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Os crimes sexuais constituem uma quadra do direito penal onde a moral e o direito se
cruzam de uma maneira muito forte, isso nos curva a forma ao fato que nos é levado.
O nosso código de 40, a sociedade vai se atualizando e alguns crimes vão se perdendo,
exemplo adultério.
HISTÓRICO:
O código trazia no título dos crimes sexuais, a referência aos costumes, o que levava
autores como Guilherme Nucci a criticar tal expressão sobre prisma de se pretender
criminalizar comportamentos sexuais que não coincidam com a vontade da maioria, todavia
não era esse sentido apresentado por Nelson Hungria, para quem o legislador punia não era
uma moral pudica ou religiosa, mas sim aquele tipo de comportamento de conteúdo sexual e
escapava da normalidade do exercício da liberdade sexual causando lesões a interesses
individuais.
Você tem direito a escolher com quem você tem contato de conteúdo sexual, se isso
não está sendo respeitado, será crime.
Casa de swing é possível ser considerada uma casa de prostituição, casa para fins
libidinosos? Não, pois não ocorre a exploração sexual. Não atrai pessoa para exploração, o que
se tem ali é, em tese, é a prática liberdade sexual – Luz do 227 CP nova redação.
Autores como Guilherme Nucci aplaudiram a terminologia dignidade sexual, com o que
se alinha os crimes sexuais ao princípio da dignidade humana. Todavia, a melhor lição aparece
em Franciso muñoes conde, que tem adesão de Bittercout no brasil, que sustenta que os
crimes sexuais estão envoltos em um contexto valorativo que poderia ser identificado como
uma moral sexual, ou seja, os limites da ordem moral sexual, dento da qual o instinto sexual
das pessoas, podem se desenvolver legitimamente.
No livro de Rógerio Greco, em sua introdução diz que, o titulo VI do código penal, com
a redação dada pela Lei nº 12.015 de 7 de agosto de 2009, passou a prever os chamados
Crimes contra a dignidade sexual, modificando, assim, a redação anterior constante do
referido Título, que previa os Crimes contra os costumes.
A título de exemplo, veja-se que ocorre com o crime de esturpo, que se encontra no
capítulo relativo aos crimes contra a liberdade sexual. Aqui, como se percebe, a finalidade do
tipo penal é a efetiva proteção da liberdade sexual da vítima e, num sentido mais amplo, sua
dignidade sexual.
CONSIDERAÇÕES GERAIS:
Os crimes sexuais são como regras, crimes comuns, aparecendo em certas condições
especiais como causa de aumento de pena como de forma mais restrita como crimes próprios,
ex: assédio sexual –precisa ascendência de hierarquia entre vitima e autor.
Os crimes são todos dolosos e alguns deles que envolvem violência ou grave ameaça,
possuem modalidade qualificadas pelo resultado, ex: estupro que resulta de lesão grave ou
morte.
Liberdade sexual se traduz como o primeiro objeto de tutela dentro dos crimes
sexuais, ela corresponde a faculdade de livre escolha sobre a disposição do próprio corpo no
tocante a fim sexuais.
Em 1º de agosto de 2013, foi editada a Lei nº 12.845, que passou a dispor sobre o
atendimento obrigatório e integral de pessoas em situações do violência sexual, tendo o
próprio diploma legal, em seu art. 2º, conceituado violência sexual praticado contra pessoas
consideradas vulneráveis, a exemplo dos menores de 1 anos, ou alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática de ato, ou de
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular,
relativos a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (whatsApp) e obtida
diretamente pela policia, sem prévia autorização judicial.
Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a Lei
nº 12.015/2009 deve alcançar os delitos previstos nos art. 213 e 214 do Código Penal,
cometidos antes de sua vigência.
Após o advento da Lei nº 12.015/2009, que tipificou no mesmo dispositivo penal (art.
213 do CP) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, é possível o reconhecimento
de crime único entre as condutas, desde que tenham sido praticados contra a mesma vítima e
no mesmo contexto-fático.
Sob a normativa anterior a Lei nº 12.015/2009, na antiga redação do art. 224, a do CP,
já era absoluta a presunção de violência nos crimes de estupro e de atentado violento ao
pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que está anuísse
voluntariamente ao ato sexual.
A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos arts. 213 e
art. 217- A do CP, sendo irrelevante para a consumação dos delitos, que haja contato físico
entre ofensor e vítima.
A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de
aumento de pena prevista no art. 226, II do CP, por sua evidente posição de autoridade e
ascendência sobre os alunos.
Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f,
concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, no crime
de estupro.
No estupro de vulnerável (art. 217- A, caput, do CP), a condição de a vítima ser criança
é elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da agravante genérica
prevista no art. 61, II,h do CP, sob pena de bis in idem.
A orientação da Sumula nº 593/ STJ não importa na retroatividade da lei penal mais
gravosa (novatio legis in pejus) e apresenta adequada intepretação jurisprudencial das
modificações introduzidas pela Lei nº 12.015/2009.
A conduta daquele que pratica conjução carnal ou outro ato libidinoso com menor de
18 anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração sexual somente foi
tipificada com a entrada em vigor da Lei nº 12.015/2009, que inclui o art. 218-B §2º, I no CP,
não podendo a lei retroagir para incriminar atos praticados antes de sua entrada em vigor.
O segredo de justiça previsto no art. 234-B do código penal abrange o autor e a vítima
de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus nomes.
Reconhecida a existência de crime único entre condutas descritas no art. 213 e art.
214 do CP, unificadas pela Lei nº12.015/2009 na redação do novo art. 213, compete ao juízo
das execuções o redimensionamento de pena imposta ao condenado, conforme a sumula
nº611 do STF.
- ART.213 (ESTUPRO)
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de
18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
O estupro é uma palavra que deriva de estuprum, que significa desonra e denota a
prática de atos sexuais com homens ou mulheres por meio de violência, trata-se de um crime
material de ação livre que se consuma com a prática do ato libidinoso por parte da vítima. A
pessoa é o objeto material da conduta.
Conjunção carnal é o sexo natural, pênis na vagina, naturalmente só poderia dar entre
homem e mulher. Não exige mais a lei penal, para fins de caracterização do estupro, que a
conduta doa gente seja dirigida contra uma mulher. No entanto, esse constrangimento pode
ser dirigido finalisticamente à pratica da conjunção carnal, vale dizer, a relação sexual
heterossexual, o coito vagínico, que compreende a penetração do penetração do pênis do
homem na vagina da mulher.
Obs.: A conjugação de diversos fatores que faz com que a vítima, mesmo depois de
violentada, não comunique o fato à autoridade policial, fazendo parte, assim, daquilo que se
denomina cifra negra.
