Você está na página 1de 21

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade Mineira de Direito

Vinicius Nunes Cesário

ESTUPRO DE VULNERAVEL E O DIREITO PENAL

BELO HORIZONTE
2021
Vinicius Nunes Cesário

ESTUPRO DE VULNERAVEL E O DIREITO PENAL

Monografia apresentada ao curso de Direito da


Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial a obtenção do título de bacharel
em Direito.
Orientador: Jose Boanerges Meira
Área de concentração: Direito Penal

BELO HORZIONTE
2021
Vinicius Nunes Cesário

ESTUPRO DE VULNERAVEL E O DIREITO PENAL

Monografia apresentada ao curso de Direito da


Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial a obtenção do título de bacharel
em Direito.
Área de concentração: Direito Penal

_________________________________________________________________
Prof. Dr. Jose Boanerges Meira – PUC Minas (Orientador)

_________________________________________________________________
(Banca Examinadora)

Belo Horizonte
2021
AGRADECIMENTOS
RESUMO

A cada momento que se passa, nota-se o crescente aumento do número de casos


de crimes sexuais no país, sendo esses nas mais diversas formas, seja contra
mulheres, homens, crianças, adolescentes, sendo os crimes sexuais um tipo de
crime do qual não se escolhe vítimas, que e praticado das mais diversas formas.
O aumento da taxa de crimes pode cresce a cada instante, visto que muitos desses
crimes não são notificados as autoridades na maioria dos casos, onde no estudo
nacional de vitimização estimou que somente 7,5 % das vítimas de crimes sexuais
notificam o ocorrido, o que indica que os números aqui analisados são apenas a face
mais visível de um enorme problema que vitima milhares de pessoas anualmente,
essa baixa de notificação se deve a um dos motivos, o medo de retaliação por parte
dos agressores, o receio de descrédito nas instituições policiais e de justiça, visto
que muitos casos demonstram que há esse descrédito e um preconceito e ainda a
falta de punição e imparcialidade na hora de ser julgados esses tipos de crime, além
de uma falha que se tem nas instituições na hora de investigar esses delitos, e uma
demora na investigação e tomada de decisões em um tipo penal que muitas das
vezes necessita de celeridade no processo, visto que muito dos agressores se
encontram no próprio lar da vítima de acordo com pesquisas feitas, e também onde
nossa sociedade muitas vezes se demonstra retrógrada ao tratar na justiça essas
questões de crimes sexuais que norteiam e assombram nossa sociedade.
ABSTRACT
With each passing moment, there is a growing increase in the number of cases of
sexual crimes in the country, these being in the most diverse forms, whether against
women, men, children, adolescents, with sexual crimes being a type of crime of which
victims are not chosen, which are practiced in the most diverse ways.
The increase in the crime rate can grow at every moment, since many of these
crimes are not reported to the authorities in most cases, where in the national
victimization study it was estimated that only 7.5% of the victims of sexual crimes report
the event, the which indicates that the numbers analyzed here are just the most visible
face of a huge problem that victimizes thousands of people annually, this low
notification is due to one of the reasons, the fear of retaliation on the part of the
aggressors, the fear of discredit in the institutions police and justice, since many cases
demonstrate that there is this discredit and prejudice and also the lack of punishment
and impartiality when judging these types of crimes, in addition to a failure that
institutions have when investigating these crimes , and a delay in the investigation and
decision making in a criminal type that often needs speed in the process, since many
of the aggressors are in their own home. legitimate according to research done, and
also where our society often proves to be retrograde in dealing in justice with these
sexual crime issues that guide and haunt our society.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art Artigo
CF Constituição Federal
CP Código Penal
CNJ Conselho Nacional de Justiça
CPP Código de Processo Penal
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
2. crimes contra a dignidade sexual e suas vitimas............................................... 9
2.1 Conceito ............................................................................................................... 9
2.2 Estupro, Assédio sexual e Corrupção de menores .......................................... 9
2.2.1 Tipificação no Código Penal.......................................................................... 10

2.2.2 Estupro ............................................................................................................ 11

2.2.3 Violência Sexual Mediante Fraude ................................................................ 12

3. Estupro de Vulnerável......................................................................................... 12
3.1 Caso Emblemático ............................................................................................ 14
3.2 Desmerecimento da vitima ............................................................................... 15
3.3 A Negativa de Denúncia da Vitima ................................................................... 16
3.4 Apoio necessário a vitima ................................................................................ 17
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 20
8

