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CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS


CURSO DE DIREITO

LUIS ALVES DA SILVA NETO

A FALSA ACUSAÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO, SUAS CONSEQUÊNCIAS


PARA O ACUSADO E A FALTA DE UMA LEI MAIS GRAVOSA PARA QUEM
ACUSA FALSAMENTE.

PORTO ALEGRE
2022
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CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS


CURSO DE DIREITO

LUIS ALVES DA SILVA NETO

A FALSA ACUSAÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO, SUAS CONSEQUÊNCIAS


PARA O ACUSADO E A FALTA DE UMA LEI MAIS GRAVOSA PARA QUEM
ACUSA FALSAMENTE

Artigo científico de pesquisa apresentado


para a avaliação da disciplina de Trabalho
de Curso, com posterior apresentação à
Banca Examinadora, requisitos para a
obtenção do diploma de Bacharel em
Direito.

Orientadora: Profa.: Cristina di Gesu

PORTO ALEGRE
2022
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A FALSA ACUSAÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO, SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O


ACUSADO E A FALTA DE UMA LEI MAIS GRAVOSA PARA QUEM ACUSA FALSAMENTE

The false accusation of the crime of rape, its consequences for the accused and the lack of
a more serious law for those who falsely accuse

Sumário: Introdução; 1 – Contexto Histórico Do Crime De Estupro;


1.2- Contexto Histórico Do Crime De Estupro No Brasil;2 - A Falsa
Acusação Do Crime De Estupro; 2.1 os danos causados à vítima da
acusação falsa; 2.2-consequência para quem sofre a acusação falsa do
crime; 3. Falsas memórias e a distinção da falsa acusação de crime; 4.
A falta de uma lei mais gravosa para a falsa acusação no crime de
estupro; 5. A análise da não aprovação da sugestão 07/2017, bem como
o novo projeto de lei 1837/22; Considerações Finais; Referências.

Resumo

O direito é uma peça chave para a uma sociedade justa e igualitária. Com ele podemos viver
em grupo de forma mais harmoniosa, e com isso, evitando alguns erros que, sem uma norma,
acarretaria uma série de e prejuízos para o ser humano.
Desde os primórdios o crime de estupro é repudiado e abordado com maior severidade dentre
os crimes contra a liberdade sexual. No ordenamento jurídico atual é elencado como um crime
hediondo, isto é, recebe um tratamento diferenciado e rigoroso por sua própria natureza. A
palavra da vítima no delito em tela é valorizada e tem força de prova, surgindo a maior
problemática acerca do assunto: a falsa acusação de crime, ora, estupro.
Proposto recentemente, Projeto de Lei que visa prevenir as práticas de falsas acusações nos
crimes contra a dignidade sexual, visto gravidade de tal delito. A falsa acusação do crime de
estupro acarreta consequências irreversíveis na vida do acusado, o que nos mostra a importância
em explanar sobre o tema para que possamos evitar erros no judiciário e na sociedade.

Palavras-chave: Palavra da vítima. Estupro. Falsa acusação do crime de estupro.

Abstract

Law is a key part of a just and egalitarian society. With it we can live in a group in a more
harmonious way, and with that, avoiding some mistakes that, without a norm, would cause a
series of and damages for the human being.
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Since the beginning, the crime of rape has been repudiated and approached with greater severity
among crimes against sexual freedom. In the current legal system, it is listed as a heinous crime,
that is, it receives a differentiated and rigorous treatment by its very nature. The victim's word
in the crime in question is valued and has the force of proof, giving rise to the biggest problem
on the subject: the false accusation of crime, well, rape. Recently proposed, Bill 3369 of 2019
aims to prevent the practices of false accusations in crimes against sexual dignity, given the
seriousness of such an offense. The false accusation of the crime of rape entails irreversible
consequences in the life of the accused, which shows us the importance of explaining about the
subject so that we can avoid errors in the judiciary and in society.
Keywords: victim's word. Rape. False accusation of the crime of rape.

Introdução

Almeja-se com o presente artigo, afirmar a necessidade do agravamento da pena para


quem comete o crime de falsa acusação do crime de estupro, ante as consequências psíquicas
sociais que afetam de forma imensurável a vida do acusado.

Compreender todo contexto histórico do crime de estupro, como ele é praticado e


conhecido desde a antiguidade, configurando um crime cruel e que atenta diretamente contra a
dignidade e a liberdade da pessoa. Tal crime está descrito no artigo 213 do Código Penal atual
e elencado como um crime hediondo por sua própria natureza.
O crime de estupro é tratado pelo Estado com gravidade extrema sendo o acusado
penalizado assim como previsto no ordenamento jurídico, portanto é assegurada a punição para
aquele que o praticar.
Entretanto numerosas acusações do crime de estupro são falsas por diversos motivos
muito deles banais, ocorrendo um verdadeiro problema para a sociedade e para a justiça
solucionar.

Aqui, é de suma relevância o papel do Estado para punir com rigor quem prática a falsa
acusação pelo crime de estupro, pois além de mover a máquina estatal, sabendo não ter
elementos suficientes que comprovem a veracidade dos fatos, fere a vida do acusado de forma
social e psicológica. Além de todos esses malefícios para o acusado injustamente, este poderá
pleitear juridicamente contra o Estado danos causados por essa falha. Logo é percebido que
além de prejudicar o acusado prejudica o Estado.

A presente utilizar-se-á de ampla pesquisa bibliográfica e exploratória, em artigos já


escritos e apresentados sobre o assunto, bem como de obras de autores renomados.
5

Analisar-se-á também jurisprudências, bem como sugestão de Lei n° 07/2017 que não
fora aprovada para votação, bem como o novo Projeto de Lei 1837/22 que será analisado pela
CCJ e pelo Plenário.