Foi adotado, portanto, pela legislação penal brasileira, o sistema restrito no que diz
respeito à interpretação da expressão conjunção carnal, repelindo-se o sistema amplo, que
compreende a cópula anal ou mesmo o sistema amplíssimo, que inclui, ainda, os atos de
felação (orais0
A reunião em uma única figura de todos os atos libidinosos, torna mais difícil a
ocorrência da tentativa pois qualquer contato libidinoso, obtido por violência ou grave ameaça
já consuma o delito. – o atentado violento ao pudor foi revogado.
Essa reunião de tipos penais gerou uma discussão na doutrina quanto a natureza do
tipo, se misto alternativo ou misto cumulativo. Para Renato Fabbrini e Rogério greco, o crime
seria um tipo misto cumulativo, atos libidinosos institutos no mesmo contexto, configurariam
concurso material.
Não há qualquer diferença, o ato em si é libidinoso, de satisfação da lasciva. Se for para passar
doença é art. 130.
Não, não precisa ter ereção e pode ser qualquer ato libidinoso, de índole variada.
Sim.
Ex: marido e mulher turistas entram em uma van com 3 homens, um dirige, outro constrange e
o outro estupro – coautoria.
Obs.: Ameaça é meio para atingir o estupro. Assim, como ameaça a roubo a banco.
Ato libidinoso: É todo aquele que se apresenta como desafogo completo ou
incompleto a concupiscência (ao prazer), ato que objetivamente é atentatório ao pudor, pois
isso contrasta com a moral sexual. É o impulso a satisfação da lascívia, objetivamente o ato
libidinoso deve assumir no meio social um sentido sexual. Subjetivamente deve consistir numa
finalidade libidinosa.
Dizia Hungria que como regra deve haver contato físico entre autor e vítima ou que
pelo menos, entre em jogo o corpo da vítima para o fim libidinoso.
É necessário contato físico com a vítima para que se configure o atual delito de estupro
na parte em que corresponde ao antigo atentado violento ao pudor? O ato libidinoso exige
contato físico autor-vítima?
Quem constrange a se despir para que outro contemple comete este crime?
STJ: criança de 7 anos levada ao motel por uma mulher para que homem se
masturbasse, é ato libidinoso. – Estupro de vulnerável.
Não, pode correr outros atos libidinosos que não seja conjunção carnal.
A violência pode ser mantida contra terceiros e a vitima outra? Sim, funciona como
uma grave ameaça.
A grave ameaça, ou vis compulsiva, pode ser direita, indireta, implícita ou explicita. A
violência sobre coisa também cabe. Ex: matar cachorro da vítima.
Tem relevância se a grave ameaça é justa ou injusta? No crime de ameaça é que deve
ser injusta. O delito que deve ser injusta. O delito que é base para o estupro é o
constrangimento ilegal, logo, é indiferente se a ameaça é justa ou injusta.
As vias de fato e as lesões corporais de natureza leve são absorvidas pelo delito de
estupro, pois quem fazem parte da violência empregada pelo agente. Se da conduta praticada
pelo agente resultar lesão corporal de natureza grava ou a morte da vítima, o esutpro será
qualificado, nos termos dos §§1º e 2º do art. 213 do Código Penal.
Diferentemente do que ocorria na lei anterior, os resultados de lesão grave e morte
estão hoje conectados com a conduta e não apenas com a violência, ao tempo da redação
original Hungria, Fagroso e Noronha diziam que apenas os resultados culposos estariam ali
inseridos, com a elevação da pena do estupro para o resultado morte para 30 anos, surgiu uma
controvérsia na doutrina, para rogerio greco e Luiz Regis prado e Luciano Souza, os resultados
ali mencionados seguem sendo culposos.
Autores como Guilherme Nucci e Renato fabrini sustentam que os resultados mais
graves podem ser atribuídos tanto por dolo (eventual) quanto por culpa, Fabrini esclarece que
se houver designo autônomo quanto a esses resultados, dolo direto, passa a haver concurso
material.
Se o estupro não se consuma, mas a morte ocorre, deve haver diminuição de pena da
tentativa?
A lesão corporal de natureza grave, ou mesmo a morte da vítima, deve ter sido
produzida em consequência da conduta do agente, vale dizer, do comportamento que era
dirigido no sentido de praticar o estupro, evitando-se discussões desnecessárias.
No entanto, deve ser frisado que esses resultados que qualificam a infração penal
somente podem ser imputados aos agente a título e culpa, cuidando-se, outrossim, de crimes
eminentemente preterdolosos.
Isso significa que ao agente não poderá ser responsabilizado objetivamente sem que
tenha podido, ao menos, prever a possibilidade de ocorrência de lesões graves ou mesmo a
morte da vítima com seu comportamento.
No entanto, pode ter agido com ambas as finalidades, vale dizer, a de praticar o crime
sexual (estupro), bem como a de causar lesões corporais graves ou a morte da vítima. Nesse
caso, como exposto acima, deverá responder por ambas as infrações penais, em concurso
material de crimes, nos termos preconizados pelo art. 69 CP.
Sempre que o estupro acontecer na rua (lugar público), teremos o crime de estupro
(liberdade sexual) e ato obsceno (pudor público).
Não há necessidade de que o agente atue com a finalidade especial de saciar sua
lascívia, de satisfazer sua libido. O dolo, aqui, diz respeito tão somente ao fato de constranger
a vitima com a finalidade de, com ela, ter a conjunção carnal ou praticar ou permitir que com
ela se pratique outro ato libidinoso, não importando motivação. Se o agente agiu com a
finalidade, por exemplo, de humilhar ou mesmo vingar-se da vítima, tal fato é irrelevante para
efeitos de configuração do delito, devendo ser considerado, no entanto, no momento a
aplicação da pena, tal como acontece hipótese do chamado estupro corretivo, inserido na
aline b do inciso IV do art. 226 CP, através da Lei 13.718, de 24 de setembro de 2018, que
prevê um aumento de 1/3 a 2/3 se o crime for praticado para controlar o comportamento
social ou sexual da vítima.
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação dada
pela Lei nº 13.718, de 2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é
idosa ou pessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Sujeitos:
A) Ativo: qualquer pessoa
B) Passivo: qualquer pessoa. Conduto, quando a finalidade for a conjunção carnal, o sujeito
passivo, obrigatoriamente, deverá ser do sexo oposto, pressupondo uma relação
heterossexual.
Objeto material:
A) Pessoa quando a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente
Bens juridicamente protegidos
a) A liberdade e a dignidade sexual, bem como o desenvolvimento sexual.
Exame de corpo de delito:
A) Como regra, o estupro, se houver penetração vaginal ou anal, é uma infração penal que deixa
vestígios, razão pela qual, nos termos do art. 158 CPP, haveria necessidade de realização do
exame de corpo de delito, direto ou indireto.
