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DIREITO CONSTITUCIONAL

CP I B
1º PERÍODO 2021
TEMA 01

Tema 01:
Constituição: conceito, tipologia. Constituições brasileiras. Preâmbulo.
Normas constitucionais: Espécies, eficácia, e diversas classificações.

1ª QUESTÃO:
FLORÊNCIO, Deputado Federal, impetra mandado de segurança contra ato da Mesa
Diretora que indicou para votação, no próximo dia 05, texto da proposta de Emenda à
Constituição que suprime o preâmbulo da Carta Magna, bem como alguns artigos da
Disposições Constitucionais transitórias.
O impetrante requer o impedimento da tramitação da proposta. Aduz que tais textos são
imodifícáveis, de acordo com princípios constitucionais.
Responda, fundamentadamente, como deve ser julgado o pedido.

RESPOSTA:
Curso de Direito Constitucional. Gilmar Ferreira Mendes e outros. Ed. Saraiva. 5ª ed.
Pag. 77 (posição do Canotilho)
" Reportando-se, especificamente, à Constituição de Portugal, Gomes Canotilho e Vital
Moreira observam que não fazendo parte do texto da Carta Política, o preâmbulo não
contém normas constitucionais, não possui valor normativo autônomo nem idêntico ao
das normas constitucionais, razão por que não pode haver inconstitucionalidade por
violação do seu texto ou dos princípios preambulares enquanto tais. Mesmo assim,
ressalvam que o preâmbulo não é juridicamente irrelevante, funcionando como elemento
de interpretação - e eventualmente de integração - das normas constitucionais. Mais ainda,
sustentam que o preâmbulo desempenha outra importante função constitucional, porque
exprime, por assim dizer, o título da legitimidade da Constituição, seja em relação à sua
origem, seja em relação ao seu conteúdo (legitimidade constitucional material). Em suma,
entendem eles que, do ponto de vista material, o preâmbulo é uma "certidão de origem",
um "título de legitimidade" e um "bilhete de identidade", razão por que a sua alteração ou
supressão não teria sentido e significaria uma novação constitucional violador dos limites
materiais da revisão. O mesmo talvez se pudesse dizer a respeito das disposições
constitucionais transitórias, porque operando - tal qual os preâmbulos -, como pontes no
tempo, uma vez estendidas, elas não poderiam ser alteradas ou suprimidas, sob pena de
afronta á sua própria natureza."

MS 24642/DF, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO: CONTROLE


JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. I. - O parlamentar tem legitimidade ativa
para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no
processo de aprovação de leis e emendas constitucionais que não se compatibilizam com
o processo legislativo constitucional. Legitimidade ativa do parlamentar, apenas. II. -
Precedentes do STF: MS 20.257/DF, Ministro Moreira Alves (leading case), RTJ
99/1031; MS 21.642/DF, Ministro Celso de Mello, RDA 191/200; MS 21.303-AgR/DF,
Ministro Octavio Gallotti, RTJ 139/783; MS 24.356/DF, Ministro Carlos Velloso, "DJ"
de 12.09.2003. III. - Inocorrência, no caso, de ofensa ao processo legislativo, C.F., art.
60, § 2º, por isso que, no texto aprovado em 1º turno, houve, simplesmente, pela Comissão
Especial, correção da redação aprovada, com a supressão da expressão "se inferior",
expressão dispensável, dada a impossibilidade de a remuneração dos Prefeitos ser
superior à dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. IV. - Mandado de Segurança
indeferido.

2ª QUESTÃO:
Sociedade empresarial insurge-se contra uma lei que revogou determinada isenção
tributária. Ocorre que esta sociedade se beneficiava da isenção tributária prevista na lei
complementar nº 70/91 e a Fazenda, com o advento da Lei 9430/96, passou a cobrar o
valor do tributo. Alega que a suposta revogação de uma lei complementar por uma lei
ordinária fere de morte a estrutura hierarquizada da legislação brasileira, amparada pela
pirâmide de Kelsen.
Responda, fundamentadamente, se o argumento da sociedade encontra respaldo na ordem
jurídica brasileira.

