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COMPETÊNCIA
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SUMÁRIO
1. CONCEITO.........................................................................................................................................................2
2. COMPETÊNCIA ABSOLUTA................................................................................................................................2
3. COMPETÊNCIA RELATIVA..................................................................................................................................5
3.1. Competência Territorial.............................................................................................................................6
3.2. Competência Funcional............................................................................................................................10
4. COMPETÊNCIA ABSOLUTA VS COMPETÊNCIA RELATIVA.................................................................................10
5. PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA.................................................................................................................11
6. CONEXÃO E CONTINÊNCIA..............................................................................................................................11
6.1. Conexão (art. 76, CPP)..............................................................................................................................11
6.2. Continência..............................................................................................................................................12
7. FORO PREVALENTE..........................................................................................................................................13
COMPETÊNCIA – MATERIAL COMPLEMENTAR....................................................................................................14
ATUALIZADO EM 14/12/20191
COMPETÊNCIAi
1. CONCEITO
Competência é a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional pode ser exercido. Jurisdição
todo juiz possui, mas competência, não. Assim, por exemplo, o STF tem competência sobre todo território
nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na comarca em que exerce as suas funções.
Para melhor compreensão da matéria “competência” no processo penal, fundamental é o estudo dos princípios
do juiz natural e do juiz imparcial, o que já foi feito no capítulo de princípios do processo penal, para onde
remetemos novamente o leitor.
2. COMPETÊNCIA ABSOLUTA
A competência absoluta é aquela que não permite prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser
arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de ofício, sob pena de nulidade absoluta de
todos os atos praticados no feito (decisórios ou instrutórios), segundo posicionamento doutrinário mais
abalizado.
I. Competência em razão da matéria (ratione materiae): é aquela que leva em conta a natureza da infração a
ser julgada;
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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“aeronave” (art. 106 da Lei nº 7.565/86), razão pela qual não se aplica a competência da Justiça Federal prevista
no art. 109, IX, da CF/88). STJ. 3ª Seção. CC 143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2019 (Info
648).
lI. Competência por prerrogativa de função (ratione personae): é aquela que leva em conta o cargo público
ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal, o que implica em um foro por prerrogativa de
função;
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE STJ não é competente para julgar crime praticado por
Governador no exercício do mandato se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força
de uma nova eleição. O STJ é incompetente para julgar crime praticado durante mandato anterior de Governador,
ainda que atualmente ocupe referido cargo por força de nova eleição. Ex: José praticou o crime em 2009, quando
era Governador; em 2011, foi eleito Senador; em 2019, assumiu novamente como Governador; esse crime
praticado em 2009 será julgado em 1ª instância (e não pelo STJ). Como o foro por prerrogativa de função exige
contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em apuração e o exercício da função pública, o término
de um determinado mandato acarreta, por si só, a cessação do foro por prerrogativa de função em relação ao ato
praticado nesse intervalo. STJ. Corte Especial. QO na APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/05/2019 (Info 649)
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Com a decisão proferida pelo STF, em 03/05/2018, na AP 937 QO/RJ, todos
os inquéritos e processos criminais que estavam tramitando no Supremo envolvendo crimes não relacionados
com o cargo ou com a função desempenhada pela autoridade, foram remetidos para serem julgados em 1ª
instância. Isso porque o STF definiu, como 1ª tese que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos
crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”. O entendimento
acima não se aplica caso a instrução já tenha se encerrado. Em outras palavras, se a instrução processual já havia
terminado, mantém-se a competência do STF para o julgamento de detentores de foro por prerrogativa de
função, ainda que o processo apure um crime que não está relacionado com o cargo ou com a função
desempenhada. Isso porque o STF definiu, como 2ª tese que “após o final da instrução processual com a
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais a competência para processar e
julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo
que ocupava, qualquer que seja o motivo.” STF. 1ª Turma AP 962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 16/10/2018 (Info 920).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por
decisão do juiz de 1ª instância e ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação desta
conversa não é ilícita. Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro fortuito de crimes), também
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chamado de serendipidade ou crime achado. Se após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias para
comunicar o fato às autoridades competentes para apurara a conduta do Promotor, este tempo não é
considerado excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF decidiu
que a prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível participação deste
em conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. Tais gravações, por serem
lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP aplique sanção de aposentadoria compulsória a este
Promotor. STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa de
função
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex:
Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá,
obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal
competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro
por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este
respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A delação de autoridade com prerrogativa
de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em consequência, do
órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem foro por
prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal.
REPETINDO:
Imagine que um indivíduo que não tem foro por prerrogativa de função queira fazer um acordo de colaboração
premiada. Ele diz o seguinte: quero delatar o Governador, ou seja, desejo revelar crimes que o Governador atual
cometeu no exercício do cargo e que estejam com ele relacionados. Esse acordo pode ser homologado pelo juízo
de 1ª instância?
• Para o STF: NÃO. Se a delação do colaborador mencionar autoridade com prerrogativa de foro (ex:
Governador), este acordo deve ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo
Tribunal competente (STJ).
Obs.: como a decisão do STJ foi reformada pelo STF, não precisa você “guardar” o que o STJ decidiu. Isso porque o
STJ irá se curvar diante do entendimento do STF. Basta entender e memorizar o que o STF concluiu porque é o que
prevaleceu.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ
restringem-se àquelas em que o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ.
Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630)
*Arquivamento da investigação com relação à autoridade com foro privativo e remessa dos autos para a 1ª
instância para continuidade quanto aos demais. Se o STF entende que não há indícios contra a autoridade com
foro privativo e se ainda existem outros investigados, a Corte deverá remeter os autos ao juízo de 1ª instância
para que continue a apuração da eventual responsabilidade penal dos terceiros no suposto fato criminoso. STF. 1ª
Turma. Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/2/2017 (Info
853).
* A simples menção ao nome de autoridades detentoras de prerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados
por testemunhas ou investigados, seja em diálogos telefônicos interceptados, assim como a existência de
informações, até então, fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência
para o Tribunal hierarquicamente superior. STF. 2ª Turma. Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
14/2/2017(Info 854).
*Compete ao TRF julgar os crimes praticados por Procurador da República, salvo em caso de crimes eleitorais,
hipótese na qual a competência é do TRE. Vale ressaltar que o Procurador da República é julgado pelo TRF em
cuja área exerce suas atribuições, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural. Ex: o Procurador da República
lotado em Recife (PE) pratica um crime em Brasília. Ele será julgado pelo TRF da 5ª Região (Tribunal que abrange o
Município onde ele atua) e não pelo TRF da 1ª Região (que abrange Brasília). Imagine agora que João, Procurador
da República, é lotado na Procuradoria de Guarulhos (SP), área de jurisdição do TRF-3. Ocorre que este
Procurador estava no exercício transitório de função no MPF em Brasília. O Procurador pratica um crime neste
período. De quem será a competência para julgar João: do TRF3 ou do TRF1? Do TRF1. A 2ª Turma, ao apreciar
uma situação semelhante a essa, decidiu que a competência seria do TRF1, Tribunal ao qual o Procurador da
República está vinculado no momento da prática do crime, ainda que esse vínculo seja temporário. STF. 2ª Turma.
