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RESUMO
INTRODUÇÃO
carentes e das periferias atrás das grades. Na prática, voltaríamos aos tempos da
escravidão. Só que dessa vez, ao invés de correntes nos pés, nosso povo receberia
grades para colocar as mãos; no Brasil, a violência está profundamente ligada a
questões como: desigualdade social, exclusão social, impunidade, falhas na educação
familiar, desestruturação da família, deterioração dos valores ou do comportamento
ético, e, finalmente, individualismo, consumismo e cultura do prazer. A redução da
maioridade em nada reduzirá as mazelas produzidas por todos os fatores apontados
acima. A única coisa que a redução provocará é a punição de jovens afetados por
uma realidade social da qual eles não tiveram a menor culpa de serem inseridos,
aqueles que querem a redução dizem que são contrários à impunidade, mas o Brasil
é dos países mais ingratos com sua juventude. No ano de 2010, mais de 8.600
crianças foram assassinadas em 2012, mais de 120 mil crianças e adolescentes foram
vítimas de maus tratos e agressões. Deste total de casos, mais de 80 mil sofreram
negligência, 60 mil sofreram violência psicológica, 56 mil sofreram violência física, 35
mil sofreram violência sexual e 10.000 sofreram exploração do trabalho infantil. Será
que todos esses crimes já não mostram que nossos menores já não sofrem o
suficiente com a impunidade? A redução da maioridade penal tem um obstáculo
jurídico-constitucional. É que a inimputabilidade dos menores de 18 (dezoito) anos
possui previsão constitucional no artigo 228, ou seja, a impossibilidade de receber
sanções iguais a de adultos é uma garantia individual da criança e do adolescente,
portanto, parte do núcleo constitucional intangível; temos no Brasil mais de 527 mil
presos e um faltam vagas nas prisões para pelo menos 181 mil presos. Ninguém
precisar ser um gênio para perceber que a superlotação e as condições desumanas
das cadeias brasileiras, deixam esse sistema é incapaz de cumprir sua finalidade de
recuperar alguém. A inclusão de adolescentes infratores nesse sistema não só
tornaria mais caótico o sistema carcerário como tenderia a aumentar o número de
reincidentes. Ora, se as cadeias têm por objetivo recuperar pessoas, não é colocando
menores de idade lá que esse objetivo será cumprido; pois a cadeia comum não é um
lugar apropriado para um jovem infrator. Um menor de idade não pode dividir cela com
presos condenados por crimes hediondos. Os menores de idade, ao entrar em
contatos com os outros presos mais velhos, teriam contato com uma realidade ainda
mais nefasta, retirando qualquer chance de reabilitação. Além disso, estariam
expostos a situações constrangedoras para um adolescente, podendo eles serem
vítimas de ataques a sua sexualidade e ao seu psicológico; estatisticamente, a
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neste sentido, o objetivo da medida socioeducativa não é fazê-lo sofrer pelos erros
que cometeu, e sim prepará-lo para uma vida adulta e ajuda-lo a recomeçar.
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