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FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Prática Jurídica III

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE QUANTIA CERTA

Geórgia M. Valiati (17100030)

Victória F. C. Dornelles (17100070)

Teresa Escosteguy (17100052)

28 de junho de 2021

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EXCELENTÍSSIMA SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DA __ VARA JUDICIAL DA
COMARCA DE SAPUCAIA DO SUL:

O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu órgão signatário, no uso de suas atribuições


legais, vem à presença de Vossa Excelência, com base no Inquérito Civil nº
01393.00010/2011, e com base no artigo 784 e seguintes do Código de Processo
Civil e artigo 11 da Lei nº 7.347/85, ajuizar a presente

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE QUANTIA CERTA

em face da empresa Irmãos Metralha Industrial Ltda., CNPJ nº XXX, localizada na


Rodovia RS 118, nº 25.800, no Município de Sapucaia do Sul/ RS, representada pelo
Sr. José Metralha, pelos fundamentos de fato e de direito que passa a expor:

I – DOS FATOS

Restou instaurado o Inquérito Civil nº 01393.00010/2011, visando a apuração


do dano ambiental constatado em 12 de julho de 2011, em vistoria realizada por
equipe técnica do Ministério Público e Delegacia do Meio Ambiente. Na oportunidade,
foi constatada poluição ambiental no sítio da empresa, revelada nas amostras de solo,
casas de árvores, água de drenagem e água de poço recolhida nas dependências da
empresa.

Nesse sentido, constatado vazamento de cromo hexavalente proveniente dos


banhos de cromo para o solo e águas freáticas, tendo em vista que o parecer técnico
demonstrou, a partir da vistoria e de análises laboratoriais, a contaminação do poço
no interior da empresa com cromo hexavalente. Quanto aos valores encontrados para
cromo total (hexavalente e trivalente), totalizaram 17,6 mg/L, valores com o percentual
de 35.100% acima dos limites estabelecidos para consumo humano, indicando
poluição das águas freáticas.

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Ainda, a coleta de amostra de água proveniente da drenagem que escoa da
empresa (Relatório de Análise nº 12157/11), apontou valores para cromo total
(hexavalente e trivalente) totalizando 0,972 mg/L, evidenciando lançamentos que
situam-se 1.844% acima dos limites estabelecidos para Classe II, conforme
Resolução CONAMA nº 357/05.

Outrossim, foram recolhidas amostras de solo de três pontos investigados,


para avaliação da presença de cromo no solo, a um metro de profundidade, de forma
a investigar a presença desse contaminante, bem como analisadas duas amostras de
cascas de árvores (Grevillea sp.).

No dia 19 de setembro de 2011, em reunião em que presentes a empresa e o


Promotor de Justiça com atribuições Regionais de Defesa do Meio Ambiente das
Bacias Hidrográficas do Rio dos Sinos e Gravataí, Daniel Martini, foi instaurado o
Termo de Ajuste de Conduta (TAC), visando à adequação da atividade industrial pelo
investigado, nos seguintes termos:

Cláusula Primeira: A AJUSTANTE assume a obrigação de não fazer


consistente em não realizar ou permitir que se faça qualquer atividade
em sua unidade industrial, que dê causa à poluição ambiental,
obrigando-se a cumprir as condições e restrições da LO nº
08467/2009-DL ou a que a suceder, bem como a não operar qualquer
atividade não licenciada ou com licenciamento ambiental vencido,
bem como a não lançar efluentes líquidos ou produtos não permitidos
nos cursos d’água ou rede de drenagem pluvial ou cloacal sem prévia
autorização do órgão licenciador.

Cláusula Segunda: A AJUSTANTE compromete-se a realizar um


diagnóstico no sítio da empresa, inclusive estudo geofísico, ou outro
tecnicamente equivalente, devidamente justificado, a fim de verificar
a extensão da contaminação. Após, compromete-se a elaborar, fazer
aprovar e implantar um projeto de recuperação de área eventualmente
degradada, visando à adequada recuperação do local, relativamente
ao solo, vegetação e águas atingidas pela pluma poluidora.

Parágrafo Primeiro: No prazo de 90 dias a contar desta data, a


AJUSTANTE comprovará a aprovação do projeto pelo órgão
ambiental, comprometendo-se a implantá-lo na forma e tempo que for
determinado, não superior a um ano a contar desta data.

Parágrafo Segundo: Este diagnóstico a ser realizado na área da


empresa independe de qualquer estudo/avaliação da área exigida
pelo órgão licenciador

(FEPAM).

