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BOLETIM DE MAIO DE 2023

Direito Ambiental

SUMÁRIO

RE 1210727 (08/05/2023): É constitucional lei municipal que proíba a soltura de


fogos de artifícios e artefatos pirotécnicos que produzam estampidos?

ADI 7319 e ADI 7323 (08/05/2023): É constitucional lei estadual que proíba a
construção de Usinas Hidrelétricas (UHE) e Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCH), na extensão de Rio de abrangência nacional?

ARE 1333352 AgR (12/05/2023): É prescritível a pretensão de reparação civil


por danos causados pela extração irregular de minérios?

ADPF 623 (19/05/2023): É constitucional decreto presidencial que reduza o


Janaína
número de vagas destinadas Sallescivil
à sociedade Rigitano
e aumente os representantes do
janasalles01@gmail.com
governo no CONAMA?
285.834.298-98

ADI 7008 (19/05/2023): É constitucional lei estadual que autorize a concessão,


à iniciativa privada, da exploração dos serviços ou do uso de áreas, ou parte de
áreas, inerentes ao ecoturismo e à exploração comercial madeireira ou de
subprodutos florestais?

ADI 6137(19/05/2023): É constitucional lei estadual que vede a pulverização de


defensivos agrícolas no território da respectiva entidade federativa?

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Direito Ambiental

RE 1210727 (08/05/2023): É constitucional lei municipal que proíba a


soltura de fogos de artifícios e artefatos pirotécnicos que produzam
estampidos?

Sim. Por unanimidade, o Plenário do STF decidiu que é constitucional a Lei


6.212/2017, do Município de Itapetininga-SP, pois os Municípios possuem
competência concorrente para legislar sobre meio ambiente e sobre a saúde,
tanto mais porque a vedação de soltura de artefatos pirotécnicos que produzam
efeito sonoro, estipulada em lei municipal, não contraria ou encontra-se desarmônica
com a disciplina normativa estabelecida no âmbito federal.

O caso

O Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo (MPSP) ajuizou ação


direta de inconstitucionalidade estadual em face da Lei nº 6.212/2017, do
Janaína Salles Rigitano
Município de Itapetininga, que dispõe sobre a proibição, na zona urbana da
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municipalidade, da soltura de285.834.298-98
fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que
produzam estampido, com o fundamento que tal norma violaria os artigos 5º, LIV
e LV (princípio da razoabilidade); 23, VI; 24, VI; e 30, I e II, todos da CF/88.

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo julgou


improcedente o pedido inicial, ao fundamento de inexistência de vício de
competência legislativa e ausência de afronta aos princípios da livre iniciativa e
da razoabilidade.

Em razão disso, o PGJ interpôs o RE 1210727, reiterou os fundamentos e


acrescentou que o acórdão recorrido contraria “a tese fixada na Repercussão
Geral nº 145, pois o exercício da competência legislativa em matéria ambiental
não pode contrariar ou mostrar-se desarmônico com a disciplina estabelecida
pelos demais entes federados”.

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O que entendeu o STF?

Por unanimidade, o Plenário do STF decidiu que é constitucional a Lei 6.212/2017,


do Município de Itapetininga-SP, pois os Municípios possuem competência
concorrente para legislar sobre meio ambiente e sobre a saúde, tanto mais
porque a vedação de soltura de artefatos pirotécnicos que produzam efeito sonoro,
estipulada em lei municipal, não contraria ou encontra-se desarmônica com a
disciplina normativa estabelecida no âmbito federal.

Todos os ministros acompanharam o voto de Luiz Fux (relator), para quem o STF
tem legitimado a edição de leis municipais referentes a interesses locais,
reconhecendo a competência legislativa concorrente para tratar de proteção à
saúde e ao meio ambiente, como no julgamento da ADPF 567, em 1º.03.2021,
quando validou lei da capital paulista.

Janaína Salles Rigitano


Nesse sentido, o relator apontou que a lei impugnada no RE 1210727 implementou
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no âmbito municipal constitucional medida de proteção à saúde e ao meio
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ambiente, haja vista os documentados impactos negativos que fogos com efeito
sonoro ruidoso causam à população de pessoas autistas e a diversas espécies
animais.

Dessa feita, a lei de Itapetininga-SP foi declarada formalmente constitucional,


uma vez que: i) a edição de leis sobre o meio ambiente é compreendida como
matéria de interesse local (art. 30, I, da CF); ii) a proteção à saúde é tema que
integra a competência legislativa suplementar dos Municípios (art. 30, II, da CF).