Pet 7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/8/2017 (Info
871). Obs: houve empate na votação (2x2) e a conclusão acima exposta prevaleceu em virtude de a decisão ter
sido tomada em habeas corpus no qual, em caso de empate, prevalece o pedido formulado em favor do paciente.
*Se, após a interposição de recurso especial contra a condenação criminal, o réu foi diplomado Deputado Federal,
a competência para julgar este recurso passa a ser do STF. STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red.
p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890). Com o novo entendimento do STF, esse julgado
perdeu o sentido, pois, nessa situação, como o crime não foi praticado durante o mandato e em razão dele, não
há que se falar em prerrogativa de foro.
*#DEOLHONAJURIS #STF: Restrição ao foro por prerrogativa de função: As normas da Constituição de 1988 que
estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente,
aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se
justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de
parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar
relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte
tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas.
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações
finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público
vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937
QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
*Nesse ponto, vale destacar que o STF decidiu que essa nova linha interpretativa deve se aplicar imediatamente
aos processos em curso, ou seja, já vale a partir da data do julgamento da questão de ordem (03/05/2018).
No entanto, que todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF e pelos demais juízos antes da questão
de ordem, com base na jurisprudência anterior, devem ser considerados válidos.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O crime de corrupção passiva praticado por Senador da República, se
não estiver relacionado com as suas funções, deve ser julgado em 1ª instância (e não pelo STF). Não há foro por
prerrogativa de função neste caso. O fato de o agente ocupar cargo público não gera, por si só, a competência da
Justiça Federal de 1ª instância. Esta é definida pela prática delitiva. Assim, se o crime não foi praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas
(inciso IV do art. 109 da CF/88) e não estava presente nenhuma outra hipótese do art. 109, a competência para
julgar o delito será da Justiça comum estadual. STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/10/2019 (Info 955)
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: Pedro, Deputado Federal, recebeu doação ilegal de uma empresa com
o objetivo de financiar a sua campanha para reeleição. Esta doação não foi contabilizada na prestação de contas,
configurando o chamado “caixa 2” (art. 350 do Código Eleitoral). Pedro foi reeleito para um novo mandato de
2019 até 2022. O STF será competente para julgar este crime eleitoral? SIM. O foro por prerrogativa de função
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. O
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STF entende que o recebimento de doação ilegal destinado à campanha de reeleição ao cargo de Deputado
Federal é um crime relacionado com o mandato parlamentar. Logo, a competência é do STF. Além disso, mostra-
se desimportante a circunstância de este delito ter sido praticado durante o mandato anterior, bastando que a
atual diplomação decorra de sucessiva e ininterrupta reeleição. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito
está relacionado com as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se esse
Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato (consecutivo e ininterrupto),
neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo competente para julgá-lo. Por outro lado, se o agente deixar
o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito novamente Prefeito do mesmo Município, nesta situação
a competência para julgar o crime será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa de
função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o
agente ter ficado sem ocupar função pública. Ex: em 2011, Pedro, Prefeito, em seu primeiro mandato, cometeu o
crime de corrupção passiva. Pedro foi denunciado e passou a responder um processo penal no TJ. Em 2012, Pedro
disputou a campanha eleitoral buscando a reeleição. Contudo, ele perdeu. Com isso, Pedro ficou sem mandato
eletivo. Vale esclarecer que o processo continuou tramitando normalmente no TJ. Em 2016, Pedro concorreu
novamente ao cargo de Prefeito do mesmo Município, tendo sido eleito. Em 01/01/2017, João assumiu como
Prefeito por força dessa nova eleição. O processo de Pedro não será julgado pelo TJ, mas sim pelo juízo de 1ª
instância. STF. 1ª Turma. RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Compete à Terceira Seção do STJ processar e julgar habeas corpus
impetrado com fundamento em problemas estruturais das delegacias e do sistema prisional do Estado. STJ.
Corte Especial. CC 150.965-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/02/2019 (Info 644).
Nesse ponto, vale destacar que à Terceira Seção cabe processar e julgar os feitos relativos à matéria penal em
geral, salvo os casos de competência originária da Corte Especial e os habeas corpus de competência das Turmas
que compõem a Primeira e a Segunda Seção. Assim, ficam responsáveis por julgar os processos criminais.
*Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. STF. Plenário. Aprovada em
08/04/2015 - Info 780.
*Determinado réu foi denunciado pela prática de crime contra a Lei de Licitações. Como ele era Deputado
Federal, seu processo estava tramitando no STF. Após toda a instrução, o Ministério Público apresentou alegações
finais, no final de 2014, pedindo a absolvição por atipicidade da conduta. O STF designou a sessão para julgar o
réu. Ocorre que essa sessão somente foi marcada para abril de 2015 e o problema é que o referido réu não
conseguiu se reeleger Deputado Federal e deixou o cargo em 31/12/2014. Desse modo, no dia marcado para a
sessão de julgamento, o acusado já não era mais Deputado Federal. Como o réu deixou de ser Deputado Federal,
a solução tecnicamente “mais correta” a ser tomada pelo STF seria reconhecer que não era mais competente para
a ação penal e declinar o processo para ser julgado por um juiz de direito de 1ª instância. A Corte adotou, no
entanto, uma postura mais “moderna” ou de “vanguarda” para o caso: o STF reconheceu que não era mais
competente para julgar a ação penal, mas considerou que a situação era de flagrante atipicidade (tanto que o
PGR pediu a absolvição) e, por isso, entendeu que deveria ser concedido habeas corpus, de ofício, em favor do
réu, extinguindo o processo penal. STF. 1ª Turma. AP 568/SP, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2015 -
Info 781.
* A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de 1º grau de jurisdição, que mencione autoridade
com prerrogativa de foro no STJ, não traduz em usurpação de competência deste Tribunal Superior. Ocorrendo a
descoberta fortuita de indícios do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, os autos devem ser
encaminhados imediatamente ao foro prevalente, definido segundo o art. 78, III, do CPP, o qual é o único
competente para resolver sobre a existência de conexão ou continência e acerca da conveniência do
desmembramento do processo. STJ. Corte Especial. Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/09/2017 (Info 612).
