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Pontos atualizados: nº 14 (Info 957); nº 14 (Info 959); nº 03 (Info 960); nº 03 (Info 961); nº 14
(Info 961); nº 03 (Info 964); nº 14 (Info 964); nº 14 (Info 992)
1. PRINCÍPIOS
1.1. Necessidade de prévio requerimento administrativo – (Info 756) – IMPORTANTE!!!
(TJPR-2017)
O STF decidiu que, em regra, o segurado/dependente somente pode propor a ação pleiteando a
concessão do benefício previdenciário se anteriormente formulou requerimento
administrativo junto ao INSS e este foi negado.
Para que proponha a ação pleiteando a concessão do benefício previdenciário, é preciso que,
antes, tenha ocorrido uma das três situações abaixo:
1) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS
(total ou parcialmente);
2) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão
em um prazo máximo de 45 dias;
3) O interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório que, sobre esse
tema, o INSS tem posição contrária ao pedido feito pelo segurado.
STF. Plenário. RE 631240/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/8/14 (repercussão geral) (Info
756).
STJ. 1ª S. REsp 1369834-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 24/9/14 (recurso repetitivo) (Info
553).
2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
2.1. Não é possível o fracionamento da execução dos honorários advocatícios decorrentes de
uma única ação proposta contra a Fazenda Pública por vários litisconsortes ativos facultativos –
(Info 929) – IMPORTANTE!!!
O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que executar o
valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a fração que cabia a cada um
dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30 execuções cobrando
R$ 20 mil em cada)? Antes de responder, é necessário fazer uma nova pergunta: por que motivo o
advogado teria interesse de fracionar as execuções? Para receber por meio de requisição de
pequeno valor (RPV) e não por precatório. O recebimento por RPV é muito mais célere que por
precatório. Se fosse permitido que o advogado ingressasse com 30 execuções cobrando R$ 20 mil
em cada isso seria mais vantajoso para ele já que receberia 30 RPVs de R$ 20 mil. Por outro lado,
se o advogado for obrigado a cobrar o valor total, terá que entrar na fila dos precatórios (art. 100,
caput, da CF/88), o que, na prática, significa anos para receber.
Esse tema era polêmico no STF, mas agora pacificou. E, então, o advogado pode fracionar a
execução? NÃO. Ele não poderá fracionar as execuções. Terá que executar o valor total. É o que
foi decidido no Info 929 do STF. O STF afirmou que deve ser proibido o fracionamento porque a
verba honorária pertence a um mesmo titular. Logo, seu pagamento de forma fracionada, por
requisição de pequeno valor (RPV), seria uma burla ao art. 100, § 8º, da CF/88:
Art. 100 (...)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de
valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução
para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
A existência de litisconsórcio facultativo não pode ser utilizada para justificar a legitimidade
do fracionamento da execução dos honorários advocatícios sucumbenciais se a condenação à
verba honorária no título executivo for global, ou seja, se buscar remunerar o trabalho em
conjunto prestado aos litisconsortes. O fato de o valor da condenação previsto no título executivo
judicial (sentença) abranger, na realidade, diversos créditos, de titularidade de diferentes
litisconsortes, não tem o condão de transformar a verba honorária em múltiplos créditos devidos a
um mesmo advogado, de modo a justificar sua execução de forma fracionada.
É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/15, mesmo quando
não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado.
STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, j.
18/5/17 (Info 865).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em honorários
advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM. Agora, com o NCPC, em
regra, existe condenação em honorários advocatícios para a parte que interpôs recurso, mas
sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art. 85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz condenou João a
pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não se conformou e interpôs
apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e aumentado a condenação em
honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.
Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade, devendo atender à justa
remuneração do patrono pelo trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...) STJ. 3ª Turma. AgInt no
AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 23/6/16.
Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte recorrente que
perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João recorreu contra a sentença;
Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões ao recurso; João terá que pagar honorários
recursais mesmo não tendo havido contrarrazões? SIM. A ausência de resposta ao recurso pela
parte contrária não tem o condão de afastar a aplicação do disposto no art. 85, §11, do CPC , eis
que a medida tem o claro intuito de desestimular a interposição de recursos procrastinatórios que
serão desprovidos, independentemente da apresentação de contrarrazões.
2.3. Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja
condenação em honorários – (Info 831) – IMPORTANTE!!!
Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/15) em caso de recurso
interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em honorários.
Em outras palavras, não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não
preveja condenação em honorários.