Da mesma forma, entendeu o ministro que é razoável e proporcional a lei


impugnada que procurou promover um padrão mais elevado de proteção à
saúde e ao meio ambiente, logo também a declarou materialmente
constitucional.

Isso porque não há outras medidas para proteger o meio ambiente e a saúde de
pessoas autistas e, ainda que houvesse um controle e limite de decibéis, além

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de ser uma medida de difícil fiscalização, os efeitos sonoros não seriam


extirpados.

Além disso, para Fux, a proibição da utilização de fogos de artifício e outros


artigos similares pela lei impugnada não foi total (ou absoluta), mas limitada aos
artefatos que produzem estampido, permitindo, assim, espetáculos de pirotecnia
silenciosos.

Ainda na fundamentação da razoabilidade/proporcionalidade


(constitucionalidade material), o relator entendeu que a vedação estipulada na
legislação municipal não inviabiliza o exercício de atividade econômica, haja
vista a restrição recair tão somente sobre o uso de artefatos que produzam
efeitos sonoros ruidosos, compatibilizando, assim, a queima de fogos de artifício
e artefatos similares com a medida protetiva à saúde e ao meio ambiente.

Janaína Salles Rigitano


“Nesse sentido, evidencia-se, a partir de todo o exposto, que a solução trazida
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pela legislação ora questionada285.834.298-98
também não encontra óbice nas fases de análise
da proporcionalidade, revelando-se a constitucionalidade da norma municipal
que proíbe a soltura de fogos de artifício também sob o aspecto material”,
concluiu Fux, no que foi acompanhado por todos os ministros.

Foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: “É constitucional – formal e


materialmente – lei municipal que proíbe a soltura de fogos de artifício e artefatos
pirotécnicos produtores de estampidos”.

ADI 7319 e ADI 7323 (08/05/2023): É constitucional lei estadual que proíba
a construção de Usinas Hidrelétricas (UHE) e Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCH), na extensão de Rio de abrangência nacional?

Não. Por maioria, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade da Lei


11.865/2020, do Estado do Mato Grosso, que proibiu a construção de Usinas
Hidrelétricas (UHE) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) em toda a extensão do
rio Cuiabá.

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O caso

A Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (“ABRAGEL”) em face da Lei


11.865/2020, do Estado do Mato Grosso, que proibiu a construção de Usinas
Hidrelétricas (UHE) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), em toda a extensão
do Rio Cuiabá, a fim de promover a proteção ao meio ambiente estadual.

Sustentou, em síntese, a inconstitucionalidade formal e material da Lei


11.865/2020, por violação à competência privativa da União para legislar sobre
água e energia (art. 22, IV, da CF), para explorar os bens de seu domínio, como
é o caso do Rio Cuiabá e dos potenciais de energia hidráulica (arts. 20, III e VIII,
e 176 da CF), e, ainda para explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, o aproveitamento energético dos cursos de água (art.
21, XII, alínea ‘b’, da CF).

Janaína Salles Rigitano


O que entendeu o STF?
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285.834.298-98
Por maioria, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade da Lei 11.865/2020,
do Estado do Mato Grosso, que proibiu a construção de Usinas Hidrelétricas (UHE)
e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) em toda a extensão do rio Cuiabá.

Prevaleceu o voto de Gilmar Mendes, segundo o qual, no caso, o rio Cuiabá é


classificado como “massa de água de domínio federal” e é gerido pela Agência
Nacional de Águas (ANA), logo compete privativamente à União legislar sobre
águas e energia (artigo 22, inciso IV, da Constituição Federal).

Além disso, entendeu o ministro que a outorga e a utilização de recursos hídricos


para geração de energia elétrica estão subordinadas ao Plano Nacional de
Recursos Hídricos, instituído pela Lei federal 9.433/1997, e a outorga é de
competência do Poder Executivo federal quando envolver recurso de domínio da
União, daí também surge a inconstitucionalidade da lei em questão.

Segundo Gilmar Mendes, a Lei estadual 11.865/2022 ocupou um espaço


normativo que pertence à agência reguladora, que detém capacidade técnica e

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legal para definir as condições para aproveitamentos hidrelétricos dos


reservatórios do rio Cuiabá.