#DIVERGÊNCIA#STF: Nesse ponto, atenção para o entendimento do STF, conforme já mencionado: Se a delação
do colaborador mencionar autoridade com prerrogativa de foro (ex: Governador), este acordo deve ser celebrado
pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ O art. 6º da Lei nº 8.038/90 prevê que o Tribunal irá se reunir para
analisar a denúncia ou queixa oferecida, podendo: 1) receber a denúncia (ou queixa); 2) rejeitar a denúncia (ou
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queixa); 3) julgar improcedente a acusação se a decisão não depender de outras provas. Logo, o Tribunal, ao
examinar se a denúncia tem ou não aptidão para ser recebida (hipótese 2 acima), deverá se basear no art. 395 do
CPP (que trata sobre as situações de rejeição da denúncia). Caso o Tribunal entenda pela improcedência da
acusação, essa decisão deve ser pautada pelo disposto no art. 397 do CPP (que trata sobre absolvição sumária).
Ao rito especial da Lei nº 8.038/90 aplicam-se, subsidiariamente, as regras do procedimento ordinário (art. 394, §
5º, CPP), razão pela qual eventual rejeição da denúncia é balizada pelo art. 395 do CPP, ao passo que a
improcedência da acusação (absolvição sumária) é pautada pelo disposto no art. 397 do CPP. STJ. Corte Especial.
APn 923-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019 (Info 657).
III. Competência funcional: Ela se estabelece tendo por parâmetro a distribuição de tarefas entre órgãos
dentro da mesma persecução penal. Não se confunde a competência funcional com a prerrogativa por foro de
função. Quais são os três subitens da competência funcional? Competência pelas fases do processo,
competência pelo objeto do juízo, competência pelos graus de jurisdição.
1. Fase do processo: O legislador pode preestabelecer órgãos distintos para fases específicas do processo.
É o que ocorre com a determinação de um juiz do conhecimento e outro para execução penal (organizar o
desempenho funcional dos juízes). É um vetor de eficiência da Administração Pública.
2. Objeto do juízo: O legislador pode estabelecer que o que foi trazido pela demanda seja parcelado em
juízes distintos. Do objeto levado a juízo temos uma repartição de tarefas. Da demanda apreciada no
processo, poderemos conferir parcelas a figuras distintas, é o que ocorre no Júri, em que os jurados
possuem competência funcional para analisar a imputação fática, votando os quesitos, ao passo que ao juiz
presidente compete aplicar a lei, confeccionando a sentença de forma vinculada aos quesitos;
É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de Central de Inquéritos
Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura ação penal que será proposta. Não há,
neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, considerando que este
dispositivo não fixa regra de competência, mas sim reserva de jurisdição para quebra do sigilo das comunicações.
Em outras palavras, ele não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve
ser decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). Admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de
inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuar na fase pré-processual decretando medidas que
dependam da intervenção do Poder Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o
competente para julgar a ação penal que será proposta posteriormente. STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016 (Info 816).
Já a competência relativa permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do foro, afinal de
contas, ela interessa, sobretudo, às partes. O desrespeito às normas de competência relativa, segundo
posicionamento doutrinário prevalente, leva apenas à nulidade relativa dos atos decisórios (não são anulados os
atos instrutórios, conforme melhor interpretação conferida ao art. 567, do CPP).
No Processo Penal, é hipótese de competência relativa à competência territorial (ratíone locí). Ressalte-se,
porém, que, no Processo Penal, a competência territorial pode ser reconhecida, de ofício, pelo juiz, motivo pelo
qual a Súmula n° 33, do STJ, que apregoa que "A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício", só tem
aplicabilidade no Processo Civil.
Como regra geral para definição da competência territorial, adota-se o local em que ocorreu a consumação do
delito ou, no caso de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de execução (art. 70, caput, do CPP).
Essa regra consagra, no âmbito do processo penal, a teoria do resultado (local do resultado).
Se, porém, for incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições ou, quando incerta a jurisdição por ter
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção, consoante o art. 70, § 3°, do CPP, o que significa a adoção excepcional da teoria da ubiquidade ou
mista ou eclética (local da ação ou omissão ou local do resultado).
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*A banca FCC, na prova da DPE-BA, em 2016, considerou correta a seguinte alternativa sobre os critérios de expressos
definição de competência no CPP: “A prerrogativa de função e o domicílio ou residência do réu.”
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A competência também será definida pela prevenção, no caso de infração continuada ou permanente, praticada
em território de duas ou mais jurisdições, nos termos do art. 71, do CPP, resultando, também, na aplicação
excepcional da teoria da ubiquidade.
Na hipótese de crime à distância - que é aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em
outro -, há de se aplicar também, por exceção, a teoria da ubiquidade, que encontra guarida no ordenamento
jurídico brasileiro no art. 6°, do Código Penal, segundo o qual "Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado" (como se vê, para o Direito Penal, quanto ao lugar do crime, vale, como regra geral, a teoria da
ubiquidade, ao passo que, como já visto, no Processo Penal, na definição do juízo territorialmente competente, a
regra geral é a teoria do resultado).
Desse modo, nos casos em que se permite a aplicação da lei penal brasileira, embora para crimes cometidos no
estrangeiro (extraterritorialidade da lei penal brasileira, de acordo com o art. 7° do Código Penal), em apertada
síntese, pode-se afirmar que será competente o juízo do local que tocar por último o território nacional, pouco
importando se é o local da ação ou omissão ou do resultado, daí porque se fala na aplicação da teoria da
ubiquidade.
É o exemplo de um indivíduo que envia, pelos correios do Brasil, uma carta-bomba dirigida ao Presidente da
República, que se encontra na Argentina, provocando a sua morte (art. 7°, inciso 1, alínea "a", do Código Penal).
Nessa hipótese, incidindo-se a lei penal brasileira, aplica-se, para fins de definição do foro competente, a regra
prevista no art. 70, § 1º, do CPP: se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. No
exemplo fornecido, competente será o foro do local do Brasil em que o agente enviou a carta-bomba pelos
correios.
Ainda com relação ao crime à distância, o art. 70, § 2°, CPP, determina que, quando o último ato de execução for
praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente,
tenha produzido ou devia produzir seu resultado. Para ilustrar essa situação, basta inverter o exemplo acima
fornecido.
Embora semelhantes com os crimes à distância, os crimes plurilocais com esses não se confundem, inclusive, para
fins de definição do foro competente. São crimes plurilocais aqueles nos quais a ação ou omissão se dá em um
lugar e o resultado em outro, desde que ambos os locais se encontrem dentro do mesmo território nacional
(crimes à distância envolvem sempre países distintos, sendo que a ação ou omissão ocorre em um país e o
resultado em outro). É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios de Belo Horizonte/MG uma carta-
bomba dirigida à residência da vítima, em Salvador/BA, provocando a sua morte. Para tais crimes, há de ser
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aplicada, em regra, a teoria do resultado prevista no art. 70, caput, do CPP. No exemplo fornecido, o foro
competente seria de Salvador/BA. Registre-se, porém, que há entendimento jurisprudencial no sentido de que,
no caso de homicídio, deve prevalecer o juízo da ação ou omissão (teoria da atividade), como forma de privilegiar
a verdade real, facilitando-se a colheita de prova, bem como para garantir uma efetiva resposta à sociedade do
local em que o crime foi executado, eis que naturalmente mais interessada na sua punição. No exemplo
mencionado, o foro competente seria alterado, passando a ser o de Belo Horizonte/MG. É esse o posicionamento
do STJ (Informativo n° 489) e do STF (Informativo n° 715).