B) No entanto, há situações em que tal exame se faz completamente desnecessário, permitindo a
condenação do agente mesmo diante da sua ausência nos autos.
Elemento subjetivo
a) É o dolo
b) Não é admissível a modalidade culposa, por ausência de disposição legal.
Modalidade comissiva e omissiva:
A) O núcleo constranger pressupõe um comportamento positivo por parte do agente, tratando-se,
pois, como regra, de crime comissivo.
B) No entanto, o delito poderá ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar
de o agente gozar do status garantidor (art. 13§2º do CP).
Ex: Uma mulher vendo um homem de capa preta achando que é alguém que queira matar seu
marido, mantém ato sexual com ele para evitar o crime, mas na verdade era um pescador.
Diferente do estupro, aqui é como se fosse uma impossibilidade de reagir relativa, uma
vez que em algum momento a vitima pode se dar conta do que está acontecendo.
A total inconsciência é 217 -A, não importa se o ato foi doloso ou se aproveitou.
SUJEITOS:
OBJETO MATERIAL
Poderá ser tanto o homem quanto a mulher, devendo ser ressltado, no entanto, que,
quando estivermos diante de uma conjugação carnal, a relação deverá ser, obrigatoriamente
heterossexual.
ELEMENTO SUBJETIVO
A) É o dolo
B) Não há previsão legal para a modalidade de natureza culposa
Consumação e tentativa
O delito de violação sexual mediante fraude se consuma, na sua primeira parte, com a
efetiva penetração do pênis do homem na vagina da mulher, não importando que esse
penetração seja total ou parcial, não havendo, inclusive, necessidade de ejaculação. No que diz
respeito à segunda parte, o delito se aperfeiçoa quando o sujeito ativo pratica qualquer ato
libidinoso com o sujeito passivo. É importante frisar, no entanto, que, dada a gravidade da
pena prevista para essa infração penal, somente aqueles atos que importem em atentados
graves contra a liberdade sexual é que poderão ser reconhecidos como característicos do tipo
penal em estudo.
art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
O delito do 215-A não se confunde com o 213 pela presença da elementar violência com grave
ameaça.
Importante salientar que os atos são praticados, como regra, pelo agente e nele próprio, pois
caso fossem levados a efeitos na vítima o fato se configuraria em outra infração penal, a
exemplo do estupro. Assim, v.g., imagina-se a hipótese em que, no interior de um veículo
coletivo, um homem perceba que uma mulher esteja vestida com uma saia e, valendo-se dessa
situação, dela se aproxima e coloca sua mão entre as pernas da vítima, chegando à vagina.
Nesse caso, não poderíamos falar, tão somente, em importunação sexual, mas sim em crime
de estupro.
A conduta do agente deve ser dirigida a satisfazer a própria lascívia (luxúria, prazer
sexual) ou mesmo a de terceiro. Aqui também existe uma forma de proxenetismo, em que o
agente pratica os atos contra alguém, para que o terceiro, o voyeur, se satisfaça, com atos de
contemplação. Nesse caso, ambos responderão pela infração penal em estudo, em concurso
de pessoas, ou seja, tanto aquele que pratica o ato libidinoso, quanto aquele que ali se
encontrava tão somente para apreciar o agente na sua atuação.
SUJEITOS:
OBJETO MATERIAL:
ELEMENTOS SUBJETIVOS
O dolo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O delito se consuma com a prática de qualquer ato libidinoso contra alguém, sem a
anuência, que tenha como objetivo satisfazer a lascívia do agente ou a de terceiro.
Autores como Guilherme nucci defendem a necessidade de uma relação de trabalho para
configuração do tipo penal, a expressão com o intuito de obter vantagem é o especial fim de
agir do delito, que se consuma com o constrangimento da vitima.
Crime material.
STJ: caso professor e aluna. - Embora a maioria da doutrina não admita assedio sexual em
relação de professor e aluna, o STJ seguindo o entendimento de Damásio de jesus, ampliou a
compreensão para compreender que existe ascendência entre professor e aluno. - RESP
17591325/SP
Não pode ser favor prestado por terceiro e antes da relação de trabalho. – atípico.
Estelionato nos casos de relacionamento é difícil fazer prova, reiteração em causar prejuízo –
171.
Em caso da prostituta, não houve contraprestação – estelionato, liberdade sexual não foi
afetada.
SUJEITOS:
OBJETO MATERIAL:
É a pessoa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente, seja ela do sexo
feminino ou masculino.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Essas condutas devem ter sido levadas a efeito a fim de produzir, fotografas, filma ou
registar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo e privado. Assim, não é somente o registro não autorizado de imagens da vítima
que se configura na infração penal sub examen, mas sim aquelas imagens de conotação sexual,
a exemplo do agente que fotografa ou mesmo filma a vítima tomando banho ou trocando de
roupa em situação que esteja nua (cena de nudez), ou praticado algum ato sexual ou libidinoso
de caráter íntimo e privado, tal como ocorre quando a vítima está mantendo relações sexuais,
ou mesmo se masturbando.
Para configurar o conteúdo tem que ser realizado sem a expressa, ou mesmo tácita,
autorização dos participantes. Afirmamos que essa autorização poderá ocorrer de forma
tácita, a exemplo do que ocorre quando a vítima percebe que será fotografada ou mesmo
filmada pelo agente, em cenas de nudez ou mesmo praticando ato sexual ou libidinoso e,
ainda assim, os continua realizando, dado mostras de que não se importava em ter esses atos
registrados.
O parágrafo único do art. 216- B determina, ainda, que incorrerá na mesma pena
quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio, ou qualquer outro registro com o fim de
incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. Esse fato tem
sido corriqueiro, principalmente naquilo que se convencionou denominar “memes”, ou seja,
situações em que pessoa envolvida é colocada numa condição que a ridiculariza.
SUJEITOS
OBJETO MATERIAL
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Crime de mera conduta, o delito se consuma no exto instante em que o agente produz,
fotografia, filma ou regista, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexua ou
libidinoso de caráter intimo privado sem autorização dos participantes.
O delito do art 216 B, tutela a intimidade sexual que deve ser afastada de registros não
autorizados.
O crime do art. 216- B tem como corolário o fenômeno chamado de pornografia de revanche
que em gera atinge a mulher que configura uma das formas de violência psicológica da lei
maria da penha, o tipo penal, entretanto não se limita a proteger a mulher, mas qualquer
pessoa que seja vitima do registro não autorizado, o crime é doloso e admite tanto dolo direto,
quanto eventual
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou
sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por
agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de
vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
O concurso entre os tipos penais 216 b e 218 c é resolvido no concurso material, porém a
melhor posição é de Luciano Anderson de Souza: I- se o sujeito grava sem autorização para
divulgar ocorre uma progressão criminosa e prevalece 218 C; II- se ele grava sem autorização e
posteriormente surge o dolo de divulgar, haverá concurso material;
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
O Tipo penal do estupro de vulnerável é tipo misto alternativo, é crime material e se consuma
com a pratica do ato libidinoso.
