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DIREITO CONSTITUCIONAL,

TRIBUTÁRIO e FINANCEIRO
Professor Rolando Valcir Spanholo
(@prof.valcir.spanholo.novo)
CASOS PRÁTICOS DA NOSSA REVISÃO MULTIDISCIPLINAR DE HOJE (27/02):

319) Estados podem selecionar bacharéis em Direito para atuar, remuneradamente, em PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
JURÍDICA junto às suas respectivas PGEs ou tais contratações violam a CF/88 e invadem funções típicas das
Procuradorias?

320) Lei estadual pode alargar as hipóteses de licenciamento ambiental simplificado, dispensando EIA/RIMA para
atividades de lavra garimpeira e autorizando o uso do mercúrio no garimpo?

321) Servidor condenado por ato ímprobo que migrou para inatividade pode ter sua aposentadoria cassada no bojo
da própria ação de improbidade (como reflexo da perda da função pública) ou depende de decisão administrativa?

322) No júri, é possível invalidar a decisão do Conselho de Sentença que acolhe quesito genérico de absolvição (CPP,
art. 483, III) quando for flagrante à prova dos autos?

323) Lei estadual pode impor regras sobre o registro de cursos de graduação (semipresencial) ou isso configura invasão
de competência da União?

324) É possível contabilizar o período de vigência de auxílio-doença como carência para concessão de benefícios
previdenciários pelo INSS?
CASOS PRÁTICOS DA NOSSA REVISÃO MULTIDISCIPLINAR DE HOJE (27/02):

325) ADPF constitui meio processual adequado para atacar acordo judicial indenizatório?

326) A nova Lei de Migração, que impede a expulsão de estrangeiro que tenha filho brasileiro dele dependente
socioafetivo e econômico, pode retroagir para regular casos anteriores já decididos na seara administrativa?

327) A falta de obtenção de resultado útil aliado ao decurso de mais de 5 anos justificam o trancamento de
investigação criminal com base da tese do constrangimento ilegal?

328) Atos secundários que interpretam norma infraconstitucional estão sujeitos ao controle abstrato de
constitucionalidade ou apenas ao controle de legalidade?

329) Estados-membros podem legislar sobre a regulação do uso de ligações pelos serviços de telemarketing ou há
invasão de competência da União (telecomunicações)?

330) Cooperativa central e conselheiros fiscais respondem solidariamente por obrigações de cooperativa singular nas
operações de natureza “bancária”?
PROCESSO: (319) ADI 5387 – AM (Acórdão ainda não disponibilizado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d. 17/02/2021.
Por meio de ADI, a Procuradoria-Geral da República (PGR) questionava Lei estadual do Amazonas, que institui o
CONTEXTUALIZAÇÃO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA JURÍDICA no âmbito da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AM). Para tanto,
FÁTICA: sustentava que o programa estaria burlando dispositivos da CF (art. 37, incisos II e IX) referentes à contratação no
serviço público e criando hipótese de prestação de serviço público em caráter temporário, por bacharéis em
Direito, para exercício de funções típicas de servidor da PGE ou de procurador de Estado. Na defesa da lei foi
sustentado que o programa envolvia atividades ligadas ao ensino e, por tal razão, se inseria no âmbito da
competência concorrente, não estando sujeito às regras comuns que cercam a contratação de pessoal na
Administração Pública.
QUESTÃO CENTRAL Estados podem selecionar bacharéis em Direito para atuar, remuneradamente, em PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
CONTROVERSA: JURÍDICA junto às suas respectivas PGEs ou tais contratações violam a CF/88 e invadem funções típicas das
Procuradorias?
=> Desde que voltados à promoção da educação jurídica, não viola a CF/88 o PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
JURÍDICA criado por Estado-membro, ainda que estipule o pagamento de uma “bolsa” aos bacharéis em Direito
selecionados, pois a hipótese se amolda na competência concorrente para legislar sobre educação, cultura, ensino,
INFORMAÇÕES desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (inciso IX do art. 24 da CF);
LÍQUIDAS:
Art. 24 (CF). Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
PROCESSO: (320) ADI 6672 - RR (Acórdão ainda não disponibilizado)
DADOS: STF, Monocrática, Min. Alexandre de Moraes, d. 19/02/2021.
ADI, ajuizada contra da Lei estadual 1.453/2021, de Roraima, que normatiza o Licenciamento para a Atividade de
Lavra Garimpeira no Estado, de maneira a afrontar o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
CONTEXTUALIZAÇÃO equilibrado e que o procedimento de licença de operação única para autorização da atividade, ao dispensar a
FÁTICA: apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), contraria as
normas federais que admitem o licenciamento simplificado apenas para atividades de baixo impacto. Na ação, o
autor ressalta que a autorização para o uso do mercúrio na atividade de lavra garimpeira representa retrocesso
em relação aos consensos mínimos estabelecidos em nível internacional.
QUESTÃO CENTRAL Lei estadual pode alargar as hipóteses de licenciamento ambiental simplificado, dispensando EIA/RIMA para
CONTROVERSA: atividades de lavra garimpeira e autorizando o uso do mercúrio no garimpo?
=> Invade a competência privativa da União para legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e
metalurgia, a lei estadual que alarga as hipóteses de licenciamento ambiental simplificado, dispensando
EIA/RIMA para atividades de lavra garimpeira e autoriza o uso do mercúrio no garimpo;
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: => Mineral X ambiental;