*#OUSESABER: O que se entende por princípio do esboço do resultado? Nos casos de crimes Plurilocais,
infrações penais em que a ação e o resultado ocorrem em lugares diversos, porém ambos dentro do território
nacional, o art.70 estipula que a competência deve ser regida pelo lugar em que se produziu o resultado. Todavia,
de acordo com o princípio do esboço do resultado, nesses casos de crimes plurilocais, a competência em razão do
lugar deve ser determinada não pelo local em que ocorreu o resultado, mas sim pelo local em que a conduta foi
praticada, pois facilitaria a produção de prova e o efeito intimidatória da pena seria potencializado. Tanto STJ e
STF já aceitaram a aplicação do princípio aludido, mormente em situações envolvendo o delito de homicídio, em
que a conduta é praticada em um local, mas a vítima acaba morrendo em outra cidade, para onde foi deslocada, a
fim de receber o tratamento médico necessário.
#FACILITACOACH #SELIGANOESQUEMA:
Quando não se tem conhecimento sobre o local da consumação do crime, vale a regra supletiva do foro do
domicílio ou residência do réu. Se o réu tiver mais de um domicílio ou residência, a competência será firmada pela
prevenção (art. 72, § 1°, do CPP). E se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art. 72, § 2°, do CPP).
*IMPORTANTE!!! João, famoso estelionatário que mora em Belo Horizonte (MG), ligou para a casa de Maria, uma
senhora que reside em Campo Grande (MS). Na conversa, João afirmou que trabalhava no Governo e que Maria
tinha direito de receber de volta R$ 10 mil de impostos pagos a mais. Para isso, no entanto, ela precisaria apenas
depositar previamente R$ 1 mil a título de honorários advocatícios em uma conta bancária cujo número ele
forneceu. Maria, toda contente, depositou o valor na conta bancária, pertencente a João, que no dia seguinte, foi
até a sua agência, em Belo Horizonte (MG) e sacou a quantia. João praticou o crime de estelionato (art. 171 do
CP). Quem será competente para processar e julgar o crime: a vara criminal de Campo Grande (lugar onde
ocorreu o prejuízo) ou a vara criminal de Belo Horizonte (localidade em que o estelionatário recebeu o proveito
do crime)? Entendiam os tribunais superiores que a vara criminal competente seria Belo Horizonte (local em que
houve a obtenção da vantagem indevida). Compete ao juízo do foro onde se encontra localizada a agência
bancária por meio da qual o suposto estelionatário recebeu o proveito do crime processar a persecução penal
instaurada para apurar crime de estelionato no qual a vítima teria sido induzida a depositar determinada quantia
na conta pessoal do agente do delito. A competência não é do local onde existia a agência da vítima. No caso do
estelionato, o crime se consuma no momento da obtenção da vantagem indevida, ou seja, no instante em que o
valor é depositado ("cai") na conta corrente do autor do delito, passando, portanto, à sua disponibilidade. STJ. 3ª
Seção. CC 139.800-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/6/2015 (Info 565). A
COMPETÊNCIA É DO FORO ONDE SE OBTEVE A VANTAGEM INDEVIDA!
*Em 2004, três Auditores-Fiscais do Trabalho foram assassinados na zona rural do Município de Unaí (MG) em
virtude do trabalho de fiscalização que vinham realizando no local. Na época dos fatos, não havia vara federal em
Unaí, motivo pelo qual a denúncia do MPF foi recebida pelo juízo da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte (MG).
Alguns anos depois, foi criada a Vara Federal de Unaí (MG) e, em razão disso, o juízo da 9ª Vara Federal de Belo
Horizonte declinou a competência para julgar o processo para a recém criada Vara Federal. Tanto o STF como o
STJ discordaram da decisão declinatória e reafirmaram o entendimento de que a criação superveniente de vara
federal na localidade de ocorrência de crime doloso contra a vida não enseja a incompetência do juízo em que já
se tenha iniciado a ação penal. Incide, no caso, o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” que, apesar de só estar
previsto no CPC (art. 87 do CPC 1973 / art. 43 do CPC 2015), é aplicável também ao processo penal por força do
art. 3º do CPP. Assim, o juízo da Vara de Belo Horizonte, que recebeu a denúncia (iniciando a ação penal),
continua sendo competente para julgar o processo mesmo tendo sido criada nova vara. STF. 1ª Turma. HC
117871/MG e HC 117832/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, julgados em
28/4/2015 - Info 783.
Critério de competência absoluta é aquele fixado em favor do interesse público. Um critério de competência
absoluta tem fixação constitucional. O descumprimento ocasiona nulidade absoluta. O juiz irá reconhecer de
ofício. O vício não preclui e pode ser reconhecido a qualquer tempo.
Como critério de competência relativa, o que vai prevalecer é o interesse das partes. A previsão da competência
relativa é infraconstitucional. O vício ocasiona nulidade relativa. Segundo Ada Pellegrini, os atos decisórios
praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos. Todavia, os atos instrutórios (atos de
prova) podem ser aproveitados perante o juiz competente (art. 567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela
incompetência absoluta, nenhum ato será aproveitado perante o juiz competente. Quando se tratar de
incompetência relativa o juiz pode reconhecer de ofício enquanto não houver preclusão. A Súmula 33 do STJ
reconhecendo a impossibilidade do reconhecimento de oficio de nulidade relativa, não se aplica, segundo a
posição prevalente ao processo penal. O vicio pelo descumprimento é passível de preclusão.
5. PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Percebe-se que o magistrado incompetente pode se transformar em competente, desde que o vício não seja
arguido oportunamente. Este fenômeno é conhecido como prorrogação da competência.
6. CONEXÃO E CONTINÊNCIA
São institutos que vão permitir reunir, no mesmo processo, crimes ou criminosos que poderiam ser julgados
separadamente. Com isso, tudo é reunido, vai haver economia de atos processuais, menor dispêndio de trabalho
humano e, teoricamente, mais eficiência. Além disso, a probabilidade de decisões contraditórias é eliminada.
Evita, politicamente, decisões contraditórias que fragilizariam a respeitabilidade do Judiciário e busca dar
economicidade a administração da justiça.
São institutos de deslocamento da competência que permitem reunir no mesmo processo crimes e/ou criminosos
que poderiam ser julgados separadamente.