1. CONTEXTO HISTÓRICO DO CRIME DE ESTUPRO

Para tomar base de todo o histórico do crime, o termo estupro tem origem no latim
stuprum ou stupare. Assim, no como diz Andre Estefam (2011, p.141): “o vocábulo estupro
origina-se do termo stuprum que significa vergonha”.
Segundo Capez “estupro é a ação de constranger (obrigar) alguém (qualquer pessoa)
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a permitir que alguém
(estuprador) pratique” (2011, p.24).
Desde os primórdios da humanidade este crime é praticado e conhecido, percorrendo
idade antiga, idade média e a moderna. Nas palavras de Nelson Hungria (1959, p.114) “desde
os mais antigos tempos e entre quase todos os povos, a conjunção carnal violenta foi penalmente
reprimida como grave maleficio”. O ordenamento jurídico atual foi influenciado por toda esta
história.
Veja que já desde os antepassados o determinado crime já era visto como um caso de
extrema gravidade. “Chauveau et Helie (Theorie du code penal) definem o estupro como sendo
“tôda conjunção ilícita pela força e contra a vontade da mulher”. (Apud, RIBEIRO, 1945, p.
101).
Nas Leis antepassadas como o código de Hamurabi (Cerca de 1772 A.C.), o crime de
estupro já era descrito. “Artigo 130: Se alguém violar a mulher que ainda não conheceu homem
e vive na casa paterna e tem contato com ela e é surpreendido, este homem deverá ser morto e
a mulher irá livre”. Uma verdadeira vingança pública.
Um dos traços característicos do período da vingança pública é, pois, a formação do
crime público ao lado do crime privado. O crime público era punido pelo Estado, por seus
órgãos de ação repressiva, aos quais competia aplicar o castigo penal. Já a vingança privada era
feita pelos próprios homens. Cita Ladislau Fernando (2011, p.173.).
De acordo com Margolis, “alguns ainda argumentam que na Grécia Antiga o estupro
era direito de domínio do homem” (2006, p.30).
A forma de punir o indivíduo era feita de maneira diversa em cada país, no entanto a
rigidez e a forma severa eram igualitária, sendo o autor somente homens e as vítimas mulheres.
6

No direito Romano, a punição era com pena de morte. No Egito, a pena era mutilação.
Na Grécia antiga em um primeiro momento simples multa transformando-se mais tarde em
pena de morte. Nas leis inglesas da época antiga era punido com pena de morte podendo ser
substituída por vazamento pelos olhos ou castração (MATOS; SOUZA, 2021).
Perceba que independentemente do país continente ou época o estuprador era castigado
com uma pena severa e cruel.

1.2- CONTEXTO HISTÓRICO DO CRIME DE ESTUPRO NO BRASIL

No território brasileiro vários casos de estupros iniciaram-se com a colonização


portuguesa, com os abusos das indígenas. Posteriormente, a chegada dos negros escravos foi
outro momento crucial. Usavam os negros para atividade sexual com as mulheres, a finalidade
era procriação, assim tinham mais escravos para trabalhar ou vender.
No decorrer do tempo surgiram os códigos legislativos dos reis, as Ordenações
Afonsinas, Ordenações Manuelinas e as Ordenações Filipinas. As Afonsinas de 1446, no
reinado de D.Afonso V, trouxe o estupro voluntário e o violento. Cita André Estefam (2011,
p.142) “castigavam-se os pecados que eram cometidos desrespeitando a vontade de Deus. A
norma erigia como valores caros a virgindade e a honestidade das viúvas.” Já as Ordenações
Manuelinas traziam benefícios para escravas e as prostitutas, não visava somente as mulheres
honestas e a morte era aplicada para o agente do estupro. Sobre as ordenações Filipinas o
casamento era a sansão devida e em sua ausência era efetuado dote, o qual era uma quantia a
ser paga pelo agente do estupro à vítima.
Passando por alguns séculos, o Código Criminal do Império em 1830, entra em vigência,
contendo variados delitos sexuais, foi o primeiro a utilizar o vocábulo “estupro”, com pena de
três a doze anos. “Art. 222. Ter cópula carnal por meio de violência ou ameaças, com qualquer
mulher honesta. Penas – de prisão por três a doze anos” (RIBEIRO, 1945, p. 100).
Com o fim do império monarca, surge a necessidade de um novo Código Penal, surgindo
assim em 1890 um novo ordenamento. Consagra-se no Código Penal de 1890 o delito estupro,
quando homem abusa com emprego de violência uma mulher, seja esta virgem ou não. Por
violência compreende-se não apenas o uso de força física, mas todos os meios que inviabilizem
a capacidade de resistência, por exemplo anestésico ou narcóticos. O Artigo 268 trazia em seu
contexto uma pena menor, comparado ao Código de 1830, sendo prisão de um a seis anos e não
mais de três a doze anos.
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Já em 1940 houve o surgimento de um novo código, catalogado no capítulo Dos Crimes


contra a liberdade sexual e com título Dos Crimes Contra os Costumes, crime tipificado no
artigo 213 “constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena
– reclusão, de três a oito anos”. Mudanças ocorreram, a Lei 8.072 de 1990, conhecida como Lei
dos Crimes Hediondos, majorou a pena, sendo de sei a dez anos. Outras alterações significativas
sobre o delito ocorreram com o advento da Lei 12.015 de 2009 e recentemente com a lei 13.718
de 2018 (MATOS; SOUZA, 2021).
No atual cenário, o Código Penal brasileiro em 2009, modificou novamente o artigo 213
do CP, ampliando o conceito de estupro e com isso o endurecimento da lei para uma punição
mais rigorosa aos criminosos.
Com a nova lei houve o endurecimento das penas para casos de estupro, alterando,
assim, as penas do art. 213 e ampliando a sua aplicação para casos que, anteriormente, eram
tratados como crime de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, em virtude da
revogação do art. 214 do CP que tipificava a conduta do atentado violento ao pudor. A redação
da lei anterior dizia que o crime de estupro se constituía tão somente quando ocorresse
conjunção carnal sem o consentimento, isto é, quando houvesse conjunção carnal, mediante
constrangimento (emprego de violência ou grave ameaça). Desse modo, foram introduzidos
como crime de estupro também o constrangimento do toque, carícia, entre outros atos que
não houver consentimento pela vítima, denominados como atos libidinosos
(VANRELL,2020)
Outro ponto de grande destaque da Lei 12015/09 foi a ampliação de quem pode ser
sujeito passivo nesse crime. A redação anterior dizia que somente a mulher podia ser vítima
em razão da conjunção carnal, porém com a Lei 12015/09, ampliou o sujeito passivo ao aludir
a expressão "alguém", independentemente de ser homem ou mulher. Agora, qualquer pessoa
pode ser vítima de estupro, em virtude do aumento de espectro das condutas previstas.
A referida Lei trouxe agravantes, bem como tipificação penal diversa para quem
comete tais crimes. Em relação à agravantes é o caso do estupro resultar em lesão corporal
de natureza grave, Já tipificação do novo crime é se a vítima for menor de dezoito anos e
maior que quatorze, porquanto os menores de quatorze irão se enquadrar no delito de estupro
de vulnerável (art. 217-A, do CP). Já no parágrafo segundo a lei traz que se resultar morte a
pena aumentará para doze até trinta anos de reclusão.

A Lei 13.718 de 24 de setembro de 2018 provocou algumas alterações na seara dos


crimes contra a dignidade sexual. Anteriormente a lei o crime de estupro era considerado, em
8

regra, ação penal pública condicionada à representação da vítima. Com a nova lei, passou a
ser ação penal pública incondicionada. A denúncia do estupro não necessita do consentimento
da vítima, pode um terceiro denunciar sem a vontade e o conhecimento do ofendido.

