Você está na página 1de 19

1.

Introdução

O presente trabalho surge no âmbito cumprimento do plano analítico da cadeira de Direito Penal
e Processual Penal e, versa sobre o tema “Crime Contra a Liberdade Sexual”, que enquadra-se no
sétimo (VII) dos Crimes contra Pessoas do Código Penal (CP) que por sua vez subdivide-se em
quatro secções. De referir que o mesmo trabalho tem como finalidade proceder a análise e
interpretação dos crimes Contra a Liberdade Sexual.

A primeira secção trata dos Crimes Contra a liberdade Sexual e conta com dez (10) artigos, que
partem do artigo 201 a 210.

A segunda secção trata da Pornografia de menores e conta com três artigos começando do artigo
211 a 213

A terceira secção trata da prostituição e conta com três artigos onde começa do artigo 214 ate ao
artigo 216

A quarta secção trata do Ultraje Publico ao pudor e conta com um artigo apenas que e o artigo
2017.

A violência sexual cometida por parceiros e outras pessoas que não seja do meio familiar causam
sérios problemas para a saúde física, mental, sexual e reprodutiva a curto e a longo prazo para
sobreviventes e seus filhos, e levam a altos custos sociais e econômicos. A violência contra as
mulheres pode ter consequências mortais, como o homicídio ou o suicídio. Além disso, pode
provocar lesões nos órgãos genitais assim como doenças sexualmente transmissíveis, casos das
ITS como consequência da violência.

Para a materialização do presente trabalho recorreu se a livros, artigos que versam sobre crimes
contra a liberdade sexual. E ainda recorreu-se ao código penal vigente na República de
Moçambique.
1.2 Objectivos:
1.2.1 Geral:
 Analisar os crimes contra a liberdade Sexual

1.2.2 Específicos:

 Descrever os crimes contra a liberdade sexual


 Interpretar os crimes contra ordem e tranquilidade pública.

2.Metodologia:

Para a realização do presente trabalho, o grupo usou a técnica de pesquisa bibliográfica, que
segundo Gil (1996), a pesquisa bibliográfica permite o conhecimento necessário para a
compreensão dos fenómenos estudados e o suporte para a explicação dos resultados
experimentais obtidos e que permite a discussão destes, na revisão bibliográfica encontrasse
informações consolidadas no universo em questão. E para a materialização do presente trabalho
recorreu se a livros, artigos que versam sobre crimes contra a liberdade sexual. E ainda recorreu-
se ao código penal vigente na República de Moçambique.

3. Revisão da Literatura

3.1 Conceito de Crime

Segundo a doutrina, há vários conceitos de crime, eles podem ser definidos do ponto de vista
material, Formal e Analítico.

Conceito material, Mehmeri (2000, p.61) entende que crime “é a ação que gera perigo, ou dano,
a qualquer dos bens jurídicos tutelados pelo Estado

Segundo Noronha (apud Mirabete, 2004, p. 96) “crime é a conduta humana que lesa ou expõe a
perigo um bem jurídico protegido pela lei penal”.
Nos termos do número 1 do artigo 1 da lei n° 24∕2019 de 24 de Dezembro, "Nenhum facto,
consista em acção ou omissão, pode julgar-se crime sem que uma lei, no momento da sua
prática, o qualifique como tal". Nestes termos entende-se por crime toda acção ou omissão,
tipificada como crime por lei penal. E para o presente trabalho vamos optar pelo conceito da lei
penal.

3.2 Liberdade sexual

A liberdade sexual e entendida como a faculdade individual de escolher livremente não


apenas o parceiro ou parceira sexual, como também quando, onde e como exercitá-la, constitui
um bem jurídico autônomo, distinto da liberdade genérica, com dignidade para receber,
autonomamente, a proteção penal.