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Parágrafo Terceiro: O prazo estabelecido no caput desta Cláusula
poderá ser objeto de modificação, mediante anuência do Ministério
Público, uma vez que o seu cumprimento dependa de atuação de
terceiros e nos casos em que fatores alheios à vontade da
AJUSTANTE impeçam o seu cumprimento.

Cláusula Terceira: A AJUSTANTE obriga-se a não operar banhos de


cromo até que o local seja inteiramente recuperado e o órgão
ambiental ateste a segurança do novo sistema que para tanto deverá
ser implantado, apresentando o documento autorizativo a esta
Promotoria de Justiça.

Parágrafo Único: A AJUSTANTE compromete-se a apresentar


comprovante de remessa do ácido crômico existente na empresa para
local devidamente licenciado, ou para uma de suas unidades
devidamente licenciadas, no prazo de 30 dias a contar desta data.

Cláusula Quarta: A AJUSTANTE compromete-se a realizar estudo


qualificado sobre a qualidade da água dos poços cavados e
artesianos dos moradores próximos, num raio mínimo de 500 metros
da empresa (se outra extensão não for indicada pelo estudo
geofísico), com a informação ao órgão sanitário municipal, para
eventual interdição do uso para consumo humano, dessedentação de
animais e de outras atividades de exposição (rega, lavagem, etc).

Parágrafo Único: O estudo deverá ser enviado ao Ministério Público


no prazo de 90 dias a contar desta data, bem como ao setor de
vigilância sanitária do Município, com informação acerca de eventual
inadequação da utilização da água, para ser comunicado ao
respectivo usuário.

Cláusula Quinta: A AJUSTANTE obriga-se a providenciar avaliação


clínica, por profissional habilitado da área de saúde, de todos os
funcionários da empresa, com relação a eventual contaminação pelos
componentes químicos utilizados na empresa.

Parágrafo Único: A avaliação médica deverá ser apresentada ao


Ministério Público no prazo de 60 dias a contar da presente data.

Cláusula Sexta: A AJUSTANTE assume a obrigação de custear as


análises laboratoriais das amostras coletadas durante a diligência do
dia 12 de julho de 2011, a ser pago diretamente ao Laboratório
GreenLab, comprovando no prazo de 60 dias a contar desta data, bem
como a custear novas análises que vierem a ser necessárias para
constatação do cumprimento deste acordo pelo Ministério Público.

Cláusula Sétima: O descumprimento de qualquer das obrigações


assumidas implica à AJUSTANTE uma multa equivalente a R$
10.000,00 (dez mil reais) por ocorrência de descumprimento, ou de
R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia de atraso, conforme a obrigação
assumida, e de modo cumulativo, neste caso desde que haja o
descumprimento de mais de uma obrigação, independente de
qualquer medida ou notificação, valor atualizado até a data do efetivo
pagamento pelo IGPM, valor destinado ao Fundo Municipal de Meio

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Ambiente de Sapucaia do Sul, bem como a imediata cessação da
atividade irregular.

Cláusula Oitava: A título de reparação pelos impactos ambientais


verificados no sítio da empresa, inclusive danos morais coletivos, em
especial nas amostras de solo, cascas de árvores, água de drenagem
e água de poço recolhida nas dependências da empresa, a
AJUSTANTE doará a importância de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais), em cinco vezes iguais de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
parcelas mensais e sucessivas, ou bens em valor equivalente, no
prazo de 5 meses a contar da informação da conta corrente em que
deverá ser depositada, pelo Ministério Público, valor este que se
destinará à entidade governamental ou não governamental sem fins
lucrativos, destinada à proteção ou recuperação do meio ambiente.

Cláusula Nona: O cumprimento das obrigações estipuladas neste


termo de ajustamento de conduta não elide os efeitos de natureza
penal ou administrativa. Devidamente cumpridas as obrigações
assumidas, o presente Inquérito Civil será arquivado e encaminhado
ao Conselho Superior do Ministério Público.

Cláusula Décima: Eventuais questões decorrentes do presente


Ajustamento serão dirimidas no Foro de Sapucaia do Sul.

Em contrapartida, apesar do compromisso firmado, o Executado permaneceu


inerte, não havendo até o presente momento a comprovação da obrigação assumida
na CLÁUSULA SEGUNDA do TAC, consistente em “compromete-se a realizar um
diagnóstico no sítio da empresa, inclusive estudo geofísico, ou outro tecnicamente
equivalente, devidamente justificado, a fim de verificar a extensão da contaminação. Após,
compromete-se a elaborar, fazer aprovar e implantar um projeto de recuperação de área
eventualmente degradada, visando à adequada recuperação do local, relativamente ao solo,
vegetação e águas atingidas pela pluma poluidora”.