Dessa forma, para o ministro, a lei mato-grossense assumiu indevidamente a


capacidade de concessão de licenças do Poder Executivo federal, que fica
impossibilitado de deliberar sobre as questões ambientais e hidrelétricas no
curso do rio.

Seguiram esse posicionamento Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André


Mendonça, Luiz Fux, Nunes Marques e Luís Roberto Barros e Cármen
Lúcia.

Ficaram vencidos Edson Fachin (relator) e Rosa Weber, que entenderam que a
norma é constitucional e exerceu, de forma legítima, sua competência
concorrente para promover a proteção ao meio ambiente estadual, levando em
Janaína Salles Rigitano
conta as peculiaridades regionais.
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285.834.298-98
ARE 1333352 AgR (12/05/2023): É prescritível a pretensão de reparação
civil por danos causados pela extração irregular de minérios?

Não. Por unanimidade, a Primeira Turma do STF considerou que a pretensão do


ente público de se ressarcir civilmente dos danos causados pela extração
irregular de minérios (argila, areia etc) demanda a aplicação do entendimento
fixado pelo STF no julgamento do RE 654833 (tema-RG 999), segundo o qual é
imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.

Tema-RG 999 vs. Tema-RG 666

Em fevereiro de 2016, encerrou-se o julgamento do RE 669069 (tema 666 da


repercussão geral) e o Plenário do STF, por maioria, reconheceu a
prescritibilidade da pretensão de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrente de ilícito civil.

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Naquela ocasião, foi fixada a seguinte tese de julgamento: “É prescritível a ação


de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”.

Anos mais tarde, em abril de 2020, o Plenário do STF, no julgamento do RE


654.833 (Tema 999 da repercussão geral - DJe 24.6.2020), estabeleceu uma
ressalva ao entendimento exarado no tema-RG 666.

Nesse sentido, o Plenário do STF assentou a tese de ser “imprescritível a


pretensão de reparação civil de dano ambiental”, por aplicação dos princípios
constitucionais de proteção, preservação e reparação do meio ambiente, que
beneficiam toda a coletividade, em detrimento do princípio da segurança jurídica,
que beneficia o autor do dano ambiental diante da inércia do Poder Público.

Assim, é prescritível a pretensão de reparação de dano decorrente de ilícito cível


que cause danos à Administração Pública, exceto se tal ilícito causar dano
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ambiental, caso em que a pretensão passa a ser imprescritível.
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285.834.298-98
O caso

Na origem, foi julgada improcedente uma ação civil pública ajuizada pela União
contra uma mineradora, a fim de obter o ressarcimento pela extração irregular
da quantidade total de 368.044 toneladas de argila especial.

Todavia, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região aplicou o Tema 666 do


Supremo Tribunal Federal e reconheceu a prescrição da pretensão reparatória,
uma vez que se tratava de ação que versava sobre dano ao erário (“demanda
essencialmente patrimonial”) e, na data do ajuizamento, já havia se passado
mais de cinco anos do fato danoso.

Em razão disso, a União interpôs o ARE 1333352 e alegou que deveria ser
aplicado ao caso o tema-RG 999 do STF, no sentido da imprescritibilidade da
pretensão, uma vez que se tratava de dano ambiental.

Monocraticamente, Cármen Lúcia (relatora) acolheu o pedido e determinou a


devolução dos autos à Corte de origem para que adote, conforme a situação do

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tema 999 de repercussão geral, os procedimentos previstos nos incisos I a III do


artigo 1.030 do Código de Processo Civil.

Não contente, a mineradora interpôs à Primeira Turma Agravo Regimental (ARE


1333352 AgR) e alegou, em síntese, que “na situação dos autos, ao contrário do
que assentou a decisão agravada, não há qualquer discussão relativa à tutela
do meio ambiente, detendo a pretensão da Agravada nesse particular índole
exclusiva indenizatória”, logo, por envolver a prática, em tese, de ilícito civil,
dever-se-ia atrair a aplicação do Tema 666 da repercussão geral do STF.

O que entendeu o STF?