3.3 Crimes contra Liberdade Sexual

Os crimes contra a liberdade de sexual vão ser todos os atos que contrariam a lei que tem em
vista constranger o outrem por meio de ameaça, violência grave, para poder satisfazer a outrem
sexualmente sem que seja da sua livre vontade, podendo ser essa pessoa o seu parceiro ou
outra pessoa sem nenhum vínculo.
3.3.1 ARTIGO 201 (Violação)

Quem tiver cópula, coito anal ou oral, introdução vaginal ou anal com partes do corpo ou
objectos com qualquer pessoa, de um ou de outro sexo, contra sua vontade, por meio de
violência física ou de veemente intimidação ou achando-se a vítima privada do uso da razão ou
dos sentidos, comete o crime de violação e é punido com a pena de prisão de 2 a 8 anos.

Ao analisar o artigo 201 do CP, podemos perceber que o bem jurídico que o legislador visa
proteger e a Liberdade e a dignidade sexual, o objecto vai ser a mulher/homem, sujeito activo
vai ser qualquer um, sujeito passivo vai ser a mulher/homem, a moldura penal para os casos de
violação será de 02 a 08 anos segundo o ordenamento jurídico moçambicano, elemento material
tiver, dolo temos a existência de dolo tendo em conta que quem o pratica o faz com a intenção de
o praticar, nexo de casualidade tendo ação em concreto cometida, natureza do crime trata-se
de um crime semi-público tendo em conta que qualquer um que tomar conhecimento da sua
pratica pode denunciar as autoridades competentes, pode-se aliar a este artigo o artigo 17 da lei
n- 29/2009 de 29 de Setembro (lei da violência domestica) que fala da copula não consentida,
isso para mostrar que mesmo numa situação de união conjugal o parceiro não tem direito de
obrigar a ter relações sexuais e ao faze-lo sem o consentimento da vitima mexe com a sua
liberdade sexual, e pode ser penalizado com pena de seis meses a 2anos de prisão e multa
correspondente.

3.3.2 ARTIGO 202 (Trato sexual com menor de doze anos)

Quem tiver trato sexual com menor de doze anos é punido com a pena de prisão de 16 a 20 anos.

Para analisar esse crime traremos um trecho de um artigo cientifico que “Os crimes de natureza
sexual, ou aqueles em que estão em causa a violação da liberdade e autodeterminação sexual,
entre os quais se destacam os crimes de violação, trato sexual 12 com menor de 12 anos, outros
actos sexuais e outros, são profundamente ofensivos a dignidade humana da criança e com
graves repercussões no desenvolvimento da criança, por isso justifica-se buscar viabilizar
acções conducentes a investigação e punição dos agentes que colocam em crise o bem jurídico
que se almeja proteja com a incriminação destas condutas” com isso querer dizer que neste
artigo o bem jurídico tutelado e a dignidade humana da criança, e o objecto vai ser o menor,
sujeito activo será qualquer um, sujeito passivo o menor de 12 anos, elemento material tiver,
elemento moral temos o dolo, visto que a intenção de quem o pratica, a moldura penal para
esse crime será de 16 a 20 anos, nexo de casualidade existente, e temos um crime de natureza
publica.

3.3.3 ARTIGO 203 (Outros actos sexuais com menores)

1. Quem, mediante violência ou ameaça grave, praticar acto sexual com menor de dezasseis anos
ou levar a que ele seja por este praticado com outrem é condenado a pena de 8 a 12 anos de
prisão.