Outra significativa alteração acerca da lei foi a tipificação como crime da conduta
“importunação sexual”, que foi inserida no artigo 215-A do C: Art. 215-A. “Praticar contra
alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou
a de terceiro: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave”. Em razão da inserção deste tipo penal, revogou-se a contravenção penal do artigo 61
do Decreto-lei 3.688 de 1941, a importunação ofensiva ao pudor, não se tratando de abolitio
criminis, o conteúdo apenas migrou para outra figura.

Por fim, a lei trouxe outro tipo penal com previsão no artigo 218-C do Código Penal:
“Divulgação de cena de estupro. Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não
constitui crime mais grave.” Divulgar, distribuir, publicar, disponibilizar, transmitir diversos
são os tipos penais que configuram este crime. Vale salientar que o armazenamento e acesso
aos registros não configuram o referido delito.

Discorrido uma breve passagem sobre histórica do crime de estupro, percebemos o


grau de complexidade da conduta em questão e quão foram as mudanças nas legislações
penais para uma correta aplicação da lei, principalmente a penalização com maior rigor. Já
em relação a outros crimes sexuais houve, também, uma significativa mudança inserindo o
que não existia e mudando o que já existia no mundo jurídico. O imbróglio ocorre quando
surge uma falsa acusação do crime de estupro e a problemática em relação a essa falsa
acusação.

2. A FALSA ACUSAÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO

Com surgimento do crime de estupro de forma tipificada em Lei, sendo também um


crime detestado pela sociedade, bem com as consequências drásticas para quem era violentado
sexualmente, as penas se intensificaram chegando ao ponto de se tornar um crime hediondo.
No entanto, com o passar dos anos, falsas acusações do crime foram se intensificando
de forma mais acentuada na sociedade. Pessoas passaram a acusar outros indivíduos, mesmo
sem investigação policial, ou seja, sem indícios de autoria e materialidade suficientes que
comprovem o fato. Evidencia-se que com o inquérito policial, busca-se indícios de autoria e
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materialidade, no intuito de evitar acusações levianas e, assim, justa causa para a propositura
da ação penal. Segundo prolata Edilson Mougenot (2008, p.303): “A prova é um instrumento
usado pelos sujeitos processuais para comprovar os fatos da causa, isto é, aquelas alegações que
são deduzidas pelas partes como fundamento para o exercício da tutela jurisdicional”.
Para Capez (2010, p.132) provas são como “os olhos do processo, o alicerce sobre o
qual se ergue toda a dialética processual”.
No entendimento de Magalhães Noronha “a vontade da realização da justiça choca-se
com o desejo de ver punido um inocente” (1986, p. 353). Esse tipo de ato irresponsável fere a
Constituição no que diz respeito aos CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
que estão elencados no Decreto- Lei no 2.848, Código Penal vigente:
Denunciação caluniosa:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei
no 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
(...)
§ 3o Se o crime imputado for estupro, assédio sexual ou estupro de
vulnerável:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, e multa
§ 4o Se da hipótese do parágrafo anterior, resulta prisão, lesão
corporal, morte ou crime contra a dignidade sexual do inocente
acusado:
Pena - reclusão, de seis a dez anos, e multa
Comunicação falsa de crime ou de contravenção:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1o Se o crime imputado for estupro, assédio sexual ou estupro de
vulnerável:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
§ 2o Se da hipótese do parágrafo anterior, resulta prisão, lesão
corporal, morte ou crime contra a dignidade sexual do inocente
acusado:
Pena - reclusão, de seis a dez anos, e multa.

Assim, falsas acusações começaram a surgir pelo fato da vingança privada não existir
nos tempos atuais, dependendo, então, do Estado para punir o indivíduo, levando ao ponto de
acusar um inocente na tentativa de encontrar algum responsável. Nesse entendimento assevera
Luigi Ferrajoli que, “a certeza perseguida pelo direito penal mínimo está, ao contrário, em que
nenhum inocente seja punido à custa da incerteza de que também algum culpado possa ficar
impune” (2002, p.85).
10

2.1 OS DANOS CAUSADOS À VÍTIMA DA ACUSAÇÃO FALSA

Aqui, é de suma importancia observar e entender que dependendo do falso crime o qual
foi imputado, pode ocasionar uma destruição física e psicológica irreparável na vida da vítima,
é o caso da falsa acusação referente ao crime hediondo de estupro, que além de perversa é “sem
dúvida alguma a mais grave e comprometedora” (TRINDADE, 2012, p.206).
Diante de uma prática delituosa de natureza gravíssima como o estupro, acusar alguém
de tê-lo cometido sem que seja verdade, causa inúmeros problemas para a sociedade de modo
geral, pois a partir do momento em que surgem essas falsas acusações, a Justiça passa a
investigar algo que não existiu, fazendo com que o Estado demande tempo de fazer
investigações e constatações de casos de pessoas que realmente sofreram com este crime brutal.
Neste sentido afirma Vicente Greco Filho “Evidentemente, para que o sujeito ativo que praticou
crimes contra a dignidade sexual seja condenado, é indispensável a comprovação da autoria e
materialidade do delito” (2013, p. 228).
Como se não bastasse, muitas das vítimas das falsas acusações de estupro, enquanto
investigadas, são presas indevidamente até que finalmente seja descoberta a verdade. Podem
também ser vítimas de linchamentos, agressões e abusos, bem como manchando sua reputação
(GABIN,2016).
Conforme ensina Capez (2016), a prova deve ser valorada em favor do acusado se
ainda restar dúvida. E isso é bem verdade, pois o ônus da prova é de quem apresentou a
acusação, não se pode deixar esse rito de lado, ou abrir exceção por se tratar de crime sexual.
Segundo Bitencourt “O interesse público no sentido de que a justiça não seja desviada
em razão de denúncias falsas e aberrantes, procurando evitar o desvio de rota do Poder Público,
gastos desnecessários, insegurança social e perturbação de pessoas inocentes”. (2015, p. 333):
As consequências de uma falsa acusação não se resumem a apenas nas previstas no
ordenamento jurídico, existem sérios problemas que esses indivíduos enfrentam, nas diversas
áreas de suas vidas. Sobre isto Calçada, Cavaggioni e Neri (2018) relatam que:
“A falsa acusação de abuso sexual mexe em sentimentos profundos, na pessoa que
está sendo acusada, gerando grande sentimento de raiva, impotência e insegurança
entre outros. Trata-se de uma acusação tão subjetiva, que não pode ser mensurado e
consequentemente contestado objetivamente. Desestruturação social: perda da
estrutura básica de confiança social, ou seja, passa a ser visto como um "monstro
comedor de criancinhas", indigno de confiança, perda de amizades, situações de
constrangimento em ambientes de trabalho e lazer, perda de privacidade, exposição a
insultos, levando-o ao retraimento social, por vezes, tornando-se necessária a
mudança de cidade, ameaça de perda da liberdade por encarceramento”. (CALÇADA,
CAVAGGIONI, & NERI, 2018).
11

Em consonância com o excerto anterior, Lopes (2016) afirma que, para que não ocorra
exposição indevida de uma pessoa, causando-lhe marcas irreversíveis, é preciso que se
mantenha a observância aos princípios e garantias fundamentais.

