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Data base para concessão do regime aberto

STJ
HC: 665994 SP 2021/0144512-7
Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Data de Publicação: 22/06/2021
HABEAS CORPUS Nº 665994 - SP (2021/0144512-7) DECISÃO Trata-se de habeas corpus
com pedido liminar impetrado em favor de MATHEUS DIAS em que se aponta como
autoridade coatora o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO (Agravo em
Execução Penal n. 0001804-90.2021.8.26.0996). Depreende-se dos autos que o Juízo da
Unidade Regional de Departamento Estadual de Execução Criminal da Comarca de
Presidente Prudente (DEECRIM 5ª RAJ), nos autos da Execução n. 0025984-
04.2016.8.26.0041, determinou a retificação do cálculo para a progressão ao regime
aberto para constar como termo a quo a data da realização do exame criminológico
favorável (adimplemento do lapso subjetivo) - e-STJ fl. 69. Irresignada, a defesa interpôs
o recurso de agravo de execução penal buscando a fixação do termo a quo para a
progressão ao regime semiaberto a data do preenchimento do requisito objetivo, a fim
de evitar o excesso de execução por morosidade. Contudo, em sessão de julgamento
realizada no dia 29 de abril de 2021, a 9ª Câmara Criminal, por unanimidade, negou
provimento ao recurso, conforme acórdão ementado nos seguintes termos (e-STJ fl. 85).
Execução Penal - Progressão de regime prisional aberto - Cálculo para fins de concessão
da benesse - Data-base a ser considerada a partir do cumprimento concomitante dos
requisitos objetivo e subjetivo - Art. 112 da LEP - Correta determinação de recálculo das
penas pelo Juízo de 1º Grau, considerando-se como termo a quo a data da emissão do
laudo de exame criminológico favorável. O termo inicial a ser adotado para fins de
cálculo de progressão de regime não é a data em que o requisito objetivo foi preenchido
pelo reeducando, mas sim o dia em que foi elaborado laudo de exame cronológico
favorável, oportunidade em que o reeducando efetivamente preencheu os requisitos
objetivos e subjetivos, nos termos do art , 112 da LEP concomitantemente. No presente
writ, a Defensoria Pública estadual reitera os argumentos lançados n a Corte a quo.
Sustenta que "vem prevalecendo nas Câmaras de Direito Criminal do Egrégio Tribunal

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de Justiça do Estado de São Paulo, o entendimento, no sentido de que, a data base para
fins de progressão ao regime aberto é a data em que o sentenciado preencheu o
requisito objetivo para o regime semiaberto" (e-STJ fls. 7/8), acrescentando que "o
entendimento pacífico da jurisprudência pátria é de que o requisito objetivo para a
progressão de regime deve ter por termo inicial a data em que efetivamente preenchido
o lapso necessário, e não a data da decisão que concede o benefício ou em que
elaborado o exame criminológico" (e-STJ fl. 9). Requer "a imediata concessão do
provimento liminar para que a data-base para o cálculo do lapso para a progressão ao
regime aberto seja a data do efetivo preenchimento do requisito objetivo para o regime
semiaberto" (e-STJ fl. 13). É, em síntese, o relatório. O pedido liminar foi indeferido.
Parecer ministerial às e-STJ fls. 142/148. Decido. No caso dos autos, o Tribunal de origem
negou provimento ao agravo em execução interposto pela defesa mediante os seguintes
fundamentos (e-STJ fls. 88/90): O Magistrado a quo decidiu em consonância com a
Jurisprudência de Instância Superior, ao definir como data base para fins de concessão
de benesse de progressão de regime o momento em que foram concomitantemente
atingidos os requisitos objetivo e subjetivo, nos termos do art. 112 da Lei n. 7.210/1984,
para o regime aberto pelo ora agravante. O lapso temporal a ser efetivamente aplicado
para fins de aferir o preenchimento do requisito objetivo para obtenção da progressão
de regime aberto é a data do último requisito adimplido, que será a do laudo de exame
criminológico, nas hipóteses em que a perícia favorável atestou o cumprimento do
quesito subjetivo (fls. 45). No presente caso, a data a ser considerada será 29 de
dezembro de 2020 (data da conclusão conjunta de avaliação do exame criminológico),
consoante decisão de fls. 64: Retifique-se o cálculo para fins de progressão ao regime
aberto, observando-se que o cálculo do novo lapso para progressão ao regime aberto
não deve ter como marco o adimplemento puro e simples do termo objetivo, afinal,
toda e qualquer progressão tem como pressupostos o cumprimento dos requisitos
objetivo e de merecimento, subjetivo. Nestes termos, o V. Acórdão proferido nos
embargos de declaração no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº
2103746-20.2018.8.26.0000, processo paradigma do Tema 28 - IRDR - Progressão -
Regime - Termo - Inicial, que foram rejeitados com alteração da redação da tese nos

