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ConJur - STF anula lei de SP que exige salas de descompressão em hospitais 19/03/2023 14:51

STF anula lei estadual de SP que exige


salas de descompressão em hospitais
Sérgio Rodas 15 de março de 2023, 17h26

A União tem competência privativa para legislar sobre Direito do Trabalho, e


apenas o chefe do Executivo pode apresentar projeto de lei que interfira no regime
jurídico de servidores, como os de hospitais públicos.

Com esse entendimento, o Plenário do


Supremo Tribunal Federal, por maioria de
votos, declarou nesta quarta-feira (15/3) a
inconstitucionalidade da Lei estadual
17.234/2020, de São Paulo. A norma
obrigava os hospitais públicos e privados a
criar salas de descompressão para
enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem relaxarem durante a jornada Alexandre disse que só governador poderia propor
de trabalho. criação de salas de descompressão
Rosinei Coutinho/SCO/STF

Prevaleceu a divergência aberta pelo ministro Alexandre de Moraes na sessão da


quinta passada (9/3). De acordo com ele, a lei estadual contraria a norma geral
sobre o assunto — o artigo 155 da CLT. O dispositivo determina que cabe a órgão
de âmbito nacional regular matéria de segurança e Medicina do Trabalho.

Além disso, o artigo 22, I, da Constituição Federal estabelece que a União tem
competência privativa para legislar sobre Direito do Trabalho, citou Alexandre.

Ele destacou também que a lei paulista foi proposta pela Assembleia Legislativa,
sendo que apenas o governador pode apresentar projeto de lei que interfira no
regime jurídico de servidores, como os de hospitais públicos.

O voto de Alexandre de Moraes foi seguido pelos ministros André Mendonça,

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Nunes Marques, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Rosa Weber.

Regulação sobre saúde


O relator do caso, ministro Edson Fachin, entendeu que a norma era
constitucional. Ele afirmou que a criação de salas de descompressão é política de
saúde pública, portanto, matéria de competência suplementar dos estados.

O magistrado lembrou que, durante a epidemia da Covid-19, o STF declarou que


estados e municípios têm competência concorrente com a União para estabelecer
medidas sanitárias.

O voto de Fachin foi seguido pelo ministro Luís Roberto Barroso. Segundo ele, na
lei, prevalece o interesse sanitário, não o trabalhista. E estados podem legislar
sobre saúde. O ministro ainda disse que, como a norma não interfere na estrutura
do estado de São Paulo, não precisaria ser proposta pelo governador.

Ele citou o Tema 917 de repercussão geral do STF. O enunciado estabelece que
não usurpa a competência privativa do chefe do Executivo a lei que, embora crie
despesa para a administração pública, não trate de sua estrutura, da atribuição de
seus órgãos ou do regime jurídico de seus servidores.

Livre iniciativa
Já o ministro Ricardo Lewandowski votou para declarar a constitucionalidade da
lei, mas apenas com relação aos hospitais estaduais de São Paulo.

Para o magistrado, a obrigação de criar salas de descompressão não pode ser


imposta a hospitais privados, sob pena de violação do princípio da livre iniciativa.
O voto de Lewandowski foi seguido pelos ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia.

ADI 6.317

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