2.2 CONSEQUÊNCIA PARA QUEM SOFRE A ACUSAÇÃO FALSA DO CRIME.

Como já explanado anteriormente, o crime de estupro é gravíssimo e abrange vários


aspectos sociais, porém, o que muita gente não sabe é que, comprovadamente, cerca de 80%
das denúncias de estupro nas Varas de Família, são falsas, segundo a Psicóloga do TJ, Glícia
Barbosa (VANRELL, 2020).
Um dos relatos vem através do desabafo da delegada da Delegacia das Mulheres de Juiz
de Fora, em Minas Gerais, ela estava perplexa, pois duas garotas, uma de 21 e outra de 14 anos
de idade, lhe procuraram na delegacia e afirmaram terem sido sequestradas, mantidas em
cárcere privado e sofrido violência sexual. Durante a investigação, a polícia conseguiu acesso
a uma conversação da adolescente de 14 anos com o ex-namorado, onde a menina debochava
abertamente da ação policial em relação ao caso o qual ela havia denunciado.1
Já no outro caso, ainda do mesmo dia, a menina de 21 anos alegou que havia conhecido
um homem através das redes sociais e que ele a levou à força para seu apartamento e a fez
prisioneira enquanto mantinha relações sexuais com ela. Depois de um depoimento altamente
contraditório, os investigadores desconfiaram e encontraram as evidências que esclareciam que
era apenas mais um caso de falsa acusação de estupro.2
A jovem foi para o apartamento do homem desconhecido por vontade própria, passou o
final de semana com ele e por medo da reação dos pais, simulou tal história, que poderia ter
levado à prisão, um inocente.3
Na mesma seara, mais um crime de falsa acusação aconteceu em outubro de 2017, em
Manaus. Uma menina de 12 anos acusou aleatoriamente um homem de tê-la estuprado. Ele
ainda passou quatro dias no Centro de Detenção Provisória (CDP) por prisão preventiva,

1
GLOBO. Jovem e adolescente responderão por falsa comunicação de crimes de cárcere privado e estupro em
Juiz de Fora. G1 notícias. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/jovem-e-adolescente-
responderao-por-falsa-comunicacao-de-crimes-de-carcere-privado-e-estupro-em-juiz-de-fora.ghtml
2
Idem
3
idem
12

sofrendo torturas psicológicas, segundo seu advogado, até que a verdade fosse descoberta e
determinassem sua soltura.4
Em contrapartida, quem desconfiou da falsa acusação foi o próprio pai da menor.
Através de câmeras de segurança ele conseguiu imagens de sua filha transitando com o
namorado de 15 anos exatamente no horário que disse ter sido estuprada pelo homem a quem
acusou.5
O acusado, Francimar, foi visto em lugar diverso, e no mesmo horário do então estupro,
estava na companhia do sobrinho, e outras pessoas. Todos que estavam com ele se dispuseram
para testemunhar a seu favor, ainda que a delegacia anteriormente não quisesse ter ouvido.6
Foi descoberto, então, que a menina havia inventado a história e o escolhido
aleatoriamente para acusá-lo, pois havia matado aula para sair com o namorado e com ele,
manter relações sexuais, e por isso, precisava ter alguma desculpa que justificasse para os pais
sua demora até chegar em casa.7
Depois da descoberta do acontecido, a menina compareceu à Delegacia juntamente com
seu pai e contou a verdade.8
Infelizmente, devido à grande quantidade de acusações irreais, a Justiça demanda tempo
e acaba por não dar a devida atenção merecida aos casos verdadeiros de estupro. Inclusive, um
dos fatores, entre diversos, que impedem inúmeras mulheres de denunciarem um crime como
esse é , à enorme demanda de denúncias falsas que se acumulam nas delegacias. Assim, a ação
irresponsável dessas pessoas movimenta a máquina pública estatal, pois dá-se a instauração
desnecessária de inquérito policial, processo criminal, e afasta os policiais das resoluções
verdadeiras dos crimes que são de interesse da sociedade (Farias, 1958).
Uma pesquisa, realizada em 2019, pelo National Registry of Exonerations, banco de
dados que reúne a maior quantidade de informações sobre os casos de erros judiciais já
revertidos nos Estados Unidos, apontou que as causas mais frequentes de condenação de
inocentes naquele país são: falsa acusação de crime (59%), em má atuação das autoridades
(54%) e erro de reconhecimento, representando (29%).9

4
GLOBO, Preso há 4 dias por estupro, homem é solto após menina confessar ter mentido à polícia no AM. G1
notícias. Disponível em: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/preso-ha-4-dias-por-estupro-homem-e-
solto-apos-menina-confessar-ter-mentido-a-policia-no-am.ghtml
5
idem
6
idem
7
Idem
8
Idem
9
INNOCENCE PROJECTBRASIL. Prova de reconhecimento e erro judiciário. São Paulo. 1. Ed., jun. 2020 , p.1 ( HC
58.886/SC).
13

