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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI

Curso de Direito

ESTELIONATO
Ismaura Cantos Carlos –019259

Itajubá
2023
ESTELIONATO
Ismaura Cantos Carlos –019259

Trabalho apresentado à disciplina


Direito Penal, parte especial, do
Centro Universitário de Itajubá – FEPI
como requisito parcial para obtenção
de nota bimestral.
Prof. José Carvalho

Itajubá
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................5
1 DESENVOLVIMENTO..........................................................................................................6
1.1 Considerações propedêuticas.....................................................................6
1.2 Objetos do Delito de Estelionato.................................................................6
1.3 Sujeitos do Crime de Estelionato e seus elementos...................................7
1.4 Estelionato X Furto......................................................................................7
2 CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA...................................................................8
3 MODALIDADES DE ESTELIONATO....................................................................8
3.1 Disposição de coisa alheia como própria..................................................................9
3.2 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria................................................9
3.3 Defraudação de penhor............................................................................................10
3.4 Fraude na entrega da coisa.......................................................................................10
3.5 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro................................11
3.6 Fraude no pagamento por meio de cheque.............................................................12

4 MODALIDADES QUALIFICADA DE ESTELIONATO E CAUSA RELACIONADA


DE AUMENTO DE PENA.....................................................................................14
4.1 Fraude Eletrônica.................................................................................14
4.2 Aumento de pena mediante a uso de servidor estrangeiro.................15
4.3 Aumento de pena mediante de direito
público......................................15
4.4 Estelionato contra idoso ou vulnerável.................................................15
5 REPRESENTAÇÃO DA
VÍTIMA...........................................................................16
6 CONCLUSÃO.......................................................................................................17
7 REFERÊNCIAS BLIBLIOGRAFICAS.....................................................................18
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Introdução

O famoso crime de estelionato tipificado no artigo 171 do Código Penal é um


dos crimes mais antigos do nosso ordenamento jurídico e está relacionado à
aplicação de golpes por meio dos quais os criminosos enganam as vítimas visando
algum tipo de vantagem, afetando diretamente o seu bem jurídico patrimonial. O
sujeito ativo do crime de estelionato pode ser qualquer pessoa, pois é tido como um
crime comum. Por sua vez, da mesma forma, o sujeito passivo pode ser também
qualquer pessoa, física ou jurídica, este é o que sofre a lesão patrimonial.
Normalmente, é uma pessoa sozinha que é enganada, mas pode-se a ação
recair contra outra pessoa, que é induzida ou mantida em erro, e que dispõe do
patrimônio de outra pessoa (jurídica ou física). No estelionato contra a pessoa
jurídica, obrigatoriamente, haverá uma pessoa humana enganada.
Portanto, não é um crime violento que ameaça a vida de uma pessoa ou o
uso de coerção ou sigilo para cometer um ato ilegal. No entanto, é um crime doloso
porque você o usa de má fé e existe a intenção desde o início de cometer um crime
sabendo que o que você está fazendo é ilegal. Por isso, o crime é popularmente
conhecido como golpe.
Este é um crime que possui apenas a forma dolosa. Ou seja, sempre há
intenção real de lesar a vítima, não havendo previsão de forma culposa, ou sem
intenção de lesar o outro. O artigo 171 do Código Penal define estelionato como:
“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento.”
Observaremos que os tipos objetivos do estelionato têm como única função:
descrever os elementos que devem ser constatados no plano dos fatos capazes de
identificar e delimitar o conteúdo da proibição penal. Tudo aquilo que estiver previsto
no tipo objetivo deverá estar objetivado no mundo exterior. Sendo a fraude o ponto
central do delito de estelionato, podemos identificá-lo, outrossim, por meio dos
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seguintes elementos que integram sua figura típica: a) fraude, o agente usa de um
artifício finalisticamente ardio, ou de qualquer outro meio fraudulento para a sua
consumação; b) erro, onde a vítima é induzida ou mantida a erro; c) vantagem ilícita,
a vantagem ilícita pode ser para o próprio agente ou para terceiro e temos também;
d) prejuízo alheio, onde a conduta do agente é dirigida finalisticamente à obtenção
de vantagem ilícita, em prejuízo alheio.
A ausência de apenas um desses elementos impede a caracterização do
estelionato, independente de qual for. Os golpes mais comuns enquadrados como
estelionato são: golpe do bilhete premiado e o golpe do falso emprego.