Diferença de 5 anos para afastar o crime – romeo and juilet law – STJ afastou o debate.
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
e se o menor induzido pelo agente um ato sexual com o terceiro responde pelo estupro de
vulnerável? ou se trata de exceção plurista?
2 correntes:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art.218 c/c 12 – forma especial de corrupção de menores. Você agrada o terceiro trazendo o
menor para poder ver.
A doutrina discute a necessidade de presença física do menor no local do ato para Guilherme
nucci não é necessário, podendo ocorrer através de uma webcam, para bitencort e renato
fabrini é necessário que o menor esteja na presença daqueles que realizam o ato sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
A doutrina sustenta em parte que não há delito por parte do cliente da prostituta maior de 14
e menor de 18 se não houver exploração sexual.
Há outra parte da doutrina que sustenta que ele responde sobre esse crime.
Crimes contra a família. Crimes contra o casamento. Crimes contra o estado de filiação. Crimes
contra a assistência familiar. Crimes contra o poder familiar.
1) Considerações gerais:
a) Definição e evolução histórica.
b) Bem jurídico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade objetiva e subjetiva.
c) Exame dos principais delitos.
2) Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
3) Aspectos controvertidos.
4) Concurso de crimes.
5) Pena e ação penal.
Mais tarde, a lei 13.344/16 alterou o CP de maneira que o artigo 231 e 231-A saíram dessa
parte, tendo ido parar no crime de sequestro (= crimes contra liberdade individual, artigo 149-
A, CP). Não houve abolitio criminis, mas sim aplica-se o princípio da continuidade típico
normativa, que traz a readequação da figura típica.
Revogação de um artigo, sem que haja abolitio criminis (realocado): princípio da continuidade
típica normativa, do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual que foi parar no capitulo
dos crimes contra liberdade individual.
O artigo de 232- A também não está no lugar certo. Diz respeito a migração ilegal e não contra
a dignidade sexual.
Pena - reclusão, de um a três anos. – cabível suspensão condicional do processo, mas não
é infração de menor potencial ofensivo
No 227 é naquele que eu não tenho a vitima prostituída anteriormente, 3 figura aqui:
O “a” induz o “b” a satisfazer o “c”- o A não vai só fazer nascer a ideia, mas também
convencer, a vitima é convencida pelo proxeneta. A é o sujeito ativo, sujeito passivo é aquele
que foi induzido e C é aquele que teve sua lascívia satisfeita. Comportamento sexual para
satisfazer os desejos de alguém.
Esse alguém que vai satisfazer é uma pessoa determinada, fora isso é o artigo 228 (pessoa ou
grupo de pessoa indeterminada).
O proxeneta não satisfaz o próprio libido, não existe também uma contraprestação com o
agente.
A conduta do agente, portanto, deve ser dirigida finalisticamente a induzir alguém a praticar
qualquer ato de natureza sexual, capaz a satisfazer a lascívia de outrem.
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual
( lenocínio principal), facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone
(len: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
Prostituição é o comercio do corpo, com relação a pessoa que se prostitue não comete crime
algum, por conta do princípio da lesividade (proibição da incriminação de numa atitude
interna, proibição de uma conduta que não ultrapasse o âmbito do próprio autor, proibição da
incriminação de uma conduta ou estado existenciais, proibição da incriminação de conduta
que não afetem o bem jurídico tutelado).
Obs.: autolesão para conseguir dinheiro do seguro, violação do bem jurídico patrimônio.
Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
De acordo com a nova redação legal, pdoemos destacar os seguintes elementos que compom
a mencionada figura típica:
O que é o delito habitual? A corrente que a prof acha certo, Ele vai analisar a finalidade de
pratica reiterada, então pelo primeiro exemplo que o um único ato é um indiferente legal, no
caso do exercício legal da medicina, o cara aluga um imóvel para exercer a medicina, ele fez
um único atendimento mas está com a agenda cheia, o crime seria atípico pois não admite
tentativa de crime habitual. Mas a outra corrente, requer que demonstre de forma inequívoca
que ali terá o crime reiterado e caberia tentativa.
RUFIANISMO
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.
Natureza econômica, e não sexual. Na primeira delas, o agente participa diretamente dos
lucros auferidos com a prostituição alheia. Atua como fizesse parte do negocio
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada
ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: Incluído
pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Incluído pela Lei nº 13.445, de
2017 Vigência
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter
vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente
em país estrangeiro. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: Incluído pela Lei nº
13.445, de 2017 Vigência
I - o crime é cometido com violência; ou Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Repercussão geral: tema 989 – discussão sobre a constitucionalidade do art. 233 do código
penal (praticar ato obscenoem local publico, ou aberto ou exposto ao publico) por suposta
afronta ao principio da reserva legal (art. 5º XXXIX, da constituição da republica) no que se
refere a taxatividade do tipo penal descrito.
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio,
de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto
obsceno:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste
artigo;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação
de caráter obsceno
O termo bigamia é dirigido somente àquele que, já sendo casado, contrai novo casamento.
Isso significa que o outro cônjuge que contraiu casamento sem que, para tanto, houvesse
qualquer óbice legal que fosse de seu conhecimento, até mesmo o status de casado do outro
cônjuge, não pratica a infração penal em estudo.
Por outro lado, aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, será responsabilizado pelo tipo derivado privilegiado,
constante do § 1º do art. 235 do Código Penal, sendo-lhe cominada uma pena menor do que a
que seria atribuída ao agente casado
Vale lembrar que um dos documentos exigidos no processo de habilitação para casamento é a
declaração feita pelos requerentes, na qual fica consignado o seu estado civil, ao praticar o
delito de bigamia o agente, obrigatoriamente, comete, também, um delito de falsidade
ideológica (crime-meio), sendo este, no entanto, absorvido pelo crime fim, vale dizer, o de
bigamia.
Para que ocorra o delito em questão, faz-se mister que o agente já seja casado legalmente,
isto é, que o seu casamento anterior tenha sido válido de acordo com as normas da legislação
civil
Não se pode falar em bigamia quando o agente, por exemplo, mantinha anteriormente com
alguém união estável, mesmo que dessa relação tenha advindo filhos. Não se pode, por via
analógica, ampliar o conteúdo da figura típica que somente exigiu a existência de um
casamento anterior, como um dos elementos necessários ao reconhecimento do delito de
bigamia.