Essa CLÁUSULA SEGUNDA, então, deveria ter sido cumprida após 90 dias
do ajustamento do TAC, nos termos do parágrafo único, “No prazo de 90 dias a contar
desta data, a AJUSTANTE comprovará a aprovação do projeto pelo órgão ambiental,
comprometendo-se a implantá-lo na forma e tempo que for determinado, não superior a um
ano a contar desta data”. No entanto, até a presente data, contam 30 dias de atraso no
cumprimento da obrigação estabelecida em 19 de setembro de 2011, com prazo final
datado em 18 de dezembro de 2011.

Nesse sentido, o executado foi cientificado para que comprovasse o


cumprimento integral do TAC, fato que da mesma forma foi ignorado. Portanto, fica
demonstrado o descumprimento do avençado.

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Assim, o não cumprimento do acordo pelo Executado implica na presente ação
de execução de título executivo extrajudicial por quantia certa, como única maneira
de dar efetivo cumprimento ao acordo no que toca à Cláusula Segunda do referido
TAC.

Ainda, faz-se necessário destacar que, em paralelo, está sendo ajuizada ação
de execução de multa pelo descumprimento, referente ao descumprimento do caput
da Cláusula Terceira do TAC.

II - DO DIREITO

A presente ação é perfeitamente cabível, uma vez que o Termo de


Ajustamento de Conduta é título executivo extrajudicial previsto no artigo 5°, § 6°, da
Lei n° 7.347/85, nos seguintes termos:

Art. 5º (...)

§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados


compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial”

Assim, é facultado aos órgãos públicos legitimados para ingressar com a ação
civil pública e tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta
às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial.

Conforme o artigo 778 do CPC, o Ministério Público possui competência para


promover a execução:

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei


confere

título executivo.

(...)

I – O Ministério Público, nos casos previstos em lei

6
Sobre o tema, Marcus Vinicius Rios Gonçalves leciona sobre o Ministério
Público ter a legitimidade para promover a ação de execução decorrente de Termo
de Ajustamento de Conduta:

A lei também atribui ao Ministério Público legitimidade para


promover a execução, nos casos por ela previstos (art. 778, § 1o, I).
Ele poderá atuar no processo como parte, e, nesse caso, sempre lhe
será dado promover o cumprimento da sentença condenatória.
(...)
O Ministério Público pode ser autor de ações condenatórias, como
autoriza o art. 177 do CPC. Entre outras hipóteses, podem ser citadas:
(...) f) a execução de título extrajudicial consistente no termo de
ajustamento de conduta, firmado por ele com o causador do
dano.
Quando o órgão do Parquet atuar como fiscal da ordem jurídica, a sua
legitimidade para ajuizar o cumprimento de sentença depende de
autorização legal. É o que ocorre, por exemplo, nas ações civis
públicas para defesa de interesses individuais homogêneos, que não
tenham sido por ele ajuizadas, quando decorre o prazo de um ano
sem que se habilitem interessados, em número compatível com a
gravidade do dano (Lei n. 8.078/90, art. 100).1

Além disso, necessário perceber que na forma do artigo 798, inciso I, do CPC,
cabe ao Ministério Público instruir a petição inicial com o título executivo extrajudicial,
qual seja, o TAC, que vem presente nesta peça, in verbis:

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:

I - instruir a petição inicial com:

a) o título executivo extrajudicial;

A respeito disso, é uníssona a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio


Grande do Sul, no sentido de que, ao se descumprir uma obrigação por quantia certa
de um TAC, mostra-se correta sua citação na execução do título extrajudicial por
quantia certa. Assim dispõe:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE QUANTIA CERTA.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CONSUBSTANCIADA EM TERMO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA. RECUPERAÇÃO DE ÁREA
DEGRADADA POR DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DO DEVEDOR. Os documentos carreados aos autos dão
conta que o recorrente firmou conjuntamente com Segala’s Alimentos
Ltda. Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público,
pelo qual se obrigou a se abster de realizar qualquer atividade de lavra

1
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo civil: execução civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2019, p. 25-26.