1 DESENVOLVIMENTO

1.1 Considerações propedêuticas

A origem da palavra Estelionato remonta à Grécia antiga, que se refere a


stellio como equivalente, significando nada mais que um tipo de camaleão da região
que suas características mais marcantes eram mudar a cor da pele para enganar
suas presas. Desde então, esse termo ficou conhecido como sinônimo de engano,
fingimento.
O ato de enganar não é exclusivo de hoje, na verdade nos leva de volta à
antiguidade e tempos imemoriais. Como exemplo do exposto, temos um exemplo
desse ato na própria Bíblia. No livro de Gênesis, "O Senhor Deus perguntou à
mulher: "O que você fez?" A mulher respondeu: "A serpente me enganou e eu
comi". (cf. Gênesis 3,13).
Como se depreende das civilizações que remetem aos povos hebreus, já
havia uma ideia propedêutica do que seria “enganar”.
Para Rogério Greco, desde o início das relações sociais, o homem tem
utilizado a fraude para ocultar seus verdadeiros sentimentos e intenções, de alguma
forma ocultar ou falsificar a verdade, a fim de obter vantagens que teoricamente não
lhe caberiam (GRECO, 2012).
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Em contraste, roubo e crimes relacionados a fraude eram punidos com mais


severidade na Grécia, e o crime de stellio funcionou como um tipo de crime
extraordinário, incluindo todos os crimes dolosos que não constituam outros crimes
contra o patrimônio já tipificados.

1.2 Objetos do Delito de Estelionato

O objeto jurídico do crime de estelionato (bem jurídico tutelado) é o


patrimônio e o objeto material, por sua vez, é a vantagem indevida obtida (qualquer
bem móvel ou imóvel) e segundo o Muñoz Conde o bem jurídico que é comum em
todas as modalidades de estelionato é o patrimônio alheio em qualquer um de seus
elementos que os integram, como por exemplo os bem moveis e imóveis e também
direitos, que podem construir o objeto material do delito. (MUÑOZ apud GRECO,
2021).

1.3 Sujeitos do Crime de Estelionato e seus elementos

Os sujeitos do crime de Estelionato podem ser qualquer pessoa, tanto no


sujeito ativo quanto no sujeito passivo, pois o crime de estelionato é considerado um
crime comum. No entanto, o sujeito passivo deve ter a capacidade de
discernimento, para que possa ser induzido ou mantido em erro de acordo com as
características do tipo penal estudado. Caso lhe falte essa capacidade, como ocorre
com alguns incapazes, esse fato pode inabilitá-lo, por exemplo, para um crime
tipificado no artigo 173 do Código Penal.
O Elemento subjetivo do delito de estelionato, só pode ser cometido
dolosamente sem que se configure a possibilidade de culpabilidade.

1.4 Estelionato X Furto

O estelionato difere do furto, principalmente quando o furto é praticado por


meio de fraude, pela especificidade da vítima cooperar ou não com a prática do
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crime. No caso do estelionato, tendo em vista que o ofendido foi enganado por
alguma encenação armada pelo agente, acaba entregando o que é seu
voluntariamente, pensando estar fazendo um negócio razoável. No furto, a vítima é
privada de seus bens involuntariamente, sem sua contribuição. O autor da fraude
engana a vítima com uma falsa percepção da realidade, agindo de forma malandra,
ou outro meio fraudulento que é o gerador de fraude, com o fim de obter vantagem
ilícita (qualquer lucro ou ganho, ainda que de natureza econômica.