Finalidades:
a) Economia de atos e consequente razoável duração do processo;
b) Evitar decisões contraditórias
Conexão nada mais é do que a interligação entre dois ou mais crimes e que, por esse fato, devem ser julgados no
mesmo processo. É a interligação entre dois ou mais delitos e que por isso devem ser julgados.
Classificação:
i. Conexão intersubjetiva: é aquela onde dois ou mais crimes são praticados por duas ou mais pessoas.
Temos três tipos de conexão intersubjetiva:
a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade – os crimes ocorreram nas mesmas circunstâncias de
tempo e espaço. O fator de interligação são as circunstâncias idênticas e não a combinação entre
os criminosos. Nela, a conexão se estabelece porque os crimes ocorreram nas mesmas
circunstâncias de tempo e espaço, sendo que os infratores não estavam previamente acordados.
b) Conexão intersubjetiva concursal: neste caso, o vínculo se estabelece porque os infratores
estavam previamente acordados.
c) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: os crimes se conectam pelo fato dos infratores agirem
uns contra os outros. Exemplo: lesões corporais recíprocas. ATENÇÃO: o crime de rixa NÃO é um
3
A seguinte alternativa foi considerada correta (TJPR – 2017): Caso desclassifique infração que tenha dado causa à conexão,
o juiz continuará competente para julgar os delitos remanescentes e os corréus, haja vista a regra da perpetuatio
jurisdicionis.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
18
bom exemplo, pois ele caracteriza crime único (plurisubjetivo/de concurso necessário) e na
conexão precisamos de ao menos dois delitos.
ii. Conexão teleológica (lógica ou finalista): é a conexão do lucro, do aproveitamento. Nela, um crime é
praticado para levar vantagem, para criar impunidade ou para ocultar outro delito Exemplo:
homicídio e ocultação de cadáver.
iii. Conexão instrumental ou probatória: nela, a prova da existência de um crime é fundamental para
demonstrar que outro delito ocorreu. Na conexão probatória há um vínculo. Exemplo: conexão entre
o crime de receptação e o delito antecedente, como o roubo ou contrabando do objeto (é necessário
provar a origem ilícita do bem).
* Se o crime do art. 241-A do ECA for praticado por meio do computador da residência do agente localizada em
São Paulo (SP), mesmo assim ele poderá ser julgado pelo juízo de Curitiba (PR) se ficar demonstrado que a
conduta do agente ocorreu com investigações que tiveram início em Curitiba, onde um grupo de pedófilos ligados
ao agente foi preso e, a partir daí, foram obtidas todas as provas. Neste caso, a competência do juízo de Curitiba
ocorrerá por conexão, não havendo ofensa ao princípio do juiz natural. STF. 1ª Turma. HC 135883/PR, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2017 (Info 868).
6.2. Continência
É o instituto que nos permite, em um processo único, reunir dois ou mais criminosos que praticaram um só delito
ou dois ou mais delitos que se originam de uma só conduta.
Classificação:
i. Continência por cumulação subjetiva: nela, teremos um só crime praticado por duas ou mais pessoas
(art. 77, I, CPP).
ii. Continência por cumulação objetiva: nela, teremos uma só conduta que deságua na prática de duas
ou mais infrações. Percebe-se que em havendo concurso formal de crimes (art. 70, 73 e 74, CP), todos
os resultados lesivos são reunidos em um só processo por força da continência (art. 77, II, CPP).
7. FORO PREVALENTE
É o juiz ou tribunal que chama para si a responsabilidade de julgar todos os crimes e/ou infratores nas hipóteses
de conexão ou continência.
A existência de crimes conexos de competência da Justiça Comum, como corrupção passiva e lavagem de
capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por força do art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. STF.
2ª Turma. PET 7319/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
Regras definidoras:
a) Justiça Especial > Justiça Comum: Percebe-se que a justiça especial prevalece sobre a justiça comum, de
forma que se um delito da justiça especializada é conexo com outro da justiça comum, reuniremos tudo
na justiça especial. Observação: essa regra NÃO se aplica a justiça militar, pois ela não se mistura (art. 79,
I, CPP). Segundo o STJ, na Súmula 122, a justiça federal em que pese ser comum prevalece sobre a
estadual.
b) Júri > Órgãos da jurisdição comum: Percebe-se que o Júri é o órgão prevalente, julgando os crimes
dolosos contra a vida e todas as infrações comuns eventualmente conexas. Nesta regra, podem ser
atraídas ao Júri até mesmo as infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitando-se, contudo, os
institutos benéficos dos Juizados Especiais Criminais (art. 60, parágrafo único, Lei nº 9.099/95). Se um
crime doloso contra a vida é conexo com um crime federal, as infrações serão reunidas perante o Júri
Federal. O Júri não se mistura com a justiça especial, exigindo-se a separação de processos.
c) Jurisdição de maior hierarquia > Jurisdição de menor hierarquia: Por esta regra, percebe-se que, se o
cidadão comum pratica crime juntamente com uma autoridade, ambos serão julgados em processo único
no tribunal competente para julgar a autoridade. Segundo o STF, na súmula 704, não há ofensa a
garantias constitucionais quando o cidadão comum é julgado no tribunal por praticar crime com
autoridade que usufrui do foro por prerrogativa de função.
*Em regra, havendo a aposentadoria do Desembargador, ele deixa de ter foro por prerrogativa de função no STJ e
passa a ser julgado em 1ª instância. Se houver, no entanto, outros réus com foro privativo no STJ, é possível que
este Tribunal reconheça que existe conexão entre os fatos e que será útil ao deslinde da causa que os réus
continuem a ser julgados conjuntamente. Neste caso, não haverá desmembramento e o réu sem foro privativo
*Na chamada "operação Lava Jato", o STF decidiu desmembrar um dos feitos, ficando no Supremo a investigação
relacionada com o Deputado Federal "EC" e sendo remetido de volta para a Vara Federal de Curitiba o processo
que apura a conduta dos demais réus (supostos comparsas do parlamentar). Depois do desmembramento,
durante a oitiva de um réu colaborador na 1ª instância, este revelou novos fatos criminosos que teriam sido
praticados por "EC". Essa oitiva foi correta e não houve usurpação de competência do STF. Só se poderia dizer que
houve violação da competência do STF se o juiz federal tivesse realizado medidas investigatórias dirigidas ao
Deputado Federal, não podendo ser considerada medida de investigação o simples fato de ele ter ouvido réu
colaborador e este ter mencionado a participação de "EC" durante a audiência. É comum que, em casos de
desmembramento, ocorra a produção de provas que se relacionem tanto com os indivíduos investigados na 1ª
instância, como o dos demais réus com foro privativo. A existência dessa coincidência não caracteriza usurpação
de competência. Em suma, a simples menção do nome do reclamante em depoimento de réu colaborador,
durante a instrução em 1ª instância, não caracterizaria ato de investigação, ainda mais quando houve prévio
desmembramento, como no caso. STF. Plenário. Rcl 21419 AgR/PR, Rel. Min.Teori Zavascki, julgado em 7/10/2015
(Info 802).
* Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem
prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do investigado com foro por prerrogativa
de função e os demais são julgados em 1ª instância. No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves, sua
irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não deveria haver o
desmembramento e a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os envolvidos. Isso porque
entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às investigações. STF. 1ª Turma. Inq 4506
AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885)
COMPETÊNCIA FEDERAL: O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a
competência da justiça federal. STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016
(Info 819)5
*O art. 109, IX, da CF/88 afirma que compete à Justiça Federal julgar os crimes praticados a bordo de navios ou
aeronaves, com exceção daqueles que forem da Justiça Militar. Navio é embarcação de grande porte. Para que o
crime seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio seja uma “embarcação de grande porte”.
Assim, se o delito for cometido a bordo de um pequeno barco, lancha, veleiro etc., a competência será da Justiça
Estadual. Aeronave voando ou parada: a competência será da Justiça Federal mesmo que o crime seja cometido a
bordo de uma aeronave pousada. Não é necessário que a aeronave esteja em movimento para a competência ser
da Justiça Federal. Navio em situação de deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento:
para que o crime cometido a bordo de navio seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio
esteja em deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento (ex: está parado
4
A banca CESPE considerou correta, na prova do TJDFT/2016, a seguinte alternativa: “Indivíduo que pratique crime a bordo
de aeronave estrangeira em espaço aéreo brasileiro, será processado e julgado pela justiça da comarca em cujo território
ocorrer o pouso ou pela comarca de onde houver partido a aeronave.”
5
Ver todo o julgado: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/04/info-819-stf1.pdf.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
22
provisoriamente no porto, mas já seguirá rumo a outro país). Se o navio estiver atracado e não se encontrar em
potencial situação de deslocamento, a competência será da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 118.503-PR, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/4/2015 (Info 560).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o
cometimento do delito previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria
estrangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de
imposto de importação. STJ. Plenário. CC 159.680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
08/08/2018 (Info 631). Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho,
ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de
urgência decorrente de crime de ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance,
quando iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil. STJ. 3ª Seção. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 636)
694/STF - Competência: policiamento ostensivo e delito 527/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA
praticado por civil contra militar PARA O JULGAMENTO DE CRIME DE VIOLAÇÃO DE
532/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. DEFINIÇÃO DA 520/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA PARA APURAÇÃO DA PRÁTICA DO CRIME PARA PROCESSAR E JULGAR ACUSADO DE CAPTAR E
PREVISTO NO ART. 241 DO ECA. ARMAZENAR, EM COMPUTADORES DE ESCOLAS
Não tendo sido identificado o responsável e o local em MUNICIPAIS, VÍDEOS PORNOGRÁFICOS, ORIUNDOS DA
que ocorrido o ato de publicação de imagens pedófilo- INTERNET, ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
pornográficas em site de relacionamento de
abrangência internacional, competirá ao juízo federal Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
518/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal –
PARA PROCESSAR E JULGAR ESTELIONATO PRATICADO o julgamento de ação penal em que se apure a
MEDIANTE FRAUDE PARA A CONCESSÃO DE possível prática de sonegação de ISSQN pelos
APOSENTADORIA. representantes de pessoa jurídica privada, ainda que
No caso de ação penal destinada à apuração de esta mantenha vínculo com entidade da administração
estelionato praticado mediante fraude para a concessão indireta federal. resulta prejuízo apenas para o ente
de aposentadoria, é competente o juízo do lugar em tributante, pessoa jurídica diversa da União – no caso
que situada a agência onde inicialmente recebido o de ISSQN, Municípios ou DF. (STJ, 3ª Seção, 2013)
benefício, ainda que este, posteriormente, tenha
passado a ser recebido em agência localizada em
município sujeito a jurisdição diversa. Segundo o art. 70
do CPP, a competência será, em regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração, o que, em
casos como este, ocorre no momento em que recebida
A Justiça Federal é a competente para processar e julgar STJ Súmula 42: Compete à Justiça Comum Estadual
os crimes de roubo praticados contra carteiro da processar e julgar as causas cíveis em que é parte
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no sociedade de economia mista e os crimes praticados
exercício de sua função, com fulcro no disposto do art. em seu detrimento.
109, IV, da CF. Segundo ponderou o Min. Relator, não
obstante os objetos subtraídos pertencerem a
particulares, no momento do cometimento da infração,
eles se encontravam sob a guarda e responsabilidade da
ECT. Logo, o delito de roubo teria atingido, de forma
direta, bens, serviços e interesses da empresa pública
federal. Destacou-se que, tanto no crime de furto
quanto no de roubo, o sujeito passivo não é apenas o
proprietário da coisa móvel, mas também o possuidor e,
eventualmente, até mesmo o mero detentor. (STJ,
2011)
Compete à Justiça Federal processar e julgar as ações Crime de concussão praticado por médico em hospital
penais relativas a desvio de verbas originárias do credenciado ao SUS. Justiça Estadual.
Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente de
se tratar de valores repassados aos Estados ou
Municípios por meio da modalidade de transferência
“fundo a fundo” ou mediante realização de convênio.
Isso porque há interesse da União na regularidade do
repasse e na correta aplicação desses recursos, que,
conforme o art. 33, § 4º, da Lei 8.080/1990, estão
sujeitos à fiscalização federal, por meio do Ministério da
Saúde e de seu sistema de auditoria. Cabe ressaltar, a
propósito, que o fato de os Estados e Municípios terem
autonomia para gerenciar a verba destinada ao SUS não
elide a necessidade de prestação de contas ao TCU,
tampouco exclui o interesse da União na regularidade
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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do repasse e na correta aplicação desses recursos.
Súmula 208 do STJ. (STJ, 3ª Seção, 2013)
STJ Súmula 151 - A competência para o processo e Compete à justiça estadual o julgamento de ação
julgamento por crime de contrabando ou descaminho penal em que se apure crime de esbulho possessório
define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da efetuado em terra de propriedade do Incrana hipótese
apreensão dos bens. em que a conduta delitiva não tenha representado
ameaça à titularidade do imóvel e em que os únicos
prejudicados tenham sido aqueles que tiveram suas
residências invadidas. Nessa situação, inexiste lesão a
bens, serviços ou interesses da União, o que exclui a
competência da justiça federal, não incidindo o
disposto no art. 109, IV, da CF. (STJ, 3ª Seção, 2013)
STJ Súmula 122 – Compete à Justiça Federal o processo Crime cometido contra consulado estrangeiro.Justiça
e julgamento unificado dos crimes conexos de Estadual.
competência federal e estadual, não se aplicando a #MUDANÇADEENTENDIMENTO
regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal. #ENTENDIMENTOSUPERADO.