Da mesma forma, a cerimônia religiosa que oficializou, perante a Igreja, a união de duas
pessoas, se não obedecer às formalidades legais, determinadas pelo art. 1.515 do Código Civil,
não se prestará para efeitos de reconhecimento do casamento anterior, não servindo como
impedimento do casamento futuro, que, se ocorrer, não se configurará, consequentemente,
em bigamia.
O casamento anterior, contudo, mesmo que inválido, enquanto não for declarado
judicialmente como tal, permitirá o reconhecimento do delito sub examen. Entretanto, nos
termos do § 2º do art. 235 do Código Penal, se for anulado por qualquer motivo o primeiro
casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime
Obs.: art. 298: falsidade material, é o documento em si, a perícia pega. Diferente do art. 399
que é falsidade ideológica que é o conteúdo do documento, a pericia não pega.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crime próprio com relação ao sujeito ativo, pois o tipo penal
exige que o agente seja casado, e comum com relação ao sujeito passivo; doloso; comissivo
(podendo ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de
garantidor); material; de forma vinculada; instantâneo; plurissubjetivo (haja vista que
necessita, obrigatoriamente, de uma outra pessoa para efeitos de configuração típica,
tratando-se, pois, de um delito denominado bilateral, de encontro ou de convergência);
plurissubsistente; não transeunte (tendo em vista a possibilidade de prova pericial no que diz
respeito à documentação necessária ao reconhecimento do casamento).
Isso porque no que diz respeito ao agente que, não sendo casado, contrai casamento com
pessoa casada conhecendo essa circunstância, tem-se afirmado, doutrinariamente, que sua
conduta somente será punível se agir com dolo direto, afastando-se a responsabilidade penal
na hipótese de dolo eventual. Isso porque o § 1º do art. 235 exige que o agente tenha
conhecimento do casamento anterior do outro agente
2. INÍCIO DA CELEBRAÇÃO
• OCORRE BIGAMIA
Poligamia – Concurso de crimes Embora o tipo penal do art. 235 do diploma repressivo preveja
o delito de bigamia, será possível, também, a ocorrência da chamada poligamia, tendo o
agente se casado mais de uma vez depois de seu primeiro matrimônio. Nesse caso, teríamos
que aplicar a regra relativa ao concurso de crimes.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-
lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.
Ninguém pode ser enganado para que se case com outra pessoa. Esse vício de vontade, além
de permitir a anulação (art. 1.550 do CC), ou mesmo conduzir à sua nulidade (art. 1.548 do CC),
em algumas situações, a exemplo do que ocorre com o art. 236 do Código Penal, configura-se
em infração penal.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito
à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior
ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância,
anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do
outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu consorte.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Ao contrário do que aduz parte da doutrina, o crime é comum
tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto, ao sujeito passivo, haja vista que o tipo penal
não exige nenhuma qualidade ou condição especial, pois a qualidade de cônjuge somente
surgirá depois do cometimento do delito, e não antes dele; doloso; comissivo (uma vez que o
tipo penal exige o núcleo contrair, pressupondo um comportamento ativo por parte do
agente; poderá, no entanto, ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente
gozar do status de garantidor); formal, pois, conforme adverte Guilherme de Souza Nucci, o
delito não “exige resultado naturalístico, consistente na efetiva dissolução do matrimônio por
conta do erro ou do impedimento” instantâneo; de forma vinculada; plurissubjetivo;
plurissubsistente; não transeunte
EXIGE-SE EMPREGO DE MEIO FRAUDULENTO, OU SEJA, UMA AÇÃO PRÉVIA QUE ESCONDA O
IMPEDIMENTO
CP Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a
nulidade absoluta: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Tal como a infração penal anterior (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento),
crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo, quanto ao sujeito passivo, haja vista
que o tipo penal não exige nenhuma qualidade ou condição especial, pois a condição de
cônjuge somente surgirá depois do cometimento do delito, e não antes dele; doloso; comissivo
(uma vez que o tipo penal exige o núcleo contrair, pressupondo um comportamento ativo por
parte do agente; poderá, no entanto, ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o
agente gozar do status de garantidor); instantâneo; de forma vinculada; plurissubjetivo;
plurissubsistente; não transeunte.
OBJETO MATERIAL E BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO
O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de conhecimento prévio de
impedimento é a regularidade da constituição do casamento, pois a família, conforme
preconiza o art. 226 da Constituição Federal, é a base da sociedade.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
O casamento, para que seja válido, é revestido de uma série de solenidades consideradas
indispensáveis. Inicialmente, os interessados em contrair matrimônio deverão dirigir-se ao
Cartório de Registro Civil, a fim de darem início ao procedimento denominado habilitação para
casamento, onde serão apresentados os documentos exigidos pelo art. 1.525 do Código Civil
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum, no que diz respeito ao sujeito ativo, e próprio quanto aos sujeitos passivos,
pois exige que a conduta do agente se dirija contra os contraentes já habilitados para o
casamento; doloso; comissivo (podendo, excepcionalmente, ser praticado via omissão
imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor); de mera conduta; de forma
livre; instantâneo; monossubjetivo; podendo ser mono ou plurissubsistente, dependendo da
possibilidade do fracionamento do iter criminis no caso concreto; não transeunte
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Tratando-se de crime de mera conduta, consuma-se o delito tipificado no art. 238 do Código
Penal quando o agente pratica qualquer ato que diga respeito à solenidade de celebração do
casamento, não havendo necessidade que todos os atos sejam levados a termo, inclusive com
a declaração de casados
SIMULAÇÃO DE CASAMENTO
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.
“Simular casamento é fingir casamento, é figurar como contraente de matrimônio numa farsa
de que resulte para o outro contraente a convicção de que está casando seriamente.”
Com a simulação, o agente engana o outro contraente, que acredita estar realizando, com
seriedade e de acordo com as determinações legais
Para configurar o crime é indispensável que a simulação de casamento ocorra por meio de
engano (ardil, fraude, armadilha) do outro contraente. Assim, a simples representação de estar
casando, para ‘pregar uma peça nos amigos’, é insuficiente para caracterizá-lo
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao sujeito passivo; doloso;
comissivo (podendo, excepcionalmente, ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o
agente gozar do status de garantidor); de forma vinculada; instantâneo; monossubjetivo;
plurissubsistente (haja vista a possibilidade que se tem de fracionar o iter criminis); transeunte
(como regra)
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao sujeito passivo; doloso;
comissivo (podendo ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do
status de garantidor); material(pois a sua consumação ocorre com o efetivo registro da
inscrição de nascimento inexistente); de forma livre; instantâneo; monossubjetivo;
plurissubsistente; não transeunte (haja vista que haverá necessidade de comprovação, via
perícia, da inscrição levada a efeito no Cartório do Registro Civil).