2 CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA

No caso do crime de estelionato, a redação legal menciona danos de


pequeno valor, em seu § 1 do art. 171.º, devendo aqui ser tida em conta a pessoa
da vítima, em face ao que acontece no caso do crime de furto.
A jurisprudência, na tentativa de dar segurança jurídica, estabelece um
critério objetivo para o crime de estelionato: expressando que coisa de pequeno
valor é aquele que não ultrapasse 1 salário-mínimo, ou aquele que suportamos a
perda. E quanto a condição do agente o réu considerado primário é todo aquele que
não possui nenhuma condenação transitada em julgado por processo criminal
anterior.
No entanto, a redação legal não poderia ser diferente, pois diferentemente do
objeto material do furto, que é bem móvel alheio, no caso do delito de estelionato, o
artigo 171.º utiliza o termo danos a terceiros, que pode referir-se não apenas a bens
móveis, mas também a bens imóveis, direitos economicamente valiosos, etc.

3 MODALIDADES DE ESTELIONATO

Como já tratamos o art. § 1º do 171 acima que diz: Se o criminoso é


primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
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disposto no art. 155, § 2º. Veremos agora os demais parágrafos que m razão de
suas particularidades, faremos a análise, isoladamente, de cada uma dessas
modalidades. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

3.1 Disposição de coisa alheia como própria

I - Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como


própria;
Aquele que vende, permuta, dá em pagamento, aluga ou dá garantia de coisa alheia
como sua, será punido com as mesmas penas da forma básica de estelionato, atribuindo-se a
esse personagem típico o nomen iuris disposição de coisa alheia como própria.
A atividade criminosa ordinária, tanto em relação a um sujeito ativo como a um
sujeito passivo, pode ser praticada por qualquer pessoa sem exigir qualidade ou condição
especial.
Como se bem observamos na redação legal, a realização da venda, troca, pagamento,
arrendamento ou garantia pressupõe, regra geral, que seja operada por quem não seja o
proprietário da coisa. O agente, visando obter vantagem ilícita, utiliza-se de fraude, faz-se
passar por dono da mercadoria e causa prejuízo à vítima.
A consumação ocorre quando ele efetivamente obtém uma vantagem ilícita em
detrimento de outrem, onde, como na modalidade básica do estelionato, é possível o
raciocínio adequado à tentativa.

3.2 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria


inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias;
Ao contrário do crime analisado no inciso I, a coisa é própria, ou seja,
pertence realmente ao agente. O processo, que se refere ao crime de apropriação
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indébita ou oneração fraudulenta de coisa própria, contém duas partes distintas que
ligam a atuação do agente na venda, troca ou pagamento ou garantia. A primeira
parte refere-se à própria coisa inalienável, onerada ou judicial. A coisa a que se
refere o tipo penal pode ser móvel ou imóvel. A segunda parte refere-se
especificamente à propriedade que você prometeu vender a terceiros. Ou seja, um
imóvel.
Sendo assim, aquele que comete crime sob a forma de alienação ou
oneração fraudulenta de bens imóveis próprios, é praticado por quem ignora a
existência de penhora sobre o imóvel, induzindo a vítima a adquiri-lo e obtém na
negociação uma vantagem ilícita que consiste em uma comissão não autorizada.

3.3 Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Para que possamos entender melhor o inciso III é necessário trazer a
definição de penhor: penhor é um termo legal que se refere a uma garantia real de
uma obrigação, consistindo em uma garantia no caso de uma dívida. Em outras
palavras é o crime cometido pelo devedor que, tendo a posse do objeto empenhado,
e usa de fraude para aliená-lo sem o consentimento do credor.
O defraude pode ocorrer na hipótese de o agente alienar bens móveis de sua
posse, como no caso de venda, doação, troca, etc., bem como conforme regra geral
contida no inciso acima, quando consumir, desvia-se, enfim, praticar qualquer
conduta que possa desvirtuar a garantia prestada no penhor, são esses os
momentos da consumação do crime, ou seja, com fraude efetiva. Por se tratar de
crime polivalente, será possível pensar na tentativa como aquele que é
surpreendido ao tentar vender o bem móvel hipotecado a terceiro e é impedido de
cometer o crime.