*#ATUALIZAÇÃO: No RE 831.996, em 2015, o STF
ATENÇÃO: penso que esta súmula está em vias de entendeu que, como o Brasil se compromete, por
superação. O STJ tem decidido que haveria separação tratado, a proteger as repartições consulares, a
de processos. responsabilidade é da União. O funcionamento da
repartição consular decorre diretamente das relações
diplomáticas que a União mantém com os Estados
estrangeiros. Se há ofensa aos bens da União, a
competência é da JF.
STJ Súmula 165 – Compete à Justiça Federal processar e Crime de dano cometido contra bens tombados. Se o
julgar crime de falso testemunho cometido no processo bem foi tombado por um Estado-membro,
trabalhista. competência da Justiça Estadual.
Crime de dano cometido contra bens tombados. Se o STJ Súmula 209 - Compete à Justiça Estadual processar
bem foi tombado pela União, competência da Justiça e julgar prefeito por desvio de verba transferida e
Federal. incorporada ao patrimônio municipal.
STJ Súmula 208 - Compete à Justiça Federal processar e STJ Súmula 73 - A utilização de papel moeda
julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
prestação de contas perante órgão federal. de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
STJ Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e A competência para processar e julgar crimes
Compete à Justiça Federal processar e julgar a conduta Após o cancelamento da súmula 91, o STJ firmou o
daquele que, por meio de pessoa jurídica instituída para entendimento, em vários acórdãos, de que, quando
a prestação de serviço de factoring, realize, sem não há evidente lesão a bens, serviços ou interesse da
autorização legal, a captação, intermediação e aplicação União, autarquias ou empresas públicas (art. 109 da
de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de CF), compete à Justiça estadual, de regra, processar e
que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos julgar crime contra a fauna, visto que a proteção ao
superiores aos aplicados no mercado. Isso porque a meio ambiente constitui matéria de competência
referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo do comum à União, aos estados, aos municípios e ao
art. 16 da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Distrito Federal (art. 23, VI e VII, da CF). (STJ, 2011)
Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer
“operar, sem a devida autorização, ou com autorização
obtida mediante declaração falsa, instituição financeira,
inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de
câmbio”. Ademais, nessa hipótese, apesar de o delito
haver sido praticado por meio de pessoa jurídica criada
para a realização de atividade de factoring, deve-se
considerar ter esta operado como verdadeira instituição
financeira, justificando-se, assim, a fixação da
competência na Justiça Federal. (STJ, 3ª Seção, 2013)
Compete à Justiça Federal o julgamento de crime Na espécie, o réu foi surpreendido trazendo consigo,
consistente na apresentação de Certificado de Registro dentro de uma mochila, um tablete de maconha e
e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso à Polícia certa quantidade de dinheiro aparentemente
Rodoviária Federal. (STJ, 3ª Seção, 2013) falso. Sustentou-se que, embora os fatos tenham sido
descobertos na mesma circunstância temporal e
praticados pela mesma pessoa, os delitos em comento
não guardam qualquer vínculo probatório ou objetivo
entre si – a teor do disposto no art. 76, II e III, do CPP.
Logo, deve o processo ser desmembrado para que
cada juízo processe e julgue o crime de sua respectiva
competência. (STJ, 3ª Seção, 2012)
STJ Súmula 200 - O Juízo Federal competente para STJ Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o
processar e julgar acusado de crime de uso de processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso
passaporte falso é o do lugar onde o delito se de documento falso relativo a estabelecimento
consumou. particular de ensino.
STJ Súmula 62: Compete à Justiça Estadual processar e STJ Súmula 140 - Compete à Justiça Comum Estadual
julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho processar e julgar crime em que o indígena figure
e Previdência Social, atribuído à empresa privada. como autor ou vítima.
[SUPERADO]
Compete à Justiça Federal – e não à Justiça Estadual – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
processar e julgar ação penal referente aos crimes de acusado da prática de conduta criminosa consistente
calúnia e difamação praticados no contexto de disputa na captação e armazenamento, em computadores de
pela posição de cacique em comunidade indígena. (STJ, escolas municipais, de vídeos pornográficos oriundos
3ª Seção, 2013) da internet, envolvendo crianças e adolescentes.
Nesse contexto, de acordo com o entendimento do
STJ e do STF, para que ocorra a fixação da
competência da Justiça Federal, não basta que o Brasil
seja signatário de tratado ouconvenção internacional
que preveja o combate a atividades criminosas dessa
natureza, sendo necessário, ainda, que esteja
evidenciada a transnacionalidade do delito. (STJ, 3ª
Seção, 2013)
Competência da justiça federal para processar e julgar A Seção entendeu que compete à Justiça estadual
crimes de estupro e atentado violento ao pudor processar e julgar os crimes de injúria praticados por
conexos com crimes de pedofilia e pornografia infantil meio da rede mundial de computadores, ainda que em
de caráter transnacional. (STF, 2ª Turma, 2013) páginas eletrônicas internacionais, tais como as redes
sociais Orkut e Twitter. Asseverou-se que o simples
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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fato de o suposto delito ter sido cometido pela
internet não atrai, por si só, a competência da Justiça
Federal. (STJ, 3ª Seção, 2012)
No crime de publicação de pornografia e não tendo sido STF Súmula 498 - Compete a justiça dos estados, em
identificado o responsável e o local em que ocorrido o ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
ato de publicação de imagens pedófilo-pornográficas crimes contra a economia popular.
em site de relacionamento de abrangência
internacional, competirá ao juízo federal que primeiro
tomar conhecimento do fato apurar o supostvolvendo
criança ou adolescente (art. 241 do ECA). (STJ, 3ª Seção,
2013)
Importante: se o MP entendesse que havia indícios de Não compete à Justiça Federal julgar queixa-crime
que o depoente praticou falso testemunho, a proposta por particular contra outro particular pelo
competência para apurar este delito (art. 342 do CP) simples fato de as declarações do querelado terem
seria da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165-STJ sido prestadas na Procuradoria do Trabalho. A
("Compete a justiça federal processar e julgar crime de competência será da Justiça Estadual. Caso concreto: o
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falso testemunho cometido no processo trabalhista"). querelante entendeu que as declarações prestadas
STJ. 3ª Seção. CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, pelo querelado no MPT ofenderam a sua honra e que
julgado em 9/11/2016 (Info 593). o depoente praticou calúnia e difamação. STJ. 3ª
Seção. CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 9/11/2016 (Info 593).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Compete ao STF julgar a apelação criminal interposta contra sentença
de 1ª instância caso mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça estejam impedidos ou sejam
interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88). STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019
(Info 950).