Por unanimidade, a Primeira Turma do STF considerou que a pretensão do ente


público de se ressarcir civilmente dos danos causados pela extração irregular de
minérios (argila, areia etc) demanda a aplicação do entendimento fixado pelo
Janaína Salles Rigitano
STF no julgamento do RE 654833 (tema-RG 999), segundo o qual é
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imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.
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Todos os ministros da Primeira Turma (Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luiz


Fux e Roberto Barroso) acompanharam Cármen Lúcia (relatora), para quem a
matéria tratada no ARE 1333352 AgR não guarda identidade com o Tema 666
da repercussão geral, pois, naquele paradigma, discute-se a prescritibilidade em
ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil, ao
passo que no ARE 1333352 AgR discutiu-se a imprescritibilidade em ação de
reparação decorrente de danos ambientais.

Para a relatora, não há que se aplicar a prescrição quinquenal, afinal a extração


irregular de minério, nos casos em que gera prejuízos passíveis de
ressarcimento pelo Poder Público, em verdade, revela-se também causadora de
um dano ambiental, que, de acordo com o entendimento firmado pelo STF no
RE 654.833 (Tema 999 da repercussão geral - DJe 24.6.2020), possui ação
reparatória de pretensão imprescritível.

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Nesse sentido, ao acompanhar a ministra, Dias Toffoli afirmou que a extração


irregular de recursos minerais importa não apenas em dano patrimonial, mas,
principalmente, em dano ao meio ambiente.

“Com efeito, a retirada ilegal do minério é irreversível, sendo evidente que a


extração desordenada de recursos minerais tem o condão de impactar
diretamente no ecossistema, trazendo consequências irreversíveis ao meio
ambiente. Portanto, tenho que no caso em tela, conforme assentado pela
Relatora, incide a orientação fixada no referido Tema 999 da Repercussão Geral,
no sentido de que o meio ambiente é direito fundamental indisponível, a atrair a
tese da imprescritibilidade às respectivas ações de reparação e compensação”,
afirmou Toffoli, em voto no qual acompanhou a relatora.

Dessa forma, por unanimidade, a Primeira Turma do STF manteve a decisão


monocrática que cassou oJanaína
acórdão do TRF4Rigitano
Salles e determinou a remessa dos autos
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ao Tribunal de origem para adequação ao Tema 999 da repercussão geral.
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ADPF 623 (19/05/2023): É constitucional decreto presidencial que reduza o
número de vagas destinadas à sociedade civil e aumente os representantes
do governo no CONAMA?

Não. Por unanimidade, o Plenário do STF julgou inconstitucional o Decreto


presidencial 9.806/19, por entender que a diminuição da participação da sociedade
civil, para aumentar os representantes do governo no CONAMA, impediram as reais
oportunidades de participação social no órgão, ocasionando um déficit
democrático, procedimental e qualitativo irrecuperável.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e


deliberativo da Política Nacional do Meio Ambiente, vinculado ao Ministério do
Meio Ambiente e instituído pelo art. 6º, II, da Lei 6.938/1981, com as funções de:
i) assessorar, estudar e propor diretrizes de políticas governamentais para o
meio ambiente e os recursos naturais; e ii) deliberar, no âmbito de sua

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competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente


ecologicamente equilibrado e essencial à qualidade de vida sadia.

O CONAMA integra, ainda, a estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente


(SISNAMA), conjunto dos órgãos e entidades responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental nos âmbitos da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios.

Enquanto órgão colegiado, é, pois, uma instância administrativa coletiva com


função não só consultiva, mas também deliberativa. Esse perfil funcional, a
cumular funções consultiva e deliberativa, autoriza a sua categorização como
autêntico fórum público de criação de políticas ambientais amplas e setoriais, de
vinculação do setor ambiental e da sociedade, com obrigação de observância
aos deveres de tutela do meio ambiente.

Janaína Salles Rigitano


Dentro dessa estrutura, as competências do CONAMA, em particular, estão
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previstas no art. 8º da Lei 6.938/1981.
285.834.298-98

O Decreto 99.274/1990 disciplina o funcionamento do CONAMA e detalha o


exercício das suas competências. O art. 7º, XVIII, desse Decreto, por sua vez,
estabelece competir-lhe “deliberar, sob a forma de resoluções, proposições,
recomendações e moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política
Nacional de Meio Ambiente”.

Dispõe, ainda, o art. 7º, § 3º, do Decreto 99.274/1990, que “na fixação de
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade
do meio ambiente, o CONAMA levará em consideração a capacidade de
autorregeneração dos corpos receptores e a necessidade de estabelecer
parâmetros genéricos mensuráveis”.

Tais normas são, principalmente, as Resoluções do CONAMA.