INTRODUÇÃO

A devida pesquisa e buscar de soluções para o controle e diminuição das


ocorrências desses crimes, seja ele nas suas diversas formas, assim com a pesquisa
verificar meios para que possa se solucionar esse aumento terrível nas taxas e
também a solução rápida e mais célere desses crimes, assim como um meio mais
eficiente para apoio as vítimas e logo uma punição desses agressores. Tem como
objetivo a devida pesquisa a busca na quebra de paradigmas onde a vítima e vista
como se tivesse culpa no ato do agressor, o que e uma visão totalmente machista e
conservadora sobre o assunto, visão essa que não se cabe no direito penal atual e
muito menos em nossa sociedade, sendo assim a pesquisa busca uma forma de
conscientizar a população e que ela busque também a apoiar as vítimas de forma que
outras sintam-se encorajadas a denunciar as agressões sexuais sofrida.
Alguns artigos citam e chegam a conclusão que “A sociedade tem o poder de
desconstruir a são evidenciados para que a vítima seja peça chave para que aconteça
o fato. Vítima, principalmente nos casos como os crimes sexuais pois os costumes e
atos do agredido A vítima que é desconstruída passa por situações em que as vezes
ela mesma se questiona o merecimento e o induzimento ao ato, porém vale salientar
que a vítima dificilmente tem culpa do ato delitivo’’. Devemos ter em mente que a
punibilidade no nosso pais e branda nesse aspecto, a falta de certeza da vítima que
seu agressor será punido leva muitas das vezes a se omitir da denúncia e não buscar
a força do estado para aplicar a lei, assim as vezes fazendo com que esse delito
sexual se ocorra por mais vezes e se prolongue, e o autor com esse ar de impunidade
e da não descoberta de seus delitos começa a partir para outras vítimas salientando
seu desejo de cometer o crime, por isso, nessa pesquisa, iremos chegar a conclusão
ao final que devemos buscar formas de incentivar as vítimas a buscar o Estado para
que ele sim possa punir esses agressores.
9

2. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL E SUAS VITIMAS

2.1 Conceito
No Direito Penal, para que uma conduta ou situação seja considerada crime,
é preciso que se tenha um fato típico e antijurídico com o qual se enquadre nos artigos
descritos no código penal. Para isso foi necessário que o legislador descrevesse
essas condutas criminosas de forma abstrata, a fim de que se enquadre qualquer
forma de cometimento desses crimes no artigo correspondente, ou que seja inovada
e enquadrada novas condutas ou atos na lei de acordo com a necessidade da
sociedade.

Dessa forma, em relação aos crimes contra a dignidade sexual, é possível


tanto o estupro carnal - aquele em que há contato físico entre vítima e criminoso, bem
como a ocorrência do estupro virtual, utilizando a internet como meio para
consumação.

Nas palavras de Luiz Regis Prado1, define ele os crimes contra a liberdade
sexual como:

“Entende-se por liberdade sexual a vontade livre de que é portador o


indivíduo, sua autodeterminação no âmbito sexual, ou seja, a capacidade do
sujeito “de dispor livremente de seu próprio corpo à prática sexual, ou seja, a
faculdade de se comportar no plano sexual segundo seus próprios desejos,
tanto no tocante à relação em si, como no concernente à escolha de seu
parceiro, (...) na capacidade de se negar a executar ou a tolerar a realização
por parte de outro de atos de natureza sexual que não deseja suportar, opondo-
se, pois, ao constrangimento de que é objeto exercido pelo agente”. “

2.2 Estupro, Assédio sexual e Corrupção de menores

1
PRADO, Luiz Regis. CURSO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO. 17° Edição. Editora Forense LTDA,
2019
10

2.2.1 Tipificação no Código Penal


O Legislador no Código Penal tipifica os crimes contra a dignidade sexual no
seu TÍTULO VI – Dos Crimes contra a Dignidade Sexual, sendo o CAPÍTULO I – Dos
Crimes contra a Liberdade Sexual e o CAPÍTULO II – Dos Crimes Sexuais contra
Vulnerável sendo eles os artigos e sua tipificação: Art. 213 (Estupro), Art. 215 (
Violência sexual mediante fraude), ART 216-A (Assédio Sexual), Art 217-A (Estupro
de Vulnerável).

