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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

Crimes Contra a Fé Pública – Moeda Falsa

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA – MOEDA FALSA

CÓDIGO PENAL
TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

A fé pública é a confiança depositada pelos cidadãos no Estado. Sempre que essa con-
fiança é atingida, tem-se um crime contra a fé pública.
Em suma, os crimes contra a fé-pública são:

CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA

Art. 289 – Moeda Falsa;


Art. 290 – Crimes assimilados ao de moeda falsa;
Art. 291 – Petrechos para falsificação de moeda;
Art. 292 – Emissão de título ao portador sem permissão legal.

CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Art. 293 – Falsificação de papéis públicos;


Art. 294 – Petrechos de falsificação.

CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Art. 296 – Falsificação do selo ou sinal público;


Art. 297 – Falsificação de documento público;
Art. 298 – Falsificação de documento particular;
Art. 299 – Falsidade ideológica;
Arts. 300 a 303 – Crimes variados;
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Art. 304 – Uso de documento falso;


Art. 305 – Supressão de documento.

CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES

Art. 306 – Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscali-


zação alfandegária;
Art. 307 e 308 – Falsa identidade;
Art. 309 – Fraude de lei sobre estrangeiro;
Art. 311 – Adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

CAPÍTULO V
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO

Art. 311-A – Fraudes em certames de interesse público.

CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal
no país ou no estrangeiro:
Pena – reclusão, de três a doze anos, e multa.

A fabricação é a criação da moeda falsa, também denominada “contrafação”. No entanto,


o crime também pode se dar por meio da alteração da moeda, criando uma moeda falsa.
Apesar do nome “moeda falsa”, o tipo penal se aplica à falsificação da moeda metálica e
do papel-moeda.
Se uma pessoa falsifica dólares ou pesos argentinos no Brasil, por exemplo, será respon-
sabilizada pelo crime de moeda falsa. Isso porque o próprio Código Penal deixa claro que a
falsificação pode recorrer sobre a moeda de curso legal no Brasil ou no exterior.
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Além disso, vale lembrar que a falsificação de moeda é um crime de extraterritorialidade


incondicionada. Assim, se uma pessoa falsifica o Real nos EUA, por exemplo, incide a legis-
lação penal brasileira a esse crime praticado no exterior (vide art. 7º, I, "b" do Código Penal).
5m
Em razão da pena, que vai de três a doze anos de reclusão, trata-se de um crime de ele-
vado potencial ofensivo.

Características do crime de moeda falsa:


1. Sujeito passivo: Estado (União). De forma secundária, é possível que uma pessoa
física ou jurídica também seja vítima do delito;
2. Crime formal: se consuma com a falsificação da moeda, ainda que não seja aprovei-
tada pelo falsificador (não se exige a introdução da moeda falsa na economia);
3. Competência para processar e julgar: Justiça Federal, pois atinge bens e interesses da
União. Por conta dessa competência da Justiça Federal, em regra, a atribuição de investigar
o crime de moeda falsa será da Polícia Federal;
4. Crime não transeunte: deixa vestígios (a própria moeda falsa). Por conta disso, em
regra, para a sua comprovação exige-se o exame pericial;
10m
5. Só existe o crime de moeda falsa na modalidade dolosa.

Não configuram o crime de moeda falsa:


1. Desenhos, rabiscos e danos causados no papel-moeda (ausência de dolo voltado para
a prática do crime);
2. Supressão da numeração para evitar rastreamento;

Obs.: apesar de não configurar o crime de moeda falsa, essas situações trazidas nos itens
1 e 2 (acima) podem configurar o crime de dano praticado contra o patrimônio público
(vide art. 163, parágrafo único, inciso III do CP).

3. Condutas que diminuam o valor constante na moeda ou papel-moeda;

Obs.: vale lembrar que o crime de moeda falsa, apesar de fazer parte do rol de crimes con-
tra a fé pública, é um delito que possui um viés patrimonial. Ou seja, o agente deve
se beneficiar dessa conduta. Assim, entende a doutrina que a redução do valor do
papel-moeda não configura o dolo da prática do delito de moeda falsa.
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4. Moeda de padrão monetário extinto (ex.: Cruzeiro, Réis) – não se enquadra no con-
ceito de moeda de curso legal no País ou no estrangeiro;
5. Falsificação grosseira (ausência de potencialidade lesiva).

Falsificação grosseira
Quando a falsificação é grosseira, isso não atinge a fé pública do Estado. Assim, por se
tratar de um crime impossível, pela absoluta impropriedade do objeto material, a falsificação
grosseira não configura o crime de moeda falsa (ex.: uma folha de papel A4 escrito “10 reais”
ou uma nota de três reais).

Súmula n. 73 do STJ: A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura,


em tese, o crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual.

A súmula acima é de claro entendimento e, por conta disso, a regra é que as questões
de prova cobrem exatamente o seu teor ou narrem alguma situação que tenha relação com
esse teor.
20m
Vale lembrar que a falsificação grosseira nem sempre configurará o crime de estelionato,
pois, se a falsificação for tão grosseira a ponto de não conseguir ludibriar qualquer pessoa,
não há que se falar em estelionato.
Por outro lado, se uma pessoa se utiliza de uma moeda grosseiramente falsificada (como
uma nota impressa em uma folha de papel A4 utilizando uma impressora caseira comum,
mas consegue ludibriar a pessoa que está no caixa de uma vendinha e, assim, sair do local
com alguns produtos, então terá praticado o crime do art. 171 do CP.
No caso de o uso de moeda falsa configurar o estelionato, a competência não será da
Justiça Federal, mas sim da Justiça Estadual.
25m

Não são cabíveis no crime de moeda falsa:


1. Princípio da Insignificância:
“MOEDA FALSA – INSIGNIFICÂNCIA – AFASTAMENTO. Descabe cogitar da insignifi-
cância do ato praticado uma vez imputado o crime de circulação de moeda falsa.” (STF – HC
126285/MG, Julgado em: 13/09/2016)
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Obs.: vale lembrar que, em regra, não se aplica o princípio da insignificância aos crimes
contra a fé pública, pois a fé pública nunca será insignificante.

2. Arrependimento posterior (art. 16, CP):


CP
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou res-
tituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

Obs.: o arrependimento posterior é um benefício concedido aos indivíduos para reparar o


dano, restituir a coisa, ou seja, tentar consertar o prejuízo gerado à vítima do crime,
isso quando não envolver violência ou grave ameaça à pessoa.

“A vítima é a coletividade como um todo, e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que


não é passível de reparação. Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos
demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependi-
mento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a
restituição da coisa subtraída (STJ, REsp 1.242.294/PR, julgado em 18/11/2014, – Info 554).”

Figuras equiparadas do crime de moeda falsa:


CP
Art. 289. (...) § 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou expor-
ta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
30m
Obs.: o § 1º do art. 289 do CP é um tipo misto alternativo, logo, se o mesmo agente co-
mete duas ou mais condutas descritas no tipo, terá cometido um só crime de moeda
falsa. Vale lembrar que esse tipo misto alternativo também abrange o caput do art.
289. Além disso, para que essas diversas condutas configurem um único crime, elas
devem ser praticadas em um mesmo contexto fático.

§ 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circu-
lação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Obs.: o § 2º traz a modalidade privilegiada do crime de moeda falsa, pois a sua pena é sen-
sivelmente inferior, sendo considerado um crime de menor potencial ofensivo. Isso
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porque o sujeito recebeu a moeda falsa de boa-fé. Vale lembrar que caso a pessoa
receba moeda falsa e, sem perceber que se trata de moeda falsa, acabar repassan-
do essa moeda, não há que se falar em crime de moeda falsa. Cabe à Justiça provar
que a conduta do agente foi dolosa.
35m

§ 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, ge-
rente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I – de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II – de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Obs.: o § 3º traz um crime próprio, pois só pode ser praticado por pessoas específicas.
Além disso, a conduta só pode ser praticada de maneira dolosa.

§ 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava
ainda autorizada.

Obs.: a conduta do § 4º já é considerada crime comum, ou seja, pode ser praticada por
qualquer pessoa.
40m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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