3.5 Fraude na entrega de coisa


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IV - Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar


a alguém;
Aquele que defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve
entregar a alguém se responsabilizará criminalmente pelo delito, pois segundo o
advogado criminal Álvaro Maykin da Costa: “O ato de defraudar substância significa
alterar a natureza da coisa corpórea, ou a sua qualidade (importa que o objeto
entregue seja inferior, pois se for de espécie superior inexiste ilícito penal), ou
quantidade (refere-se a número, peso e dimensões)” (COSTA apud GRECO, p. 541,
2021).
O delito é consumado no momento que a coisa (podendo ser móvel ou
imóvel) defraudada é entregue a vítima, havendo a defraudação em sua substância
em sua respectiva, qualidade ou quantidade. Quando o defraudador é distraído por
circunstâncias fora de seu controle e pode, portanto, ser responsabilizado pela
tentativa.

3.4 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio


corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito
de haver indenização ou valor de seguro;
Para que ocorra esse crime é necessário que exista um contrato valido de seguro,
tornando o sujeito ativo o segurado (crime próprio) e o sujeito passivo o segurador.
Sendo assim, observaremos o descritivo no inciso “V” mencionado, onde
destacaremos três comportamentos distintos: a) destruir (total ou parcialmente) ou
ocupar coisa própria; b) lesar o próprio corpo ou saúde; c) agravar as
consequências da lesão ou da doença.
Na letra a) o agente destrói ou esconde sua própria coisa, no todo ou em
parte, na tentativa de cobrar o valor segurado, faz com que seu carro caia em um
precipício e o destrua completamente. Nesse caso, o objeto material de suas ações
é o veículo contra o qual as ações do agente foram direcionadas.
Na letra b) e c) a conduta do agente é voltada contra a si próprio, causando
lesões ao seu corpo ou saúde e podendo agravar ainda mais os efeitos da lesão ou
doença. Sendo assim, o agente será punido apenas em razão do fim especial para
o qual atua, ou seja, com a intenção de obter indenização ou valor de seguro, pois
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do contrário, se essa fosse sua intenção, apenas a autoflagelação, sua conduta ser
atípico, uma vez que a autoagressão consta do rol de condutas consideradas
criminalmente negligentes, ou seja, não gozam do estatuto que o direito penal exige
para merecer sua proteção.
O sujeito ativo desse crime é o proprietário da coisa móvel ou imóvel, ou
aquele que pratica a autolesão, e que possui contrato com uma seguradora, que é o
sujeito passivo que possui a responsabilidade de pagar indenização, a fraude tem
por objetivo finalístico atingir o patrimônio.

3.5 Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou


lhe frustra o pagamento.
A fraude no pagamento por meio de cheque é o último dos fatos puníveis
com as penas cominadas do estelionato. Define-se com a ação de quem “emite,
cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.
Embora existam diversos tipos de estelionato a mais conhecida e mais
comum é a fraude no pagamento por meio de cheque, onde o agente só é
responsabilizado pela fraude nessa modalidade se tiver agido dolosamente quando
da sua emissão. Sendo assim, se por um descuido e por má verificação do saldo da
sua conta bancária, passar um cheque pensando que tem fundos suficientes,
quando de fato não tinha, não responderá pelo crime em causa, pois não há
previsão da modalidade culposa nesse delito.
Sujeito ativo desse delito é aquele que emite o cheque sem suficiente
provisão de fundos, bem como o emitente que lhe frustra o pagamento. Já o sujeito
passivo é aquele que recebe o cheque, vale salientar, aquele em favor de quem foi
emitido, podendo se tratar de pessoa física ou jurídica.
Observaremos dois pontos distinto nesse tipo de delito. Na primeira, o agente
emite um cheque, sabendo antecipadamente da falta de fundos em poder do
sacador. O cheque como instrumento de crédito, entendido como ordem de
pagamento à vista, permite ao destinatário dirigir-se ao banco para sacar o valor
nele escrito ou mesmo depositá-lo na conta. O cheque datado perde a natureza de
ordem de cobrança, porque o seu emitente, ao determinar o seu depósito em data
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futura, declara implicitamente que não dispõe de fundos suficientes no momento da