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seguintes termos (Tese firmada - redação em sede de Embargos de Declaração - acórdão
publicado em 13/10/2020): "A decisão que defere a progressão de regime tem natureza
declaratória, e não constitutiva. O termo inicial para a progressão de regime deverá ser
a data em que preenchidos os requisitos objetivo e subjetivo descritos no art. 112 da Lei
de Execução Penal, e não a data em que efetivamente foi deferida a progressão.
Importante ressaltar que referida data deverá ser definida de forma casuística, fixando-
se como termo inicial o momento em que preenchido o último requisito pendente, seja
ele o objetivo ou o subjetivo. Vale dizer, se por último for preenchido o requisito
subjetivo, independentemente da anterior implementação do requisito objetivo, será
aquele o marco para fixação da data-base para efeito de nova progressão de regime".
Assim, no caso dos autos, o termo inicial de contagem para progressão ao regime
aberto, será o adimplemento do lapso subjetivo para o semiaberto. Não se trata, assim,
de simples reconhecimento de direito pré-existente. Ao atingir o lapso temporal
requerido para a concessão do benefício, o reeducando atendeu apenas a um dos
requisitos necessários à progressão de regime. Deve ele, ainda, preencher o requisito
subjetivo previsto em lei para a concessão do benefício. A análise do atendimento deste
segundo requisito deve, outrossim, ser obrigatoriamente realizada pelo Juiz a quo, por
ocasião da sentença que analisa o pedido de progressão de regime. Não se cogita, assim,
de reconhecimento de direito do sentenciado, que seja anterior à sentença. Deve ser,
portanto, adotada como data-base para o cálculo de benesses posteriores, o dia em que
foi efetivamente realizado o exame criminológico obtendo-se resultado favorável,
consoante se verifica de fls. 45. Diante desse quadro, correta a decisão do MM. Juiz
singular que determinou a retificação do cálculo de penas para considerar como marco
inicial para a progressão ao regime aberto a data em que o agravante preencheu
concomitante os requisitos previstos em lei, qual seja, 29 de dezembro de 2020. Pois
bem. Acerca do tema, a Sexta Turma alterou o seu entendimento, filiando-se à
orientação do Supremo Tribunal Federal e da Quinta Turma desta Corte, no sentido de
que a data-base para a concessão da progressão de regime é a do preenchimento dos
requisitos objetivo e subjetivo do anterior benefício. Eis a ementa do referido acórdão:
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. SUBSEQUENTE PROGRESSÃO DE REGIME. MARCO