#SELIGANASÚMULA:
SÚMULA 244: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de fundos.
SÚMULA 107: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia
federal.
SÚMULA 48: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da
entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão
expedidor. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIAS:
*#IMPORTANTE: O STF fixou a seguinte tese: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B
do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG,
Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão
geral) (Info 805). O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo pedófilo-
pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca de
material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, portanto, a
competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da competência para julgar o delito do
art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: • Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça
FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer
parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. • Nos casos em que o crime é praticado por meio de
troca de informações privadas, como nas conversas via Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook:
Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede
social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de
troca de informação privada que não está acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o
conteúdo pornográfico não foi disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a
competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
26/4/2017 (Info 603).
*Compete à Justiça Estadual apurar suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo
de vítimas particulares mantidas em erro mediante a criação de falso Tribunal Internacional de Justiça e
Conciliação para solução de controvérsias. STJ. 3ª Seção. CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 14/12/2016 (Info 597).
*Compete à justiça federal processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo (art. 149 do
CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do trabalho e, portanto,
atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE 459510/MT, rel. orig. Min. Cezar
Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info 809).
*#INFO #DPUCompete à Justiça Militar julgar a conduta de ex-militar acusado do crime de “apropriação de coisa
havida acidentalmente” (art. 249 do CPM) pelo fato de ele, mesmo depois de desincorporado das fileiras, ter
continuado sacando o soldo que era depositado por engano em sua conta. STF. 2ª Turma. HC 136539/AM, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
Compete à Justiça Comum Estadual (e não à Justiça Militar Estadual) processar e julgar suposto crime de desacato
praticado por policial militar de folga contra policial militar de serviço em local estranho à administração militar.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.320.129-DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/11/2014 (Info. 553)
*IMPORTANTE!!! Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar ação penal na qual se
apurem infrações penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de
documento falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª Seção. CC 129.804-PB, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572). Ora, se cabe à instituição financeira contratante
dos serviços (no caso, o BB) a responsabilidade pelos serviços bancários disponibilizados pela ECT a seus clientes e
usuários, eventual lesão decorrente da abertura de conta corrente por meio da utilização de documento falso
atingiria o patrimônio e os serviços da instituição financeira contratante, e não os da ECT. Tanto é assim que, caso
a empreitada delituosa tivesse tido êxito, os prejuízos decorrentes da abertura de conta corrente na agência do
Banco Postal seriam suportados pela instituição financeira contratante. Desse modo, não há lesão apta a justificar
a competência da Justiça Federal para julgar a ação penal.
- Importante que você não confunda o julgado acima com um precedente de Direito do Consumidor no qual o
STJ reconheceu a responsabilidade civil dos Correios por danos sofridos por consumidor dentro do Banco Postal.
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Veja: A ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que foi assaltado no interior de agência dos
Correios na qual é fornecido o serviço de banco postal. STJ. 4ª Turma. REsp 1.183.121-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559).
- Crime ocorrido em casa lotérica (permissionária da CEF): Justiça ESTADUAL. “(...) 1. No caso, não obstante os
valores que teriam sido indevidamente apropriados, oriundos de operações financeiras realizadas em casa
lotérica, devessem ser repassados para a Caixa Econômica Federal, não há prejuízo para a empresa pública, na
medida em que as lotéricas atuam na prestação de serviços delegados pela Caixa mediante regime de permissão,
isto é, por conta e risco da empresa permissionária. 2. Assim, fica afastada a competência da Justiça Federal para
o processamento e julgamento da causa, porquanto não caracterizada a hipótese prevista no art. 109, inciso IV,
da Carta Magna. (...) (STJ. 6ª Turma. RHC 59.502/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
25/08/2015).
Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar tentativa de estelionato (art. 171, caput,
c/c o art. 14, II, do CP) consistente em tentar receber, mediante fraude, em agência do Banco do Brasil, valores
relativos a precatório federal creditado em favor de particular. STJ. 3ª Seção. CC 133.187-DF, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 14/10/2015 (Info 571). Embora na hipótese se tenha buscado resgatar precatório federal, o
crime praticado não provocou nem provocaria dano a bens, serviços ou interesse da União, de suas autarquias,
fundações ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF/88). Isso porque eventual prejuízo causado pelo delito seria
suportado pelo particular titular do crédito e pelo Banco do Brasil.
O fato de os agentes, utilizando-se de formulários falsos da Receita Federal, terem se passado por Auditores
desse órgão com intuito de obter vantagem financeira ilícita de particulares não atrai, por si só, a competência da
Justiça Federal. Isso porque, em que pese tratar-se de uso de documento público, observa-se que a falsidade foi
empregada, tão somente, em detrimento de particular. Assim sendo, se se pudesse cogitar de eventual prejuízo
sofrido pela União, ele seria apenas reflexo, na medida em que o prejuízo direto está nitidamente limitado à
esfera individual da vítima, uma vez que as condutas em análise não trazem prejuízo direto e efetivo a bens,
serviços ou interesses da União, de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF). STJ. 3ª
Seção. CC 141.593-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/8/2015 (Info 568).
*Uma quadrilha roubou um banco privado e, quando os ladrões saíam da instituição, cruzaram com uma viatura
da Polícia Rodoviária Federal que passava casualmente pelo local. Os policiais perceberam que os homens
estavam armados e, por isso, ordenaram que eles parassem. Houve troca de tiros. O MP denunciou os réus por
latrocínio. De quem é a competência para julgar o delito? Justiça FEDERAL. Compete à Justiça Federal processar e
julgar crime de latrocínio no qual tenha havido troca de tiros com policiais rodoviários federais que, embora não
estivessem em serviço de patrulhamento ostensivo, agiam para reprimir assalto a instituição bancária privada. O
crime foi praticado contra policiais rodoviários federais que, diante da ocorrência de um flagrante, tinham o dever
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de agir. Assim, o delito foi cometido contra servidores públicos federais no exercício da função (Súmula 147 do
STJ). STJ. 5ª Turma. HC 309.914-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/4/2015 (Info 559).
*#OUSESABER: A fixação da competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito de tráfico depende
da demonstração da TRANSNACIONALIDADE do delito. Não é necessário que o agente tenha efetivamente
cruzado as fronteiras nacionais, mas que seja demonstrada essa intenção.
*Compete à Justiça Militar julgar militar acusado de autorizar a navegação de uma balsa sem a realização de
vistorias necessárias. Essa conduta caracteriza-se como sendo falsidade ideológica (art. 312 do CPM), sendo crime
militar, nos termos do art. 9º, II, “e”, do CPM. STF. 1ª Turma. HC 110233/AM, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac.
Min. Marco Aurélio, julgado em 10/10/2017 (Info 881).
DIPLOMA DISPOSITIVOS
Código de Processo Penal Art. 69 ao art. 91
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula