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CURSO DE PENAL E PROCESSO PENAL EM JURISPRUDÊNCIA E

ATUALIDADES

Professor Pedro Coelho

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1. Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos
colhidos em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia
Federal considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002
(STF, 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019).
Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (Essa lei é justamente a de
número 10.446/2002);

- Análise do caso concreto. Houve violação do juiz natural?

- Conclusão.
2. Aceitação e concessão de transação penal e a (im)possibilidade de habeas
corpus para trancamento da ação penal.

- O que sempre prevaleceu na jurisprudência dos Tribunais?

- O que decidiu a 6ª Turma do STJ?

“A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas


corpus em que se busca o trancamento da ação penal” (HC 495.148-DF, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019).
- O STF se manifestou sobre esse caso?

“A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas


corpus anteriormente impetrado. A aceitação do acordo de transação penal não
impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução
penal” (2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
17/12/2019).

E O ANPP? ATENÇÃO!
3. Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças
que digam respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam
relacionados com o seu direito de defesa.
Súm. Vinculante 14 do STF - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Acesso a relatórios de inteligência financeira (RIF´s) do COAF em relação a


terceiros?
É excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas pessoas, que não dizem
respeito ao direito de defesa dele (STF, 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
17/12/2019).
4. (In)Constitucionalidade do art. 302 do CTB.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

- E se o réu for motorista profissional, essa sanção não violaria o direito


constitucional ao trabalho?
“Se o réu que praticou este crime é motorista profissional, ele pode, mesmo assim, receber essa sanção ou isso violaria o direito
constitucional ao trabalho? NÃO VIOLA. O condenado pode sim receber essa sanção, ainda que se trate de motorista
profissional. É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista
profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. O direito ao exercício de atividades profissionais (art. 5º, XIII) não é
absoluto e a restrição imposta pelo legislador se mostra razoável” (STF, Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 12/2/2020 (repercussão geral – Tema 486).
5. Execução Provisória da Pena – Cuidado com o caso concreto e a pegadinha de
prova!

(i) Impossibilidade de Execução Provisória da Pena – STF (Plenário) – ADC´s 43, 44 e


54, julgadas em 7/11/2019.

(ii) Caso Concreto – (a) Condenação em 1ª instância (não podendo apelar em


liberdade). (b) Em recurso, o TJ manteve a condenação e, ao receber o RE e RESP,
determinou execução provisória da pena (decisão antes de novembro de 2019). (c)
Se a defesa pleitear em habeas corpus, atualmente, a liberdade imediata do agente em
razão da violação ao atual entendimento do STF, a ordem deve ser concedida para
determinar a imediata soltura?
5. Execução Provisória da Pena – Cuidado com o caso concreto e a pegadinha de
prova!

(i) Impossibilidade de Execução Provisória da Pena – STF (Plenário) – ADC´s 43, 44 e


54, julgadas em 7/11/2019.

(ii) Caso Concreto – (a) Condenação em 1ª instância (não podendo apelar em


liberdade). (b) Em recurso, o TJ manteve a condenação e, ao receber o RE e RESP,
determinou execução provisória da pena (decisão antes de novembro de 2019). (c)
Se a defesa pleitear em habeas corpus, atualmente, a liberdade imediata do agente em
razão da violação ao atual entendimento do STF, a ordem deve ser concedida para
determinar a imediata soltura?
6. Na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza da pena
privativa de liberdade aplicável, mas sim a PERICULOSIDADE do agente,
cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte
ao inimputável (STJ, 3ª Seção. EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 27/11/2019).
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará SUA INTERNAÇÃO (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for
punível com DETENÇÃO, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

Resumo: (i) Se o agente praticou fato punido com RECLUSÃO, ele receberá,
obrigatoriamente, a medida de internação. (ii) Por outro lado, se o agente praticou fato
punido com DETENÇÃO, o juiz, com base na periculosidade do agente, poderá
submetê-lo à medida de internação ou tratamento ambulatorial.
É possível que um inimputável que praticou conduta sancionada com pena
de reclusão seja colocado em tratamento ambulatorial?

(i) Princípio da adequação, razoabilidade e proporcionalidade;

(ii) Parâmetro para a medida de segurança não deve ser a pena privativa abstrata,
mas sim a periculosidade do inimputável.

(iii) Análise casuística do magistrado para a escolha do tratamento mais adequado.


7. IMPORTANTÍSSIMO: A reincidência de que trata o § 4º do art.
28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica (STJ, 6ª Turma, REsp
1.771.304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/12/2019).
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à
comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 3º As penas
previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
(cinco) meses. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
Se alguém já tiver sido condenado definitivamente pelo crime de roubo e,
antes do período depurador da reincidência, praticar o crime do art. 28 da
Lei de Drogas, se submeterá ao prazo do parágrafo 4º?
“A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica. Segundo a
interpretação topográfica (que leva em consideração à posição dos artigos, parágrafos, incisos), os
parágrafos não são unidades autônomas, estando vinculadas ao caput do artigo a que se referem. Logo,
quando o § 4º fala em reincidência, quer se referir à nova prática do mesmo crime previsto no caput do
art. 28” (STJ, 6ª Turma. REsp 1.771.304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/12/2019).
. O juiz da execução penal pode reconhecer reincidência quando ela não
tiver sido expressamente indicada na sentença?
Ex.: João era reincidente, mas foi condenado definitivamente como primário em
crime perpetrado sem violência. Nesse caso, é possível que o juiz das execuções
indefira o pedido de progressão de regime, após o cumprimento de 16%, em razão
da reincidência?
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16% (dezesseis por cento) da
pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20%
(vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça;
Individualização da Pena: (i) na cominação da pena em abstrato ao tipo legal,
pelo Legislador; (ii) na sentença penal condenatória, pelo Juízo de conhecimento e
(iii) na execução penal, pelo Juízo das Execuções.

Conclusão: O Juízo da Execução pode promover a retificação do atestado de


pena para constar a reincidência, com todos os consectários daí decorrentes, ainda
que não esteja reconhecida expressamente na sentença penal condenatória
transitada em julgado. (STJ, 3ª Seção, EREsp 1.738.968-MG, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 27/11/2019).
9. O cometimento do crime do art. 28 da Lei de Drogas deve receber o
mesmo tratamento que a contravenção penal, para fins de revogação
facultativa da suspensão condicional do processo (STJ, 5ª Turma. REsp
1.795.962-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020).
Art. 89, § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser
processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

- Revogação (i) obrigatória e (ii) facultativa.

- E no caso do art. 28 da Lei de Drogas? (Des)proporcionalidade).


10. É possível a impetração de habeas corpus e a
interposição de recurso de forma concomitante?
Somente se (i) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou (ii) se traduzir
pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do
paciente. Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das
questões idênticas deve ser reservado ao recurso previsto para a hipótese, ainda que a
matéria discutida resvale, por via transversa, na liberdade individual (STJ, 3ª Seção, HC
482.549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/03/2020).

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