A distinção do crime de estupro com a falsa acusação está difícil, tanto para a Justiça,
tanto para as pessoas comuns, e isso é um problema absurdamente sério, pois estamos tratando
de algo que precisa ser erradicado e punido, mas de forma justa e correta. Mirabete afirma: “A
palavra da vítima, em crimes sexuais, constitui excelente meio de prova, mas isolada, não é
suficiente para autorizar a condenação.” (2011, p.1343).
Para Nucci, “a palavra isolada da vítima, nos autos, pode dar margem à condenação do
réu, desde que resistente e firme, harmônica com as demais circunstâncias colhidas ao longo da
instrução”, posto que não observando as demais provas e circunstâncias pode ocorrer de aplicar
erroneamente a pena a um indivíduo que nada fez, ferindo os fundamentos do direito, como o
princípio do in dubio pro reo e presunção de inocência (2011, p.159-160).
Nesse entendimento, colaciono os precedentes da sexta Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS:
APELAÇÃO. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. RECURSO ACOLHIDO. RÉU
ABSOLVIDO. Observados os elementos de convicção encartados ao caderno
processual, evidencia-se a impossibilidade de manutenção da decisão condenatória,
porquanto a narrativa feita na denúncia não resta suficientemente provada. Isso porque
a vítima apresenta três relatos distintos. No primeiro, feito a mãe, o tio teria apertado
sua genitália. E, na presença do perito nomeado pelo juízo, não verbalizando o fato,
mas indicando por gestos o que acontecera, contou o fato como fizera a sua mãe, sem
qualquer referência a presença, ação ou omissão da tia. E, no terceiro, no depoimento
sem dano, disse não ter havido a agressão. Ora, por evidente que em um dos
depoimentos a vítima faltou com a verdade, inexistindo elemento de convicção com
força suficiente para dizer em qual relato isso aconteceu. O laudo confeccionado pelo
Sr. Perito nomeado não contrapõe os dois relatos, o que deveria ter feito, esclarecendo
porque aquele que afirma a agressão tem mais verossimilhança do que o outro. Sim,
porque para afirmar a existência do abuso, a partir do estudo feito, esse técnico, na
medida em que há duas narrativas distintas no processo sobre o mesmo fato, existentes
ao tempo em que realizada a prova técnica, teria que ter levado isso em consideração,
pois da maior relevância para chegar a conclusão a que chegou. E, na medida em que
não assim fez, retirou, rogada vênia, a validade de sua conclusão, tornado essa prova
imprestável ao esclarecimento da verdade histórica do ocorrido. Não desconheço a
compreensão da jurisprudência dominante no sentido de privilegiar como prova a
palavra da vítima nos crimes cometidos sem presença de testemunhas, mormente nos
crimes praticados contra a dignidade sexual. Todavia, a narrativa da vítima para
atingir esse fim não pode ser contraditória, não sendo permitido a ela a apresentação
de dois relatos distintos, onde num afirma a prática do crime narrado na denúncia,
negando a existência desse mesmo crime no outro. Assim, observada a existente entre
os depoimentos prestados pela vítima ora afirmando a existência do fato, ora negando,
e, que o laudo técnico apresentado pelo Sr. Perito do Juízo sobre essa contradição
não se manifesta, torna-se impossível acolher sua conclusão como a verdade histórica
do ocorrido, obrigando a absolvição do acusado por insuficiência de provas.
RECURSO DEFENSIVO PROVIDO PARA ABSOLVER O RÉU.
UNÂNIME.(Apelação Criminal, Nº 70084608934, Sexta Câmara Criminal, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Bernadete Coutinho Friedrich, Julgado em: 27-05-2021)
Grifo.

Os motivos dessas falsas acusações são variados e muitas vezes, absurdamente banais.
Podem advir de mulheres com problemas psicológicos ou mentais, mulheres que abusam de
14

álcool ou fazem uso intenso de drogas, pode ser também por vingança do parceiro por motivos
irrelevantes como separação, pequenas discussões, relacionamentos oriundos aos seus, entre
outros motivos (DIAS, 2012).
A certeza acerca da impunidade gera essa demanda de falsas acusações, pois não existe
punibilidade severa para as pessoas que acusam outras de terem praticado crime de estupro.
(ANDRADE,2017).
Uma falsa denúncia de estupro levou um homem a ser torturado e morto publicamente
em Central Carapina, na Serra. Com apurações feitas pela Delegacia de Crimes contra a Vida,
uma adolescente de 15 anos foi comprar drogas, e como não sabia onde eram as bocas de fumo,
pediu ajuda a um morador do bairro, que era justamente Cristiano, a vítima da falsa acusação.
Ambos compraram e usaram as drogas, e ao fim, discutiram devido ao valor que deveria ser
pago por cada um pela compra dos entorpecentes.10
O Delegado, Rodrigo Sandi Mori, responsável pelo caso, detalhou que “Após a briga, a
adolescente procurou os traficantes da região e afirmou que havia sido estuprada por Cristiano.
O rapaz foi abordado por Henrique, agredido no meio da rua por cerca de 30 minutos, e depois
alvo de tiros”. 11
Testemunhas relataram que, no dia do crime, a adolescente responsável pela falsa
acusação de estupro acompanhou as investigações policiais e deu risadas ao lado do corpo da
vítima. Levada pelos policiais, ela prestou depoimento afirmando ter sido estuprada e foi
direcionada para fazer os exames de corpo e delito.12
No primeiro depoimento, ela deu detalhes de como teria sido o suposto estupro, e
afirmou que houve conjunção carnal. No entanto, o laudo dos exames deu negativo.
Ela foi chamada para prestar novo depoimento, mas dessa vez mudou a versão
anterior, dizendo que havia sido uma tentativa de estupro apenas – disse o Delegado.13

São inúmeros os casos de homens que foram torturados, estuprados, linchados,


excluídos do meio social ou mortos graças às acusações indevidas. Uma vez condenado,
entende-se por “reais” as acusações. É assim que a mídia e a sociedade declaram ao ver um
magistrado arbitrar uma pena, o temeroso é que, se comprovando o equívoco dos tribunais, não
há indenização que restaure a imagem de um “ex estuprador”, pois não se trata apenas da
sociedade, mas também do seu íntimo (SILVA, 2019).

10
GAZETA; Homem é torturado e morto após falsa denúncia de estupro na serra, 2017.
11
Idem
12
idem
13
idem
15

Assevera Greco (2017, p.788), que: “Quem tem alguma experiência na área penal
percebe que, em muitas situações, a suposta vítima é quem deveria estar ocupando o banco dos
réus, e não o agente acusado de estupro”.
Nesse entendimento, Lopes (2016) afirma que, para que não ocorra exposição indevida
de uma pessoa, causando-lhe marcas irreversíveis, é preciso que se mantenha a observância aos
princípios e garantias fundamentais.
Reinserir na sociedade um indivíduo que cumpriu pena por furto, extorsão, entre outros,
é muito mais simples do que tentar ressocializar alguém que cumpriu pena por estupro. Por ser
um crime gravíssimo e causar tanta aversão para a sociedade, as pessoas não costumam aceitar
em suas vidas e em seus estabelecimentos comerciais um possível estuprador, logo, aquele que
sofreu por falsa acusação de estupro, ainda que seja comprovado, além de passar por situações
horrendas dentro de uma prisão sem merecimento algum, ainda precisam enfrentar o mundo lá
fora, sendo marginalizados e sempre postos a prova de sua inocência. (ANDRADE, 2017).