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-
nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena – detenção,
de 1 (um) a 2 (dois) anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena
• BEM JURÍDICO:
- ESTADO DE FILIAÇÃO
- ENTIDADE FAMILIAR
A segunda modalidade de comportamento típico diz respeito à conduta de registrar como seu
o filho de outrem, conhecida, popularmente, como “adoção à brasileira”, sendo
extremamente comum sua ocorrência, praticada, principalmente, por famílias que atuam no
sentido de ajudar um amigo, um parente próximo ou, mesmo, uma pessoa estranha que não
possui condições para criar e cuidar de seu filho. Essa é razão pela qual existe o
reconhecimento legal da nobreza do comportamento, criando, assim, nos termos do parágrafo
único do art. 242 do Código Penal, um tipo derivado privilegiado, permitindo-se, ainda, ao
julgador a aplicação do perdão judicial, oportunidade em que deixará de aplicar a pena
Tanto o homem quanto a mulher podem praticar o comportamento típico. Assim, imagine-se a
hipótese em que um homem assuma a paternidade do filho de sua companheira, a quem
conheceu depois do início de sua gravidez. Da mesma forma, responderá por esse delito a
agente que registrar como seu o filho nascido de outra mulher. Também não é incomum que
ambos, marido e mulher, pratiquem o delito em estudo, levando a efeito o registro como se
fossem os pais biológicos da criança, por exemplo.
A lei penal, também no mesmo art. 242, responsabiliza criminalmente aquele que vier a
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
No primeiro caso, o agente oculta o recém-nascido, não levando a efeito o seu registro, com a
finalidade de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil
A supressão ou a alteração de direito inerente ao estado civil, deve fazer parte do dolo do
agente ou, para a doutrina dominante, cuida-se de um elemento subjetivo especial constante
do tipo penal, sem o qual não se poderá reconhecer a infração penal
Na segunda hipótese, ocorre a troca de recém-nascidos. Essa troca pode ocorrer entre
crianças vivas, a exemplo do pai que, desejando que sua esposa tivesse um filho, ao nascer
uma menina, a substitui por um menino, ainda no berçário, levando-o em seguida
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime próprio no que diz respeito à primeira figura (dar parto alheio como próprio) e comum
com relação às demais (registrar como seu filho de outrem, ocultar recém-nascido ou
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil); doloso; comissivo
(podendo ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de
garantidor); de forma livre; material; instantâneo (exceto no que diz respeito ao núcleo
ocultar, que denota sua natureza permanente); monossubjetivo; plurissubsistente; não
transeunte (nas hipóteses, por exemplo, em que seja realizado o registro do filho de outrem,
sendo possível, dessa forma, o exame pericial no documento).
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
“Na primeira figura, verifica-se quando criada a situação duradoura que realmente implique
alteração do status familiae da criança; na segunda, com o efetivo registro de filho alheio como
se fosse próprio; na terceira e quarta figuras, com a supressão ou alteração de direito inerente
ao estado civil. Logo, se da ocultação ou da supressão não resultou a privação de direito do
neonato, haverá unicamente tentativa.”
Existem situações, que não são incomuns, em que o agente pratica o delito tipificado no art.
242 do Código Penal, em qualquer de suas modalidades, impelido por um motivo nobre, que
denota generosidade, altruísmo, humanidade, enfim, sentimentos que merecem ser
considerados para efeito de aplicação da lei penal, ou mesmo para que seja evitada sua
aplicação. Imagine-se a hipótese em que uma mulher, grávida, vivendo em condições de
extrema miséria, morando em um vilarejo muito pobre no interior de uma cidade de nosso
país, resolva abortar, oportunidade em que é impedida por uma família, de condições pouco
melhores do que as dela, mas que, movida por um sentimento de solidariedade, a convença a
levar a gravidez a termo, sob a promessa de que ficaria com a criança assim que ela nascesse.
Depois do nascimento, dada a pouca cultura, a família registra o recém-nascido como filho.
Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou
alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito
inerente ao estado civil:
c) ocultando-lhe a filiação;
O núcleo deixar deve ser interpretado no sentido de entregar, abandonar filho próprio ou
alheio, em asilo de expostos ou outra instituição. A expressão asilo de expostos, que já caiu em
desuso, tem o significado de local onde são entregues crianças abandonadas, a exemplo dos
orfanatos; instituição, a seu turno, de acordo com a interpretação analógica determinada pelo
tipo penal, compreende, além do asilo de expostos, qualquer lugar que se destine ao abrigo de
crianças, como ocorre também com as creches
Uma vez deixada a criança em local que não seja uma das instituições mencionadas pelo art.
243 do Código Penal, o fato poderá se configurar em crime de abandono de incapaz, previsto
pelo art. 133 do Código Penal, ou mesmo exposição ou abandono de recém-nascido. O
comportamento levado a efeito pelo agente deve ser dirigido finalisticamente a prejudicar
direito inerente ao estado civil.
Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta)
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer
descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário
mínimo vigente no País.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer
modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
Pensando no dever de solidariedade ligado intimamente à família, o tipo penal do art. 244
prevê o delito de abandono material.
Analisando a figura típica, podemos perceber que ela se desdobra em três situações
diferentes, nas quais se configura o abandono material, a saber:
A lei penal menciona, como espécie de abandono material, a falta de pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, vale dizer, aquela proposta, transacionada entre o
alimentante e o alimentado, que foi trazida ao crivo do Judiciário para ser homologada, bem
como aquela judicialmente fixada, vale dizer, sobre a qual não houve acordo no que diz
respeito à sua prestação, tendo sido determinada pelo julgador e, ainda, a modificada,
também judicialmente, no sentido de majorar a pensão alimentícia que era prestada
anteriormente.
Vale ressalvar que o agente somente será responsabilizado criminalmente pelo abandono
material se, podendo, faltar com o pagamento da pensão alimentícia.
Assim, poderá surgir um fato relevante que o impeça de cumprir o compromisso determinado
judicialmente, a exemplo de ter sido demitido do seu emprego, ou de se encontrar, quando
profissional liberal ou autônomo, impossibilitado de trabalhar em virtude de estar acometido
por alguma doença, ou, ainda, mesmo trabalhando, estar passando por sérias dificuldades
econômicas que o impeçam de honrar o seu compromisso, enfim, alguma justa causa, para
usarmos a expressão legal
Estamos diante de um tipo misto cumulativo e alternativo, podendo o agente, por exemplo,
que praticar mais de uma conduta típica, responder por duas infrações penais, em concurso
material, ou, mesmo praticando dois comportamentos típicos, responder por uma única
infração penal.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer
modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
Pode acontecer que o agente, mesmo sendo solvente, ou seja, tendo condições de levar a
efeito o pagamento do seu débito alimentício, querendo frustrar a expectativa do alimentado,
utilize expedientes que lhe servirão como “desculpa” para o seu inadimplemento, razão pela
qual, agindo dolosamente, poderá chegar a ponto de abandonar injustificadamente o seu
emprego ou função, com a finalidade de frustrar ou ilidir o pagamento da pensão alimentícia
por ele devida
Art. 245. Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva
saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
§ 1º A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter
lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. REVOGADO PELO 238 DO ECA
§ 2º Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral
ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o
fito de obter lucro REVOGADO PELO 239 DO ECA
De acordo a redação legal, podemos apontar os seguintes elementos que integram a
mencionada figura típica:
b) a pessoa em cuja companhia o agente sabia, ou tinha possibilidade de saber, que a vítima
ficaria moral ou materialmente em perigo.
