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O projeto apresentado conta com a seguinte redação: “Art. 1º Fica revogado o art. 942 da Lei
nº 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil. Art. 2º Esta lei entra em vigor
na data de sua publicação”.
O Deputado Federal Reinhold Stephanes Jr., autor do projeto, na sua justificativa, elenca entre
as desvantagens da técnica do julgamento ampliado, o fato de haver “distinção da amplitude da
matéria que enseja a ampliação do colegiado: na apelação, basta a divergência, que pode
abranger inclusive as preliminares ao mérito; no agravo de instrumento, as divergências sobre
admissibilidade, o desprovimento ou a anulação por maioria, em tese, não justificam o emprego
da técnica. Na ação rescisória, a matéria é remetida “a órgão de maior composição”, o que dá a
impressão de que, exclusivamente nesta hipótese, será realizado novo julgamento, uma
espécie de remessa necessária”. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=1899782&filename=Tramitacao-PL%203055/2020, p. 3.
Em 10.2.2021, o Projeto de Lei foi recebido na Comissão de Constituição e Justiça. Até o
momento, o projeto não foi votado.
de ampliação do colegiado, desde que presentes alguns requisitos. 2 A
inobservância da regra resulta na violação de competência funcional.
Não nos parece adequado tratar dessa técnica de julgamento como “embargos infringentes de
ofício” ou “recurso de ofício” ou, ainda, “espécie de embargos infringentes com remessa
necessária”, como pretendem, respectivamente, Jordão Violin (Dupla conformidade e
julgamento monocrático de mérito: os poderes do relator no Código de Processo Civil. In:
Revista de Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, vol. 267, 2017), José da Fonseca
Costa (Pequena história dos embargos infringentes no Brasil: uma viagem redonda. In: Novas
tendências do processo civil. Estudos sobre o projeto do novo Código de Processo Civil.
Baseado no relatório apresentado pelo Deputado Paulo Teixeira, na Comissão Especial
presidida pelo Deputado Fábio Trad. JusPodivm: Salvador: 2014, vol. II, p. 399) e Lenio Streck
e Ricardo Augusto Herzl (O que é isto – Os novos embargos infringentes? Uma mão dá e a
outra... Consultor Jurídico, 13 jan. 2015. Disponível em:
http://www.conjur.com.br/2015-jan-13/isto-novos-embargos-infringentes-mao-outra. Acesso em:
16.3.2023).
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“A natureza jurídica do instituto previsto no art. 942 do CPC/15, substituto do revogado
embargos infringentes, é de técnica de julgamento, por meio da qual a sessão de julgamento
iniciada pelo colegiado original retoma após a convocação de novos julgadores, e não de
recurso com efeito devolutivo. Diante desse panorama, conclui-se que a incidência da técnica
de julgamento ampliado do art. 942 do CPC/15 não limita os julgadores convocados à análise
apenas da matéria decidida de forma não unânime pelo quórum original, deve, pois, ser
apreciado todo o conteúdo da apelação. Precedentes desta e. Terceira Turma. Hipótese em
que, ante o julgamento não unânime da apelação, houve a ampliação do quórum na forma do
art. 942 do CPC/2015. Entretanto, na continuação do julgamento foi excluído o tema sobre o
qual o colegiado original havia sido unânime, limitando-se os novos julgadores ao exame
apenas da matéria em que houve divergência. Assim, impõe-se o retorno dos autos à origem,
para que seja proferido novo julgamento, no qual deverão ser analisadas todas as alegações
suscitadas nas razões das apelações interpostas. Recurso especial de ROSANA DAUDT
PRIETO provido, com o retorno dos autos à origem. Recurso especial de CAIXA DE
PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL - PREVI prejudicado”. (STJ,
REsp n. 1.934.178/DF, 3ª T., j. 14.9.2021, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 16.9.2021).
encontro da necessidade de celeridade do julgamento. Se não for possível, o
julgamento prosseguirá em nova sessão, a que serão convocados outros
julgadores e será assegurado o direito à nova sustentação oral (art. 942, caput,
in fine).