3. FALSAS MEMÓRIAS E A DISTINÇÃO DA FALSA ACUSAÇÃO DE CRIME

É de grande importância distinguir o fenômeno das falsas memórias, haja vista um


importante fator a ser levado em consideração no momento de valoração da prova testemunhal.
Entre outros aspectos, a memória representa ao indivíduo a segurança da sua própria
existência e das coisas à sua volta, a certeza do que foi por ele conhecido; não há convicção que
subsista sem qualquer tipo de memória. As concepções de mundo e, consequentemente, as
ações humanas se fundam em lembranças e em pré-vivências – não se pode fazer aquilo que
não se sabe como fazer, tampouco comunicar algo que se desconheça, que não esteja
memorizado –, e é por isso que, conforme afirma LOFTUS, “[...] a lembrança pode ser
altamente manipulada a partir de informações errôneas sobre acontecimentos nunca vividos,
como também pode haver modificação dos fatos realmente vivenciados”. (GESU, 2022, p.
133).
Algumas falsas memórias são geradas de forma espontânea, por consequência de um
processo normal de compreensão, e são chamadas de FM espontâneas ou auto sugeridas. Nessa
senda, a falsa memória, que pode resultar de sugestões externas como consequência acidental
ou deliberada e as pessoas passam a recordar fatos sugeridos como se tivessem sido realmente
por elas vividos. O presente estudo, entretanto, dirige-se precipuamente ao estudo das falsas
memórias geradas a partir de indução (sugeridas por fatores externos), em que pese não
16

ignoremos que ambas as espécies de FM são capazes de contaminar a prova penal (GESU,
2022).
Ainda que os primeiros estudos sobre a falsificação da memória remontem o início do
século XX, com experimentos de BINET, STERN e BARTLETT, foi Elizabeth LOFTUS que,
a partir da década de 70, tornou-se uma das maiores autoridades no que se refere à temática das
falsas memórias por ter sido pioneira na introdução de uma nova técnica para o estudo das
falhas mnemônicas consistente na sugestão da falsa informação26, onde, logo após a
experiência vivida por determinado indivíduo, é a ele apresentada uma informação falsa
compatível com esta experiência. Os resultados da aplicação deste procedimento têm produzido
o chamado efeito de falsa informação, ou seja, uma diminuição dos índices de reconhecimentos
verdadeiros e um aumento significativo dos falsos (GESU, 2022).
É imperioso diferenciar a MENTIRA e FALSA MEMÓRIA, pois aquela, é algo
rotineiro em nossas vidas, na convivência humana em geral, sendo muito utilizada no processo
penal. Expressões como “não me recordo” ou “são muitas ocorrências”, servem de álibi, pelas
testemunhas e policiais, sendo aceito pelo judiciário. (ROSA, 2021, p. 495).
Logo o indivíduo sabe que o evento não é verdadeiro, ou seja, um processo consciente
de inventar ou escamotear a realidade. Já em relação a falsa memória, as pessoas realmente têm
convicção de que aquilo aconteceu. Dessa forma, enquanto a mentira tem base social, a falsa
memória, é um fenômeno de base mnemônica, mais precisamente, uma lembrança (GESU,
2022).
Nessa seara, encaixa-se a SAP (síndrome da alienação parental) sua origem se dá a
densidade das estruturas do convívio familiar.
LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010 (alienação parental):

Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica


da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com este.

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com
auxílio de terceiros:

VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

Na Alienação Parental, o legislador elencou sanções CIVIS ao alienador, como podemos


observar no artigo 6º da LEI Nº 12.318 de 2010:
17

Art. 6o. Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - Revogado.

É possível observar que o legislador elencou diversas sanções civis no artigo, porém
apesar de falar da possibilidade de responsabilização criminal, o legislador não atribui um tipo
penal para a prática da alienação parental, ficando a cargo do genitor alienado, a opção de buscar
uma responsabilização penal pelo fato não ocorrido.
A síndrome da alienação parental é, na maioria dos casos, fruto de vingança relacionado
a conflitos entre o casal, na busca pelo equilíbrio e o desenvolvimento da prole. De acordo com
MADALENO (2013, p.42), surgiu a síndrome da alienação parental em 1985, psiquiatria
Richard Gardner, que a partir de suas próprias experiências como perito Judicial, assim
descreveu a síndrome desta seguinte forma:
Trata-se de uma campanha liderada pelo genitor da guarda prole, no sentido de
programar a criança para que odeie e repudie sem justificativa o outro genitor,
transformando a sua consciência mediante diferentes estratégias, com o objetivo de
obstruir, impedir ou mesmo destruir os vínculos entre o menor e o pai não guardião,
caracterizado também pelo conjunto de sintomas dela resultantes, causando assim,
uma forte relação de dependência e submissão do menor com o genitor alienador. E,
uma vez instaurando o assédio, a própria criança contribui para a alienação
(MADALENO E MADALENO, 2013, p.42). Grifo.

Colaciono decisão a respeito do assunto:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA AJUIZADA


PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPEDIMENTO INJUSTIFICADO CRIADO À
CONVIVÊNCIA PATERNO-FILIAL. ALIENAÇÃO PARENTAL POR PARTE
DA GUARDIÃ COMPROVADA. CONDENAÇÃO À MEDIDA DE
ADVERTÊNCIA E DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO.
MANUTENÇÃO. 1. Apesar da negativa da guardiã, o conjunto probatório carreado
ao feito revela que com seu comportamento contribuiu significativamente para o
distanciamento paterno-filial, sem se preocupar com o comprometimento que esta
situação acarreta ao saudável desenvolvimento do menino, que, sem justo motivo,
passou a recusar a realização das visitas paternas. 2. Manutenção da sentença que,
diante da prática de alienação parental, aplicou à guardiã medida de advertência, no
sentido da não imposição de óbice ao convívio paterno-filial, sob pena de ampliação
das medidas, e de realização de acompanhamento psicológico (da guardiã e do filho),
de modo a viabilizar o restabelecimento dos vínculos afetivos saudáveis. APELO
DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70074248667, Oitava Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 28/09/2017).
18

Conforme informado e destacado no julgado acima, a decisão foi que a guardião da


criança que praticou alienação parental, deverá passar por apoio psicológico junto com o filho.
Após a compreensão do conceito e do processo de criação das falsas memórias,
diferenciando-a da mentira, bem como da síndrome da alienação parental, necessário se faz
uma percepção caso a caso quando abordar a falsa acusação do crime de estupro, no intuito de
evitar erros no judiciário.

4. A FALTA DE UMA LEI MAIS GRAVOSA PARA A FALSA ACUSAÇÃO NO


CRIME DE ESTUPRO

Como já exposto, a falsa acusação de crime é uma ação que tanto leva a penalização de
um inocente quanto a movimentação do Estado para um crime inexistente.
Nas palavras de Queiroz (2016, p.1469), afirma:
“O bem jurídico protegido é a administração da justiça, protegendo-se em especial a
autoridade, a regularidade e eficiência do funcionamento dos órgãos públicos
responsáveis pela persecução penal. De fato, além de levar a um desprestígio dos
órgão públicos, a comunicação falsa de crime ou contravenção compromete a
eficiência dos serviços prestados pelos órgão que participam da persecução penal,
ocupando-se de investigar situações inexistentes, o que gera um dispêndio, tanto
humano quanto financeiro desnecessário em decorrência da movimentação da
máquina estatal de maneira descabida”.

Logo é perceptível quanto mais demandas dessas existir em nossa sociedade tendo a
mesma forma de penalizar a falsa vítima, os casos de mentiras e histórias inverídicas iram
aumentar, haja vista a falta de um rigor, forçoso, para a falsa acusação do crime de estupro. O
que é interpretado atualmente é que se pode acusar um inocente de estupro, o mesmo ser
estuprado de fato, por indivíduos que estão encarcerados no mesmo local ou linchados por
populares acreditando em uma farsa contada, haja vista que o crime de estupro é considerado
um dos mais repugnantes para os presos (VANRELL, 2020).
De acordo com o que afirma Júnior (2007), o acusado de estupro, ao chegar no sistema
prisional, tem grandes probabilidades de sofrer graves violências sexuais por parte de outros
presos, onde pouco importa se se trata de um culpado ou inocente.
Devido à indignação social por consequência da falta de impunidade relativa às falsas
acusadoras, em 2017 foi criada uma Sugestão Legislativa escrita por Rafael Zucco para tramitar
no Senado Federal, a qual atingiu mais de 20 mil apoios e manifestações individuais no portal
e-Cidadania do Senado Federal. O autor da sugestão justificou argumentando que o indivíduo
19

que é vítima da falsa acusação de estupro tem sua vida arrasada, pode perder o emprego, ser
preso injustamente e até linchado, e o pior de tudo, ser estuprado.14
De forma divergente do que existe no cenário atual, a Sugestão visa pretender uma
condenação concreta ao caluniador. Vale entender que não se trata de prender e punir quem
simplesmente foi até a delegacia e fez uma denúncia de estupro, mas sim, quem foi até a
delegacia denunciar falsamente, e com essa atitude, destruiu, desestabilizou e acabou com a
vida de outra pessoa.15
Nesse entendimento o jurista Rogério Sanches Cunha, diz o princípio da
Proporcionalidade:
Trata- se de princípio constitucional implícito. Desdobramento lógico do mandamento
da individualização da pena. Para que a sanção cumpra sua função, deve se ajustar à
relevância do bem jurídico tutelado, sem desconsiderar as condições pessoais do
agente (CUNHA,2016, 9.100).

Tal Sugestão Legislativa traz uma importante reflexão sobre a sociedade, pois a partir
do momento que se acusa alguém de forma errônea, automaticamente crime real se torna
banalizado, e isso é extremamente triste pois não afeta tão e somente o falso acusado, mas sim,
todas as pessoas que lutam contra e enfrentam o verdadeiro crime de estupro.
Nesse mesmo entendimento, o Deputado Heitor Freire, em que a proposta é a majoração
da pena de 1/3 quando a denunciação caluniosa imputar a vítima à prática de crime hediondo,
sendo o estupro considerado crime hediondo os dois projetos encontram-se em perfeita
consonância.
Heitor Freire em sua posposta, Projeto de Lei 3361 de 2019, afirma: “Em suma, trata-
se de uma perda de tempo e de recursos públicos, seja pela polícia, seja pela justiça, seja pela
própria vítima que terá de providenciar seus meios de defesa”, outro ponto de destaque sobre a
falsa imputação, além da suposta vítima do crime de estupro banalizar o judiciário, há um
elevado gasto operacional para o governo e acusado tudo isso por um motivo torpe.
Claro, é absolutamente inviável que mulheres inocentes e bem intencionadas sofram as
penalidades pretendidas por essa ideia legislativa, pois para que a descoberta da falsa acusação
seja consumada, devem ser necessárias provas concretas, cabais, os quais fiquem claros e
expostos que quem acusou mentiu, como: testemunhas com credibilidade, ligações, exames de
corpo de delito, fotos, vídeos, entra outros diversos meios que ao chegar nas mãos da Justiça,
sejam devidamente investigadas a fim de comprovar a falsa acusação, logo, não existe a

14
BRASIL. Senado Federal . Sugestão de lei n°07, de 2017. Alterando o art. 2013 do CP, para aumentar a pena
de quem acusa falsamente. Brasília, DF: Senado Federal, 2017. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/128460
15
idem
20

hipótese de mulheres inocentes tornarem-se criminosas caso não consigam provar que foram
vítimas de um estupro (ANDRADE, 2017).
A relevância desse crime é de suma importância para as pessoas compreenderem a
gravidade da falsa acusação, o imenso prejuízo para o imputado e o impacto social que a
impunidade acarreta para aqueles que cometem falsas acusações de delitos contra a dignidade
sexual. Fica cada vez mais difícil conseguir distinguir os que falam a verdade, daqueles que
mentem, dificultando o trabalho da polícia, do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário,
assoberbado de demandas criminais sérias e urgentes.

5. A ANÁLISE DA NÃO APROVAÇÃO DA SUGESTÃO 07/2017, BEM COMO O


NOVO PROJETO DE LEI 1837/22.

Como já mencionado anteriormente a sugestão tinha como proposta tornar falsa


acusação de estupro um crime hediondo e inafiançável, no intuito de mitigar as ocorrências
desse crime. Todavia foi rejeitada pela Senadora Gleisi Hoffmann, da Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa, relatora.
O parecer que negativou e arquivou a sugestão mencionava que já existia em nosso
ordenamento pátrio punição para o determinado crime sendo penalizado tanto na esfera penal
quanto na civil por danos morais causados a quem foi culpado falsamente.
Disse ainda, por mais reprovável que seja a comunicação falsa de estupro, nos parece
excessivo qualificá-la como conduta hedionda, especialmente considerando que não envolve
violência. Alertou que penalizar quem acusa falsamente pelo crime de estupro seria muito
gravosa, haja vista não ser um crime violento e que seja repudiado pela sociedade, bem como
não ter acesso algumas benesses penais (HOFFMANN, Gleisi).
Então, como uma falsa acusação de estupro, onde quem fez a falsa acusação nitidamente
não tem a menor preocupação, compaixão em relação aos sérios danos aos quais a vítima
sofrerá, não se enquadra em um crime hediondo?
No entanto, a sugestão tem como enfoque as acusações falsas DOLOSAS em crime
hediondo, assim, seriam as acusações que viessem acompanhadas de danos destrutivos para a
vida da vítima, como prisão indevida, agressões, torturas, linchamentos e até a morte. Dessa
forma, faz-se necessário reparar que, de acordo com o parecer da Relatora, a importância maior
deverá ser com as consequências e impedimentos que o criminoso de falsa acusação dolosa
enfrentaria se estivesse enquadrado em crime hediondo, do que com as graves consequências
acarretadas na vida da vítima.
21

Como medida de redução de danos em virtude da dificuldade do Estado em investigar


tal situação com maior afinco e precisão, sugere-se a implementação tal como na common Low
para a denunciação caluniosa nos crimes sexuais, da figura do “expert witnesses”, o qual atua
realizando um filtro das alegações das partes, passando aos jurados apenas os elementos capazes
de esclarecer os fatos: “São psicólogos, médicos, assistentes sociais, que devem ter
conhecimento da matéria discutida no processo (BALL, 2017, p. 10-11), fornecendo evidências
que possibilitem alguma compreensão.” (ALMEIDA E LIMA, 2019).