O núcleo entregar é utilizado no texto legal no sentido de deixar o menor de 18 (dezoito) anos
sob os cuidados de outra pessoa. Essa pessoa, no entanto, poderá vir a prejudicá-lo moral ou
mesmo materialmente, existindo uma situação de perigo com essa mudança por parte de
quem se encarregará dos seus cuidados. Assim, tem-se entendido que, quando os pais
entregam um filho menor de 18 (dezoito) anos aos cuidados de um traficante de drogas, de
um reconhecido justiceiro ou de pessoa que, sabidamente, se dedica ao ócio, à vadiagem etc.,
tal comportamento pode repercutir negativamente naquele cuja personalidade ainda se
encontra em formação
A lei penal não se limitou a apontar o perigo para a formação moral da vítima. Poderá ocorrer,
outrossim, perigo para sua integridade física ou mesmo para sua vida, a exemplo da hipótese
em que os pais entregam o filho aos cuidados de uma pessoa portadora de embriaguez
patológica, de um dependente químico, enfim, de qualquer pessoa que possa vir a causar-lhe
danos físicos.
A lei penal exige, portanto, o efetivo conhecimento da situação de perigo causada com a
entrega do menor à pessoa inidônea ou, pelo menos, a possibilidade de o agente conhecer o
perigo que acarretaria essa entrega, agindo, pois, tanto com dolo direto, como com dolo
eventual.
Deve ser ressaltado, para efeitos de esclarecimentos, que embora se possa deduzir o dolo
eventual da expressão deva saber, ela diz respeito à situação fática, ou seja, com a
possibilidade de conhecimento do perigo a que ficaria exposta a vítima
Abandono intelectual
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
. O núcleo deixar é utilizado no texto legal no sentido de não se levar a efeito, não atuar no
sentido de fazer com que seja possibilitado o acesso de seu filho ao estudo considerado
fundamental, entendido como primário à época em que fora editada a Parte Especial do
Código Penal, onde se encontra inserido
A idade escolar, elemento que integra o delito de abandono intelectual, deve ser aquela
apontada pelos arts. 4º e 6º da Lei nº 9.394/96, com a redação que lhes foi conferida pela Lei
nº 12.796, de 4 de abril de 2013, diminuindo de 6 (seis) para 4 (quatro) anos o início da idade
escolar
Assim, a partir dos 4 anos de idade, os pais são obrigados a matricular seus filhos em
estabelecimento de educação básica, sob pena de serem responsabilizados penalmente, de
acordo com o art. 246 do estatuto repressivo
ABANDONO MORAL
Art. 247. Permitir alguém que menor de 18 (dezoito) anos, sujeito a seu poder ou confiado à
sua guarda ou vigilância:
Embora não haja consignação expressa da rubrica com o nomen juris de abandono moral para
o delito tipificado no art. 247 do Código Penal, existe um consenso doutrinário nesse sentido,
haja vista que as condutas elencadas pelos incisos do mencionado artigo dizem respeito a
comportamentos que, se praticados pelo menor de 18 (dezoito) anos, serão perigosos à sua
formação moral, havendo, assim, abandono pelas pessoas que são por ele responsáveis
Trata-se de um tipo misto cumulativo. Isso significa que envolve uma pluralidade de condutas
não fungíveis, ou seja, a realização de mais de uma das condutas descritas compromete a
unidade delitiva. De conseguinte, se o agente, por exemplo, permite que menor de dezoito
anos sujeito a seu poder frequente casa de jogo e sirva a mendigo para excitar a comiseração
pública, há concurso material de delitos (art. 69, CP)
Art. 248. Induzir menor de 18 (dezoito) anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por
determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial;
confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de 18 (dezoito) anos
ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
O art. 248 do Código Penal prevê dois comportamentos típicos diferentes. Por meio da
primeira figura, o agente induz menor de 18 (dezoito) anos, ou interdito, a fugir do lugar em
que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de
ordem judicial. O núcleo induzir é utilizado no sentido de fazer nascer, criar a ideia de fuga na
mente do menor de 18 anos ou do interdito. Atendendo ao limite da maturidade penal e,
agora, também da civil, o Código Penal determinou como elemento típico a idade inferior a 18
anos.
Por outro lado, independentemente da idade, o tipo penal do art. 248 fez previsão expressa
também do interdito, vale dizer, aquele que sofreu um processo legal de interdição e que se
encontra sujeito à curatela, nos termos dos arts. 1.767 a 1.783 do Código Civil
No que diz respeito ao pródigo, sujeito à curatela especial, não podemos entendê-lo como
inserido no conceito de interdito levado a efeito pela lei penal, haja vista que a sua limitação
diz respeito, tão somente, aos atos de disposição de seu patrimônio, sendo, no mais, pessoa
livre, conforme esclarece o art. 1.782 do Código Civil
Art. 249. Subtrair menor de 18 (dezoito) anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui elemento de outro
crime.
§ 1º O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de
pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
O menor de 18 (dezoito) anos ou interdito deverá estar sob o poder de quem detém a sua
guarda, sendo que esta poderá ser proveniente de lei, a exemplo do que ocorre com os pais
em relação a seus filhos, no exercício do poder familiar, ou decorrente de decisão judicial,
como acontece nas hipóteses em que se é nomeado um curador ao interdito. O § 1º do art.
249 do Código Penal ainda assevera que o fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou
curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio
poder, tutela, curatela ou guarda. Devemos entender as expressões contidas no mencionado
parágrafo no sentido de gênero. Assim, onde se lê pai, interprete-se pais, ou seja, pai e mãe;
da mesma forma, o tutor e o curador. Dessa forma, se a mãe, destituída da guarda de seu
filho, o subtrai de quem legitimamente a detém, deverá ser responsabilizada pelo delito em
estudo Subtração de Incapazes e Estatuto da Criança e do Adolescente O art. 237 da Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990, prevê uma modalidade especial de subtração de incapazes,
cominando pena de reclusão de dois a seis anos, e multa, para aquele que subtrair criança ou
adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com
o fim de colocação em lar substituto
Crimes contra a incolumidade pública III.