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INICIAL. DATA EM QUE O REEDUCANDO PREENCHEU OS REQUISITOS DO ART. 112 DA
LEP. ALTERAÇÃO DO ENTENDIMENTO DA SEXTA TURMA. ADEQUAÇÃO À
JURISPRUDÊNCIA DO STF E DA QUINTA TURMA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1.
Revisão da jurisprudência da Sexta Turma desta Corte Superior, para alinhar-se ao
posicionamento do Supremo Tribunal Federal e da Quinta Turma de modo a fixar, como
data-base para subsequente progressão de regime, aquela em que o reeducando
preencheu os requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal e não aquela em que o
Juízo das Execuções deferiu o benefício. 2. Consoante o recente entendimento do
Supremo Tribunal, a decisão do Juízo das Execuções, que defere a progressão de regime
- reconhecendo o preenchimento dos requisitos objetivo e subjetivo da lei (art. 112 da
LEP)- é declaratória, e não constitutiva. Embora se espere celeridade da análise do
pedido, é cediço que a providência jurisdicional, por vezes - como na espécie - demora
meses para ser implementada. 3. Não se pode desconsiderar, em prejuízo do
reeducando, o período em que permaneceu cumprindo pena enquanto o Judiciário
analisava seu requerimento de progressão. 4. Habeas corpus não conhecido, mas
concedida a ordem de ofício, para restabelecer a decisão do Juízo das Execuções Penais
(HC 369.774/RS, relator o Ministro Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe de
7/12/2016, grifei). Além disso, as duas turmas desta Terceira Seção do Superior Tribunal
de Justiça vem decidindo no sentido do acórdão ora impugnado, senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE
REGIME. MARCO INICIAL. DATA EM QUE O REEDUCANDO EFETIVAMENTE PREENCHEU
OS REQUISITOS OBJETIVO E SUBJETIVO DO ART. 112 DA LEP. DETERMINADA
REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. REQUISITO SUBJETIVO PREENCHIDO NA DATA
DO PARECER FAVORÁVEL EXARADO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A Quinta
e a Sexta Turma deste Superior Tribunal se alinharam ao posicionamento do Supremo
Tribunal Federal de modo a fixar, como data- base para subsequente progressão de
regime, aquela em que o reeducando preencheu os requisitos objetivo e subjetivo do
art. 112 da LEP e não aquela em que: a) o Juízo da VEC deferiu o benefício anterior ou
b) ocorreu o efetivo ingresso no regime atual. 2. Na hipótese, na data em que o
reeducando implementou o critério objetivo do art. 112 da LEP, ele não tinha mérito

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para a progressão, tanto que o Juiz da VEC não o promoveu de regime, mas determinou
a realização de exame criminológico. 3. Em razão da determinação de realização de
exame criminológico, reputa-se preenchido o requisito subjetivo no momento em que
houve parecer técnico favorável, sendo esta a data-base a ser considerada para nova
progressão, não obstante o requisito objetivo haver sido preenchido em momento
anterior. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no HC 634.186/SP, Rei. Ministro
ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 23/03/2021, DJe 30/03/2021,
grifei). AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE
REGIME. MARCO INICIAL. DATA EM QUE O REEDUCANDO EFETIVAMENTE PREENCHEU
OS REQUISITOS OBJETIVO E SUBJETIVO DO ART. 112 DA LEP. DETERMINADA
REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. REQUISITO SUBJETIVO PREENCHIDO NA DATA
DO PARECER FAVORÁVEL EXARADO. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Esta Superior Corte de
Justiça alinhou-se ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, a fim de fixar, como
data-base para subsequente progressão de regime, aquela em que o reeducando
preencheu os requisitos objetivo e subjetivo do art. 112 da LEP e não aquela em que: a)
o Juízo da VEC deferiu o benefício anterior ou b) ocorreu o efetivo ingresso no regime
atual. 2. Assim, em razão da determinação de realização de exame criminológico,
considera-se preenchido o requisito subjetivo no momento em que houve parecer
técnico favorável, sendo esta a data-base a ser considerada para nova progressão, não
obstante tenha sido o requisito objetivo verificado em momento anterior. 3. Agravo
regimental não provido. (AgRg no HC 657.679/SP, Rei. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/04/2021, DJe 03/05/2021). Assim, não
obstante os judiciosos argumentos defensivos, não vislumbro a existência de flagrante
ilegalidade. Ante o exposto, denego a ordem. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 18 de
junho de 2021. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO Relator

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