A relevância e a centralidade das Resoluções para a conformação das políticas


ambientais são demonstradas por teor de alta importância, tanto assim que

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promove, em conjunto e de forma compartilhada com a atividade legislativa


primária, a real estruturação do Estado de Direito ambiental, vale dizer, do
desenho normativo de proteção e regulação do meio ambiente.

No julgamento da ADI 5547/DF, em 22.9.2020 (DJe 06.10.2020), o Plenário do


STF reforçou a importância da competência normativa do CONAMA, ao declarar
a constitucionalidade e o caráter primário das resoluções do CONAMA, ao
reconhecer que são dotadas de generalidade e abstração suficientes a permitir
o controle concentrado de constitucionalidade.

A questão controvertida na ADPF 623 diz respeito a saber se o Presidente da


República, chefe do Ministério do Meio Ambiente, a quem o CONAMA é
vinculado, pode alterar a composição do Conselho, de forma a deixar menos
representantes da sociedade civil e mais representantes do Governo.

Janaína Salles Rigitano


O caso
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O Procurador-Geral da República ajuizou a ADPF 623 contra o Decreto 9.806,
de 28 de maio de 2019, editado pelo Presidente da República, que, dispondo
sobre regras de composição e funcionamento do CONAMA, instituiu alterações
no Decreto 99.274/1990 quanto à representação de seus membros e seu
processo decisório.

Argumentou, em síntese, a inconstitucionalidade do referido ato normativo, ante


o suposto desequilíbrio ocasionado na representatividade dos diversos atores
que compõem o CONAMA, provocado pela alteração das regras procedimentais
que conformam a instituição, de tal forma a esvaziar o seu caráter democrático
e participativo, na medida em que a sociedade civil foi reduzida a um local de
voz formal, sem reais condições de influência nos processos decisórios
ambientais.

Alegou, ainda, que houve um déficit de proporcionalidade no coeficiente


participativo institucional dos setores de representação dos interesses
ambientais em face daqueles de natureza governamental e econômica.

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Mais especificamente, afirmou que, enquanto o bloco governamental passou a


deter 73,91% dos assentos votantes, a representação da sociedade civil foi
reduzida para 17,39% dos votos (com quatro assentos), estrutura que traduziria
um percentual obstativo à real participação popular, tanto mais porque teria
havido perda de assentos dos representantes de grupos diretamente afetados
pelas políticas ambientais, como os trabalhadores, a comunidade indígena, as
populações tradicionais e a comunidade científica.

Por fim, sustentou que a reformulação da composição do CONAMA promovida


pelo Decreto n. 9.806/2019, com a concentração da maioria dos votos nas
entidades governamentais e empresariais, inviabiliza a participação direta da
sociedade civil na tarefa da defesa do meio ambiente.

O que entendeu o STF?

Janaína Salles Rigitano


Por unanimidade, o Plenário do STF julgou inconstitucional o Decreto presidencial
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9.806/19, por entender que a diminuição da participação da sociedade civil, para
285.834.298-98
aumentar os representantes do governo no CONAMA, impediram as reais
oportunidades de participação social no órgão, ocasionando um déficit
democrático, procedimental e qualitativo irrecuperável.

Todos os ministros acompanharam o voto de Rosa Weber (relatora), para quem


o referido ato normativo esvaziou a participação popular no CONAMA e, por
consequência, a proteção ao meio ambiente.

Segundo Rosa Weber, o CONAMA, enquanto instância decisória normativa


vinculante da Administração Pública em matéria ambiental, está submetido em
termos de estruturação procedimental, logo a organização e o funcionamento
desse Conselho devem observar as condições procedimentais necessárias para
a realização dos princípios relacionados ao Estado Democrático de Direito.

A relatora observou que, com a alteração, o Executivo federal passou a contar


com 43% dos integrantes do conselho, quando anteriormente eram 30%, e os
entes federados ficaram com 9,6%; ao passo que a representação da sociedade

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civil passou a ser de 25,9%, e, desse percentual, 17,3% couberam às entidades


ambientalistas e 8,6% às empresas.

Para ela, a norma reduziu, ainda, o número de conselheiros de 96 para 23,


diminuindo a representação de entidades ambientalistas e dos estados e
municípios, de tal maneira que violou o direito fundamental de proteção ao meio
ambiente.