2. Não se provando a violência, a pena é de prisão de 2 a 8 anos e multa até 1 ano.

Segundo o artigo 203 do CP, pode-se perceber que o bem jurídico que pretende-se proteger e a
liberdade sexual e a dignidade humana do menor de dezasseis anos, o objecto deste crime e o
menor de dezasseis anos, sujeito activo qualquer um, sujeito Passivo será o menor de 16 anos,
elemento material, violentar, ameaçar e praticar, elemento moral existente e o dolo, moldura
penal aplicável neste caso será de 08 a 12 anos, nexo de casualidade existente a partir do
momento que temos o facto, é um crime comum e de natureza publica. Importa realçar que neste
artigo diferente do artigo anterior a moldura penal e mais branda tendo em conta que o menor de
16 anos mesmo não tendo atingido a maior idade, o legislador olha para alguém que tem o
mínimo de capacidade física que o dano causado poderá ser diferente do menor de 12 anos que
muitos de casos podem causar danos irreversíveis na vida deste menor, e olhando para o artigo
em causa vamos perceber que apresenta duas molduras diferentes ao olhar para o numero 02 que
não prevê violência uma situação que o violador procura aliciar a criança com bens matérias para
poder praticar os actos sexuais e neste caso teremos uma pena de 02 a 08 anos.

3.3.4 ARTIGO 204 (Atentado ao pudor)


1. Quem importunar outra pessoa, praticando perante ela actos de carácter exibicionista,
formulando propostas de teor sexual ou constrangendo-a a contacto de natureza sexual não
consumado, é punido com pena de prisão até 2 anos e multa correspondente, se pena mais grave
não couber por força de outra disposição legal.

2. Se a pessoa ofendida for menor de dezasseis anos, a pena é agravada em metade no limite
máximo.

Segundo o artigo acima, pode-se concluir que o bem jurídico tutelado e a liberdade sexual, o
objecto e a homem/mulher, sujeito activo qualquer um, sujeito passivo homem/mulher,
elemento material importunar, elemento moral culpa reduzida, nexo de casualidade,
inexistente tendo em conta que e sentido de forma individual, e um crime de natureza particular
tendo em conta que e sentido de forma particular e não abrange um colectivo, mas sim vai
depender de uma pessoa para a outra. A moldura penal para esse TLC vai ate 02 anos e multa
correspondente, se a pena mais grave não couber. O numero02 do mesmo artigo prevê a
agravação da pena caso a pessoa ofendida seja menor de 16 anos.

3.3.5 ARTIGO 205 (Assédio sexual)

1. Quem, abusando da autoridade que lhe conferem as suas funções ou prevalecendo-se da sua
condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou
função, constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, é punido
com a pena de prisão até 2 anos e multa correspondente.

2. Na mesma pena incorre quem constranger sexualmente alguém com promessa de benefício de
qualquer natureza, valendo-se o agente de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade.

Para o presente artigo podemos concluir que o bem jurídico que o legislador vida proteger e a
liberdade sexual da vítima, e o objecto vai ser o mulher/homem, sujeito activo superior
hierárquico, sujeito passivo mulher/homem, o elemento material passa TLC, vai ser abuso e
constranger, elemento moral será subjetivo, a moldura penal aplicável vai ate 2 anos, nexo de
casualidade, existe sim a relação entre a causa e o efeito e um crime de natureza particular tendo
em conta que o mesmo e sentido de forma individual, importa referenciar que esse um crime que
na nossa realidade a ainda muitos tabus por parte da vitima no que tange a denuncia do mesmo e
tem se refletido muita das vezes em mulheres, e esta por sua vez acaba sentindo-se culpada e
com receio da denuncia achando que sempre será vista como quem criou condicionalismo para
que o facto ocorre-se e isso faz com que ela fique calada e algumas vezes acabando por aceitar as
propostas por se sentir numa posição de inferioridade tendo em conta que poucos vão acreditar
nela e o superior sempre tem razão diante da sociedade.

3.3.6 ARTIGO 206 (Fraude sexual)

Quem, aproveitando-se fraudulentamente de erro sobre a sua identidade pessoal, praticar com
outra pessoa acto sexual é punido com pena de prisão até 2 anos e multa até 1 ano.

Segundo o artigo acima citado devemos primeiro compreender o alcance do que será fraude
sexual e vamos perceber que “A fraude no ato sexual pode ser conceituada como qualquer
manobra empregada com a finalidade de que a vítima tenha uma percepção equivocada da
realidade e concorde com ato sexual. Este crime também é chamado de “estelionato sexual”
assim sendo podemos concluir que o legislador ao trazer este TLC, no nosso ordenamento
jurídico o bem jurídico tutelado será a liberdade sexual da vitima e o seu objecto será a mulher
e o sujeito activo temos o homem quem o pratica, e o sujeito passivo neste TLC, será a mulher,
a moldura penal aplicável vai ate 2 anos de prisão e multa ate 1 ano, nexo de casualidade, existe
sim a relação entre a causa e o efeito e um crime de natureza semi-público, a olhar que este
pode ser particular se a vitima for maior de idade, e publico se a vitima for menor de idade.
Importa referenciar que neste crime podemos ter situações que o homem para poder lograr os
seus intentos, cria artifícios fraudulentos, onde pode oferecer a vitima drogas, bebidas alcoólicas,
assim como pode colocar alguma substancia que cause sono profundo a vitima e praticar o acto
sexual sem o consentimento desta, e a pena pode se agravar mais numa situação que este
sabendo que e portador de alguma doença este acabar contaminando a vitima.

3.3.7 ARTIGO 207 (Procriação artificial não consentida)


Quem praticar acto de procriação artificial em mulher, sem o seu consentimento, é punido com a
pena de prisão de 2 a 8 anos.

Para uma melhor compreensão do artigo acima descrito vamos primeiro procurar compreender o
que e a procriação artificial não consentida “compreende-se como uma violação a liberdade da
mulher em relação a maternidade. Esta liberdade pode se manifestar de duas maneiras:
liberdade para ser mãe ou para não o ser. Entretanto, a tutela penal limita-se à vertente
negativa da mencionada liberdade, ao prever a expressão “sem o seu consentimento”
(ANDRADE, 1986, p. 117)”. Segundo a nossa citação acima, podemos perceber neste artigo
que o bem jurídico tutelado e a dignidade humana da mulher, p objecto e a mulher o sujeito
activo será o homem/mulher podendo também ser o medico, sendo este obrigado pela sua
profissão verificar todos os procedimentos para a procriação artificial, sujeito passivo, vai ser a
mulher, a moldura penal aplicável vai ser de 2 a 8 anos, nexo de casualidade, existe sim a
relação entre a causa e o efeito e um crime de natureza semi-público. O elemento material
existente neste TLC, será praticar e o elemento moral temos a existência do dolo tendo em conta
que, quem o pratica faz com a vontade de o praticar.

3.3.8 ARTIGO 208 (Agravação pelo resultado)

Nos crimes de que trata esta secção, as penas são agravadas de metade nos seus limites máximos,
se:

a) Fora o previsto no artigo 205, a vítima se encontrar numa relação de dependência hierárquica,
económica ou de trabalho do agente e o crime for praticado com aproveitamento desta relação;
ou b) A vítima for ascendente, descendente, adoptante, adoptado, parente, afim até ao segundo
grau do agente ou se encontrar numa relação de tutela ou curatela; ou

c) Resultar gravidez, ofensa à integridade física, transmissão de agente patogénico que crie
perigo para a vida, suicídio ou morte da vítima.

Segundo o artigo acima temos não temos um crime, mas sim a explicação da primeira secção o
que vai ser tratado nos artigos acima referenciados.
3.3.9 ARTIGO 209 (Legitimidade)

Nos crimes previstos na presente secção, a acção penal é pública, salvo o disposto nos artigos
201, 204, número 1, 205, 206 e 207, em que não há lugar a procedimento criminal sem prévia
denúncia do ofendido, ou dos seus pais ou adoptantes, avós, cônjuge ou pessoa com quem viva
como tal, irmãos, tutores ou curadores.

Nos artigos acima também não temos um crime como tal mais sim a explicação daquilo que foi
tratados nos artigos anteriores com uma especial atenção aos artigos 201,204, 205, 206 e 207,
todos do CP, e segundo esse artigo explica que estamos diante de crimes particulares e
semipúblicos que a sua denúncia vai depender da queixa do ofendido/ofendida, e poderá ser feita
a denúncia pelos pais, avos, irmãos etc., em caso de conhecimento destes, e casos sejam menores
de idade.

3.3.10 ARTIGO 210 (Penas acessórias)

1. Quem for condenado por crimes previstos na presente secção, sempre que referentes a
menores de dezasseis anos, pode, por um período de 1 a 5 anos, atenta a concreta gravidade do
facto e a sua conexão com a função exercida pelo agente, ser:

a) Inibido do exercício do poder parental, da tutela ou da curatela; ou

b) Proibido do exercício de profissão, função ou actividade que impliquem ter menores sob sua
responsabilidade, educação, tratamento ou vigilância.

2. As decisões judiciais que apliquem penas acessórias são comunicadas às entidades


competentes.

Segundo o artigo acima das penas acessórias, importa primeiro concetualizar que É
uma pena aplicada, em simultâneo e pressupondo a aplicação de uma pena principal, visando
proteger determinados interesses colocados em perigo com a prática do crime, (pgdporto.pt) para
esses caso em concreto visa proteger o menor e punir com alguma gravidade o infrator como
forma de desencorajar a prática desse TLC.
3.3.11 ARTIGO 211 (Pornografia de menores)

Para os fins da presente secção, entende-se pornografia de menores qualquer material, seja qual
for o suporte ou plataforma, que represente visualmente um menor ou pessoa aparentando ser
menor envolvido em comportamento sexualmente explícito.

Esta posição definida podemos encontrar suportado por outros artigos científicos que também
numa perspetiva legal, podemos afirmar que a pornografia de menores consiste no material que,
independentemente do seu suporte, representa menores, sejam estes reais, aparentes ou até
virtualmente criados, em comportamentos sexualmente explícitos estão aqui incluídos os
menores em atividades sexuais, em exibição lasciva dos seus órgãos genitais ou das partes
públicas ou em qualquer outro comportamento suscetível de causar estímulo sexual, (ucp.pt).

3.3.12 ARTIGO 212 (Utilização de menores em pornografia)

1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, quem:

a) Utilizar menor de 18 anos em fotografia, filme ou gravação pornográficos, independentemente


do seu suporte, ou o aliciar para esse fim; ou

b) Utilizar menor de 18 anos em espetáculo pornográfico ou o aliciar para esse fim.

2. Incorre na pena de 2 a 8 anos de prisão quem praticar os actos descritos no número anterior
utilizando menor de 12 anos.

Segundo artigo acima descrito podemos concluir que neste TLC, o bem jurídico que o
legislador visa proteger vai ser a dignidade humana do menor, e o objecto deste crime vai ser o
menor, o Sujeito activo presente será qualquer pessoa, tratando-se de um crime comum, sujeito
passivo vai ser o menor, elemento material vai ser utilizar, aliciar menor para actos de
pornografia, elemento moral temos o dolo, tendo em conta que a pessoa que pratica esse TLC, o
faz de forma intencional, e pode incorrer a uma moldura penal que varia consoante a cada
situação agravante, temos para os casos de utilizar os menores de 18 anos para fotografia, filme
ou gravação, independente do seu Suporte ou aliciar para esse fim terá a pena de 1 a 5 anos, para
os casos descritos no numero 2 será punido com pena de 02 a 08 anos se praticar esses actos com
um menor de 12 anos.

3.3.13 ARTIGO 213 (Distribuição ou posse de pornografia de menores)

1. Quem distribuir, importar, exportar, divulgar, exibir ou ceder profissionalmente ou com


finalidade de lucro, a qualquer título ou por qualquer meio, materiais de fotografia, filme ou
gravação pornográfica de menores de dezoito anos é punido com prisão até 2 anos e multa até 1
ano.

2. A mera partilha, exibição, cedência, importação, exportação ou distribuição do material de


que trata o número anterior, quando não tem os fins lucrativos ou profissional, dá lugar à pena de
prisão de 1 a 2 anos e multa correspondente.