5.1. NOVO PROJETO DE LEI 1837/22


Como todo o exposto, hodiernamente, os casos de falsa acusação do crime de estupro
continuam aumentando, trazendo, novamente a necessidade de uma Lei mais gravosa para
quem acusa falsamente, como afirma Carlos Jordy, parlamentar, propositor do projeto de Lei.
O Projeto de Lei 1837/22, tem como escopo principal, agravar a pena do crime de
comunicação falsa de crime ou contravenção quando se tratarem de crimes contra a dignidade
sexual.16
Atualmente, o CP prevê uma pena de detenção de um a seis meses ou multa para o
referido crime.
Segundo a proposta, caso o crime falsamente comunicado for contra a dignidade sexual,
a pena será de reclusão de um a três anos e multa. Caso o crime comunicado falsamente resulte
na prática de aborto, a pena será aumentada em dois terços.
Na justificativa da proposta ele cita alguns casos em que considera que isso aconteceu.
“Em 2019, ocorreu o famoso caso do jogador Neymar Jr. e a modelo Najila Trindade, que o
acusara de estupro e agressão” (Jordy, 2022).
O parlamentar diz ainda: “Recentemente, um caso ganhou grande repercussão na mídia
nacional. A menina de 11 anos em estado gravídico com a falsa narrativa midiática afirmando
se tratar de crime de estupro. No entanto, com a notoriedade do caso, tornou-se público que o
suposto estuprador é outro menor incapaz cuja relação não foi forçada. Quando se noticiou esse
fato, já era tarde, o assassinato do bebê já havia sido executado.”17
O presente projeto ainda passará pela CCJ e pelo Plenário para a análise.

16
Bom dia advogado, PROJETO AGRAVA PENA PARA COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL. Disponível em: https://bomdia.adv.br/projeto-agrava-pena-para-comunicacao-falsa-de-crime-contra-
a-dignidade-sexual/
17
idem
22

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, tratar dos crimes sexuais é um tema que causa grande alvoroço social,
por conta da sua complexidade e por todas as peculiaridades inerentes a sua concretização, por
isso se faz necessário um aprofundamento jurídico e doutrinário e também um novo e mais
direcionado caminho partindo da legislação brasileira, tendo em vista a evolução social e
visando, na verdade, à proteção a dignidade sexual, como versa a Constituição Federal de 1988,
no seu artigo 1º, III, a dignidade da pessoa humana.
Perpassando por todos os ensinamentos jurídicos e doutrinários presentes nesta
pesquisa, foi de fácil constatação que a legislação pátria buscou um endurecimento nas penas
previstas para quem comete tal delito, o crime de estupro possui conotações perversas e por
isso, para um melhor enfrentamento passou a figurar no rol dos crimes hediondos.
No entanto, é preciso reconhecer que por motivos característicos deste delito, não se
pode deixar de levar em consideração o que afirma a doutrina ao ensinar que ninguém deve ser
condenado única e exclusivamente pela declaração de vítima, e é justamente por este motivo
que esta pesquisa buscou trabalhar no entendimento dos riscos da aplicação da lei penal, pois
se trata de um crime de difícil comprovação. E por ser cometido geralmente “às escuras” é que
surgem as nuances desse crime, pois abre também a possibilidade de uma falsa acusação.
Logo, após analisar e conceituar de forma objetiva o estupro e adentrar no assunto da
falsa acusação desse crime, ficou exposta a grande demanda de falsas acusações e os problemas
acerca disso. Nesse sentido, houve a necessidade da diferenciação entre uma falsa acusação de
crime e a falsa memória, haja vista os aspectos de cada um.
Desta forma, tornou-se nítida através dos tópicos a importância de refletir e considerar
sobre os prós advindos da Sugestão Legislativa que viabilizaria, se não tivesse sido rejeitada,
transformar falsa acusação dolosa em crime hediondo e inafiançável, tendo em vista o grau de
repulsa que tal crime causa.
Por conseguinte, foi de extrema importância a abordagem sobre alguns detalhes da
Sugestão para garantir respostas para as possíveis dúvidas das pessoas de modo geral. Também,
explana-se a justificativa dada pela Senadora Geisi Hoffmann para rejeição e arquivamento da
ideia legislativa.
Atualmente, tramita na CCJ um novo projeto de Lei que tem como escopo o
agravamento da pena quando se tratar de falsa acusação, em relação a crime contra a
dignidade sexual. Trazendo assim, uma majoração para o crime.
23

Ficou claro, então, que a falsa acusação de estupro é algo tão grave que não afeta
somente o acusado que foi denunciado falsamente e sofreu as consequências irreversíveis
causadas pelo ódio da sociedade ou pela Lei aplicada indevidamente, mas também, a todas as
mulheres que lutam contra e denunciam o verdadeiro crime de estupro, todavia ficam à mercê
do judiciário que precisa filtrar os diversos casos falsos que chegam e se misturam com os reais,
sendo um desafio analisar minuciosamente o depoimento da vítima, verificando o histórico da
pessoa, o estado mental, a relação da vítima e acusado, o contexto fático, relacionando o
depoimento com as demais provas para assim não chegar a uma conclusão errônea baseada
apenas na palavra da vítima.
O presente trabalho serve para trazer uma análise sobre os danos que, muitas vezes,
erroneamente pelo erro judiciário, afetam e não possibilitam às pessoas o entendimento da
devassidão moral, penal e social de quem sofre ou sofreu uma falsa acusação de um crime de
estupro e que em muitos casos acaba por destruir a vida de quem foi acusado falsamente.
Por fim, conclui-se a importância da discussão para o meio social, jurídico e moral, haja
vista a latente escassez de uma punição rigorosa para falsos acusadores do crime de estupro,
que consequentemente, diminuíra número de falsas acusações e o inchaço no judiciário desses
processos.

Referências

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solução implantada pelo common law. 2019. Disponível em:
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ANDRADE ,Lorena Giovana Leonel De, O Problema Acerca Das Falsas Acusações De Estupro,
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24

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