Assim, suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários advocatícios.
Imagine que uma das partes, no bojo deste processo, interponha recurso extraordinário. O STF,
ao julgar este RE, não fixará honorários recursais, considerando que o rito aplicável ao
processo originário não comporta condenação em honorários advocatícios.
Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não admite
condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei 12.016/09, súmula 105-STJ e súmula 512-
STF). Logo, se for interposto um recurso ordinário constitucional ou um recurso extraordinário
neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais.
Assim, pode-se dizer que o art. 25 da Lei 12.016/09, que veda a condenação em honorários
advocatícios "no processo mandamental", afasta a incidência do regime do art. 85, § 11, do
CPC/2015.
STJ. 2ª T. RMS 52.024-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 6/10/16 (Info 592).
STF. 1ª T. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS, Rel. Min. Marco
Aurélio, j. 21/6/16 (Info 831).
3. COMPETÊNCIA
3.1. JUSTIÇA ESTADUAL: Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que passou
a ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88) – (Info 964)
Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal admitido
mediante aprovação em concurso público sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou a
ser regido pelo estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário).
Caso concreto: o servidor ingressou no serviço público do Município em 1997 no cargo de
auxiliar de serviços gerais sob o regime celetista e, em julho de 2010, passou a ser regido pelo
regime estatutário. Em 2013, ele ajuizou ação na Justiça do Trabalho para pleitear o
recolhimento de parcelas do FGTS no período em que esteve regido pelas regras da CLT.
Como o vínculo do servidor com a administração pública é atualmente estatutário, a
competência para julgar a causa é da Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de
natureza trabalhista e relativas ao período anterior à alteração do regime de trabalho.
STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
j. 19/12/2019 (Info 964).
3.2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL: O autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a
União na capital do Estado-membro, mesmo que exista Vara Federal instalada no município do
interior em que ele for domiciliado – (Info 960) – IMPORTANTE!!!
O art. 109, § 2º, da CF/88 encerra a possibilidade de a ação contra a União ser proposta no
domicílio do autor, no lugar em que ocorrido o ato ou fato ou em que situada a coisa, na capital
do estado-membro, ou ainda no Distrito Federal.
Desse modo, o autor, se quiser ajuizar demanda contra a União, terá cinco opções, podendo
propor a ação:
a) no foro do domicílio do autor;
b) no lugar em que ocorreu o ato ou fato que deu origem à demanda;
c) no lugar em que estiver situada a coisa;
d) na capital do Estado-membro; ou
e) no Distrito Federal.
STF. 1ª T. RE 463101 AgR-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 27/10/15.
STF. 2ª T. ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19/11/19 (Info 960).
3.3. Não compete ao STF julgar ação proposta pelo Estado-membro contra a União e a
instituição financeira cobrando repasse dos depósitos judiciais que estão no banco – (Info 951)
Não compete ao STF julgar ação proposta contra a União e o Banco do Brasil para obrigar que a
instituição financeira cumpra lei estadual que determina o repasse de parte dos valores dos
depósitos judiciais para o caixa único do Estado.
Trata-se de controvérsia meramente patrimonial, não justificando sequer a presença da União
no polo passivo.
STF. Plenário. ACO 989/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2019 (Info 951).
Compete ao STF processar e julgar “as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União
e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração
indireta” (art. 102, I, “f”, da CF/88).
O STF confere interpretação restritiva a esse dispositivo e entende que, para se caracterizar a
hipótese do art. 102, I, “f”, da CF/88 é indispensável que, além de haver uma causa envolvendo
União e Estado, essa demanda tenha densidade suficiente para abalar o pacto federativo. Em
outras palavras, não é qualquer causa envolvendo União contra Estado que irá ser julgada pelo
STF, mas somente quando essa disputa puder resultar em ofensa às regras do sistema
federativo.
Configura conflito federativo a ação na qual a União e o Estado-membro, em polos
antagônicos, discutem se determinado projeto se enquadra como atividade de transporte de
gás canalizado (art. 177, IV, da CF/88) ou fornecimento de gás canalizado (art. 25, § 2º).
STF. 2ª T. Rcl 4210/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 26/3/19 (Info 935).
3.6. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista
antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário – (Info 885) – TEMA
POLÊMICO!
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição
de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/9/16 (Info 839).
Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem
remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico
único.
Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário,
compete à Justiça comum processar e julgar a causa.
É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao
tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da
controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista.