3. Incorre na pena de prisão até 1 ano e multa correspondente, quem, independentemente do


suporte ou plataforma, adquirir, detiver ou conservar os materiais referidos neste artigo, ainda
que para uso pessoal. 4. A tentativa é punível.

Segundo o artigo acima referenciado, fala sobre a distribuição, importação, exportação,


divulgação e exibição de imagens fotográficas, filme ou gravações pornográficas de menores de
18 anos de idade, o infractor incorre a uma oena de prisão ate 02 anos e multa ate um ano,
avaliado essa moldura penal a mesma parece ser branda na medida que nos últimos dias a
tendência de se partilhar nas redes sociais conteúdos do género e sem nenhuma punição para que
o faz, contudo aqui neste artigo podemos perceber que o bem jurídico que o legislador pretende
preservar e a dignidade humana do menor e o objecto deste TLC, será o menor de 18 anos, o
sujeito activo vai ser qualquer um que for a praticar o acto, e estará dentro dos crimes comuns, o
sujeito passivo será o menor de 18 anos, e o elemento moral patente será, distribuir, importar,
exportar, divulgar e exibir, o elemento moral temos o dolo, tendo em conta que quem pratica
essa ação o faz com a intenção de o fazer, temos um crime de natureza semi-público, olhando
que a sua denuncia vai depender dos que tomarem conhecimento e o crime acontece numa esfera
privada e acaba sendo difícil o seu conhecimento se os visados não o denunciam, e existe neste
crime o nexo de casualidade.

O número 02 deste artigo acima mencionada fala da mera partilha, exibição, cedência,
importação, exportação ou distribuição do material de que trata o número anterior, quando não
tem os fins lucrativos ou profissional, dá lugar à pena de prisão de 1 a 2 anos e multa
correspondente, contudo acaba sendo uma chamada de atenção aos que gostam de partilhar todos
os conteúdos que recebem nas redes sociais achando que e um divertimento mas contudo
desconhecem que pode ter consequências graves.

O número 03 do mesmo artigo diz que “incorre na pena de prisão até 1 ano e multa
correspondente, quem, independentemente do suporte ou plataforma, adquirir, detiver ou
conservar os materiais referidos neste artigo, ainda que para uso pessoal. 4. A tentativa é punível
”, isso significa que não se pode ficar com conteúdos desta natureza nos nossos dispositivos,
mesmo sem partilhar só o facto de estarem na nossa posse já e uma infração passível de sansão
penal. E esse crime admite tentativa, por mais que não seja consumado só os seus actos
preparatórios já dão direito a punição.

3.3.14 ARTIGO 214 (Prostituição)

1. Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa fomentar, favorecer ou facilitar o


exercício de prostituição por outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 2 anos e multa
correspondente.
2. É punido com a pena de prisão de 2 a 8 anos, quem cometer o crime previsto no número
anterior: a) por meio de violência ou ameaça grave;

b) Por meio fraudulento;

c) Com abuso de autoridade resultante de uma relação familiar, de tutela ou curatela, ou


dependência hierárquica, económica ou de trabalho; ou

d) Aproveitando-se de incapacidade psíquica ou situação de especial vulnerabilidade da vítima.

Para podermos interpretar melhor o artigo primeiro precisamos perceber o que e prostituição?

Prostituição é um termo que vem do latim prostitutĭo. Trata-se da atividade que realiza a pessoa

que cobra por manter relações íntimas com outros indivíduos. Prostituir-se consiste portanto em

ter sexo a troco de dinheiro.