Art. 22 (CF/88) - Compete privativamente à União legislar sobre:


(...)
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
PROCESSO: ADI 6672 - RR

Art. 174 (CF/88) - Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o
setor privado.

§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual


incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º O Estado favorecerá a organização da ATIVIDADE GARIMPERIRA em cooperativas, levando em conta a proteção


do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão PRIORIDADE na autorização ou concessão para
pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de
acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
PROCESSO: ADI 6672 - RR

Art. 225 (CF/88) - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
(...)
INFORMAÇÕES V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
LÍQUIDAS: qualidade de vida e o meio ambiente;
(...)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou JURÍDICAS, a
sanções PENAIS e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
PROCESSO: ADI 6672 - RR
=> Competência comum (administrativa/material):
Art. 23 (CF/88) - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...).
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
(...)
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
(...).
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: => LC 140/2011 (define as normas de cooperação para o exercício da competência comum);

=> Competência legislativa é concorrente:


Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
(...).
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
PROCESSO: ADI 6672 - RR

=> Prevenção (risco conhecido) X prevenção (risco potencial);

=> a Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): a) impõe o LICENCIAMENTO como instrumento de política
ambiental; b) confere ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) a competência para o estabelecimento de
normas e critérios para o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras;

Art. 10 - (Lei 6.938/81) - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de
INFORMAÇÕES recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental
LÍQUIDAS: dependerão de prévio licenciamento ambiental.

§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em
periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental
competente.

Art. 8º (Lei 6.938/81) - Compete ao CONAMA:


I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
(...)
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao
uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
PROCESSO: ADI 6672 - RR
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/97:

Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de SIGNIFICATIVA
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao
qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa
degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.

INFORMAÇÕES Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o
LÍQUIDAS: licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica
exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem
energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica.


(...)
PROCESSO: ADI 6672 - RR
§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto
ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências.

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei
nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios;

IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio.

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.

(o art. 9o da LC 140/11 define que são ações administrativas dos Municípios: “XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da
atividade; ou ...”)

Art. 7º - Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores.
PROCESSO: ADI 6672 - RR
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
determinante;

INFORMAÇÕES III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta
LÍQUIDAS: das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade.

Art. 9º - O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da
atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e
operação.

Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do
empreendedor.

Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.
PROCESSO: ADI 6672 - RR
Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em
função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que
observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados
os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses.

Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento,
levando em consideração os seguintes aspectos:

I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e
projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento
ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos
e, no máximo, 10 (dez) anos.

§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos
máximos estabelecidos nos incisos I e II

§ 2º - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos
ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores.
PROCESSO: ADI 6672 - RR

§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante
decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade
ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III.

§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de
120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a
manifestação definitiva do órgão ambiental competente.

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle
INFORMAÇÕES e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:
LÍQUIDAS:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.

II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.

