Você está na página 1de 10

DIREITO PROCESSUAL CIVIL III –

AULA 2
Precedentes em espécie
DPC III – AULA 2
• A) Súmulas vinculantes: “criada” pela EC 45/2004 (art. 103-A da CRFB)
• Regulada pela Constituição Federal e pela Lei 11.417/2006.
• Vincula os órgãos do Poder Judiciário e a administração pública direta e indireta.
• Características: i) efeito vinculante (pode haver regulação de efeitos por decisão de 2/3 dos
seus membros). Cabe reclamação para o STF contra o ato administrativo ou decisão judicial
que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, além de outros recursos ou
meios de impugnação da decisão. Se procedente a reclamação, o ato administrativo será
anulado ou determinará a prolação de outra decisão.
• ii) objeto: interpretação ou verificação da validade e da eficácia de normas determinadas, que
sejam controvertidas entre órgãos judiciários, ou entre esses e a administração pública,
acarretando grave insegurança jurídica e multiplicação de processos de questão idêntica. Deve
ser sobre matéria constitucional.
DPC III – AULA 2
• iii) Competência: STF.
• iv) Revisão ou cancelamento: a) ocorre quando revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição
de enunciado de súmula vinculante; b) procedimento específico perante o próprio STF
• v) Iniciativa: pode ser por ofício ou por provocação. Legitimados: Presidente da República; Mesa do
Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados, PGR; Conselho Federal da OAB; DPG União; partido
político com representação perante o Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe
de âmbito nacional; Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; Governador do
Estado ou do DF; os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça, os TRFs, TRTs, TREs e os Tribunais
Militares. Município também pode propor incidentalmente ao curso do processo em que seja parte.
• vi) Procedimento: instaurado o procedimento, é possível a manifestação de terceiros interessados, após
sendo objeto de deliberação pelo Tribunal Pleno. Os Ministros votam na proposta e podem, ainda,
definir os efeitos temporais da súmula aprovada.
DPC III – AULA 2
• B) Incidente de Assunção de Competência: art. 947, do CPC
• Trata-se de um instituto de formação de precedente obrigatório.
• Técnica de deslocamento “interna corporis” de um caso a um órgão colegiado, de maior envergadura, para solucionar uma questão de direito com grande
repercussão social e sem repetição em múltiplos processos.
• Não é julgado em qualquer órgão colegiado, é deslocado para um órgão colegiado mais qualificado (pode ser uma seção, ou pleno de algum tribunal).
• É bem mais raro identificar casos de IAC, que IRDR.
• São requisitos do IAC:
• Questão de direito relevante
• Haja grande repercussão social
• Não pode ser uma questão objeto de múltiplos processos
• Recurso, remessa necessária ou ação originária no tribunal.
• Há assunção de competência quando existe divergência jurisprudências entre câmaras ou turmas de um tribunal – há duas hipóteses de assunção de
competência, uma delas é quando há essa divergência entre as câmaras (art. 947, §4º).
DPC III – AULA 2
• Legitimados para requerer o IAC:
• Ministro/Desembargador-relator, de ofício. Partes do processo, Ministério Público ou Defensoria Pública (art.
947, §1º).
• Havendo a instauração do IAC, o julgamento do mesmo, e também do recurso, ação, ou remessa necessária,
ocorre pelo órgão indicado pelo regimento interno.
• No TJERJ, a competência para julgar o IAC é da seção cível. Pode haver audiência pública, intervenção de
amicus curiae.
• Definida a tese jurídica, julgado o IAC, essa deve ser observada pelo juízes e órgãos fracionários (o tribunal se
divide em câmaras, quando se trata do TJ, ou turmas, quando se trata do TRF) do tribunal.
• O IAC se diferencia dos recursos repetitivos por não haver múltiplos processos.
• Teoricamente podemos afirmar que quando há julgamento do IAC, não é necessário haver suspensão dos
processos, por conta de não envolver múltiplos processos.
• O IAC pode ser instaurado em qualquer tribunal e depende de CAUSA PENDENTE no Tribunal.
• É possível aplicar, por analogia, o regramento recursal do IRDR.
DPC III – AULA 2
• C) DEMANDAS REPETITIVAS
• Dois tipos: RE/Resp repetitivo; IRDR
• C.1) Recursos repetitivos: art. 1036 ao art. 1041, CPC.
• Se as mesmas questões jurídicas estão aparecendo em diversos processos, trata-se de demanda repetitiva;
• O tribunal de origem que fará o juízo de admissibilidade do recurso, também é ele que identifica se a demanda é repetitiva ou
não;
• Se a questão for repetitiva, haverá o juízo de escolha dos recursos, ou seja, alguns recursos serão escolhidos, esses são
chamados de recursos representativos da controvérsia, responsáveis por representar a discussão.
• Os recursos escolhidos são mandados para o tribunal superior. Durante esse processo, o presidente ou vice-presidente do
tribunal local suspenderá os processos que abarcam a questão jurídica em discussão.
• No tribunal superior, o relator analisará se é caso de haver julgamento repetitivo, se assim for, determinará por ofício a
suspensão de todos os processos relativos à questão, em todo território nacional.
• O relator irá instruir o julgamento, pode solicitar que outros tribunais remetam processos que abordam o tema, também pode
