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Danos morais: pedidos genéricos

Na vigência do CPC de 1973, o STJ aceitava pedidos genéricos quanto aos danos
morais nas ações indenizatórias:

1. Não se configura a alegada inépcia da petição inicial, na medida em que é possível a


formulação de pedido genérico em ação de indenização por danos morais. Com efeito,
"o pedido inicial, como manifestações de vontade, deve ser interpretado à luz do
princípio da efetividade e da economia processual, que visam conferir à parte um
máximo de resultado com um mínimo de esforço processual. Consectariamente, muito
embora a lei processual imponha que o pedido seja certo e determinado não obsta que
o mesmo seja genérico, como, in casu, em que foi requerida a indenização pelos danos
materiais e morais sem definição, initio litis, do quantum debeatur" (REsp
693.172/MG, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 12.9.2005). (...) (REsp 926.628/MT,
Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/05/2009, DJe
18/06/2009)

Porém, o CPC de 2015 passou a conter a seguinte disposição:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:


V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido.

Por conta disso, é possível vislumbrar que os tribunais passem a exigir essa
quantificação já na inicial. O STJ, aliás, já sinalizava mudança de entendimento mesmo à luz do
CPC de 1973:

1.- Na formação dos precedentes desta Corte, já se firmou que na ação de indenização
por danos morais não se exige que o autor formule pedido certo e determinado quanto
ao valor da condenação pretendida, a ser fixada, diante da dificuldade de mensuração,
segundo o prudente arbítrio do juiz. À medida em que a jurisdição foi tratando do

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tema, contudo, certos parâmetros foram se estabelecendo para a fixação, de modo
que se pode iniciar o caminho em prol da exigência de formulação de pleito preciso
inclusive quanto a valores e elementos a serem ponderados na sua fixação,
prestigiando-se o contraditório, que baliza o debate jurisdicional e acarreta maior
precisão em valores. (...) (REsp 1313643/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 13/06/2012)

Assim, é bastante provável uma virada jurisprudencial. Ainda não há, porém, uma
jurisprudência consolidada sobre o tema à luz do CPC de 2015. Em uma prova de concurso, é
importante conhecer o pensamento dos examinadores sobre o assunto, caso já tenham
proferido decisão que aborde o pedido em indenizações por danos morais após o CPC de 2015.
Caso não se saiba qual é o posicionamento do examinador, a minha sugestão é acolher
eventual preliminar de inépcia quanto aos danos morais, na hipótese de pedido genérico, mas
fazendo uma boa fundamentação com base no art. 292 do CPC de 2015, destacando, inclusive,
que a jurisprudência até então permitia pedidos genéricos nesses casos.

Alexandre Henry
Professor e Juiz Federal

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