Segundo Rosa Weber, as mudanças impediram as reais oportunidades de


participação social no órgão, ocasionando um déficit democrático, procedimental
e qualitativo irrecuperável. Ela lembrou que o Conama também tem função
deliberativa e é um fórum público de criação de políticas ambientais amplas e
setoriais.

A seu ver, a redução dos representantes da sociedade civil de 22 para 4


Janaína Salles Rigitano
influenciou negativamente a pluralidade dos interesses e das facetas dos
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problemas ambientais. 285.834.298-98

Entendeu, também, que o decreto impõe obstáculos intransponíveis para a


participação das populações indígenas e tradicionais, dos trabalhadores, da
comunidade científica e da força policial, removendo qualquer canal de
veiculação dos seus interesses e abordagens dos problemas ambientais.

Rosa Weber destacou, por fim, que outra modificação promovida pelo decreto
consiste na adoção do método de sorteio para a seleção das entidades
ambientalistas de caráter nacional que atuam como representantes da
sociedade civil. Antes, o método de escolha ocorria por meio de um processo de
eleição, baseado na liberdade de autodeterminação dos interessados. Para a
ministra, a mudança viola, portanto, abertamente os direitos fundamentais de
participação e o projeto constitucional de uma democracia direta.

“A solução normativa ao problema jurídico posto é a declaração da


inconstitucionalidade das modificações implementadas na composição e
funcionamento do CONAMA por meio do Decreto n. 9.806, de 28 de maio de

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2019. Cabe ao Poder Executivo, a partir das premissas constitucionais que


conformam os processos decisórios democráticos e os direitos fundamentais de
participação e procedimentais ambientais, escolher o desenho institucional mais
adequado. Não se afirma nesta decisão constitucional qual a organização-
procedimental a ser adotada, mas a marcação da moldura democrática e dos
direitos fundamentais a serem respeitados”, afirmou a ministra, no que foi
acompanhada por todos.

ADI 7008 (19/05/2023): É constitucional lei estadual que autorize a


concessão, à iniciativa privada, da exploração dos serviços ou do uso de
áreas, ou parte de áreas, inerentes ao ecoturismo e à exploração comercial
madeireira ou de subprodutos florestais?

Não. Por unanimidade, o Plenário do STF deu interpretação conforme à Constituição


Janaína
à Lei 16.260/2016, do Estado Salles
de São Paulo,Rigitano
que autoriza a exploração de bens
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imóveis no estado, para excluir da incidência as terras tradicionalmente ocupadas
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por comunidades indígenas, remanescentes quilombolas e demais comunidades
tradicionais.

O caso

A Lei 16.260/2016, do Estado de São Paulo, autoriza a concessão, à iniciativa


privada, da exploração dos serviços ou do uso de áreas, ou parte de áreas,
inerentes ao ecoturismo e à exploração comercial madeireira ou de subprodutos
florestais pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo. O anexo do ato
normativo apresenta as áreas cuja concessão está autorizada, listando, entre
elas, algumas unidades de conservação.

Em razão disso, o Procurador-Geral da República ajuizou ADI 7008 e afirmou


que a norma estadual autoriza o Poder Executivo do Estado de São Paulo a
conceder à iniciativa privada, pelo prazo de trinta anos, o uso total ou parcial de
áreas públicas em unidades de conservação, para desenvolvimento de
atividades de ecoturismo e de exploração comercial de madeira e subprodutos
florestais, abrangendo, inclusive, terras indígenas.
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Sustentou que, ao dispensar o prévio licenciamento ambiental e a consulta às


populações indígenas afetadas, os dispositivos violariam os arts. 22, XIV, 24, VI
e § 1º (competência da União para legislar sobre povos indígenas e normas
gerais de proteção ao meio ambiente), 225 (direito fundamental ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado); e 231, caput e §§ 1º, 2º e 6º (regime
constitucional de proteção das populações indígenas).

Aduziu que a norma impugnada afrontaria, ainda, a Lei federal 6.938/1981, que
criou a Política Nacional do Meio Ambiente e, em seu art. 10, exige o prévio
licenciamento ambiental para atividades utilizadoras de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidoras ou capazes de causar degradação
ambiental.