III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Art. 20 - Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente,
com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados.
PROCESSO: (321) EREsp 1.496.347 – ES (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STJ, Primeira Seção, Min. Benedito Gonçalves, d. 26/02/2021 (j. 24/02/21)
Trata-se de embargos de divergência interposto visando sanar conflito de entendimento entre a 1ª e a 2ª Turma
do STJ (direito público) sobre a possibilidade de ser imposta a cassação da aposentadoria de servidor aposentado
condenado pela prática de ato ímprobo diretamente no bojo da ação civil de improbidade administrativa. A
CONTEXTUALIZAÇÃO jurisprudência da 1ª Turma adotava o entendimento de que a cassação de aposentadoria não constitui sanção
FÁTICA: prevista expressamente no rol das penalidades indicadas no art. 12 da Lei de Improbidade Administrativa (LIA), de
modo que não se pode deduzir que sua execução constitui mera decorrência de eventual perda da função
pública decretada por ocasião da condenação.
QUESTÃO CENTRAL Servidor condenado por ato ímprobo que migrou para inatividade pode ter sua aposentadoria cassada no bojo
CONTROVERSA: da própria ação de improbidade (como reflexo da perda da função pública) ou depende de decisão
administrativa?
=> apenas a autoridade administrativa possui poderes para decidir sobre a cassação de aposentadoria a servidor
condenado judicialmente por improbidade administrativa, pois a legislação brasileira trata a improbidade de
INFORMAÇÕES forma diferente nas esferas judicial e administrativa:
LÍQUIDAS:
a) no âmbito administrativo, improbidade pode resultar na imposição, pela autoridade administrativa, da sanção
de cassação de aposentadoria, nos termos dos arts. 127, IV e 141, I, da Lei 8.112/90;

b) na esfera judicial, a apuração de atos de improbidade é regida especificamente pela Lei 8.429/92, cujas
sanções estão previstas, de forma taxativa, no art. 12, I e III;
PROCESSO: EREsp 1.496.347 – ES
=> as normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades, tal como a Lei de Improbidade
Administrativa, constituem matéria de legalidade estrita, não podendo sofrer qualquer interpretação extensiva;

=> Vale alertar que, nos Embargos de Divergência opostos em sede do Recurso Especial nº 1701967/RO, a mesma 1ª
Seção do STJ definiu (em setembro de 2020) que a penalidade em questão atinge não só o cargo ocupado pelo infrator
no momento da prática da conduta ímproba, mas também se estende ao cargo público eventualmente ocupado por
este no momento do trânsito em julgado da sentença condenatória (LIA, art. 20);

=> Lei 8.112/90 (regula o serviço público federal) X eventual omissão legislativa nas demais esferas;

INFORMAÇÕES => Problemas de ordem prática na aplicação da decisão;


LÍQUIDAS:
Art. 127 (Lei 8.112/90) - São penalidades disciplinares:
(...)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

(Obs.: Na ADPF 418, o STF vai decidir se o inciso IV do art. 127 da Lei 8.112/90 foi recepcionado);

Art. 134 (Lei 8.112/90) - Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a
demissão.

Art. 141 (Lei 8.112/90) - As penalidades disciplinares serão APLICADAS:


I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República,
quando se tratar de DEMISSÃO e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
PROCESSO: EREsp 1.496.347 – ES
=> CF/88 elenca apenas as penalidades e delega à legislação infraconstitucional à definição e a GRADAÇÃO do ato
ímprobo:

Art. 37 (CF/88) – (...).

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e GRADAÇÃO previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

=> LEI DO COLARINHO BRANCO nº 8.429/92, D.O.U. de 03/06/92 (LIA – 25 artigos, Presidente Collor, CPI em 1º/06,
afastamento 29/09, renúncia 29/12); Obs.: lei híbrida (direito material e direito processual)
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente: (...)

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que CAUSA LESÃO ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou CULPOSA, que ENSEJE
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento (desperdício, esbanjamento etc.) ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que ATENTA CONTRA OS PRINCÍPIOS da administração pública qualquer ação ou omissão
que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: Obs.: não fala CULPOSA como no
art. 10

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído LC 157/16)
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas ISOLADA ou CUMULATIVAMENTE, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9° (ENRIQUECIMENTO), perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver,
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

II - na hipótese do art. 10 (LESÃO), ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância,
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11 (PRINCÍPIOS), ressarcimento integral do dano, se houver, PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de três a
cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três
anos.