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ou extração de argila no imóvel ali descrito, bem como, apresentar
projeto de recuperação de área degradada perante a FEPAM, sob
pena de multa diária de 30% do salário mínimo. Houve o
descumprimento do ajuste, dando azo à cobrança da multa
estipulada. O fato de o devedor solidário ter quitado a sua parte na
obrigação, não desonera o codevedor nos termos do art. 275 do
Código Civil porque o credor tem o direito a exigir e receber de um ou
de alguns dos devedores, parcial ou totalmente a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto. Neste contexto, tem-se que o
recorrente continua obrigado pela inexecução do termo de
ajustamento de conduta, mostrando-se correta sua citação
na execução do título extrajudicial já que não houve o pagamento
integral da multa. Ademais, não importará renúncia da solidariedade
a propositura de ação pelo credor contra um ou algum dos devedores
(solidários) nos termos do parágrafo único do art. 275 do CC.
Correção da citação do agravante para pagamento da multa. Agravo
desprovido. (Agravo de Instrumento, Nº 70077923613, Vigésima
Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco
Aurélio Heinz, Julgado em: 26-09-2018)

Ademais, o artigo 784, inciso XII, do CPC refere que são títulos executivos
extrajudiciais todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva:

Art. 784 - São títulos executivos extrajudiciais:

(...)

XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir

força executiva.

Dessa forma, de acordo com o artigo 784, inciso XII c/c artigo 5º, § 6º, da Lei
nº 7.347 /85, o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) constitui título executivo
extrajudicial.

No que tange à finalidade da execução por quantia certa, Abelha (2019) refere
que:

A finalidade da execução por quantia certa, em qualquer caso, seja


pelo cumprimento de sentença ou pelo processo de execução, é
retirar dinheiro do patrimônio do executado para satisfazer o seu
direito (art. 824).
O CPC arrola três modalidades de expropriação forçada do patrimônio
do executado: a) adjudicação; b) alienação; c) apropriação de frutos e
rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.
É de se notar que, quando o art. 825 do CPC elenca quais são os atos
expropriatórios previstos no Código, não quer dizer que é por aí que

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uma execução por expropriação se inicia, antes o contrário. A
expropriação é a fase derradeira da execução para pagamento
de quantia, salvo nas raras hipóteses em que há urgência, em que o
legislador admite, excepcionalmente, a alienação antecipada do
bem.2

No caso, o Executado descumpriu a CLÁUSULA SEGUNDA do Termo de


Ajuste de Conduta (TAC), a qual dispõe:

Cláusula Segunda: A AJUSTANTE compromete-se a realizar um


diagnóstico no sítio da empresa, inclusive estudo geofísico, ou outro
tecnicamente equivalente, devidamente justificado, a fim de verificar
a extensão da contaminação. Após, compromete-se a elaborar, fazer
aprovar e implantar um projeto de recuperação de área eventualmente
degradada, visando à adequada recuperação do local, relativamente
ao solo, vegetação e águas atingidas pela pluma poluidora.

Parágrafo Primeiro: No prazo de 90 dias a contar desta data, a


AJUSTANTE comprovará a aprovação do projeto pelo órgão
ambiental, comprometendo-se a implantá-lo na forma e tempo que for
determinado, não superior a um ano a contar desta data.

Tal descumprimento vem elucidado pelo fato de que o Executado não


comprovou a aprovação do projeto no órgão ambiental, que deveria ter sido realizado
em 90 dias contados a partir do ajustamento do TAC.

Assim, descumprida a obrigação de fazer, tendo em vista que não foi realizado,
como o disposto, “diagnóstico no sítio da empresa, inclusive estudo geofísico, ou
outro tecnicamente equivalente, devidamente justificado, a fim de verificar a extensão
da contaminação”.

Além de não ter sido realizado o diagnóstico da contaminação da área


degradada, não foi realizado qualquer projeto de recuperação visando a recuperação
do local nos termos da presente cláusula, “após, compromete-se a elaborar, fazer
aprovar e implantar um projeto de recuperação de área eventualmente degradada,
visando à adequada recuperação do local, relativamente ao solo, vegetação e águas
atingidas pela pluma poluidora”.

Ocorre que tal obrigação, que deveria ter sido realizada no prazo de 90 dias
contados a partir do ajustamento do TAC, conta com 30 dias de atraso até a presente
data.

2
ABELHA, Marcelo. Manual de execução civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 312

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Dessa forma, aplicável a multa prevista na CLÁUSULA SÉTIMA do Termo de
Ajuste de Conduta (TAC), que determina o pagamento de R$ 1.000 (mil reais) por dia
de atraso no cumprimento da obrigação, acrescido de juros e de correção monetária
pelos dias de atraso, nesses termos:

Cláusula Sétima: O descumprimento de qualquer das obrigações


assumidas implica à AJUSTANTE uma multa equivalente a R$
10.000,00 (dez mil reais) por ocorrência de descumprimento, ou de
R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia de atraso, conforme a obrigação
assumida, e de modo cumulativo, neste caso desde que haja o
descumprimento de mais de uma obrigação, independente de
qualquer medida ou notificação, valor atualizado até a data do efetivo
pagamento pelo IGPM, valor destinado ao Fundo Municipal de Meio
Ambiente de Sapucaia do Sul, bem como a imediata cessação da
atividade irregular.