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave


ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1.º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou
se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2.º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso


com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a
livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
vantagem econômica, aplica-se também multa.

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem


ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição
de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Parágrafo único.
(Vetado.)
11

§2.º A pena é aumentada em até 1/3 (um terço) se a vítima é


menor de 18 (dezoito) anos.

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso


com menor de 14 (catorze) anos.
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1.º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem
o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência.
§2.º (Vetado.)
§3.º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4.º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§5º As penas previstas no caput e nos §§1º, 3º e 4º deste artigo
aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato
de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime

2.2.2 Estupro

A conduta incriminada pelo legislador no artigo 213 consubstancia-se em


constranger (forçar, compelir, obrigar) alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso
O tipo penal protege de modo amplo todas as pessoas, sem nenhuma
distinção, que devem ter tutelado o seu direito à liberdade sexual, e que, portanto, não
podem ser compelidos a satisfazer os prazeres sexuais ou lúbricos de outrem. Assim,
pratica estupro o marido ou companheiro que constrange a própria mulher ou
companheira a manter com ele conjunção carnal, praticar ou permitir a realização de
ato libidinoso diverso, mediante violência física ou grave ameaça, visto que, em tal
12

caso, não há nenhum amparo legal derivado de um suposto dever de cumprir o “débito
conjugal”, sendo indiferente a condição pessoal da vítima.

2.2.3 Violência Sexual Mediante Fraude

A conduta incriminada pelo artigo 215 se define no fato de o agente causador


ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com outro individuo, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da sua
vítima. É o que e muito conhecido pela doutrina como estelionato sexual, onde a vítima
é induzida a erro a respeito da identidade do agente ou mesmo sobre a legitimidade
da conjunção carnal ou do ato libidinoso por ela consentido, sendo assim ela e levada
a engano sobre o ato praticado.
Sobre a Fraude ou engano disserta Luiz Regis Prado2;

“O engano produzido pela conduta do agente deve recair sobre aspectos


essenciais de uma situação de fato que, se a vítima tivesse conhecido, não
teria anuído à prática do ato de natureza sexual, seja porque tal engano suscita
uma representação equivocada da realidade, seja porque confirma uma
representação equivocada previamente existente;”

3. ESTUPRO DE VULNERÁVEL

O Estupro de Vulnerável como o tipo penal que é objeto principal dessa


pesquisa em conjunto com a forma qual a vítima e tratada muita das vezes, ele traz
casos emblemáticos e de grande conhecimento da população.
Esse tipo penal, visa a preservar a liberdade sexual em sentido amplo,
especialmente a indenidade ou intangibilidade sexual das pessoas vulneráveis, assim
entendidas aquelas que não têm capacidade suficiente de discernimento para
consentir de modo que seja válida no que se diz à prática de qualquer ato sexual. São
os menores de 14 (quatorze) anos, bem como aqueles que, por enfermidade ou

2
PRADO, Luiz Regis. CURSO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO. 17° Edição. Editora Forense LTDA,
2019
13

deficiência mental, não têm o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência. O Sujeito ativo pode ser
qualquer pessoa, do sexo masculino ou feminino, desde que maior de dezoito anos.
Vale frisar nas palavras e ensinamento de Luiz Regis Prado 3que:

“É de se notar que, ao contrário do delito de estupro previsto no


artigo 213 do Código Penal, o dispositivo em análise não exige
para sua configuração o manifesto dissenso da vítima expresso
pela sua resistência à cópula carnal ou ao ato libidinoso, que
somente é superada pelo uso da violência ou da grave ameaça.
Aqui basta para o perfazimento do tipo a conduta de ter conjunção
carnal ou praticar ato libidinoso com pessoa menor de 14 (catorze)
anos. Convém frisar que a caracterização do delito é
independente de consentimento ou experiência sexual anterior da
vítima, bem como da existência de relacionamento amoroso com
o agente.”

Ademais ainda com ensinamentos de Luiz Regis Prado4;

“Importa destacar que incorre na mesma pena quem


pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência (art. 217-A, §1.º,CP)”.

3
PRADO, Luiz Regis. CURSO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO. 17° Edição. Editora Forense LTDA,
2019

4
PRADO, Luiz Regis. CURSO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO. 17° Edição. Editora Forense LTDA,
2019
14

3.1 Caso Emblemático


Um dos casos nos últimos tempos onde houve grande erros da justiça, dos
órgãos de investigação e do Estado e grande repercussão da mídia, foi o de Mariana
Ferrer, onde em 15 de dezembro de 2018, o André de Camargo Aranha manteve
relação sexual com penetração com a vítima Mariana Borges Ferreira, que estaria
vulnerável naquele momento, ou seja, não possuía condições de oferecer resistência.
Isto é: acusava-o de ter praticado estupro de vulnerável. Um vídeo, que mostra
Mariana grogue subindo uma escada com a ajuda de Aranha em direção a um
camarim restrito da casa, foi vazado na internet. Eles sobem os degraus às 22h25.
Seis minutos depois, ela desce, seguida de Aranha. A polícia só solicitou o material
de forma oficial ao beach club meses depois do início das investigações, e a boate
alegou que o dispositivo de armazenamento exclui as imagens após quatro dias. Por
isso, apesar de a boate ter 37 câmeras de segurança, não foi possível recuperar
imagens do resto da noite. Em seu depoimento à polícia, Mariana afirmou que teve
um lapso de memória entre o momento em que uma amiga a puxou pelo braço e a
levou para um dos camarotes do Café em que o empresário Aranha estava e a hora
em que “desce uma escada escura”. Ela acredita ter sido dopada. A única bebida
alcoólica anotada na comanda do bar em seu nome foi uma dose de gim. Mariana era
virgem até então, o que foi constatado pelo exame pericial.
Para promotor, não foi possível comprovar que Mariana não tinha capacidade
para consentir com o ato sexual, desqualificando assim o crime de estupro de
vulnerável descrito na denúncia pelo seu colega. Ele se baseia principalmente nos
exames toxicológicos que não reconheceram nem álcool nem drogas no sangue de
Mariana naquela noite e na aparente sobriedade indicada pela postura de Mariana ao
sair do Café de la Musique e se deslocar até outro beach club em busca das amigas
captada pelas câmeras da rua, da Polícia Militar.

Vale ressaltar que foram realizados exames periciais quando Mariana


comunicou o fato às autoridades policiais: o swab vaginal não detectou a presença de
esperma, já na sua roupa íntima no caso a calcinha foi detectada a presença de
esperma. O perito do IML, que atendeu Mariana na manhã seguinte do ocorrido,
constatou o rompimento do hímen dela recentemente.
O exame para verificar drogas e álcool no corpo da vítima (toxicológico e de
alcoolemia) tiveram resultado negativo para qualquer substância. Mariana afirmou que
15

tinha bebido apenas um gin. Muito se divulgou na mídia, também, acerca do copo
usado por André na delegacia, apreendido, e enviado para a perícia.
De acordo ao relatado pelo Ministério Público, o laudo que compara o material
genético do copo com o da calcinha de Mariana atestou “inclusão de verossimilhança”,
ou seja, os materiais genéticos são da mesma pessoa. Assim sendo caracterizou o
crime de estupro de vulnerável que precisa haver a conjunção carnal, sendo oral,
vaginal ou anal, e a situação de a vítima não ter capacidade ou possibilidade de
consentimento do ato.

Diante de toda situação sofrida por mariana o tribunal decidiu por julgar o réu
como inocente, onde no caso, o advogado de defesa, descontruiu e usou de formas
para desestabilizar e dar descrédito a imagem da vítima, onde o réu saiu por inocente,
surgindo um preceito por muitos julgado como “Estupro culposo’’ onde não se existe
um tipo penal tipificado no código Penal até então, gerando precedente para outros
casos. O Senado aprovou um voto de repúdio contra o advogado, o promotor o juiz
do caso, que absolveu o réu.
Na prática, funciona como forma de pressão para que os órgãos responsáveis
pelo caso tomem providências. A procuradora da Mulher do Senado, informou que
buscará a anulação da sentença, sendo assim não restando duvidas que houve erros
no caso em questão, salientando que se foi usada formas de descontruir a imagem
da vítima, gerando danos ao processo legal.

3.2 Desmerecimento da vitima


Sabemos que muitas das vezes as vítimas em audiências ou inquéritos ou
interrogatórios elas são colocadas sobre duvidas muitas dessas vezes de forma
desproporcional, desmerecendo as vítimas e muitas vezes utilizando de
características das vítimas muita das vezes mulheres que são pré julgadas por
vestimentas ou horário, lugar que se encontrava, dessa forma fazendo que haja um
preconceito ou machismo institucional, agindo de forma parcial em favor agente
causador do ato, o estupro e um crime muito delicado, onde a vítima já sai muita das
vezes ameaçada ou mentalmente incapacitada, e por vezes se sentindo culpada pelo
ato, ou fazendo se sentir culpada do ato seja pelo agente causador ou pelas
autoridades policiais ou investigativas.
16

Podemos tirar por exemplo diversas situações amplamente divulgadas na


mídia, mas no caso em tela podemos ver o vídeo do processo de Mariana que tem
duração de 4 minutos divulgados onde são mais que suficientes para demonstrar os
abusos, violências e revitimizações cometidos contra Mariana naquele ato. São frutos
de um machismo institucional; uma misoginia odiosamente naturalizada na sociedade
brasileira.
Faltou ali uma mulher sentada ao lado de Mariana; alguém que pudesse ser
sensível o suficiente para imaginar o que essa vítima está passando não apenas com
o fato que vitimou-lhe, mas também com todo o andar processual sofrido.

3.3 A Negativa de Denúncia da Vitima


Sabemos que o nosso pais tem um alto número de casos de estupro, sendo
uma grande parte sendo estupro de vulnerável, levando em conta que muitos casos
não são denunciados, notificados ou noticiados, sendo assim as pesquisas acabam
se restringindo ao que e noticiado assim como o 13ª Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, divulgado em setembro de 2018 onde registrou recorde da violência sexual
que foram 66 mil vítimas de estupro no Brasil em 2018, maior índice desde que o
estudo começou a ser feito em 2007, sendo a grande parte das vítimas (53,8%) foram
meninas de até 13 anos, segundo a estatística, apurada em micro dados das
secretarias de Segurança Pública de todos os estados e do Distrito Federal, quatro
meninas até essa idade são estupradas por hora no país assim ocorrendo em média
180 estupros por dia no Brasil, 4,1% acima do verificado em 2017 pelo mesmo
anuário.
De acordo com a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
Cristina Neme, "o perfil do agressor é de uma pessoa muito próxima da vítima, muitas
vezes seu familiar", como pai, avô e padrasto conforme identificado em outras edições
do anuário. De cada dez estupros, oito ocorrem contra meninas e mulheres e dois
contra meninos e homens.
Diante de tal dados podemos notar que um dos maiores motivos da negativa
das vítimas desse crime se baseia no fato de seus agressores, acusados, residirem
na mesma residência que essas, ou sendo pessoas próximas na grande maioria dos
casos, levando assim a um certo medo da vítima, em represália, outros tipos de
agressão, violências, assim como julgamentos que possam desconstruir e julgar a
17

vítima de forma com que essa possa passar a se julgar como culpada, sendo assim
essa mesma, opta por não denunciar e nem por comentar sobre tal fato, de forma com
que essa começa a guardar para si toda dor e sofrimento e lembranças do fato ao
qual foi submetida sem sua anuência ou consciência do fato, muitas das vezes por
acreditar que não há apoio ou estrutura para que a justiça e o Estado, lute por justiça
e para cessar tais agressões.
Para uma pesquisadora, a reincidência do perfil indica que "tem algo estrutural
nesse fenômeno" onde parte da própria sociedade essa forma de reprimir as vitimas
e de deixar de confiar ou acreditar na mesma, sempre com um certo grau de pré
julgamento e preconceito como é no caso de mulheres e homossexuais, onde esses
tipos de vitimas sofrem como mais veemência na hora de notificar esses atos
libidinosos e ilegais contra sua liberdade sexual e contra sua pessoa, onde atinge
diretamente a garantias constitucionais, onde muita dessas vezes essas represálias
partem da própria força policial, investigativa e judiciaria, tornando cada vez mais difícil
para essas vitimas procurar denunciar e expor sua situação para a justiça, como no
caso narrado de mariana onde por diversas vezes ela foi colocada sobre duvidas, pre
julgamentos, e humilhações, deixando assim um processo parcial e colocado em
duvida da veracidade da vitima.
No caso de Mariana por exemplo ela sofreu diversas ameaças, assim como
sua imagem foi veemente manchada com coisas pessoais não relevantes ao processo
e caso, assim como uso de palavras depreciadoras e ofensivas e mesmo assim não
havendo impedimento ou amparo legal das demais autoridades e advogados
presentes, caso esse onde se e investigado a conduta de tais acusadores e
advogados, onde se espera por investigação e solução, e forma como que se defina
se as condutas e a forma que foi conduzido o caso foram legais e permitidas ou não.

3.4 Apoio necessário a vitima

Pesquisas apontam que a mudança de comportamento frente a crimes contra a


liberdades sexuais, dependerá de campanhas de educação sexual e que o dano exige
mais assistência e atendimento integral a vítimas e famílias.
18

Precisamos estarmos com maior empatia e é necessário que se criem formas onde
o Estado, as instituições policiais e a própria sociedade como um todo colabore, e
façam formas onde a vitima seja encorajada, e sinta mais segura a denunciar esses
crimes assombrosos que deleita sobre a sociedade diariamente, e que seja criada
instituições ou órgãos que se especializem e se adeque a cada caso e a cada vitima,
e que essas instituições e o próprio estado haja de forma com que a vitima e as provas
digam por si só, e demonstre sempre a verdade dos fatos.
Pois como se o trauma já não fosse horrível o bastante, conviver com ele pode se
tornar uma continuação da tortura.
A mulher é julgada, questionada e considerada culpada por ter “se colocado”
naquela situação.
Há casos em que as mulheres, vítimas, cometeram suicídio por não conseguirem
lidar com a dor e com a pressão social. Essas vitimas devem ser colocadas sobre
maior apoio psicológico profissional, a fim de superar o ocorrido e poder voltar tentar
a viver novamente sem esse trauma.
19

CONCLUSÃO

Dessa pesquisa podemos saber um pouco mais sobre os crimes sexuais e de


uma forma mais aprofundada sobre o crime de estupro de vulnerável, onde por meio
de um caso pratico foi observado o quanto a vitima e depreciada e agredida além já
do crime por ela sofrido, onde ela sofre e tem suas intimidades e particularidades
expostas, onde ela passa por um processo interrogatório onde ela acaba sendo
tratada como o réu, podemos ver processos com inversão de valores de vitima e réu,
sofrendo ela de forma excessiva, muita das vezes sem apoio algum.
Podemos constatar também a dificuldade das vitimas em relatar esses crimes
e denunciarem seus agressores, porque elas são exageradamente pré-julgadas,
culpadas erroneamente, não recebem apoio e por diversas vezes não se sentem
seguras nem mesmo com o aparato do Estado em reprimir esses crimes, onde se tem
preconceitos dos agentes estatais e da própria sociedade, isso por sendo por a vitima
ser homossexual, criança, mulher e o homem, muita das vezes por acharem que não
serão ouvidas e apoiadas.
Podemos notar também que são necessárias melhorias no aparato estatal e
em toda a maquina estatal e na própria sociedade que deve ser melhor informada, e
dar mais apoio a denunciação desses crimes que devem e tem que serem combatidos
de modo firme a fim de se buscar a justiça necessária e o bem estar da vitima e
reprimir esses agressores das vitimas e da própria constituição onde eles ferem o
direito a liberdade sexual de outrem.
A sociedade deve incentivar e ser incentivada a combater crimes sexuais, pois
a cada dia que se passa ocorrem mais e mais desses crimes e muitos nem são
notificados, e assim também crescem o sentimento de impunidade desses
agressores.
20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, Cesar Roberto. TRATADO DE DIREITO PENAL, Parte especial 3.


8° Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

BITENCOURT, Cesar Roberto. TRATADO DE DIREITO PENAL, Parte especial 2.


12° Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

BERISTAIN, Antônio. NOVA CRIMINOLOGIA, À LUZ DO DIREITO PENAL E DA


VITIMOLOGIA. 1° Edição. Editora Universidade de Brasília, 2000.

PRADO, Luiz Regis. CURSO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO. 17° Edição.


Editora Forense LTDA, 2019

Você também pode gostar