Costuma-se dizer que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo. A atividade é realizada

por mulheres e homens, independentemente da sua orientação sexual. Se a mulher que se

prostituí recebe a designação de prostituta, já o homem é considerado gigolô (quando tem sexo

com mulheres). (https://conceito.de/prostituicao)

Segundo o artigo acima referenciado, que diz o seguinte “Quem, profissionalmente ou com
intenção lucrativa fomentar, favorecer ou facilitar o exercício de prostituição por outra pessoa, é
punido com pena de prisão de 1 a 2 anos e multa correspondente” podemos perceber neste artigo
que o legislador tem o bem jurídico a proteger a dignidade humana da mulher/homem, e o
objecto deste tipo legal do crime vai ser a mulher/homem, o sujeito activo será qualquer um,
tratando-se de um crime comum, o sujeito passivo vai ser o homem/mulher, elemento material
favorecer e facilitar, elemento moral e o dolo, tendo em conta que quem o faz, faz de forma
consciente com a intenção de fazer, e um crime de natureza semi-público, a sua moldura penal
e de 01 a 2 anos e multa correspondente. No numero 02 do mesmo artigo prevê uma moldura
penal de 02 a 08 anos, para aquele que por meio de violência, ameaça grave ou usando do seu
abuso de autoridade no seio familiar, aproveitando da deficiência psíquica da vitima, usar ela
para poder se prostituir.

3.3.15 ARTIGO 215 (Prostituição de menores)

Quem, habitualmente, excitar, favorecer ou facilitar a devassidão de qualquer menor de 18 anos,


para satisfazer os desejos sexuais de outrem, será punido com pena de prisão de 2 a 8 anos de
prisão e multa até 1 ano.

Analisando o artigo acima podemos perceber que o bem jurídico tutelado que o legislador visa
a proteger e a dignidade humana e a liberdade sexual do menor, o objecto deste TLC, será o
menor, o sujeito activo qualquer um o sujeito passivo será o menor de 18 anos, o elemento
material e o excitar, favorecer, facilitar, o elemento moral e o dolo, temos o nexo de
casualidade e um crime de natureza pública, a moldura penal para quem pratica esse TLC,
será de 02 a 08 anos de prisão e multa ate um ano.

3.3.16 ARTIGO 216 (Penas acessórias)

É correspondentemente aplicável o disposto nos números 1 e 2 do artigo 210.

Segundo o artigo acima das penas acessórias, importa primeiro concetualizar que É
uma pena aplicada, em simultâneo e pressupondo a aplicação de uma pena principal, visando
proteger determinados interesses colocados em perigo com a prática do crime, (pgdporto.pt) para
esses caso em concreto visa proteger o menor e punir com alguma gravidade o infrator como
forma de desencorajar a prática desse TLC.

3.3.17 ARTIGO 217 (Ultraje público ao pudor)

1. Quem, posto que não haja ofensa individual à dignidade sexual de alguma pessoa, praticar
acto material de carácter sexual explícito em lugar público, ou aberto ou exposto ao público, será
punido com pena de prisão até 6 meses e multa até 1 mês.

2. Na mesma pena, incorre quem:


a) Fizer, importar, adquirir, colocar em veículos, imóveis, muros, paredes ou em qualquer lugar
público ou de acesso público escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objecto sexualmente
explícito para fim de comércio, distribuição ou exposição pública; ou

b) Emitir, exibir ou difundir, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral,


radiofónica, televisiva ou cinematográfica de carácter sexual explícito ou realizar qualquer
espetáculo com o mesmo carácter.

Em poucas palavras podemos compreender que Ultraje publico ao Pudor Trata-se da prática de
ato obsceno, através de uma manifestação corpórea de caráter sexual e que causa para o povo,
diante do ato, sentimento de vergonha ou timidez. Exemplo: exibir órgãos genitais em público,
cariciar o parceiro em local público praticando a masturbação, com intenção de chocar e ofender
o pudor de pessoa alheia. (https://jus.com.br)

Contudo podemos perceber que neste artigo o bem jurídico que o legislador visa proteger e a
moral, o objecto, deste TLC, e a mulher/homem, o sujeito activo vai ser qualquer um, o sujeito
passivo será o homem/mulher, o elemento material vai ser praticar, elemento moral dolo,
natureza do crime e semi-público, a moldura penal vai ate 06 meses de prisão e multa ate 01 mês.
4.Conclusão