IV - na hipótese prevista no art. 10-A (ISSQN), PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3
(três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

=> É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei 8.429/1992, exigindo-se a presença de DOLO nos casos dos artigos 9º e
11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios administrativos, respectivamente) e ao menos de CULPA (e dano) nos
termos do artigo 10, que censura os atos de improbidade por dano ao Erário.
PROCESSO: EREsp 1.496.347 – ES

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o AFASTAMENTO do agente público do
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

=> Não exigência de cumulação das penas:


INFORMAÇÕES
(...) LEI 8.429/92. REVISÃO DA DOSIMETRIA DAS PENAS. IMPOSSIBILIDADE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ.
LÍQUIDAS: CUMULAÇÃO DE PENAS. DISCRICIONARIEDADE DO MAGISTRADO. PRECEDENTES. (...) A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que
a cumulação de penalidades na ação de improbidade administrativa é facultativa, devendo o magistrado levar em conta os critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, nos termos do que prescreve o parágrafo único do art. 12 da Lei 8.429/92. (...) A jurisprudência desta Corte
é uníssona no sentido de que a revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ações de improbidade administrativa implica reexame do
conjunto fático-probatório dos autos, o que esbarra na Súmula 7/STJ, salvo em hipóteses excepcionais, nas quais, da leitura do acórdão
recorrido, exsurge a desproporcionalidade entre o ato praticado e as sanções aplicadas (...). (STF, AgRg no AREsp 695.500, DJ de 16.9.2015).

Art. 37 (CF/88) – (...). § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

=> TEMA 897 (REPERCUSSÃO GERAL): São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de
ato DOLOSO tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
PROCESSO: (322) RHC 192432 – SP; RHC 192431 – SP (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Segunda Turma, Min. Ricardo Lewandowski, d. 23/02/2021.
STJ manteve a anulação de sentença e determinou a realização de um novo Júri, onde os réus foram absolvidos do
crime de tentativa de homicídio qualificado com base em quesito genérico de absolvição, em sentido contrário às
CONTEXTUALIZAÇÃO provas dos autos. No caso, os dois réus absolvidos foram julgados com a acusação de terem sido o mandante e o
FÁTICA: executor de um feminicídio ocorrido em 24/12/2012 (vítima atropelada por veículo).
QUESTÃO CENTRAL No júri, é possível invalidar a decisão do Conselho de Sentença que acolhe quesito genérico de absolvição (CPP, art.
CONTROVERSA: 483, III) quando for flagrante à prova dos autos?
=> A 2ª Turma do STF, desde o HC 185068, vem entendendo que, após a Lei 11.689/08, que introduziu, no art. 483,
III, do CPP, o chamado quesito genérico de absolvição (“se o acusado deve ser absolvido”), os jurados passaram a ter
ampla autonomia na formulação de juízos absolutórios, sem estarem vinculados às teses da defesa, a outros
fundamentos jurídicos ou a razões fundadas em juízo de equidade ou clemência;

INFORMAÇÕES => Por isso, no júri, não seria possível invalidar a decisão do Conselho de Sentença que acolhe quesito genérico de
LÍQUIDAS: absolvição (CPP, art. 483, III) apenas porque ela contraria flagrante prova dos autos;

=> a matéria teve repercussão geral reconhecida (Tema 1087) e será analisada pelo Plenário da Corte;

=> Na ADPF 779, o Min. Toffoli concedeu liminar proibindo a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional,
por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de
gênero (decisão divulgada em 26/02/21 e que será submetida ao Plenário).
PROCESSO: (323) ADI 4257 - PR (Acórdão ainda não disponibilizado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Gilmar Mendes, d. 12/02/2021.

ADI ajuizada pelo governador do PR questionando a Lei estadual 16.109/09, do PR, que determinava que a Universidade
CONTEXTUALIZAÇÃO Estadual do Centro Oeste (Unicentro) e a Universidade Estadual de Ponte Grossa (UEPG) procedessem aos registros dos
FÁTICA: diplomas de conclusão de cursos na área de Educação, na modalidade semipresencial, expedidos pela Faculdade Vizinhança
Vale do Iguaçu (Vizivali).
QUESTÃO CENTRAL Lei estadual pode impor regras sobre o registro de cursos de graduação (semipresencial) ou isso configura invasão
CONTROVERSA: de competência da União?
=> Invade a competência privativa da União (CF/88, art. 22, XXIV) para legislar sobre diretrizes e bases da educação
a lei estadual que define regras próprias sobre o registro de cursos de graduação (semipresencial) em Nível
Superior;

=> Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal 9.394/96) e do Decreto 5.622/05, a
INFORMAÇÕES competência para credenciar instituições de ensino para oferta de cursos ou programas de formação a distância é
LÍQUIDAS: apenas do Ministério da Educação;

=> Aos Conselhos Estaduais de Educação compete unicamente autorizar, reconhecer e credenciar cursos das
instituições de ensino superior na modalidade presencial.