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia,
j. 22/9/16 (Info 840).
STF. 2ª T. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j.
21/11/17 (Info 885).
3.7. Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha
julgado a lide que originou o cumprimento de sentença – (Info 862) – IMPORTANTE!!!
OBS: Não se deve conferir uma interpretação literal para o art. 102, I, “m”, da CF/88.
Para que o STF seja competente para fazer a execução de seus acórdãos proferidos em julgamentos
originários, é indispensável que a “razão” que atraiu a competência para o STF continue existindo.
No caso, tratava-se de cumprimento de sentença proferido nos autos de mandado de segurança
coletivo proposto em face de ato do Tribunal de Contas da União. A atração da competência do
STF se deu em razão do órgão envolvido na celeuma (TCU), com amparo na alínea “d”, do art.
102, I. A ação, portanto, foi julgada originariamente em razão da autoridade coatora ser o TCU.
Esse foi o motivo da atração da competência originária do STF: tratou-se de ação mandamental em
face do TCU. A execução, todavia, não contará com a participação nem exigirá qualquer atuação
por parte da Corte de Contas.
E quem que será, então, competente para julgar esta execução? O juízo de 1ª instância. No caso
concreto, a Justiça Federal comum de 1ª instância considerando que se trata de cumprimento de
sentença que tem como executada a União (art. 109, I, da CF/88).
Sobre o tema, vale ressaltar que o STJ já reconheceu que o beneficiário individuai da sentença
coletiva pode, inclusive, executar a sentença no juízo de seu domicílio:
A liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil
coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos
e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre
a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo.
STJ. Corte Especial. REsp 1243887/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
19/10/2011.
3.8. STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando licença-
prêmio – (Info 855)
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a matéria
discutida, além de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for também do
interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria discutida
deverá interessar a todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar originariamente
ação intentada por juiz federal postulando a percepção de licença-prêmio com fundamento na
simetria existente entre a magistratura e o Ministério Público.
STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, j.
21/2/17 (Info 855).
3.9. Competência para julgar ação ordinária contra o CNJ e mitigação da interpretação
restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88 – (Info 851)
No entanto, houve um caso concreto no qual o STF conheceu e julgou uma ação ordinária
proposta por sindicato de servidores públicos contra uma decisão do CNJ. Foram invocados
dois argumentos para fixar a competência no STF:
1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se o STF não
julgasse a causa, isso significaria conferir à Justiça Federal de 1ª instância a possibilidade de
definir os poderes atribuídos ao CNJ para o cumprimento de sua missão, subvertendo, assim, a
relação hierárquica constitucionalmente estabelecida.
2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores impetraram mandados
de segurança contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que a ação ordinária fosse remetida para
a Justiça Federal de 1ª instância, continuariam no STF os mandados de segurança individuais.
Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir, com a
tramitação e o julgamento conjuntos, a prolação de decisões harmônicas sobre a legitimidade
da situação jurídica afetada pelo CNJ.
Obs: em concursos públicos, é provável que seja indagada apenas a regra geral considerando
que este julgado foi muito específico e baseado no caso concreto; contudo, é importante que
você conheça a existência deste precedente para a eventualidade de ele ser cobrado; vale
ressaltar que você somente deverá adotar o entendimento excepcional se isso for
expressamente perguntado.
STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851).
OBS:
Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP: A CF/88 prevê, em seu art. 102, I,
“r”, que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente: “as ações
contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”.
A jurisprudência do STF, no entanto, confere interpretação estrita a esse dispositivo, de forma que
somente compete ao STF as demandas em que o próprio CNJ ou CNMP — que não possuem
personalidade jurídica própria — figurarem no polo passivo. É o caso de mandados de segurança,
mandados de injunção, habeas corpus e habeas data contra os Conselhos.
Assim, a competência do STF para processar e julgar ações que questionam atos do CNJ e do
CNMP limita-se às ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD.
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, quem irá
figurar como ré no processo é a União, já que os Conselhos são órgãos federais. Logo, tais
demandas serão julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88.
Resumindo:
MS, MI, HC e HD = STF
Ações ordinárias = Juiz federal (1ª instância)
Mitigação da interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88: O entendimento acima continua
válido. No entanto, foi noticiado no Informativo 851 um julgado em que o STF, com base nas
peculiaridades do caso concreto, decidiu mitigar a interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da
CF/88 e julgar uma ação ordinária proposta contra o CNJ.