haver a participação do amicus curiae, há possibilidade de ser designada uma audiência pública.
• No julgamento será fixada a tese jurídica, que será reaplicada a todos os processos que estavam suspensos e aos novos casos.
DPC III - AULA 2
• C.2) IRDR: art. 976, do CPC.
• Esses incidentes de formação de precedentes podem se vincular a duas situações distintas: i) causa piloto; ii) procedimento
modelo (alemão)
• Há discussão que pode ser instaurado quando a ação está em andamento na 1ª instância. A tendência, no STJ, é exigir causa no
Tribunal.
• São requisitos do IRDR:
• Questão de direito repetida em múltiplos processos;
• Risco de ofensa à segurança jurídica e isonomia. * É preciso que haja decisões divergentes ou basta uma grande quantidade de
processos, mesmo que haja uma jurisprudência pacífica?
• Legitimados para requerer o IRDR (art. 977):
• O juiz na primeira instância, ou o relator na segunda instância, por meio de ofício (O juiz pode identificar que há uma
demanda repetitiva em vários processos).
• A parte, ministério público e a defensoria pública.
• Os legitimados irão remeter uma petição ou ofício para o tribunal competente;
• O IRDR só pode ser remetido ao tribunal local (TJ ou TRF). O STJ entende ser possível IRDR no referido Tribunal em dois
casos: competência originária e competência recursal ordinária. No STF não é possível.
DPC III – AULA 2
• Tanto o recurso, que pode ser unilateral, como a demanda, que depende da vontade de ambos, são passíveis de desistência. A
desistência não afeta o IRDR. A tese jurídica não será aplicada ao caso concreto, mas a formulação da norma não é afetada. O
mesmo ocorre com o RE, REsp repetitivo (em relação aos casos que são escolhidos para análise).
• Se o relator do IRDR entender que não há os requisitos para a instauração do mesmo, posteriormente pode ser instaurado com
outro argumento (art. 976, §3);
• Se a questão jurídica estiver para ser julgada pelos tribunais superiores, por meio dos recursos repetitivos, não haverá
instauração do IRDR (art. 976, §4). Isso ocorre por conta da abrangência do recurso repetitivo (nacional).
• O órgão que julga o IRDR é aquele indicado pelo regimento interno (TJERJ é a seção cível) – art. 978.
• Se a causa estiver no tribunal (por meio de recurso, remessa necessária, ou ação de competência originária), além da formação
da tese jurídica haverá o julgamento do recurso ou ação originária (aproximação ao sistema da causa piloto).
• Observações a respeito do IRDR:
• Possui abrangência local ou estadual;
• Os processos ficam suspensos: a suspensão não é obrigatória e pode ser estabelecida a partir de algum determinado momento
processual;
• O relator do recurso do tribunal pode pedir instauração, também, do IRDR; o juiz pode oficiar ao Presidente do Tribunal para
informar a existência de questão de direito repetitiva.
DPC III – AULA 2
• O juízo de admissibilidade vai levar em conta os requisitos para instaurar o IRDR. Após esse juízo, vai ser definida a questão de direito; a
suspensão dos processos locais. Podem também requerer informações aos órgãos jurisdicionais, em que tramitam as demandas. Por fim,
haverá intimação do MP, se ele não tiver instaurado o IRDR (art. 982).
• As partes, MP e DP, uma vez admitido o IRDR poderão requerer a suspensão dos processos, ainda que estejam em andamento, que
abordam as questões relativos ao IRDR já admitido no STJ e STF;
• Qualquer parte terá permissão para requerer a suspensão do processo em todo território nacional.
• A suspensão dos processos em âmbito nacional, só perdura se for reconhecido a interposição de recurso especial (STJ) ou extraordinário
(STF). Se não for interposto recurso, a suspensão só dará em âmbito local.
• Instrução do IRDR:
• Pode haver intervenção do amicus curiae, realização de audiência pública para interposição de terceiros (art. 983);
• Audiência pública = manifestação da sociedade civil, isso traz legitimidade para a formação dos precedentes.
• Realizada essa instrução, o relator vai marcar uma data para o julgamento (art. 984 – traz aspectos de como dará o julgamento):
DPC III – AULA 2
• JULGAMENTO: Leitura do relatório;
• É possível que haja sustentação oral das partes e do MP. Podem falar os demais interessados, amicus curiae, por
exemplo, desde que tenha se inscrito dois dias antes;
• O acórdão formado deve abranger todos os argumentos apresentados e a formulação da tese defendida;
• Cabe recurso do julgamento (Recurso extraordinário, para as matérias constitucionais e Recurso especial, quando se
tratar de legislação infraconstitucional);
• *para a instauração do recurso extraordinário deve haver repercussão geral da matéria abordada (filtro dos recursos
extraordinários), ou seja, a questão discutida transcende os interesses das partes, deve haver um impacto econômico,
social. No IRDR essa repercussão é presumida. O julgamento desse recurso tem abrangência em âmbito nacional (art.
987). Esse recurso tem efeito suspensivo “ex lege”, isso afeta todo mandamento do feito sobre a questão.
• SE A TESE NÃO FOR OBSERVADA PELOS JUIZES SUBORDINADOS AO IRDR, CABE RECLAMAÇÃO.
• *o RE pode ser apresentado pelo MP, partes, DP e amicus curiae.

Você também pode gostar