Argumentou, ainda, que, no plano federal, a Lei nº 9.885/2000, ao dispor sobre


o Sistema Nacional de Unidades
Janaína de Salles
Conservação, não previu a possibilidade de
Rigitano
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exploração de madeira ou de subprodutos florestais em parques ou estações
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ecológicas, tidas como unidades de proteção integral, logo, a norma paulista, ao
possibilitar a exploração de unidades caracterizadas como de proteção integral
pela legislação federal, a lei impugnada teria violado a competência da União
para editar normas gerais sobre meio ambiente (art. 24, VI, e § 1º, da CF/1988),
incorrendo em inconstitucionalidade formal.

O que entendeu o STF?

Por unanimidade, o Plenário do STF deu interpretação conforme à Constituição à


Lei 16.260/2016, do Estado de São Paulo, que autoriza a exploração de bens
imóveis no estado, para excluir da incidência as terras tradicionalmente ocupadas
por comunidades indígenas, remanescentes quilombolas e demais comunidades
tradicionais.

Todos os ministros seguiram o voto de Luís Roberto Barroso (relator), para quem
é inconstitucional interpretação de norma estadual que conceda à iniciativa
privada a possibilidade de exploração florestal madeireira e do turismo em terras
indígenas.

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Isso porque, segundo o relator, tais terras são de território pertencente à União
e de usufruto exclusivo dos povos tradicionais, logo não podem ser concedidas
pelo estado a terceiros, independentemente do status de regularização fundiária.

Quanto às comunidades de remanescentes quilombolas e demais povos


tradicionais, Barroso também entendeu que utilizam suas terras não só como
moradia, mas também como elo que mantém a união do grupo e que permite a
sua continuidade no tempo por sucessivas gerações, de modo a possibilitar a
preservação da cultura, dos valores e do modo peculiar de vida da comunidade.

Nesse sentido, o relator lembrou o julgamento da ADI 4.269, realizado em


18.10.2017, em que o STF já havia afastado a possibilidade de abrangência de
terras remanescentes quilombolas pelo teor da Lei federal 11.952/2009, que
dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras
situadas em áreas da União na Amazônia
Janaína SallesLegal.
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Naquela oportunidade, o STF conferiu interpretação conforme à Constituição ao
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art. 4º, § 2º da Lei nº 11.952/2009, a fim de afastar qualquer interpretação que
permita a regularização fundiária das terras ocupadas por quilombolas e outras
comunidades tradicionais da Amazônia Legal em nome de terceiros ou de modo
a descaracterizar o modo de apropriação da terra por esses grupos.

Assim, a seu ver, no caso concreto, a lei estadual deve ser interpretada de modo
a excluir de sua incidência as terras tradicionalmente ocupadas por comunidades
indígenas, remanescentes quilombolas e demais comunidades tradicionais.

Em resumo, a unanimidade dos ministros entendeu que a outorga à atividade


privada, pelo Estado, de atividades de ecoturismo e extração comercial de
madeira e subprodutos florestais em áreas ocupadas por comunidades de
remanescentes quilombolas ou outras comunidades tradicionais é incompatível
com o regime protetivo estabelecido no texto constitucional.

Foi fixada a seguinte tese de julgamento: “1. É constitucional norma estadual


que, sem afastar a aplicação da legislação nacional em matéria ambiental

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(inclusive relatório de impacto ambiental) e o dever de consulta prévia às


comunidades indígenas e tradicionais, quando diretamente atingidas por
ocuparem zonas contíguas, autoriza a concessão à iniciativa privada da
exploração de serviços ou do uso de bens imóveis do Estado; 2. A concessão
pelo Estado não pode incidir sobre áreas tradicionalmente ocupadas por povos
indígenas, remanescentes quilombolas e demais comunidades tradicionais”.

ADI 6137 (19/05/2023): É constitucional lei estadual que vede a


pulverização de defensivos agrícolas no território da respectiva entidade
federativa?

Sim. Por unanimidade, o Plenário do STF manteve a validade da Lei estadual


16.820/2019, do Ceará, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no estado.

O caso
Janaína Salles Rigitano
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Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ajuizou a ADI 6137 e
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alegou a inconstitucionalidade formal e material da Lei 16.820, de 09.01.2019,
do Ceará, ao inc. IV do art. 1º, aos incs. I, X e XVI do art. 22, ao § 1º do inc. VI
do art. 24, ao caput e ao inc. IV do art. 170 e ao art. 187 da Constituição da
República.