RESPOSTA:
Recl 2475 AgR/MG, rel. originário Ministro Carlos Velloso, rel. p/ o acórdão Ministro
Marco Aurélio
Rcl 2475 AgR / MG - MINAS GERAIS 2475 / MG - MINAS GERAIS"
AG.REG.NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Relator(a) p/
Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO (ART. 38, IV, B, DO RISTF.) Julgamento:
02/08/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-018 DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008
EMENT VOL-02305-01 PP-00085
RTJ VOL-00204-01 PP-00158
Parte(s)
AGTE.(S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - FABRÍCIO DA SOLLER E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
INTDO.(A/S): CAMARGOS PEDROSA SERVIÇOS MÉDICOS LTDA E
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S): ADRIANO CAMPOS CALDEIRA E OUTRO(A/S)
Ementa COFINS - LEI COMPLEMENTAR Nº 70/91 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE Nº 1-1/DF - JULGAMENTO - ALCANCE. No julgamento
da Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 1-1/DF, o Colegiado não dirimiu
controvérsia sobre a natureza da Lei Complementar nº 70/91, consubstanciando a
abordagem, no voto do relator, simples entendimento pessoal.
Decisão
Após os votos dos Senhores Ministros Carlos Velloso, Relator, Marco Aurélio e
Sepúlveda Pertence, negando provimento ao agravo, pediu vista dos autos o Senhor
Ministro Gilmar Mendes.
Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 05.02.2004.
Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Gilmar Mendes,
justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro
de 2003.
Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 28.04.2004.
Decisão: O Tribunal, por maioria, vencidos os Senhores Ministros Gilmar Mendes,
Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Celso de Mello, negou provimento ao agravo
regimental. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, neste
julgamento o Senhor Ministro Cezar Peluso. Lavrará o acórdão o Senhor Ministro Marco
Aurélio. Não participou da votação o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski por suceder
ao Senhor Ministro Carlos Velloso, Relator. Plenário, 02.08.2007.
AI 702533 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO
AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 02/04/2013 Órgão Julgador: Primeira Turma
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL - COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADE CIVIL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
REVOGAÇÃO. HIERARQUIA DE NORMAS. LEI COMPLEMENTAR Nº 70/91. LEI
Nº 9.430/96. SOBRESTAMENTO REVOGADO. ALEGAÇÃO DE NÃO
ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO DA ORIGEM EM
HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO. PRECEDENTE DA
REPERCUSSÃO GERAL JULGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº
377457. DESPROVIMENTO. 1. A exigência contida na norma do artigo 102, inciso III,
alínea a, da Constituição Federal, no que diz respeito à última instância de julgamento,
refere-se ao pronunciamento de órgão colegiado de Tribunal ou Turma Recursal, sendo
cabível a interposição do extraordinário contra acórdão de embargos de declaração, ainda
que a apelação, recurso ordinário ou inominado tenham sido decididos, antes,
monocraticamente. 2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de mérito
da repercussão geral reconhecida no Recurso Extraordinário nº 377457, Relator Ministro
Gilmar Mendes, assim se pronunciou: EMENTA: Contribuição social sobre o
faturamento - COFINS (CF, art. 195, I). 2. Revogação pelo art. 56 da Lei 9.430/96 da
isenção concedida às sociedades civis de profissão regulamentada pelo art. 6º, II, da Lei
Complementar 70/91. Legitimidade. 3. Inexistência de relação hierárquica entre lei
ordinária e lei complementar. Questão exclusivamente constitucional, relacionada à
distribuição material entre as espécies legais. Precedentes. 4. A LC 70/91 é apenas
formalmente complementar, mas materialmente ordinária, com relação aos dispositivos
concernentes à contribuição social por ela instituída. ADC 1, Rel. Moreira Alves, RTJ
156/721. 5. Recurso extraordinário conhecido mas negado provimento. 3. O
pronunciamento exarado pelo Tribunal de origem não divergiu desse entendimento. 4.
Agravo regimental desprovido.
DIREITO CONSTITUCIONAL
CP I B
1º PERÍODO 2021
TEMA 02

Tema 02:
Poder Constituinte.
Supremacia constitucional. Vigência da norma constitucional.
Inconstitucionalidade de normas constitucionais.