Como demonstra a tabela de cálculo anexa (fl. XXX), considera-se que o TAC
foi firmado em 19/09/2011 e que a CLÁUSULA SEGUNDA determinava o
cumprimento da obrigação em 90 dias a contar daquela data, ou seja, deveria ter sido
cumprida até o prazo final de 18/12/2011. Verifica-se, no entanto, que houve atraso
de 30 dias no cumprimento da obrigação até a presente data (17/01/2012).

Tendo em vista que a obrigação conta, até esta data, com 30 dias de atraso,
há que ser realizado o cálculo da multa nos termos da CLÁUSULA SÉTIMA, como
acordado com o Executado, consistente em R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de atraso.
Dessa forma, considera-se 30 dias/multa (30 dias X R$ 1.000,00), importando no valor
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Sobre esse valor, então, há que ser aplicada a taxa
de juros de 12% a.a. e a correção monetária pelo IGP-M. Assim, o valor devido pelo
executado a título de multa consiste em R$ 30.322,62 (trinta mil, trezentos e vinte e
dois reais e sessenta e dois centavos).

Pelo exposto, necessária a propositura da presente execução de obrigação de


quantia certa visando o pagamento da multa pelo descumprimento da CLÁUSULA
SEGUNDA do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado perante o Ministério
Público. Ressalta-se que, concomitantemente com a presente ação de execução por
quantia certa, tramita a execução da multa pelo descumprimento.

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III - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o Ministério Público requer:

a) que seja recebida e processada a presente execução por quantia certa, nos
termos dos artigos 824 e seguintes do CPC e a que seja concedida a total
procedência dos pedidos para:

b) citar o Executado para pagar o valor correspondente à R$ 30.322,62, nos


termos do artigo 859, caput do CPC, cientificando-a no prazo de 15 dias para
embargos, nos termos do artigo 915 do mesmo dispositivo legal;

c) determinar a penhora de tantos bens quanto bastarem para garantir a


execução, na ordem estabelecida pelo artigo 835 do Código de Processo Civil;

d) que seja a presente execução procedida conforme o disciplinado nos artigos


824 e seguintes do CPC;

e) a condenação dos executados ao pagamento das custas e demais despesas


processuais;

f) efetuado o pagamento do valor de R$ 30.322,62, o Ministério Público, de modo


fundamentado, indicará a sua destinação à entidade local de viés ambiental,
qual seja, o Fundo Municipal de Meio Ambiente de Sapucaia do Sul

Dá-se à causa o valor de R$ 30.322,62 (trinta mil trezentos e vinte dois reais com
sessenta e dois centavos).

Nesses termos pede deferimento.

Sapucaia, 17 de janeiro de 2012.

XXX,
Promotora de Justiça.

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28/06/2021 DrCalc / EasyCalc- Cálculos financeiros e judiciais pela web

 
 Cálculo de Atualização Monetária

Dados básicos informados para cálculo

Descrição do cálculo  

Valor Nominal R$ 30.000,00


Indexador e metodologia de cálculo IGP-M - (FGV) - Calculado pro-rata die.

Período da correção 18/12/2011 a 17/01/2012

Taxa de juros (%) 12 % a.a. simples

Período dos juros 18/12/2011 a 17/01/2012

Dados calculados

Fator de correção do período 30 dias 1,000747

Percentual correspondente 30 dias 0,074673 %

Valor corrigido para 17/01/2012 (=) R$ 30.022,40

Juros(30 dias-1,00000%) (+) R$ 300,22

Sub Total (=) R$ 30.322,62

Valor total (=) R$ 30.322,62

Memória analítica do cálculo

Valor inicial 30.000,00


Data inicial 18/12/2011
Data final 17/01/2012
Periodicidade Mensal
Metodologia de cálculo Calculado pro-rata die.

Termo inicial Termo final Variação do período Valor


18/12/2011 01/01/2012 -0,0542 (%) 29.983,74
01/01/2012 17/01/2012 0,1290 (%) 30.022,40

Acréscimos de juro, multa e honorários

Juros(30 dias-1,00000%) (+) R$ 300,22

Sub Total (=) R$ 30.322,62

Valor total (=) R$ 30.322,62

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drcalc.net/correcao2.asp?descricao=&valor=30000%2C00&diainiSelect=18&mesiniSelect=12&anoiniSelect=2011&diafimSelect=17&mesfimSelec… 1/1

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