sua emissão. Assim, esse tipo de estelionato é desvirtuado pela ausência de fraude,
uma vez que a emissão de cheque pré-datado na verdade funcionava apenas como
letra de câmbio, podendo ser depositado ou sacado diretamente na instituição.
Financeiro.
Para o jurista Guilherme Nucci, se os fundos forem fornecidos, mas isso
mudar antes que o título seja mostrado, uma segunda figura será usada (falta de
pagamento). Por outro lado, se o agente estiver com cheque especial, é natural que
o pagamento pelo banco, mesmo que resulte em saldo negativo, não seja crime. E
mais: se o emissor tiver seu limite de cheque especial - e o cheque for emitido em
valor que não exceda o referido limite - se o banco se recusar a pagar por questões
de política institucional, também não se configura crime. (NUCCI apud GRECO,
2021).
Porém, se o agente emite um cheque com o valor superior ao do seu limite
de cheque especial, sabendo que o banco não o pagaria, deverá responder pelo
delito.
Caso a cartela preenchida se refira a conta corrente já encerrada, incorrerá
em infração penal prevista no caput do art. 171 do Código Penal, não o inciso VI, §
2º, bem como aquele que falsificar assinatura em cheque alheio que tenha entrado
ilicitamente em seu poder.
A segunda característica desse crime é a obstrução ilegítima de pagamento.
Conforme referido, para a configuração do crime através desta modalidade, é
necessário que o emitente disponha de fundos suficientes na posse do cheque, sob
pena de este fato constar da primeira conduta, ou seja, a emissão cheque sem
fundos suficientes.
Embora haja controvérsia quanto ao momento da consumação do crime, a
posição doutrinária majoritária, amparada no entendimento sustentado pela súmula
nº 521 do Supremo Tribunal Federal, é no sentido de seu reconhecimento no
momento em que o sacador se recusar a descontar o cheque, seja por falta de
fundos ou, por exemplo, contra a ordem especificada pelo agente.
Embora haja controvérsia quanto ao momento da consumação do crime, a
posição doutrinária majoritária, amparada no entendimento sustentado pela súmula
nº 521 do Supremo Tribunal Federal, é no sentido de seu reconhecimento no
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momento em que o sacador se recusar a descontar o cheque, seja por falta de


fundos ou, por exemplo, contra a ordem especificada pelo agente.
A experimentação é permitida, especialmente se usarmos exemplos
construídos no "laboratório". Assim, nos exemplos de Damásio de Jesus, pode
acontecer que apesar da falta ou falta de fundos, o sacador desconte o cheque e
pague-o. Também pode acontecer que um terceiro deposite o valor declarado no
título na conta do emitente, ciente da intenção do agente de desrespeitar o
pagamento. No entanto, não excluem a consideração da possibilidade de conatus
(tentativa). (JESUS apud GRECO,2021).

4 Modalidades qualificada de estelionato e causa relacionada de aumento


de pena

4.1 Fraude Eletrônica

Diz no § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se


a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por
terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de
correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
No caso do estelionato, o uso do engano que envolve a vítima de tal forma
que faz com que ela acredite que está investindo um determinado valor achando
está fazendo um negócio promissor ou qualquer atividade que lhe interesse. A
norma, portanto, estipula que o lesado fornecerá erroneamente o valor que o autor
do crime propôs. Os meios utilizados são informações fornecidas pela vítima ou
terceiro fraudado, por meio de redes sociais, contatos coletados por telefone ou
envio de e-mails fraudulentos. Ao final, amplia e antecipa qualquer outro mecanismo
análogo de fraude. Essa previsão, incluída na Lei 14.155/2021, fazia alusão ao
aumento das fraudes cometidas por diversos meios eletrônicos e informatizados,
gerando novos e diversos mecanismos capazes de armar armadilhas para enganar
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as pessoas, um cenário cada vez mais liderado pela inovação tecnológica. Recorde-
se que as transações bancárias foram promovidas através da Internet e outros
meios de comunicação sem a presença do cliente no balcão. Algumas transações
são feitas inteiramente eletronicamente e isso levou os fraudadores a mudar para
novos tipos de fraude.
4.2 Aumento de pena mediante a uso de servidor estrangeiro

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do


resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.
A pena é aumentada se o servidor de origem dos ataques a aparelhos
alheios estiver hospedado em território fora do Brasil, pois isso dificulta muito a
investigação e apuração da autoria. O aumento deve ser baseado no grau de
dificuldade de investigação do caso.