1) Exame dos artigos 267 a 285 do CP: bem jurídico tutelado. Sujeitos do Delito.
Tipicidade objetiva e subjetiva.
2) Aspectos controvertidos.
3) Concurso de crimes.
4) Pena e ação penal.
Crimes contra a Paz Pública.
1) Considerações gerais:
a) Definição e evolução histórica. Bem jurídico tutelado. Sujeitos do delito;
b) Tipicidade objetiva e subjetiva dos crimes previstos nos artigos 286 a 288 do CP.
2) Aspectos controvertidos.
3) Concurso de crimes.
4) Pena e ação penal.
Crimes contra a fé pública I. Moeda falsa. Falsidade de títulos e outros papéis públicos.
1) Considerações gerais:
a) Crimes previstos nos artigos 289 a 294, do Código Penal Brasileiro;
b) Definição e evolução histórica. Bem jurídico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade
objetiva e subjetiva dos principais crimes previstos nos capítulos.
2) Aspectos controvertidos.
3) Concurso de crimes.
4) Pena e ação penal.
Sob aspecto jurídico nós não teríamos como classificar os crimes como materiais, formais e de
conduta, pois aqui todo crime tem resultado. Dentro desse aspecto temos crimes de dano e
de perigo, o de dano são aqueles que descrevem uma lesão ao bem jurídico tutelado e o crime
de perigo são aqueles que descrevem a criação de um perigo de dano como criminoso. Ex:
matar alguém – dano. Agora, quando eu falo: dirigir veiculo automotor sem habilitação, é um
crime de perigo.
Hoje vamos estudar crime de perigo, onde o agente quer provocar/realizar conduta que o
legislador descreve como uma conduta criminosa, pois cria um perigo de lesão ao bem
jurídico.
Esses crimes de perigo podem ser de perigo individual, ex: crime de omissão de socorro,
abandono de incapaz. Ou pode ser coletivo, que são o exemplo de incolumidade pública,
crimes contra toda coletividade.
258=263=285
No art. 258 vai falar: “ crime de perigo doloso (morte e lesão) e culposo (morte e lesão).
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave,
a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em
dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se
resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
Ambos a morte é na modalidade culposa, pois se fosse com o dano teria no mínimo concurso
de crime, seria homicídio. Resultados causados a título de culposo.
É preterdolo? Não. Critica: sempre que houver dolo e culpa, dolo no atencedente e culpa no
consequente. Quer um resultado de dano a titulo de dolo e acaba vindo um resultado de dano
mais grave a titulo de culpa que ele não queria. O crime de culpa tem que esta no primeiro.
Ex: lesão seguida de morte, a lesão necessariamente esta dentro da morte. Agora, um aborto
com a morte da gestante, podemos ter um aborto sem a morte da gestante.
Incêndio
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem:
Aumento de pena
II - se o incêndio é:
Ex: um cara provocou um incêndio que ele queria provocar, uma pessoa saiu gravemente
ferida, ele está no 250 c/c 258, como fica a pena dele? Um crime de incêndio doloso
aumentado da metade. Se sobreviesse uma morte, uma pena de crime de incêndio doloso e
aplicaria em dobro.
Boate kiss: teria ficado caso fosse considerado incêndio culposo e morte culposa
250 §2º e 258: 6 meses a 2 anos, homicídio culposo aumentada de 1/3: 4 e meio.
Ex: incendiei um carro no terreno vazio, não comprovar perigo de dano, a conduta é atípica.
Para ter incêndio, tenho que provocar e atingir patrimônio/ vida, se não houver dano concreto
é atípico. E se querer causar dano a outrem é crime de perigo e dano qualificado pelo artificio
explosivo. E se eu causar a coletividade, incolumidade publica é incêndio.
Ex: eu taco fogo no meu quiosque para conseguir o premio do seguro e acabo uma lesão leve
culposa em uma pessoa. Houve um crime de incêndio? Atingiu outra pessoa que não queria, se
encontra na incolumidade publica, lesão leve não ta previsto, mas quis vantagem pecuniária e
estelionato? Há controvérsia, se é bis in idem – parece mais certo.
Se eu coloco fogo na minha casa e atinge o carro de alguém, não tem causa de aumento.
admite a forma culposa- sim! parag. 2o. Se eu peguei o carro do vitor, levei para uma
Ir ao art. 163 parag. único do CP- crime de dano com emprego de fogo e explosivo-
crime expressamente subsidiário, se aplica quando não houver crime mais grave.
Se vitor é meu vizinho e com raiva queimo o carro dele e destruo muro da casa ao
pessoa-crime de incêndio.
incolumidade pública. Se pratico o crime para causar dano para uma determinada
No dano a ação penal é pública quando é contra o patrimônio público ou quando é com
Explosão
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante
explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos
análogos:
Aumento de pena
Modalidade culposa
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de
gás tóxico ou asfixiante:
Modalidade Culposa
Utilização desse material é de acordo com determinação legal no art. 252 e 253.
Inundação
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio
de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a
dois anos, no caso de culpa.
Perigo de inundação
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a
impedir inundação:
Desabamento ou desmoronamento
Modalidade culposa
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou
outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de
combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a
pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro.
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
Difusão de doença ou praga
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou
animais de utilidade econômica:
Modalidade culposa
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: - crime de perigo concreto.
Desastre ferroviário
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de
comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo
aéreo.
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer
ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o
funcionamento:
Forma qualificada
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou
sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
Arremesso de projétil
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a
dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou
calor, ou qualquer outro de utilidade pública:
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço) até a metade, se o dano ocorrer
em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela
Lei nº 5.346, de 3.11.1967)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Epidemia
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória:
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia
ou medicinal destinada a consumo:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o
fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo:
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a
imprópria para consumo ou nociva à saúde:
Modalidade culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677,
de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem
em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância
alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em
relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos
ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677,
de 2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em
relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677,
de 2.7.1998)
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma,
entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à
falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Modalidade culposa
Substância avariada
Modalidade culposa
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Charlatanismo
Curandeirismo
Forma qualificada
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo
quanto ao definido no art. 267.
Crimes contra a fé pública I. Moeda falsa. Falsidade de títulos e outros papéis públicos.
1) Considerações gerais:
a) Crimes previstos nos artigos 289 a 294, do Código Penal Brasileiro;
b) Definição e evolução histórica. Bem jurídico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade objetiva
e subjetiva dos principais crimes previstos nos capítulos.
2) Aspectos controvertidos.
3) Concurso de crimes.
4) Pena e ação penal.