definido como o “procedimento
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso” (Resolução nº 237/97 do CONAMA). Apenas seria
aplicável o art. 225, § 1º, III, da Constituição, exigindo-se Lei para a
medida, caso o intuito fosse alterar ou suprimir os limites de uma
Unidade de Conservação específica existente, o que, por óbvio, não é a
hipótese.

Ademais, o ato normativo impugnado não determina, em qualquer


de seus artigos e parágrafos, que as Unidades de Conservação existentes
devem ser desprezadas quando do licenciamento ambiental. Conforme
exige o art. 28 da Lei nº 9.985/2000, “São proibidas, nas unidades de
conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em

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desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos”.


Eventual descumprimento dessa proibição no caso concreto deverá ser
combatido pelas vias ordinárias, e não em sede abstrata.

Ex positis, voto pelo conhecimento e desprovimento do Agravo,


mantendo-se a decisão monocrática que não conheceu da Ação Direta de
Inconstitucionalidade.

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Decisão de Julgamento

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.218


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO - IBRAM
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS INVESTIDORES EM
AUTOREPRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - ABIAPE
ADV.(A/S) : LUIZ ANTÔNIO BETTIOL
AM. CURIAE. : INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL - ISA
AM. CURIAE. : SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE
ADV.(A/S) : RAUL SILVA TELLES DO VALLE E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI
ADV.(A/S) : CASSIO AUGUSTO MUNIZ BORGES

Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do


Relator, negou provimento ao agravo regimental. O Ministro Marco
Aurélio consignou que não deveria ser apregoado nenhum processo
que não esteja previamente agendado no sítio do Tribunal na
internet. Ausentes, licenciado, o Ministro Celso de Mello e, neste
julgamento, o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o
Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 13.12.2012.

Presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presentes à


sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber e
Teori Zavascki.

Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Monteiro Gurgel


Santos.

p/Luiz Tomimatsu
Assessor-Chefe do Plenário

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