4.3 Aumento de pena mediante de direito publico

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento


de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência.
Esse tipo de crime, prevê o aumento determinado por cota única (um terço),
estabelecendo assim o motivo do aumento da multa. No entanto, costuma-se
chamar tal hipótese de furto qualificado, pois a causa do aumento é um qualificador
no sentido amplo da palavra.
A multa é aumentada em 1/3 (um terço) se a vítima for, entre outros, ente
público, o que indica a maior preocupação do legislador em relação a diversas
fraudes ocorridas em órgãos públicos ou de interesse público. Parte da doutrina
chama essa forma de roubo qualificado.
Se tratando de propriedade pública, o pequeno crime não é considerado
aplicável (crime de bagatela). No entanto, acredita-se que depende do caso
concreto. Às vezes, um pequeno valor desviado ou recebido irregularmente justifica
o reconhecimento da insignificância. Tal hipótese não pode ser descartada.
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4.4 Estelionato contra idoso ou vulnerável

§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido


contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso.
A Lei 10.741/2003 introduziu algumas medidas para proteger o patrimônio do
idoso, como apropriação indébita (art. 102) e também um tipo especial de fraude
(art. 104) reter o cartão de pensão de idoso, bem como qualquer outro documento
destinado a assegurar a aceitação ou quitação da dívida: Pena – detenção de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos e multa”).
Não houve indício geral de fraude contra os interesses dos idosos (pessoas
com mais de 60 anos) prevista no artigo 171.º deste Código, pelo que a multa é
agravada em 1/3. Qualquer forma de estelionato cometido contra pessoa idosa em
vez de agravante deve ser substituída pelo motivo da majoração, nos termos do n.º
4 do artigo 171.º.
A Lei 14.155/2021 incluiu também que as pessoas vulneráveis, qualquer são
pessoa que tenha dificuldade de se defender (entre outros, muito embriagado,
deficiente mental ou criança).

5 Representação da vítima

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:

I - A Administração Pública, direta ou indireta;

II - Criança ou adolescente;

III - pessoa com deficiência mental; ou

IV - Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.


O Estelionato é um crime contra o património baseado na utilização de dolo,
ardil ou outro meio fraudulento para criar na vítima um erro suficiente para a obrigar
a entregar os seus bens ao agente (artigo 171.º do Código Penal). Foi um evento
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público incondicional. Torna-se uma ação pública sujeita à representação da vítima,


com algumas exceções. O fato é que a medida nos parece válida em relação a uma
política criminal baseada na utilização do direito penal mínimo. Para processar e
punir o peculato, a demanda é encaminhada para o interesse da vítima. Aliás, algo
que também deveria ser previsto em relação ao crime de furto (e afins). Afinal, são
vários os crimes patrimoniais cometidos sem violência contra a pessoa.
Exceções justificadas, mantendo-se o peculato como crime de ação pública
incondicional contra a vítima, são: a) administração pública, direta ou indireta; b)
criança ou adolescente; c) pessoa com deficiência mental; d) com mais de 70 anos
ou incapacitados. Neste ponto é importante notar o quanto o Estatuto do Idoso está
desatualizado; ninguém com 60 anos pode mais ser considerado idoso. Em vários
países, a idade cronológica foi revisada para indicar a velhice. Nesse caso, o furto
de idoso só é ação pública incondicional quando a vítima tiver mais de 70 anos.
Portanto, há uma contradição: os idosos com mais de 60 anos são considerados
competentes o suficiente para optar por processar ou não o fraudador; no entanto,
idosos com mais de 70 anos são tratados como incompetentes e acusações
criminais são feitas contra o fraudador. Porém, por diversos outros fatores e
hipóteses, um indivíduo com mais de 60 anos é hipossuficiente e necessita de
proteção especial. Uma contradição óbvia.

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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https://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/estelionato/

https://jus.com.br/artigos/84551/estelionato-e-retroatividade-da-lei-penal

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559770700/epubcfi/
6/42[%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter10]!/4/3484/2/5:226[r%20a%2C%20ve]

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