Alegou a contrariedade formal da norma impugnada à Constituição da República


ao fundamento de que “a norma estadual dispondo de maneira diametralmente
oposta ao que prevê a regulamentação federal da matéria, de modo que a
competência estadual, que é suplementar, violou as normas gerais
estabelecidas pela União, bem como invadiu competência privativa do ente
federal (afronta aos arts. 22, I, X e XVI; 24, VI, §1º, da CF)”.

Sustentou que é inconstitucional tal proibição, por violar a competência privativa


da União para legislar sobre o exercício de profissões (art. 22, XVI, CF) e, mesmo
que se entenda que se trate de competência concorrente para legislar sobre
meio ambiente (art. 24, VI, CF), à União compete a legislação geral e, aos

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Estados-membros, a competência é suplementar, o que não quer dizer


competência para dispor de maneira oposta.

Nesse sentido, segundo o autor, havendo previsão em lei federal (Decreto-Lei


917/69, regulamentado pelo Decreto 86.765/98), no sentido de possibilitar a
pulverização aérea de agroquímicos, não poderia o Estado-membro, como o fez
o Estado do Ceará ao editar a Lei nº 16.820, de 08.01.2019, proibir
completamente essa forma de aplicação de defensivos agrícolas.

Por fim, alegou a inconstitucionalidade material, por violação aos arts. 1º, IV; 170,
caput e IV; e 187, todos da Constituição da República, que protegem a liberdade
econômica, a liberdade de iniciativa e a atividade agrária, já que “a vedação total
à pulverização aérea de agroquímicos prejudica sobremaneira os produtores
rurais que necessitam de tal meio de aplicação dos defensivos em suas lavouras,
para garantir a produtividade de sua
Janaína terra Rigitano
Salles e garantir a função social de sua
propriedade”. janasalles01@gmail.com
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O que entendeu o STF?

Por unanimidade, o Plenário do STF manteve a validade da Lei estadual


16.820/2019, do Ceará, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no estado.

Todos os ministros seguiram o voto de Cármen Lúcia (relatora).

A ministra observou que estudos científicos incluídos nos autos apontam os


riscos dos agrotóxicos para a saúde humana e para o meio ambiente.

Lembrou, nesse sentido, que os dados apresentados pela Empresa Brasileira de


Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, comprovam a alta
periculosidade da pulverização aérea. Já a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) estima que os agrotóxicos causem anualmente 70 mil
intoxicações agudas e crônicas que evoluem para óbito e um número muito
maior de doenças agudas e crônicas não fatais.

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Além disso, segundo a ministra, estudos realizados na Chapada do Apodi, no


Ceará, demonstram os efeitos adversos dessa prática à saúde da população
local. Os resultados mostraram, a seu ver, a presença de agrotóxicos em todas
as amostras de água coletadas, e a estimativa é que sejam lançados, por ano,
442,5 mil litros de calda tóxica no meio ambiente.

Ela apontou que foi constatado que os agricultores no Ceará têm até seis vezes
mais câncer do que os não agricultores em pelo menos 15 das 23 localizações
estudadas. A taxa de mortalidade pela doença, segundo ela, também foi 38%
maior nos municípios avaliados.

Quanto à inconstitucionalidade formal, Cármen Lúcia entendeu que os estados


podem editar normas mais protetivas à saúde e ao meio ambiente em relação à
matéria e, segundo ela, a regulação nacional limita-se a traçar os parâmetros
gerais, estabelecendo atividades
Janaína deSalles
coordenação e ações integradas.
Rigitano
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Especificamente quanto ao controle do uso de agrotóxicos, o STF já reconheceu,
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em mais de um julgamento, a competência dos estados e dos municípios para
suplementar a legislação nacional (nesse sentido: ADI 1.278, DJe 1º.6.2007; ADI
2.730, DJe 28.5.2010; ADI 3.470, DJe 1º.2.2019).

No caso, Cármen Lúcia entendeu que o Legislativo cearense, observando as


peculiaridades locais, referentes aos efeitos nocivos constatados na Chapada do
Apodi, optou por estabelecer restrições mais severas à utilização de pesticidas
em seu território, dentro da sua competência constitucional.

Por fim, quanto à constitucionalidade material, a ministra afirmou que a livre


iniciativa não impede que o Estado regule atividades econômicas, a fim de
resguardar outros valores garantidos pela Constituição Federal, como a
dignidade da pessoa humana, a valorização do trabalho, a livre concorrência, a
função social da propriedade, a defesa do consumidor e do meio ambiente e a
busca do pleno emprego, como aconteceu no caso concreto.

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