ex-CPC/1973 530); nesse caso, isso pode ocorrer tanto na avaliação do iudicium
rescissorium (rejulgamento da lide) quanto na do iudicium rescindens (acolhimento puro e
simples da pretensão rescisória de anulação do julgado), como já se defendia na vigência do
CPC/1973”. Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery. Código de Processo Civil
comentado. 21. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2022, comentários ao art. 942, item
11; “No caso da ação rescisória, por sua vez, o julgamento colegiado ampliado será aplicável
quando o resultado não unânime restar proclamado em relação à rescisão da sentença,
devendo, nessa hipótese, conforme expressa previsão legal, seu prosseguimento ocorrer em
órgão de maior composição previsto no regimento interno” (g. n.). Daniel Willian Granado e
Renato Caldeira Grava Brazil. O julgamento colegiado nos tribunais à luz da técnica de
ampliação trazida pelo art. 942 do Código de Processo Civil de 2015: aplicação e abrangência.
In: Revista de Processo, vol. 328, São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2022, versão eletrônica.
remanesce espaço para a aplicação da técnica de julgamento prevista no artigo
942, § 3º, I, do CPC/2015, que só se admitiria nas hipóteses de julgamentos
não unânimes quanto ao iudicium rescindens ou ao indicium rescissorium, não
se aplicando ao capítulo que trata da admissibilidade da ação rescisória, uma
vez que esta parte não é um capítulo de mérito capaz de rescindir a coisa
julgada, cuidando-se apenas de uma questão prejudicial de mérito.” (g. n.).6
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(STJ, EDcl nos EDcl no AgInt no REsp n. 1.739.593/ES, 2ª T., j. 11.4.2019, rel. Min. Mauro
Campbell Marques, DJe 22.4.2019).
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Em artigo publicado anteriormente nesta Coluna Questão de Direito, defendemos a aplicação
do art. 942, §3º, I do CPC/15 também no caso de rescisão de sentença/decisão interlocutória
de mérito. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/coluna/questao-de-direito/395855/a-
ampliacao-do-colegiado-no-julgamento-da-acao-rescisoria.
apenas “rescisão de sentença” – que, se levadas à risca, esvaziariam
irremediavelmente a regra.
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“O art. 942 do CPC não determina a ampliação do julgamento apenas em relação às
questões de mérito. Na apelação, a técnica de ampliação do colegiado deve ser aplicada
a qualquer julgamento não unânime, incluindo as questões preliminares relativas ao
juízo de admissibilidade do recurso. No caso, o Tribunal de origem, ao deixar de ampliar o
quórum da sessão realizada no dia 9/6/2016, diante da ausência de unanimidade com relação
à preliminar de não conhecimento da apelação interposta de forma adesiva pelo autor,
inobservou o enunciado normativo inserto no art. 942 do CPC, sendo de rigor declarar a
nulidade por ‘error in procedendo’. Ainda que a preliminar acolhida pelo voto minoritário careça
de previsão legal, inviável ao Superior Tribunal de Justiça sanar a nulidade apontada, pois o
art. 942 do CPC enuncia uma técnica de observância obrigatória pelo órgão julgador, devendo
ser aplicada no momento imediatamente posterior à colheita dos votos e à constatação do
resultado não unânime quanto à preliminar. (…) RECURSO ESPECIAL PROVIDO PARA
DECLARAR A NULIDADE DO JULGAMENTO DAS APELAÇÕES, DETERMINANDO O
RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA QUE SEJA CONVOCADA NOVA
SESSÃO PARA PROSSEGUIMENTO DO JULGAMENTO.”. (STJ, REsp 1.798.705/SC, 3ª T., j.
22.10.2019, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 28.10.2019).
As razões determinantes desse acórdão – a ratio decidendi – levam a
que se admita a ampliação do colegiado no juízo de admissibilidade também
da ação rescisória.