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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ

APELAÇÃO CÍVEL NPU 0010851-24.2016.8.16.0194, DA 25ª VARA CÍVEL DE


CURITIBA
Relatora: Desembargadora LILIAN ROMERO
Apelantes: (1) DOLORES GARCEZ BOZA
(2) FUNDO DE PENSÃO MULTIPATROCINADO – FUNBEP
Apeladas: AS MESMAS PARTES

APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.


FUNBEP. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO SUPLEMENTAR. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. PRELIMINARES.(I) PEDIDO DE
CHAMAMENTO DO “ PLANO DE BENEFÍCIOS I ” AO
PROCESSO, COM SUA INCLUSÃO NO POLO PASSIVO DA
DEMANDA. NÃO ACOLHIMENTO. CHAMAMENTO AO
PROCESSO QUE DEVE SER REQUERIDO NA
CONTESTAÇÃO, CONFORME ART. 131 DO CPC. ADEMAIS,
PRETENDIDA INCLUSÃO DO PLANO DE BENEFÍCIOS NO
POLO PASSIVO DA DEMANDA DESNECESSÁRIA NO CASO
CONCRETO. INSCRIÇÃO INDIVIDUALIZADA NO CADASTRO
NACIONAL DE PESSOA JURÍDICA - CNPJ QUE NÃO
CONFERE PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA AOS
PLANOS DE BENEFÍCIOS, CONFORME ART. 5º, §1º, DA
RESOLUÇÃO CNPC Nº 46/2021. ENTE ORGANIZADO SEM
PERSONALIDADE JURÍDICA QUE DEVE SER
REPRESENTADO EM JUÍZO PELA PESSOA A QUEM CABE
A ADMINISTRAÇÃO DE SEUS BENS, NOS TERMOS DO
ART. 75 DO CPC. “PLANO DE BENEFÍCIOS I
” ADMINISTRADO E EXECUTADO PELO FUNDO DE
PENSÃO MULTIPATROCINADO – FUNBEP, CONFORME
ESTABELECIDO NA LEI Nº 109/2001. (II) ERRO MATERIAL
NA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA QUANTO À DATA DO
AJUIZAMENTO DA PRESENTE DEMANDA. IMPOSITIVA
CORREÇÃO. MÉRITO. (I) SUBSUNÇÃO DO JULGAMENTO
AOS RECURSOS ESPECIAIS 1.778.938/SP E 1.740.397/RS.
TEMA 1.021/STJ. REQUISITOS PREVISTOS NA
MODULAÇÃO PRESENTES: (A) AÇÃO AJUIZADA
ANTERIORMENTE A 08.08.2018; (B) PREVISÃO
REGULAMENTAR EXPRESSA OU IMPLÍCITA E (C) PRÉVIA E
INTEGRAL RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA MATEMÁTICA.
DIREITO DA AUTORA À REVISÃO DO BENEFÍCIO
PROPORCIONAL DIFERIDO (BPD), COM A INCLUSÃO DAS
VERBAS REMUNERATÓRIAS RECONHECIDAS NA JUSTIÇA
DO TRABALHO, EXCETO COMISSÕES SOBRE PRODUTOS
E VERBAS EVENTUAIS E INDENIZATÓRIAS, EM
OBSERVÂNCIA AO DISPOSTO NO REGULAMENTO
APLICÁVEL (“REGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS I
DO FUNBEP”, VIGENTE A PARTIR DE 2014). SENTENÇA
REFORMADA NESTE PONTO. (II) RECOMPOSIÇÃO A SER
APURADA MEDIANTE CÁLCULO ATUARIAL E QUE DEVE
SER EFETUADA PELA PARTICIPANTE EM MOMENTO
ANTERIOR À IMPLANTAÇÃO DA MAJORAÇÃO DO
BENEFÍCIO. SENTENÇA REFORMADA NESTE ASPECTO.
(III) RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DOS
HONORÁRIOS DA PERÍCIA ATUARIAL NA FASE DE
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA QUE DEVERÁ SER DEFINIDA
PELO JUÍZO SINGULAR NO MOMENTO OPORTUNO. (IV)
PRETENSO AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE
MORA A PARTIR DA CITAÇÃO. CABIMENTO. OBRIGAÇÃO
DO FUNDO DE PREVIDÊNCIA DE REVER O VALOR DO
BENEFÍCIO E PAGAR AS DIFERENÇAS ANTERIORES
CONDICIONADA À PRÉVIA RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA
MATEMÁTICA. AUSÊNCIA DE MORA DO FUNDO
RECORRENTE, OU DESCUMPRIMENTO/INADIMPLEMENTO
DAS OBRIGAÇÕES REGULAMENTARES DO
FUNDO. JUROS DE MORA QUE DEVERÃO INCIDIR
APENAS A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DA CONDIÇÃO.
SENTENÇA REFORMADA NESTE PONTO. (V) ÔNUS
SUCUMBENCIAIS MANTIDOS. SUCUMBÊNCIA DO FUNBEP
VERIFICADA. EXISTÊNCIA DE CONDICIONANTE À
REVISÃO DO BENEFÍCIO QUE NÃO INFLUENCIA NA
DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. (VI)
PRETENDIDA MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM FAVOR DO PATRONO DA
AUTORA. NÃO CABIMENTO. VERBA ARBITRADA NA
SENTENÇA SUFICIENTE PARA REMUNERAR O TRABALHO
DESENVOLVIDO. (VII) DETERMINAÇÃO DE OBSERVÂNCIA
DA SÚMULA 111 DO STJ AO CASO. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSOS
PARCIALMENTE PROVIDOS.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível NPU 0010851-
24.2016.8.16.0194, da 25ª Vara Cível de Curitiba, em que figuram como apelantes
(1) Dolores Garcez Boza e (2) FUNBEP - Fundo de Pensão Multipatrocinado,
sendo apeladas as mesmas partes.

I. Relatório
As partes recorreram da sentença (M. 133.1), mantida em sede de embargos
de declaração (M. 147.1), proferida na “ação revisional de benefício complementar”
que julgou procedentes os pedidos iniciais, nos seguintes termos:

“Ante o exposto, nos termos do art. 487, inc. I, do Novo Código de Processo Civil,
julgo PROCEDENTES os pedidos contidos na inicial, com base no art. 487, inciso I
do CPC, para condenar a parte ré a revisar o benefício previdenciário
complementar da autora, com a integração das parcelas salariais reconhecidas
nas reclamatórias trabalhistas, e consequentemente condená-la ao pagamento das
diferenças a este título, corrigidas monetariamente pela média INPC/IGP-DI desde
o vencimento de cada parcela do benefício, e juros de mora de 1% ao mês,
contatos da citação, observada a prescrição para as anteriores aos cinco anos do
ajuizamento da presente ação (30/09/2016).
Tal montante deverá ser apurado em liquidação mediante estudo técnico atuarial,
observadas as disposições regulamentares e a fundamentação da sentença.
Diante da sucumbência, condeno a parte ré ao pagamento de custas processuais
e honorários de sucumbência em favor do patrono do autor, estes fixados em 10%
sobre o valor atualizado da condenação.”