Art. 22 (CF). Compete privativamente à União legislar sobre:


(...)
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
PROCESSO: (324) RE 1298832 - RS (Repercussão geral - TEMA 1.125 ) (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Presidente Luiz Fux, d. 19/02/2021.
No caso examinado, o INSS recorreu de decisão da 1ª Turma Recursal da Seção Judiciária do RS em que foi
condenado a conceder aposentadoria por idade a uma segurada que retomou o recolhimento das contribuições
após o encerramento do auxílio-doença. A Turma Recursal se manifestou pela validade da utilização do período
do auxílio-doença para efeitos de carência (número mínimo de contribuições efetuadas para que se possa ter
CONTEXTUALIZAÇÃO direito a um benefício). No recurso apresentado ao STF, o INSS sustentou que, de acordo com o art. 55. II da Lei
FÁTICA: 8.213/91, o período de percepção de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez intercalado é considerado
como tempo de contribuição, e não como carência. Argumentou, ainda, que a possibilidade de cômputo do
tempo de recebimento desses benefícios, intercalados entre períodos contributivos, como carência pode pôr em
risco o equilíbrio financeiro e atuarial do RGPS. Segundo a autarquia, o entendimento da Turma Recursal
confunde tempo de contribuição com carência, institutos com finalidades diferentes: a carência visa exigir do
segurado uma participação mínima no custeio do regime, e o tempo de contribuição busca coibir a concessão de
benefícios precocemente.
QUESTÃO CENTRAL É possível contabilizar o período de vigência de auxílio-doença como carência para concessão de benefícios
CONTROVERSA: previdenciários pelo INSS?
INFORMAÇÕES TEMA 1.125: “É constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o segurado esteve em gozo
LÍQUIDAS: do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com atividade laborativa”.
PROCESSO: RE 1298832 - RS (Repercussão geral Tema 1.125 )
Art. 55 (Lei 8.213/91). O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da
qualidade de segurado:
(...)
II - o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez;

=> RGPS x RPPS x CONTAGEM RECÍPROCA x COMPENSAÇÃO x AVERBAÇÃO;

=> FILIAÇÃO;

INFORMAÇÕES => QUALIDADE DE SEGURADO x DEPENDENTE;


LÍQUIDAS:
=> BENEFÍCIOS COMUNS x BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE x LOAS;

=> DIFERENÇA ENTRE AUXÍLIO DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ;

=> ALTA CLÍNICA x ENCERRAMENTO DO BENEFÍCIO;

=> DER x DIB (pensão) X PBC X RMI;

=> FATOR PREVIDENCIÁRIO;

=> RURAL (RGPS x RPPS);


PROCESSO: (325) ADPF 790 - MG (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Monocrática, Min. Marco Aurélio, d. 22/02/2021.
Por meio de ADPF, entidades ligadas às pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale
CONTEXTUALIZAÇÃO S/A em Brumadinho (MG) e partidos políticos pediam a suspensão da homologação do acordo
FÁTICA:
judicial de indenização pactuado entre a empresa e o Estado de Minas Gerais. As partes
afirmaram que o acordo judicial teria sido conduzido de forma inadequada, sem a participação
dos diretamente interessados, em descumprimento a preceitos fundamentais previstos na CF.
QUESTÃO CENTRAL ADPF constitui meio processual adequado para atacar acordo judicial indenizatório?
CONTROVERSA:

=> Diante do seu caráter subsidiário, a ADPF não constitui meio processual adequado para atacar
acordo judicial indenizatório entabulado em ação judicial, pois há mecanismos processuais
próprios para atacá-lo dentro da própria ação.
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: Art. 4o (Lei 9.882/99) – (...)