1ª QUESTÃO:
Governador do Rio Grande do Sul ajuíza Ação Direta de Inconstitucionalidade em face
do art. 45, §§ 1º e 2º, da Constituição da República Federativa do Brasil. Acentua,
juridicamente, que a norma constitucional em pauta fere princípios constitucionais
superiores, que estão albergados pelas cláusulas pétreas, e, por consubstanciarem
concreções positivas do direito supralegal, estariam em um patamar superior de
hierarquia. Alega a violação dos princípios da Igualdade (artigo 5º da CRFB/88), da
Igualdade do Voto (artigo 14 da CRFB/88), do exercício, pelo povo, do poder (artigo 1º,
parágrafo único, da CRFB/88), da Cidadania (artigo 1º, inciso II, da CRFB/88), da
Democracia (artigo 1º da CRFB/88) e do Regime Federativo (artigo 60, parágrafo quarto,
inciso I c/c artigo 1º da CRFB/88). Sob fundamento lógico-jurídico, explica de forma
técnica que há uma real desproporção e discriminação relacionada à distribuição da
população no país, sua participação no PIB e composição do Congresso Nacional. Assim,
demonstra que a região do SUL/SUDESTE detém 57,7% da população brasileira,
participa de 77,4% do PIB e compõe 45% do Congresso Nacional. Enquanto isso, a região
NORTE/NORDESTE detém 42,3% da população, participa de 22,6% do PIB e compõe
54,3% do Congresso Nacional. Dessa forma, sublinha que há uma disparidade, um
descompasso real nessa divisão, que se torna discriminatória e injusta, tendo em vista que
atribui pesos diferentes a cidadãos absolutamente iguais, afirmando que há uma colisão
entre os valores de justiça e de eqüidade.

À luz da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, comente a


plausibilidade da tese invocada pelo Governador do Rio Grande do Sul.
RESPOSTA:
STF: ADIn nº 815-3, relator Ministro Moreira Alves, DJ de 10/05/96: Parágrafos 1º e 2 º
do artigo 45 da Constituição Federal. A tese de que há hierarquia entre normas
constitucionais originárias dando azo a declaração de inconstitucionalidade de umas em
face de outras é incompossível com o sistema de Constituição rígida. Na atual Carta
Magna `compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição
(artigo 102, caput), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir
que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não,
violado os princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da
mesma Constituição. Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para
sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face
de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como
limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada
pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se
impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação às outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não
conhecida por impossibilidade jurídica do pedido

EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafos 1º e 2º do artigo 45 da


Constituição Federal. - A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais
originárias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras e
incompossível com o sistema de Constituição rígida. - Na atual Carta Magna "compete
ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição" (artigo 102,
"caput"), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se
desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel
de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado
os princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma
Constituição. - Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para
sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face
de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como
limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada
pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se
impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação as outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não
conhecida por impossibilidade jurídica do pedido.
2ª QUESTÃO:
Com a superveniência da Constituição de 1988, o Procurador-Geral da República entende
que uma determinada Lei promulgada alguns anos antes não guarda compatibilidade com
a nova Carta e, dessa feita, propõe ação direta de inconstitucionalidade para impugná-la.
O Advogado-Geral da União, ao defender a constitucionalidade do texto impugnado,
aduz que o mesmo fora editado sob a égide da Constituição anterior, que com ela mantém
compatibilidade, tanto material, quanto formalmente.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se agiu corretamente
o autor.

RESPOSTA:
RELATOR: ADI 2, REL. Min. Paulo Brossard.
CONSTITUIÇÃO. LEI ANTERIOR QUE A CONTRARIE.REVOGAÇÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. 1. A lei ou
é constitucional ou não é lei. Lei inconstitucional é uma contradição em si. A lei é
constitucional quando fiel à Constituição; inconstitucional na medida em que a
desrespeita, dispondo sobre o que lhe era vedado. O vício da inconstitucionalidade é
congênito à lei e há de ser apurado em face da Constituição vigente ao tempo de sua
elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em relação à Constituição
superveniente; nem o legislador poderia infringir Constituição futura. A Constituição
sobrevinda não torna inconstitucionais leis anteriores com ela conflitantes: revoga-as.
Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. Seria
ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis
ordinárias. A lei maior valeria menos que a lei ordinária. 2. Reafirmação da antiga
jurisprudência do STF, mais que cinqüentenária. 3. Ação direta de que se não conhece
por impossibilidade jurídica do pedido.
Deve-se alertar ainda que a defesa feita pelo AGU seria própria para o controle difuso,
mas não para o controle abstrato, como proposto pelo PGR.

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