A autora alegou em suas razões recursais (M. 151.1) que:

há erro material na fundamentação da sentença quanto à data do


ajuizamento da demanda;
todavia, “apesar de opostos embargos de declaração, o juízo recorrido
não corrigiu o erro material e/ou a contradição que a decisão contém,
razão pela qual pede-se a reforma do julgado para ser reconhecido e
declarado que a ação, efetivamente, foi ajuizada em 30.09.2016”;
ainda, os honorários advocatícios fixados devem ser majorados;
“é que apesar de correta a adoção do valor da condenação como critério
para fixação dos honorários (Tema 1076, do STJ), o percentual adotado
pela decisão recorrida não remunera, de forma proporcional, o trabalho
desempenhado pelos procuradores da autora em prol da concretização
de seu direito”;
“além do processo tramitar há quase 06 (seis) anos, sabe-se que, após
esgotados os recursos que o réu invariavelmente interpõe, seguir-se-á a
fase de liquidação do julgado, obrigatoriamente vinculada à realização
de perícia atuarial (Temas 955 e 1021 do STJ), a exigir profundos e
especializados conhecimentos dos procuradores da apelante, que
inegavelmente continuarão vinculados ao feito por tempo expressivo até
a efetiva satisfação dos créditos da autora”;
“há de ser sopesado, ainda, que, se o STJ reafirmou os termos da
Súmula 111, limitando os honorários de sucumbência à data da
prolação da sentença, é bastante razoável e justo que se fixem os
honorários devidos aos patronos do vencedor da demanda em
percentuais maiores que aqueles outrora fixados quando não havia, ou
não era aplicada essa limitação”;
“afinal, em casos como o presente, que envolve tese já sedimentada por
Corte Superior, a fase de conhecimento tende a ser até (ou bem) mais
curta que a fase de liquidação, o que obrigará de forma absolutamente
injusta, um enorme dispêndio de trabalho e tempo que, segundo o STJ,
não deve ser considerado para fins de fixação de honorários”.

O fundo previdenciário, por sua vez, alegou em suas razões recursais (M.
154.1) que:

o STJ no julgamento do Tema 955/STJ reconheceu a impossibilidade de


integração dos reflexos das verbas remuneratórias reconhecidas na
Justiça do Trabalho quando já concedido o benefício de
complementação de aposentadoria;
a modulação dos efeitos da decisão é excepcional e está condicionada
à utilidade ao participante ou assistido; às peculiaridades da causa; à
previsão regulamentar e; à recomposição prévia e integral das reservas
matemáticas com o aporte de valor a ser apurado por estudo técnico
atuarial;
e a presente demanda não preenche os requisitos para a modulação
dos efeitos do Tema 955/STJ;
com efeito, não se verifica a utilidade da ação à autora e as
peculiaridades da demanda que justifiquem seu enquadramento na
modulação dos efeitos da decisão do STJ;
ainda, a sentença condenou o fundo previdenciário, em desrespeito ao
REsp Repetitivo nº 1.312.736/RS;
isto porque no recurso repetitivo não houve condenação do fundo
previdenciário à revisão de benefício complementar;
é responsável apenas por gerir recursos de terceiros à complementação
de aposentadoria;
assim, a entidade apelante não pode ser considerada sucumbente, uma
vez que não deu causa à lide;
há a necessidade de recomposição prévia e integral da reserva
matemática e aporte financeiro para eventuais benefícios passados,
conforme o art. 202, §2º, da CF, assim como do recolhimento do aporte
das diferenças de custeio sobre as parcelas incidentes pelos
participantes;
contudo, ao determinar a recomposição da reserva matemática
adicional, não se ateve o magistrado singular ao fato de que o
patrocinador não é parte na lide;
“deste modo, sob pena de violação ao artigo 460 do CPC, deverá a
sentença ser reformada a fim de atribuir ao recorrido (participante
assistido), a responsabilidade pelo custeio, também, da cota da reserva
matemática adicional de responsabilidade do Patrocinador, sob pena de
ser deferido apenas em parte a revisão do benefício (até o limite de sua
contribuição)”;
o ônus pelo pagamento da perícia atuarial a ser realizada na fase de
liquidação de sentença deve ser atribuído à autora, já que ela ocorrerá
por seu exclusivo interesse
o termo inicial dos juros de mora deve ser readequado para depois da
recomposição da reserva matemática;
por fim, deve ser determinada a observância da Súmula 111 do STJ.

As partes apresentaram contrarrazões aos Ms. 156.1 e 160.1, pugnando


pelo não provimento dos recursos adversos.
Nesta Corte, o fundo requerido pugnou pelo chamamento do “Plano de
Benefícios Funbep I” ao processo (M. 9.1-TJ).

II. Voto
Presentes os pressupostos de admissibilidade e regularidade formal,
conheço dos recursos.

Dos fatos
A autora trabalhou no Banco Banestado (sucedido pelo Itaú Unibanco S.A) –
patrocinador do plano previdenciário – entre 15.01.1990 (data em que foi inscrita na
Funbep) e 28.10.2003 (M. 21.5), quando optou pela suspensão de suas
contribuições junto ao Plano de Benefícios I e concomitantemente, pelo Benefício
Proporcional Diferido a partir da referida data, com fundamento no art. 14, I, da Lei
109/2001 e o art. 31 do Regulamento do Plano de Benefícios I (M. 21.6). Na
oportunidade, a autora manifestou ciência de que somente faria jus ao recebimento
do benefício quando cumprisse os requisitos exigidos pelo art. 31 e seguintes do
Regulamento vigente à época[1], que assim dispunham:

“DO BENEFÍCIO DIFERIDO – VESTING


Art. 31 – O Participante Constituinte ou não Constituinte poderá optar pela
adesão do benefício diferido quando da rescisão de seu contrato de trabalho
com a patrocinadora.
§1º - A opção mencionada somente poderá ser realizada pelo participante
que:
I – tiver seu contrato de trabalho rescindido com a patrocinadora;
II – requerer a suspensão de suas contribuições junto ao Plano, no máximo de 30
(trinta) dias;
III – realize o pedido no máximo de 30 (trinta) dias, mediante protocolo na Área de
Previdência do FUNBEP;
IV – tenha contribuído para o Plano por no mínimo 120 meses;
V – não tenha requerido e recebido sua reserva de poupança;
VI – tenha quitado todas as suas obrigações perante o Plano;
VII- tenha quitado o saldo devedor junto a carteira de empréstimos do FUNBEP;
VIII – não seja elegível a nenhum benefício de Suplementação de Aposentadoria
pelo FUNBEP.
§2º - O benefício diferido somente será concedido para o participante
constituinte que contar com no mínimo 48 (quarenta e oito) anos de idade ou
tiver a concessão de qualquer benefício de aposentadoria pelo Regime Geral
de Previdência e, para o participante não constituinte que contar com no
mínimo 50 (cinquenta) anos de idade;
§3º - O valor pago à título de benefício diferido será calculado com base no
valor da reserva matemática constituída até a data de sua opção e atualizada
monetariamente pelo INPC/IBGE, ou em caso de extinção deste, outro índice
oficial que venha a ser definido para substituí-lo, acrescida de juros,
conforme determinação da Secretaria de Previdência Complementar, até a
data de sua concessão.
§4º - O valor da Reserva Matemática a que se refere o caput deste artigo é
calculado atuarialmente e corresponde à diferença entre o valor atual dos
benefícios do plano e o valor atual das contribuições futuras, pessoal e
patronal, que seriam vertidas para o plano, relativamente ao participante
optante pelo Benefício Diferido considerando o regime financeiro adotado na
avaliação atuarial.
(...)
Art. 34 - A opção pelo benefício diferido ensejará ao participante optante,
atendidas as condições exigidas, a percepção dos seguintes benefícios;
I – benefício diferido como renda mensal;
II – abono anual;
III – benefício diferido por invalidez. ”

A autora passou a receber Renda Mensal do Benefício Proporcional Diferido


somente em 23.03.2015 (M. 1.5).
Em 2003, a autora ajuizou a Reclamatória Trabalhista nº 21564-2003-009-09-
00-5 contra o ex-empregador, postulando o pagamento de horas extras e outras
verbas como equiparação salarial, comissões, diferenças salariais, reajustes,
intervalo intrajornada, gratificações, participação nos lucros e resultados, multa,
férias e FGTS. A ação foi julgada parcialmente procedente (Ms. 1.12, 1.13 e 1.14),
e o patrocinador condenado ao pagamento das seguintes verbas (M. 1.16):

“1) Diferenças Salariais R$ 161.383,63


2) R.S.R. Sobre Comissões R$ 520,58
3) Diferenças de Comissões e Prêmios R$ 427,62
4) Horas Extras + R.S.R. – Adicional 50% R$ 184.014,20
5) H. Extras + R.S.R. – Art. 71 da CLT – 50% R$ 53.366,29
6) Reflexos de Gratificação Semestral R$ 2.769,70
7) Reflexos R$ 26.084,80
8) Indenização Férias R$ 7.887,70
9) Multa Convencional R$ 15,05
10) Multa por Embargos Protelatórios - R$ 216,18
Principal R$ 499.643,08
(...)
Total devido ao Reclamante R$ 514.766,06”

Ao ajuizar esta ação, a autora formulou os seguintes pedidos:


“7.a. Seja declarado que a remuneração da autora era composta dos títulos
salariais denominados: “ordenado padrão/ordenado/salário base, anuênio/adicional
por tempo de serviço/ats Banestado, diferença de ordenado Banestado (“dif.ord.
banestado”), diferença de salário base Banestado (“dif.sal. base banest”), abono
salarial e abono único, gratificação de atendente”, os quais, para efeito de aferição
da remuneração da autora, deverão ser acrescidos das verbas deferidas na RT nº.
21564-2003-009-09-00-5, ou seja, diferenças decorrentes da integração das
comissões à remuneração da autora, supressão de parcelas variáveis,
equiparação salarial, reajustes não concedidos, horas extras (inclusive as
decorrentes da violação dos intervalos legais – art. 71, da CLT), com todos seus
reflexos e gratificação semestral, além dos reajustes salariais previstos na
convenção coletiva dos bancários, para, com isso, ser recomposto o “Salário-Real-
de-Benefício” e apurada o correto “Benefício Proporcional Diferido - BPD”;
7.b. Seja o réu condenado a pagar as diferenças de “Benefício Proporcional
Diferido - BPD”, referente aos 05 anos anteriores ao ajuizamento da presente e
aquelas que se vencerem durante o trâmite dessa ação e até implantação em folha
de pagamentos (parcelas vincendas), calculada com base no total da
remuneração, considerados todos os proventos deferidos na RT nº. 21564-2003-
009-09-00-5, ou seja, diferenças decorrentes da integração das comissões à
remuneração da autora, supressão de parcelas variáveis, equiparação salarial,
reajustes não concedidos, horas extras (inclusive as decorrentes da violação dos
intervalos legais – art. 71, da CLT), com todos seus reflexos e gratificação
semestral, além dos reajustes salariais previstos na convenção coletiva dos
bancários, incidentes desde o início do pagamento da complementação (março
/2015), além da incidência de juros e correção monetária;
7.c. Seja determinado que o benefício da autora seja corrigido com base nos
reajustes previstos na convenção coletiva dos bancários, aplicando-se o disposto
no plano vigente no momento da adesão ao plano, com a declaração de ineficácia
dos outros métodos de correção, sob pena de ofensa aos artigos 47 e 51, inciso
XIII e §1º, inc. II, do Código de Defesa do Consumidor e de contrariedade à
Súmula 288, do TST;
7.d. Seja o FUNBEP condenado a promover a implantação das diferenças de
“Benefício Proporcional Diferido” da autora em sua folha de pagamentos, já
observados o valor correto da suplementação de benefício previdenciário, em
decorrência do recálculo requerido nessa ação, sob pena de aplicação de multa
diária em valor a ser fixado pelo juízo;
7.e. Seja determinado que a apuração do Imposto de Renda observe o disposto no
artigo 44, da Lei 12.350/2010 (que modificou a Lei 7.713/98, acrescentando o art.
12 – A), observando-se ainda a Instrução Normativa 1500/2014, da Secretaria da
Receita Federal e as disposições do art. 46, § 1º, I, da Lei 8.541/92, que dispõe
sobre a isenção de tributação dos juros moratórios e verbas indenizatória, tudo em
respeito à capacidade contributiva (art. 145, § 1º da CF);”

O fundo requerido ofereceu contestação ao M. 21.1, juntando documentos


(Ms. 21.3/21.10).
Em julgamento antecipado da lide, sobreveio a sentença de procedência ora
recorrida, acima reproduzida.

Do pedido de chamamento ao processo


O fundo apelante pugnou pelo chamamento do “Plano de Benefícios I”
(CNPJ nº 48.306.655/0001-19) ao processo, com sua inclusão no polo passivo da
demanda, em razão do previsto no Ato Declaratório COCAD 04/2022, dando
efetividade ao disposto na Resolução CNPC nº 46/2021, quanto à segregação e
independência patrimonial de cada plano de benefício previdenciário (M. 9.1-TJ).
Sem razão.
A uma, porque o chamamento ao processo deve ser requerido pelo réu em
contestação, conforme dispõe o art. 131 do CPC, não sendo este o momento
processual adequado para inclusão de parte no polo passivo da demanda.
A duas, em que pese a Resolução CNPC nº 46/2021 tenha entrado em vigor
em novembro de 2021, ou seja, após a contestação oferecida pelos réus, a
inclusão do “Plano de Benefícios I” não se mostra útil no caso concreto.
Explico.
A Resolução CNPC nº 46/2021[2] estabeleceu que as entidades fechadas de
previdência complementar obtivessem “a identificação e o cadastramento dos
planos de benefícios no Cadastro Nacional de Planos de Benefícios e no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica e para a operacionalização da independência
patrimonial de cada plano de benefícios de caráter previdenciário por elas
administrados”, observando as condições e os procedimentos previstos na referida
resolução, assim como na Resolução nº 12/2022 da PREVIC[3].
Por meio do Ato Declaratório Executivo COCAD nº 04/2022[4], que entrou
em vigor em 21.10.2022, a Receita Federal declarou inscritos no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas diversos planos de benefícios de previdência complementar
fechada, autorizados e regulados pela Superintendência Nacional de Previdência
Complementar – PREVIC, com números de CNPJ próprios, dentre eles o “Plano de
Benefícios I” (CNPJ nº 48.306.655/0001-19).
Por isso, pugnou o apelante pela inclusão do “Plano de Benefícios I”, no polo
passivo da demanda, uma vez que o direito pleiteado nesta demanda se refere ao
aludido plano de benefícios.
Ocorre que a própria Resolução CNPC nº 46/2021 em seu art. 5º, §1º,
dispõe que:

“Art. 5º Os planos de benefícios de caráter previdenciário administrados por


entidade fechada de previdência complementar deverão ser objeto de
inscrição específica no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ,
conforme regulamentação da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
§ 1º A inscrição no CNPJ não confere personalidade jurídica própria aos
planos de benefícios.
§ 2º Na operacionalização da inscrição do plano no CNPJ, a entidade deverá
respeitar a segregação de ativos dos planos.
§ 3º A operacionalização referida no §2º não caracteriza operações de compra e
venda, transmissão da propriedade, do domínio útil de bens ou de direitos sobre os
bens móveis ou imóveis, tampouco cessão de direitos ou qualquer outra forma de
troca de ativos. ”

Por sua vez, o art. 75 do CPC prevê que:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


(...)
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus
bens; ”
E, no caso, a administração dos bens do “Plano de Benefícios I”, cabe ao
Fundo de Pensão Multipatrocinado - Funbep, entidade fechada de previdência
complementar que administra e executa o referido plano, conforme estabelece a Lei
nº 109/2001:

Art. 12. Os planos de benefícios de entidades fechadas poderão ser instituídos por
patrocinadores e instituidores, observado o disposto no art. 31 desta Lei
Complementar.
Art. 13. A formalização da condição de patrocinador ou instituidor de um plano de
benefício dar-se-á mediante convênio de adesão a ser celebrado entre o
patrocinador ou instituidor e a entidade fechada, em relação a cada plano de
benefícios por esta administrado e executado, mediante prévia autorização do
órgão regulador e fiscalizador, conforme regulamentação do Poder Executivo.
(...)
Art. 22. Ao final de cada exercício, coincidente com o ano civil, as entidades
fechadas deverão levantar as demonstrações contábeis e as avaliações
atuariais de cada plano de benefícios, por pessoa jurídica ou profissional
legalmente habilitado, devendo os resultados ser encaminhados ao órgão
regulador e fiscalizador e divulgados aos participantes e aos assistidos.
Art. 23. As entidades fechadas deverão manter atualizada sua contabilidade,
de acordo com as instruções do órgão regulador e fiscalizador, consolidando
a posição dos planos de benefícios que administram e executam, bem como
submetendo suas contas a auditores independentes.
Parágrafo único. Ao final de cada exercício serão elaboradas as
demonstrações contábeis e atuariais consolidadas, sem prejuízo dos
controles por plano de benefícios.
(...)
Art. 34. As entidades fechadas podem ser qualificadas da seguinte forma,
além de outras que possam ser definidas pelo órgão regulador e fiscalizador:
I - de acordo com os planos que administram:
a) de plano comum, quando administram plano ou conjunto de planos acessíveis
ao universo de participantes; e
b) com multiplano, quando administram plano ou conjunto de planos de
benefícios para diversos grupos de participantes, com independência
patrimonial. ”

Pelo exposto, indefiro o pedido de chamamento ao processo formulado pelo


fundo apelante.

Do erro material constante da sentença


Assiste razão à autora quanto à existência de erro material na
fundamentação da sentença recorrida quanto à data de ajuizamento da ação.
Isto porque constou da fundamentação da sentença que a ação foi ajuizada
em 22.06.2017, veja-se:

“No caso em tela, a Justiça do Trabalho reconheceu o direito da autora a horas


extras que não foram pagas durante a relação de trabalho, multas convencionais
etc; o Estatuto vigente à data da aposentadoria do autor participante prevê
hipótese de contribuições dos participantes para o custeio dos benefícios e; a ação
visando ao recálculo do benefício de complementação de aposentadoria foi
ajuizada anteriormente ao julgamento do REsp 1.312.736/RS (22.06.2017).”

Todavia, a presente demanda foi ajuizada em 30.09.2016, conforme M. 1.1.


Assim, é de se dar provimento ao recurso da autora neste ponto, a fim de
corrigir o erro material apontado, para que conste na fundamentação da sentença
como data do ajuizamento da ação: 30.09.2016.

Do mérito
Da complementação do benefício previdenciário
Segundo os dados cadastrais de M. 21.5, a autora, nascida em 19.03.1965,
completou 50 anos em 2015, quando ela se tornou elegível ao recebimento do
benefício diferido. E, tratando-se de previdência complementar, há firme orientação
no STJ no sentido de que deve ser aplicado o regulamento vigente no momento
da elegibilidade ao benefício.
Portanto, as regras que regem o benefício da autora estão previstas no “
Regulamento do Plano de Benefícios I do Funbep”, vigente desde 2014. Ao que
interessa no feito, tal regramento dispôs (M. 21.4):

“Art. 11 Os benefícios assegurados pelo plano são:


I – quanto aos participantes:
a - suplementação de aposentadoria por tempo de contribuição;
b - suplementação de aposentadoria por invalidez;
c - suplementação de auxílio-doença;
d - suplementação de abono anual.
e - renda mensal de benefício proporcional diferido.
(...)
Art. 12 A partir da aprovação deste regulamento pelo órgão regulador e
fiscalizador, os benefícios do plano serão calculados com base no salário-
real-de-benefício (“SRB”) do participante e no valor resultante da unidade de
referência “W”, apurado conforme §5º.
§1º O valor do salário-real-de-benefício – SRB será o resultado da seguinte
operação matemática: média aritmética simples dos salários-de-participação
referentes aos últimos 36 (trinta e seis) meses, anteriores a data da
concessão, atualizados pelos índices de correção salarial do respectivo
patrocinador.
§2º O 13º salário, a licença-prêmio, as verbas eventuais e indenizatórias não
são computadas no salário-real-de-benefício referenciado no §1º.
(...)
§5º A unidade de referência “W’’ é igual à média simples dos 12 últimos salários-
de participação ao plano, limitada a 9,9 (nove inteiros e nove décimos) UP,
corrigidos mensalmente pelos índices de correção salarial do patrocinador.
(...)
Art. 13 O valor das suplementações de que trata o inciso I do art. 11, será apurado
segundo aplicação das seguintes fórmulas:
I – para o participante constituinte:
Suplementação = (SRB – W) x TC/30
onde,
TC = tempo de contribuição ao plano, limitado a 30 (trinta) anos completos até a
data da concessão do benefício, independentemente do tempo de contribuição ao
plano ter excedido 30 anos.
II – para o participante não-constituinte:
Suplementação = (SRB – W) x TC/35
onde,
TC = tempo de contribuição ao plano, limitado a 35 (trinta e cinco) anos completos
até a data da concessão do benefício, independentemente do tempo de
contribuição ao plano ter excedido 35 anos.
§1º O valor base das suplementações de aposentadorias, com exceção das
aposentadorias antecipadas, não será inferior a 30% (trinta por cento) do salário-
real-de-benefício que serviu de base para o respectivo cálculo, observada a
proporcionalidade em função do tempo de filiação ao plano.
§2º O valor da suplementação da cota familiar de pensão por morte de participante
não poderá ser inferior a 1 (um) salário mínimo.
(...)
DA RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO PROPORCIONAL DIFERIDO
Art. 34 O participante constituinte que optar pelo BPD, fará jus ao
recebimento da renda mensal ao completar, no mínimo, 48 (quarenta e oito)
anos de idade ou estiver elegível a este benefício no cadastro do FUNBEP. O
participante não-constituinte estará elegível quando contar com, no mínimo,
50 (cinqüenta) anos de idade.
§1º (...).
§2º O valor da renda mensal do BPD será calculado na data de sua
concessão e deverá ser atuarialmente equivalente à reserva matemática do
participante, observado, como reserva matemática mínima, o valor
equivalente ao do resgate.
§3º A reserva matemática do participante será apurada na data da opção pelo
BPD, levando-se em consideração as disposições constantes da nota técnica
atuarial do plano, devendo ser corrigida pelo IGP-M/FGV, acrescida da taxa
de juros prevista no plano, até a data da concessão da renda mensal.
(...)
Art. 43 O salário-de-participação será a soma das verbas salariais de
natureza fixa ou variável, sobre as quais incide contribuição ao plano, exceto
comissões sobre produtos.
Parágrafo único. Para efeito de contribuição ao plano, o 13º salário é
considerado salário-de-participação isolado das parcelas remuneratórias
normais referentes ao mês do seu pagamento. ”

Em 28.10.2020, o STJ julgou os Recursos Especiais nº 1.778.938/SP e nº


1.740.397/RS (afetados para julgamento como representativo da controvérsia), no
qual se discutiu exatamente a incorporação de verbas remuneratórias ao
reconhecidas pela justiça trabalhista ao salário do participante de plano de
previdência privada:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.


VERBAS REMUNERATÓRIAS. RECONHECIMENTO PELA JUSTIÇA
TRABALHISTA. INCLUSÃO NOS CÁLCULOS DE PROVENTOS DE
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE PRÉVIO CUSTEIO. MODULAÇÃO DE EFEITOS DA DECISÃO.
POSSIBILIDADE DE RECÁLCULO DO BENEFÍCIO EM AÇÕES JÁ AJUIZADAS.
AMPLIAÇÃO DA TESE FIRMADA NO TEMA REPETITIVO N. 955/STJ. CASO
CONCRETO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Teses definidas para os fins do art. 1.036 do CPC/2015
a) "A concessão do benefício de previdência complementar tem como pressuposto
a prévia formação de reserva matemática, de forma a evitar o desequilíbrio atuarial
dos planos. Em tais condições, quando já concedido o benefício de
complementação de aposentadoria por entidade fechada de previdência privada, é
inviável a inclusão dos reflexos de quaisquer verbas remuneratórias reconhecidas
pela Justiça do Trabalho nos cálculos da renda mensal inicial dos benefícios de
complementação de aposentadoria."
b) "Os eventuais prejuízos causados ao participante ou ao assistido que não
puderam contribuir ao fundo na época apropriada ante o ato ilícito do empregador
poderão ser reparados por meio de ação judicial a ser proposta contra a empresa
ex-empregadora na Justiça do Trabalho."
c) "Modulação dos efeitos da decisão (art. 927, § 3º, do CPC/2015): nas
demandas ajuizadas na Justiça comum até 8/8/2018 (data do julgamento do
REsp n. 1.312.736/RS - Tema repetitivo n. 955/STJ) – se ainda for útil ao
participante ou assistido, conforme as peculiaridades da causa –, admite-se
a inclusão dos reflexos de verbas remuneratórias, reconhecidas pela Justiça
do Trabalho, nos cálculos da renda mensal inicial dos benefícios de
complementação de aposentadoria, condicionada à previsão regulamentar
de que as parcelas de natureza remuneratória devam compor a base de
cálculo das contribuições a serem recolhidas e servir de parâmetro para o
cômputo da renda mensal inicial do benefício, e à recomposição prévia e
integral das reservas matemáticas com o aporte, a ser vertido pelo
participante, de valor a ser apurado por estudo técnico atuarial em cada
caso."
d) "Nas reclamações trabalhistas em que o ex-empregador tiver sido condenado a
recompor a reserva matemática, e sendo inviável a revisão da renda mensal inicial
da aposentadoria complementar, os valores correspondentes a tal recomposição
devem ser entregues ao participante ou assistido a título de reparação, evitando-
se, igualmente, o enriquecimento sem causa da entidade fechada de previdência
complementar."
2. Caso concreto
a) Inexiste afronta ao art. 1.022 do CPC/2015 quando o acórdão recorrido
pronuncia-se, de forma clara e suficiente, acerca das questões suscitadas nos
autos, manifestando-se sobre todos os argumentos que, em tese, poderiam
infirmar a conclusão adotada pelo Juízo.
b) O acórdão recorrido, ao reconhecer o direito da parte autora de incluir em seu
benefício o reflexo das verbas reconhecidas pela Justiça do Trabalho, sem o
aporte correspondente, dissentiu, em parte, da orientação ora firmada.
3. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1778938/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 28.10.2020, DJe 11.12.2020)

Ao modular o julgamento acima, o STJ admitiu a inclusão das de verbas


remuneratórias reconhecidas pela Justiça do Trabalho no cálculo da renda mensal
inicial do benefício de complementação de aposentadoria desde que: (a) a
demanda neste sentido tivesse sido ajuizada na justiça comum até 08.08.2018
(data do julgamento do Tema 955/STJ), (b) houvesse previsão regulamentar
expressa ou implícita e (c) houvesse a recomposição prévia e integral da reserva
matemática com o aporte do valor apurado em estudo atuarial.
No caso em tela:

a Justiça do Trabalho reconheceu o direito da autora a verbas


remuneratórias que não foram pagas durante a relação de trabalho;
a ação visando ao recálculo do benefício de complementação de
aposentadoria foi ajuizada anteriormente ao julgamento do Tema 955
/STJ (respectivamente: 30.09.2016 e 08.08.2018).

Tendo em vista que a autora obteve o reconhecimento junto à Justiça do


Trabalho a verbas de natureza remuneratória, há direito aos reflexos de tais verbas
(desde que verbas fixas ou variáveis de remuneração, exceto comissões sobre
produtos, 13º salário, licença-prêmio e verbas eventuais e indenizatórias, conforme
previsto no regulamento) em seu benefício, porque o caso concreto se enquadra na
hipótese excepcional prevista pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
A magistrada singular, todavia, condenou a FUNBEP à revisão do benefício
da autora, com a integração de todas as verbas reconhecidas pela justiça
trabalhista, discriminadas no cálculo de liquidação de M. 1.16:

“1) Diferenças Salariais R$ 161.383,63


2) R.S.R. Sobre Comissões R$ 520,58
3) Diferenças de Comissões e Prêmios R$ 427,62
4) Horas Extras + R.S.R. – Adicional 50% R$ 184.014,20
5) H. Extras + R.S.R. – Art. 71 da CLT – 50% R$ 53.366,29
6) Reflexos de Gratificação Semestral R$ 2.769,70
7) Reflexos R$ 26.084,80
8) Indenização Férias R$ 7.887,70
9) Multa Convencional R$ 15,05
10) Multa por Embargos Protelatórios - R$ 216,18

Assim, a sentença deve ser parcialmente reformada, a fim de que o benefício


da autora seja revisado, com a inclusão das verbas remuneratórias fixas ou
variáveis reconhecidas pela justiça do trabalho nos itens 1, 4, 5, 6 e 7 da tabela
acima, quais sejam, “diferenças salariais”, “horas extras + R.S.R. – Adicional 50%”, “
horas extras + R.S.R. – Art. 71 da CLT – 50%”, “reflexos de gratificação semestral”
e “reflexos”.
Inviável a inclusão das verbas discriminadas nos itens 2, 3, 8, 9 e 10, por
serem relativas a comissões sobre produtos e verbas eventuais e indenizatórias,
sob pena de violação ao regramento firmado entre as partes, qual seja, o “
Regulamento de Plano de Benefícios I”.

Da recomposição da reserva matemática


Quanto à recomposição prévia integral da reserva matemática, há de se
tecer algumas considerações.
Primeiro, tal requisito visa justamente a manter o equilíbrio econômico-
financeiro do plano que não pode ser compelido a pagar um benefício para o qual
(ou para cujo montante) não tenha havido a formação da reserva matemática
necessária para suportar o encargo.
Segundo, o montante a ser recomposto deve ser apurado mediante cálculo
atuarial, conforme previu o Acórdão do REsp representativo da controvérsia.
Terceiro, ao contrário do determinado pela magistrada singular, tal
recomposição deve ser efetuada tão-somente pela participante.
Isto porque a presente demanda foi ajuizada somente contra o fundo
previdenciário, não tendo o patrocinador figurado como parte na lide e não
podendo, portanto, ser atingido pela sentença condenatória proferida nestes autos.
Além disso, o STJ consignou expressamente no julgamento do REsp
1.778.938/SP que a prévia recomposição da reserva matemática deve ser realizada
pelo participante:

“(...) a inclusão dos reflexos de verbas remuneratórias, reconhecidas pela Justiça


do Trabalho, nos cálculos da renda mensal inicial dos benefícios de
complementação de aposentadoria, condicionada à previsão regulamentar de que
as parcelas de natureza remuneratória devam compor a base de cálculo das
contribuições a serem recolhidas e servir de parâmetro para o cômputo da renda
mensal inicial do benefício, e à recomposição prévia e integral das reservas
matemáticas com o aporte, a ser vertido pelo participante, de valor a ser
apurado por estudo técnico atuarial em cada caso."

Nesse sentido entendeu recentemente esta Câmara:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO


COMPLEMENTAR. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE A DEMANDA.
RECURSO DO AUTOR. PRETENSÃO DE AFASTAR A OBRIGAÇÃO DE TER
QUE ARCAR COM A RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA MATEMÁTICA EM SUA
INTEGRALIDADE. ALEGADA RESPONSABILIDADE DA PATROCINADORA DO
PLANO. PRETENSÃO QUE NÃO COMPORTA ACOLHIDA. PATROCINADORA
QUE NÃO FIGUROU NO POLO PASSIVO DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
ESTENDER OS EFEITOS DA SENTENÇA À TERCEIRO NÃO INTEGRANTE DA
LIDE. ALINHAMENTO COM O ENTENDIMENTO DO STJ. RECURSO DO
AUTOR CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA RÉ. AVENTADA
IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO ENTRE OS VALORES DEVIDOS AO
ASSISTIDO E OS APORTES FINANCEIROS RELATIVOS À RECOMPOSIÇÃO
DA RESERVA MATEMÁTICA. PRETENSÃO QUE NÃO COMPORTA ACOLHIDA.
PARTES QUE, COM A LIQUIDAÇÃO, SE TORNARÃO CREDORAS E
DEVEDORAS RECÍPROCAS. COMPENSAÇÃO POSSÍVEL. AFASTAMENTO DO
ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. RÉ QUE SUCUMBIU NA LIDE.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. VALOR DA
CONDENAÇÃO, A SER LIQUIDADO, QUE DEVE SER UTILIZADO COMO BASE
DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS. ORDEM OBJETIVA DO §2º, DO ART. 85, DO
CPC. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. RECURSO DA RÉ
CONHECIDO E DESPROVIDO
(TJPR, 6ª Câmara Cível – 0020084-76.2015.8.16.0001 – Rel. Desembargador
Substituto Jefferson Alberto Johnsson – j. 27.06.2023)
Assim, a sentença deve ser reformada neste aspecto, para que seja
reconhecida a responsabilidade da autora pela prévia recomposição da reserva
matemática em sua integralidade.
Ainda, a recomposição da reserva matemática deverá ser calculada em fase
de liquidação de sentença, tomando por base as verbas reconhecidas na Justiça do
Trabalho (no caso, as discriminadas nos itens 1, 4, 5, 6 e 7 do cálculo de M. 1.16).
A propósito:

APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PREVIDÊNCIA


PRIVADA. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. SENTENÇA QUE AFASTOU A
ARGUIÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DA PATROCINADORA E A
PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO, NO MÉRITO, JULGOU
IMPROCEDENTE OS PEDIDOS. PRETENSÃO DOS APELADOS DE
SUSPENDER O RECURSO PARA AGUARDAR O JULGAMENTO DO ARESP
1.279.612/PR – NÃO ACOLHIMENTO – RECURSO QUE NÃO FOI CONHECIDO
PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ALEGAÇÃO DOS APELADOS DE
INOVAÇÃO RECURSAL E DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE –
INOCORRÊNCIA – INDICAÇÃO DOS MOTIVOS DE FATO E DE DIREITO, QUE
PERMITEM O EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO NO CASO EM EXAME.
DECISÃO PROFERIDA NA JUSTIÇA DO TRABALHO QUE RECONHECE O
DIREITO DO APELANTE ÀS DIFERENÇAS SALARIAIS RESULTANTES DA
APLICAÇÃO DO PLANO DE CARREIRAS, CARGOS E SALÁRIOS, HORAS
EXTRAS, GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL, ENTRE OUTRAS VERBAS, E TODOS
OS SEUS REFLEXOS, COM REPERCUSSÃO NO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO, UMA VEZ QUE REFLETEM NO CÁLCULO DO SALÁRIO-
REAL-DE-BENEFÍCIO (SRB) RELATIVAMENTE AO PERÍODO EM QUE
DEIXARAM DE SER PAGAS, COM A DETERMINAÇÃO DO RECOLHIMENTO
DAS RESPECTIVAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUNDO DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA – MATÉRIA JÁ JULGADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, SOB O RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS, NO RESP 1.312.736
/RS (TEMA 955), NO RESP 1.778.938/SP E NO RESP 1.740.397/RS (TEMA
1021), COM A MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO – POSSIBILIDADE
DE REVISÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DE BENEFÍCIO PROPORCIONAL
DIFERIDO NO CASO CONCRETO, CONSIDERANDO QUE A AÇÃO FOI
PROPOSTA EM 07/02/2012 E HÁ PREVISÃO DE INCLUSÃO DAS HORAS
EXTRAS E DEMAIS VERBAS RECEBIDAS HABITUALMENTE SOBRE AS
QUAIS INCIDIRAM CONTRIBUIÇÃO NO CÁLCULO DO SALÁRIO-REAL-DE-
BENEFÍCIO (SRB), CONFORME ART. 13, § 1°, DO REGULAMENTO PLANO I –
NECESSIDADE DA RECOMPOSIÇÃO PRÉVIA E INTEGRAL DAS RESERVAS
MATEMÁTICAS COM O APORTE DO VALOR A SER APURADO POR ESTUDO
TÉCNICO ATUARIAL QUE DEVE SER REALIZADO NA FASE DE LIQUIDAÇÃO
– SENTENÇA REFORMADA. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA, COM A
CONDENAÇÃO DOS APELADOS AO PAGAMENTO DAS CUSTAS, DESPESAS
PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PROVIDO.
(TJPR - 6ª Câmara Cível - 0011443-36.2014.8.16.0001 - Curitiba - Rel.:
DESEMBARGADOR ROBERTO PORTUGAL BACELLAR - J. 08.11.2022)

Por fim, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais para


apuração do valor da recomposição da reserva matemática deverá ser definida pelo
juízo singular no momento oportuno e segundo as regras aplicáveis.
Dos juros de mora
Pretende o fundo apelante o afastamento da incidência dos juros moratórios
sobre os valores atinentes à revisão do benefício previdenciário.
Pois bem.
De fato, não houve infração contratual/regulamentar por parte do recorrente.
O que ocorreu é que a Justiça do Trabalho reconheceu o direito da
participante à percepção de horas extras, não pagas no tempo e modo oportuno
pelo ex-patrão e patrocinador Banestado/Itaú.
Ainda, o Fundo recebeu aportes tanto do patrocinador Banestado/Itaú quanto
dos participantes sobre uma base de cálculo que não abrangia as horas extras e as
outras verbas remuneratórias. Não houve, portanto, a formação de fonte de custeio
para arcar com a diferença ora reclamada pela participante. O pagamento do
benefício majorado sem a recomposição da fonte de custeio comprometeria
indelevelmente a saúde financeira do Fundo.
Por isso, o STJ, no julgamento do REsp 1.778.938/SP admitiu “a inclusão
dos reflexos de verbas remuneratórias, reconhecidas pela Justiça do Trabalho, nos
cálculos da renda mensal inicial dos benefícios de complementação de
aposentadoria, condicionada à previsão regulamentar de que as parcelas de
natureza remuneratória devam compor a base de cálculo das contribuições a serem
recolhidas e servir de parâmetro para o cômputo da renda mensal inicial do
benefício, e à recomposição prévia e integral das reservas matemáticas com o
aporte, a ser vertido pelo participante, de valor a ser apurado por estudo técnico
atuarial em cada caso."
Portanto, a obrigação do fundo apelante somente será exigível a partir do
momento em que houver a prévia e integral recomposição da reserva matemática.
Enquanto tal evento não ocorrer, não poderá ela ser compelida a readequar o valor
do benefício devido em favor da participante, nem a pagar as diferenças
antecedentes. Logo, a requerida não está em mora.
Assim, os juros de mora devem incidir somente a partir do momento em que
a condição estabelecida – recomposição prévia e integral das reservas
matemáticas – for implementada à autora.
Nesse sentido já entendeu essa Câmara:

“APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO ORDINÁRIA - PREVIDÊNCIA PRIVADA


COMPLEMENTAR - PREVI – REVISÃO DE BENEFÍCIO – HORAS EXTRAS –
RECONHECIMENTO EM ACORDO TRABALHISTA – INCLUSÃO NO CÁLCULO
DA APOSENTADORIA – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA – DIREITO JÁ
RECONHECIDO NA JUSTIÇA TRABALHISTA – TEMA 955 (MATÉRIA AFETA À
DECISÃO DO RECURSO ESPECIAL Nº 1.312.736/RS) – FONTE DE CUSTEIO E
RESERVA MATEMÁTICA – NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE CÁLCULO
ATUARIAL – APORTES A SEREM APURADOS EM LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA – POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO – CONSTITUIÇÃO EM
MORA A PARTIR DA PRÉVIA E INTEGRAL RECOMPOSIÇÃO DAS RESERVAS
MATEMÁTICAS -
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. ”
(TJPR - 6ª C.Cível - 0016833-16.2016.8.16.0001 - Curitiba - Rel.:
DESEMBARGADOR IRAJA ROMEOHILGENBERG PRESTES MATTAR - J.
15.03.2021)
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO – AÇÃO ORDINÁRIA –
PREVIDÊNCIA PRIVADA – VERBAS DE NATUREZA SALARIAL
RECONHECIDAS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO – SENTENÇA PROCEDENTE
PARA O FIM DE (I) DETERMINAR QUE A RÉ REALIZE A REVISÃO DO
BENEFÍCIO COMPLEMENTAR DO AUTOR, DE MODO A INCLUIR AS VERBAS
DE HORAS EXTRA RECONHECIDAS NA JUSTIÇA DO TRABALHO; (II)
CONDENAR A RÉ A PAGAR AO AUTOR A IMPORTÂNCIA TOTAL RELATIVA À
DIFERENÇA ENTRE O QUE FOI PAGO E O EFETIVAMENTE DEVIDO,
MEDIANTE COMPENSAÇÃO DE EVENTUAIS VALORES DEVIDOS COMO
APORTES, A FIM DE GARANTIR A MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO
CONTRATUAL/ATUARIAL. RECURSO DE APELAÇÃO: DA RÉ ENTIDADE
PREVIDENCIÁRIA – PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA COMPENSAÇÃO
DAS VERBAS A SEREM RECEBIDAS PELA PARTE AUTORA COM AQUELAS
EVENTUALMENTE DEVIDAS À ENTIDADE PREVIDENCIÁRIA –
IMPOSSIBILIDADE – DICÇÃO DO ARTIGO 368 DO CÓDIGO CIVIL– PLEITO DE
AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE JURO
MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE OS VALORES DA REVISÃO DO
BENEFÍCIO – ACOLHIMENTO – APLICAÇÃO DE TAL ENCARGO SOMENTE
APÓS O RECOLHIMENTO PRÉVIO E INTEGRAL DA RESERVA MATEMÁTICA
ADICIONAL – IRRESIGNAÇÃO QUANTO AOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS – NÃO
CABIMENTO – CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DEVIDOS PELA RÉ – VERBAS DECORRENTES DA SUCUMBÊNCIA NA
DEMANDA – AVENTADA HIPÓTESE DE FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS COM BASE NO VALOR ATUALIZADO DA CAUSA –
INVIABILIDADE – CRITÉRIO DE PREFERÊNCIA A SER OBSERVADO
CONFORME DETERMINAÇÃO DO ART. 85, § 2º, DO CPC – RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO ADESIVO:DO AUTOR –
PLEITO DE AFASTAMENTO DA PRÉVIA RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA
MATEMÁTICA – INVIABILIDADE – NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DAS
CONTRIBUIÇÕES TANTO PELO PARTICIPANTE QUANTO PELO
PATROCINADOR, CADA QUAL ADSTRITO À SUA QUOTA PARTE, EM
ATENÇÃO À PRESERVAÇÃO DO EQUILÍBRIO ATUARIAL – REQUISITO
FIXADO NA MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO PROFERIDA EM
INCIDENTE DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA – TEMA
955 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.
(TJPR - 6ª C.Cível – 0018677-69.2014.8.16.0001 - Curitiba - Rel.:
DESEMBARGADOR MARQUES CURY - J. 12.11.2021)

Dos ônus sucumbenciais


Por derradeiro, pugnou a FUNBEP pelo afastamento de sua condenação ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, tendo em vista que
ainda não houve a recomposição prévia e integral da reserva matemática pela
autora, para que haja o recálculo do benefício, e que sequer deu causa ao
ajuizamento da demanda.
Não assiste razão à recorrente.
O fato de haver condicionante à revisão do benefício de aposentadoria
complementar (recomposição prévia e integral da reserva matemática pelo autor),
não significa que o fundo não tenha ficado vencido na demanda.
Tendo sido julgado procedente o pedido inicial de revisão do benefício,
incumbe ao requerido o pagamento dos ônus sucumbenciais, nos termos do art. 85,
caput, do CPC.
Assim, não merece reparos a sentença neste ponto.

Dos honorários advocatícios


A autora requereu em suas razões recursais a majoração dos honorários
sucumbenciais arbitrados em favor do seu patrono.
Sem razão.
Isso porque, o advogado da ora apelante desenvolveu seu trabalho com o
grau de zelo esperado pela causa; tem escritório profissional localizado na
Comarca em que tramitou o feito (Curitiba/PR, cf. procuração de M. 1.2); não foi
realizada nenhuma audiência e não foi produzida prova pericial; o processo
tramitou por 6 anos, 3 meses e 19 dias, entre seu ajuizamento (30.09.2016), e a
prolação de sentença (18.01.2023 – M. 133.1), todavia, ficou suspenso por 4 anos
e 2 meses (de 31.07.2017 a 30.09.2021, aguardando o julgamento definitivo dos
Temas 955 e 1.021 pelo STJ; por fim, a matéria em debate não guarda
complexidade que justifique a majoração do percentual.
Por outro lado, deve ser determinada a observância da Súmula 111 do STJ
ao caso (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem
sobre as prestações vencidas após a sentença”), conforme requerido pelo fundo
apelante.

Dos honorários recursais


Com o provimento parcial dos recursos, não há que se falar na imposição de
honorários recursais (art. 85, §11, CPC).

Conclusão
Voto, assim, no sentido de:

a. dar parcial provimento ao recurso da autora apenas para corrigir o erro


material constante da fundamentação da sentença quanto à data do
ajuizamento da presente demanda;
b. dar parcial provimento ao recurso da Funbep para:
i. reformar parcialmente a sentença, a fim de determinar que a
revisão do benefício da autora seja realizada apenas com a
inclusão das verbas remuneratórias fixas ou variáveis
reconhecidas pela justiça do trabalho nos itens 1, 4, 5, 6 e 7 do
cálculo de M. 1.16;
ii. reconhecer a responsabilidade da autora pela realização da prévia
recomposição da reserva matemática em sua integralidade;
iii. determinar a incidência dos juros de mora somente a partir da
implementação da condição (recomposição prévia e integral da
reserva matemática pela autora);
iv. determinar a observância da Súmula 111 do STJ.
III. Dispositivo
ACORDAM os integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento aos
recursos, nos termos do voto da Relatora.
O julgamento foi presidido pelo Desembargador Claudio Smirne Diniz, com
voto, e dele participaram a Desembargadora Lilian Romero (relatora) e a
Desembargadora Ângela Maria Machado Costa.
Curitiba, 07 de novembro de 2023.

LILIAN ROMERO
Desembargadora Relatora

[1] Regulamento do Pleno de Benefícios I da Funbep, vigente de 2000 a 2005, extraído dos
autos NPU 0001465-91.2013.8.16.0026 (Ms. 33.26/33.32), de minha Relatoria, julgado por esta
Câmara em 19.08.2022.
[2] Disponível em <</i>https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cnpc-n-46-de-1-de-outubro-
de-2021-350620302>
[3] Disponível em
[4] Disponível em

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