§ 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro
meio eficaz de sanar a lesividade. (Vide ADPF 671)
PROCESSO: (326) RHC 123891 – DF (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Primeira Turma, Min. Rosa Weber, d. 23/02/2021.
Após ser condenado a seis anos de reclusão por tráfico de drogas e uso de documento falso, estrangeiro
teve a sua expulsão decretada pela Portaria 766/06 do Ministério da Justiça. Contudo, em 2008, o
indivíduo casou-se com uma brasileira, com quem teve um filho (nascido em 2011). Contra essa decisão
CONTEXTUALIZAÇÃO administrativa, a DPU impetrou Habeas Corpus perante o STJ, cujo pleito restou negado. Assim, por meio
FÁTICA: de RHC apresentado ao STF, a DPU argumentava que a Lei de Migração veda a expulsão de estrangeiro
que tenha filho brasileiro sob sua dependência socioafetiva e econômica. A União, por sua vez, alegava
que, como o filho nasceu após o ato delituoso, a portaria seria válida, eis que a Lei de Migração não
poderia retroagir para regular fatos anteriores à sua vigência.
QUESTÃO CENTRAL A nova Lei de Migração, que impede a expulsão de estrangeiro que tenha filho brasileiro dele
CONTROVERSA: dependente socioafetivo e econômico, pode retroagir para regular casos anteriores já decididos na seara
administrativa?
=> A nova Lei de Migração (Lei 13.445/17, art. 55, II, alínea ‘a’) não estabelece qualquer requisito
INFORMAÇÕES temporal para vedar a expulsão de estrangeiro que tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou
LÍQUIDAS: dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela e, por isso, pode incidir
retroativamente sobre decisões administrativas anteriores ainda não cumpridas;
PROCESSO: RHC 123891 – DF

=> A jurisprudência anterior do STF vedava a expulsão apenas se o nascimento do filho fosse
anterior à edição do ato administrativo, mas foi alterada no Recurso Extraordinário 608898 (TEMA
373).

INFORMAÇÕES Art. 55 (Lei 13.445/17) - Não se procederá à expulsão quando:


LÍQUIDAS: (...)
II - o expulsando:

a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela;
PROCESSO: (327) Pet 7833 – DF (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Segunda Turma, Min. Gilmar Mendes, d. 23/02/2021.
Trata-se de pedido de arquivamento de inquérito, instaurado perante a PGR, há mais de 5 anos, para apurar se
CONTEXTUALIZAÇÃO Senador recebeu R$ 1 milhão para sua campanha eleitoral, em troca de sua atuação em obras do Complexo
FÁTICA: Petroquímico de Suape, visando favorecer a Construtora Norberto Odebrecht. No petitório, o investigado
sustentava a ocorrência de constrangimento ilegal, diante da manutenção em aberto de investigação por mais de
5 anos sem que houvesse qualquer resultado útil/prático.
QUESTÃO CENTRAL A falta de obtenção de resultado útil aliado ao decurso de mais de 5 anos justificam o trancamento de
CONTROVERSA: investigação criminal com base da tese do constrangimento ilegal?
=> No caso de excesso de prazo da instrução processual sem a conclusão pelo indiciamento ou pelo
arquivamento do feito pela PGR, deve ser arquivada de ofício as investigações, ressalvada a possibilidade de
reabertura, caso surjam novas provas;

INFORMAÇÕES Art. 10 (CPP) - O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
LÍQUIDAS: preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias,
quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Art. 18 (CPP) . Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
PROCESSO: Pet 7833 – DF
Art. 654 (CPP). O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público.
(...)
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

Art. 3º-B (CPP) - O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos
direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe
especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
INFORMAÇÕES (...)
LÍQUIDAS: IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;
(...)
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade
policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou
prosseguimento;
(...)
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;
(...)
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;
(...)
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados
durante a investigação;
PROCESSO: (328) ADI 6201 - PI (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Monocrática, Min. Cármen Lúcia, d. 18/02/2021.
Por meio de ADI, entidade representativa de policiais civis questionava decretos estaduais do
Piauí que, interpretando a Lei 9.099/95, autorizam a lavratura de Termos Circunstanciados por
policiais militares (além de encaminhá-los aos juízes, bem como autorizava, caso necessário, a
CONTEXTUALIZAÇÃO
FÁTICA: requisição de exames periciais aos órgãos competentes), sob o argumento de que tais tarefas
estariam inseridas no rol de competências exclusivas de delegados de polícia.
QUESTÃO CENTRAL Atos secundários que interpretam norma infraconstitucional estão sujeitos ao controle abstrato
CONTROVERSA: de constitucionalidade ou apenas ao controle de legalidade?
=> Por decorrerem de norma infraconstitucional (Lei 9.099/95), não estão sujeitos ao controle
abstrato de constitucionalidade os decretos estaduais que autorizam a lavratura de Termos
INFORMAÇÕES
Circunstanciados por policiais militares (além de encaminhá-los aos juízes, bem como autorizava,
LÍQUIDAS:
caso necessário, a requisição de exames periciais aos órgãos competentes), deixando de
reconhecer tais ações como exclusivas de delegados de polícia;

=> Apenas os decretos autônomos podem ser objeto de ADI;


PROCESSO: ADI 6201 - PI

=> A EC 32/01 introduziu no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutrinariamente como “decreto
autônomo” (art. 84, VI, “a” e “b”), de natureza primária, pois inova no mundo jurídico e é dotado de abstração e
generalidade, sem estar materialmente vinculado a qualquer norma infraconstitucional;

=> Ele não se confunde com o decreto regulamentar, porquanto, o decreto autônomo decorre diretamente da
Constituição, similar de uma lei ordinária (já o decreto regulamentar é vinculado à existência de uma lei);
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: => atos normativos secundários (sujeitos ao controle de legalidade) X atos normativos primários
(sujeitos ao controle de constitucionalidade);

Art. 84 (CF/88) - Compete privativamente ao Presidente da República:


(...).
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela EC nº 32, de 2001)

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;


PROCESSO: (329) ADI 5962 – RJ (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d. 25/02/2021.
ADI proposta pela Associação Brasileira de Prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado
(Abrafix) e pela Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel) atacava lei estadual do RJ
que definia regras limitando o uso de ligações de telemarketing. Segundo as autoras, não cabe
CONTEXTUALIZAÇÃO
FÁTICA: aos Estados-membros editar normas sobre telecomunicações nem interferir na relação
contratual entre o poder concedente e as empresas concessionárias. Igualmente, argumentaram
que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já criou o portal “Não me perturbe”, com a
mesma finalidade. Por sua vez, o procurador-geral da República sustentou a constitucionalidade
da lei, pois entendia ela apenas aumentava a proteção ao consumidor e visava evitar abusos.
QUESTÃO CENTRAL Estados-membros podem legislar sobre a regulação do uso de ligações pelos serviços de
CONTROVERSA: telemarketing ou há invasão de competência da União (telecomunicações)?
=> Estados-membros podem legislar sobre a regulação do uso de ligações pelos serviços de
INFORMAÇÕES telemarketing, pois não há invasão de competência da União (telecomunicações e concessões),
LÍQUIDAS:
pois o escopo é apenas fortalecer a proteção do consumidor (competência concorrente);
PROCESSO: (330) REsp 1. 778.048 - MT
DADOS: STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, d. 22/02/2021. (j. 09/02/21)
Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais ajuizada por um cooperado contra a Central das
Cooperativas de Crédito dos Estados de MS (Sicoob Central MT/MS), a Cooperativa de Crédito Rural do Pantanal
Ltda. e os administradores e integrantes do conselho fiscal desta última. Segundo o processo, o cooperado fez
aplicação financeira na Cooperativa Rural do Pantanal. Antes da data prevista para o resgate, a cooperativa
CONTEXTUALIZAÇÃO encerrou suas atividades, e o dinheiro investido ficou bloqueado. A sentença condenou os administradores, a
FÁTICA: cooperativa central e a cooperativa singular, solidariamente, a restituir o valor aplicado e a pagar indenização por
danos morais. O TJMT reformou parcialmente a sentença, para reconhecer a responsabilidade solidária dos
demais réus, membros do Conselho Fiscal. No recurso especial, a Sicoob Central MT/MS sustentou que os
negócios firmados pela cooperativa singular são de sua exclusiva responsabilidade, não havendo solidariedade
com a cooperativa central. Os integrantes do conselho fiscal da Cooperativa do Pantanal também apresentaram
recurso especial requerendo a exclusão de sua responsabilidade.
QUESTÃO CENTRAL Cooperativa central e conselheiros fiscais respondem solidariamente por obrigações de cooperativa singular nas
CONTROVERSA: operações de natureza “bancária”?
=> não há responsabilidade solidária de cooperativa central na hipótese de liquidação de uma cooperativa
INFORMAÇÕES singular a ela filiada;
LÍQUIDAS:
=> os membros do conselho fiscal da cooperativa singular liquidada não são responsáveis pelos prejuízos
suportados pelo cooperado;
PROCESSO: REsp 1. 778.048 - MT

Art. 39 (Lei 6.024/74) - Os administradores e membros do Conselho Fiscal de instituições financeiras responderão, a
qualquer tempo, salvo prescrição extintiva, pelos que tiverem praticado ou omissões em que houverem incorrido.

INFORMAÇÕES Art. 40 (Lei 6.024/74) - Os administradores de instituições financeiras respondem solidariamente pelas obrigações
LÍQUIDAS: por elas assumidas durante sua gestão, até que se cumpram.

Parágrafo único. A responsabilidade solidária se circunscreverá ao montante e dos prejuízos causados.


PROCESSO: REsp 1. 778.048 - MT

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. SISTEMA NACIONAL DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. RESPONSABILIDADE DAS COOPERATIVAS CENTRAIS E SINGULARES. INDEPENDÊNCIA E
AUTONOMIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. MEMBROS DO CONSELHO FISCAL. RESPONSABILIDADE.
SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. 1. Ação ajuizada em 15/02/2005, recurso especial interposto em 17/01/2017 e concluso a este gabinete em
27/11/2018. 2. O propósito recursal consiste em determinar a existência da responsabilidade da cooperativa central, em razão da liquidação de
uma cooperativa singular a ela filiada. Além disso, também se analisa a responsabilidade dos membros do conselho fiscal da cooperativa
singular liquidada pelos prejuízos suportados pelo cooperado. 3. Na ausência de omissão, contradição ou erro material, não há violação ao art.
1.022 do CPC/2015. 4. O sistema cooperativo de crédito tem como maior finalidade permitir acesso ao crédito e a realização de determinadas
operações financeiras no âmbito de uma cooperativa, a fim de beneficiar seus associados. Ao longo de sua evolução normativa, privilegia-se a
EMENTA independência e autonomia de cada um de seus três níveis (cooperativas singulares, centrais e confederações). 5. Nos termos da
regulamentação vigente, as cooperativas centrais do sistema cooperativo de crédito devem, entre outras funções, supervisionar o
funcionamento das cooperativas singulares, em especial o cumprimento das normas que regem esse sistema. No entanto, sua atuação
encontra um limite máximo, que é a impossibilidade de substituir a administração da cooperativa de crédito singular que apresenta problemas
de gestão. 6. Não há na legislação em vigor referente às cooperativas de crédito dispositivo que atribua responsabilidade solidária entre os
diferentes órgãos que compõem o sistema cooperativo. Eventuais responsabilidades de cooperativas centrais e de bancos cooperativos devem
ser apuradas nos limites de suas atribuições legais e regulamentares. 7. O art. 39 da Lei n. 6.024/1974 trata, única e exclusivamente, de
responsabilidade subjetiva dos administradores e dos conselheiros fiscais da instituição financeira pelos atos praticados ou omissões em que
houverem incorrido com culpa ou dolo. 8. Na hipótese em julgamento, a melhor interpretação a ser conferida à aplicação dos dispositivos
mencionados (arts. 39 e 40 da Lei 6.024/74) implica em afastar os membros do Conselho Fiscal do âmbito de aplicação do art. 40, restando
apenas o disposto no art. 39 ambos da mencionada lei. Portanto, é impossível a declaração de solidariedade dos membros do conselho fiscal
pelos prejuízos suportados pela liquidação da cooperativa de crédito singular. 9. Recurso especial de CENTRAL DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO
DOS ESTADOS DO MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL – SICCOB CENTRAL MT/MS conhecido e provido. 10. Recurso especial de JOÃO
BATISTA NUNES RONDON FILHO conhecido e provido. 11. Recurso especial de ANTONIO SEBASTIÃO DA COSTA MARQUES, JÂNIO MÁRCIO
RONDON e JORGE LUIZ DE ARRUDA E SILVA conhecido e provido. 12. Recurso especial adesivo de VICENTE MAMEDE DE ARRUDA prejudicado.

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