O presente trabalho foi baseado na analise e interpretação dos crimes contra a liberdade sexual,
previstos nos artigos 201 a 217 do código penal e contou com analise de outra legislação
complementar disponível que foi o caso da Lei 29/2009 de 29 de Setembro, a Lei da Violência
domestica e demais livros por nos consultado, para a materialização deste trabalho nos
deparamos com muitos desafios tendo em conta a falta de material, ausência de manuais
disponíveis. Importa frisar que nos crimes de liberdade sexual temos três grupos fundamentais
que são os crimes contra a liberdade sexual onde temos o exemplo de crime de violação, temos
os crimes de pornografia de menores e os crimes de prostituição.

Contudo com análise feita podemos concluir que os crimes sexuais são sempre extremamente
violentos, causando traumas físicos e psicológicos graves na vítima e comoção na sociedade. É
importante lembrar que a vítima nunca é culpada, e é de extrema importância que ela procure
atendimento médico o mais rápido possível.

Pornografia de menores consiste no material que, independentemente do seu suporte, representa


menores, sejam estes reais, aparentes ou até virtualmente criados, em comportamentos
sexualmente explícitos estão aqui incluídos os menores em atividades sexuais, em exibição
lasciva dos seus órgãos genitais ou das partes públicas ou em qualquer outro comportamento
suscetível de causar estímulo sexual,

Quanto a prostituição como tal podemos perceber que trata-se da atividade que realiza a pessoa

que cobra por manter relações íntimas com outros indivíduos. Prostituir-se consiste portanto em

ter sexo a troco de dinheiro, logo a principio não e crime, mas quando começa a ganhar uma

proporção exagerada começa a ser um problema publico ai sim, principalmente quando envolve

menores e a sua prática nas pessoas maiores de dezoito anos e por meio de coação, ameaça e
violência para a pessoa poder praticar esses actos ai sim já estamos a praticar o crime de

prostituição.

Face a isso podemos acrescentar que a moldura penal para muitos crimes contra a liberdade

sexual e branda, e a cada dia podemos perceber que a uma tendência crescente de aumento

desses crimes e outros acabam concorrendo com os homicídios. E a crimes de violação que

ocorrem no seio familiar e a legislação não prevê com muita precisão quando o violador e uma

pessoa do seio familiar a moldura penal deveria ser agravada, tendo em conta que quem tem o

dever de proteger e que esta a violar essa liberdade. Urgi também a necessidade de uma da

intensificação da educação no seio familiar a nível das comunidades saber do seu dever de

proteger as crianças para não se envolverem em actos de prostituição e pornografia, porque

outros devido a sua condição de vulnerabilidade financeira acabam deixando-se levar achando

algo normal e outras mesmos por falta de um preparo psicológico.


5. Referências bibliográficas

 Bitencourt, Cezar Roberto, (2010), Tratado de direito penal: parte geral. 15. ed. São
Paulo:
 Saraiva, 2010 Capez, F., (2019). Curso de direito penal. Parte geral. São Paulo: 23ª
Edição. Saraiva Educação. Volume 1.
 Fiúza, C., (2004). Direito Civil: Curso Completo. Belo Horizonte: Del Rey.
 GReco, Rogério, (2017), Curso de Direito Penal: parte geral. 19. ed. Rio de Janeiro:
 ANDRADE, Manuel da Costa. Direito Penal e modernas técnicas
biomédicas. In: Revista de Direito e Economia. Coimbra: Centro Interdisciplinar de
Estudos Jurídico-Económicos, 1986, p. 117.
 https://www.migalhas.com.br/depeso/386575/quais-sao-os-crimes-contra-a-dignidade-
sexual
 https://www.uceditora.ucp.pt/pt/digital/3009-yearbook-mestrado-faculdade-direito-
2018.html

 https://conceito.de/prostituicao)

legislação

 Constitucao da Republica de Mocambique


 Lei da violencia domestica
 Codigo penal Mocambicano

Você também pode gostar