3.10. Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o repasse do
duodécimo do Judiciário – (Info 848)
Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de Justiça contra ato
do Governador do Estado que atrasa o repasse do duodécimo devido ao Poder Judiciário.
Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no julgamento do
feito, uma vez que o pagamento dos subsídios está condicionado ao cumprimento do dever
constitucional de repasse das dotações consignadas ao Poder Judiciário estadual pelo chefe do
Poder Executivo respectivo. Logo, a situação em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).
Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do CNJ, por não se tratar
de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário.
Assim, o STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões
negativas do CNMP e do CNJ. Como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, o
Conselho não decidiu nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou
nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF.
Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do CNJ que
julgou improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado por vara judicial.
STF. 2ª Turma. MS 33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 20/09/2016 (Info 840).
OBS:
Neste caso, o que a parte deverá fazer? A parte terá que impugnar na Justiça o ato originário que
gerou seu pedido no CNJ/CNMP. Ex.: a parte ingressou com pedido de providência no CNMP
contra ato administrativo praticado pelo Procurador-Geral de Justiça. O CNMP entendeu que não
cabia sua intervenção no caso, julgando improcedente o pedido. O CNMP proferiu, portanto, uma
decisão “negativa”. Contra este pronunciamento do CNMP não cabe MS. Somente restará à parte
propor um MS contra o ato do Procurador-Geral de Justiça, ação esta que será de competência do
TJ.
3.12. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista
antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário – (Info 840) – TEMA
POLÊMICO!
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição
de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição
de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).
3.14. Competência para julgar causas envolvendo a OAB – (Info 837) – IMPORTANTE!!!
Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual.
STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 31/8/16 (repercussão geral) (Info 837)
OBS:
Opinião pessoal: Penso que no julgamento do RE 595332/PR (Info 837) não houve alteração de
entendimento do STF quanto à natureza jurídica da OAB. Assim, em minha opinião, o STF
continua com a posição exposta na ADI 3026, ou seja, a OAB não é autarquia nem integra a
Administração Pública indireta. Trata-se de “serviço público independente”, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Entendo que a menção contida
no voto de que a OAB é uma "autarquia corporativista" é uma opinião pessoal do Min. Marco
Aurélio, mas que não pode ser tida como a posição do Supremo.
Em provas de concurso, deveria ser cobrado apenas aquilo que foi efetivamente decidido, ou seja,
compete à Justiça Federal julgar as ações em que a OAB figure na relação processual. Quanto a
isso, não existe mais nenhuma dúvida. Seja a OAB autora ou ré, seja em processos de
conhecimento ou de execução, a competência para julgar a causa é da Justiça Federal.
No entanto, como em concurso nunca se sabe o que o examinador irá perguntar, tenham cuidado
caso ele cobre a transcrição integral do Informativo onde consta esta posição pessoal do Min.
Marco Aurélio.
3.15. STF não possui competência originária para julgar ação popular – (Info 811)
O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular, ainda que
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A competência para julgar ação
popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de
regra, do juízo de 1º grau
STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25/11/2015 (Info 811).
A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de
vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários.
Dito de outra forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores
temporários (art. 37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual
ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve
desvirtuamento do vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou na
lei do FGTS.
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
O STF tem competência para processar e julgar causas em que se discute prerrogativa dos
juízes de portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ação em que todos os membros da
magistratura são direta ou indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88).
STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Teori
Zavascki, julgado em 22/4/2015 (Info 782).
3.20. O § 2º do art. 109 da CF/88 aplica-se também para as autarquias federais – (Info 755)
O § 2º do art. 109 da CF/88 prevê que as causas propostas contra a União poderão ser ajuizadas
na seção (ou subseção) judiciária:
em que for domiciliado o autor;
onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;
onde esteja situada a coisa; ou
no Distrito Federal.
Apesar de o dispositivo somente falar em “União”, o STF entende que a regra de competência
prevista no § 2º do art. 109 da CF/88 também se aplica às ações propostas contra autarquias
federais. Isso porque o objetivo do legislador constituinte foi o de facilitar o acesso à justiça.
STF. Plenário. RE 627709/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20/8/14 (Info 755).
3.21. Competência para julgar causa que interessa a todos os membros da magistratura – (Info
735)
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a matéria
discutida, além de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for também do
interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria discutida
deverá interessar a todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
STF. 2ª Turma. AO 1840 AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/2/14 (Info 735).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que disciplina os
juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir
sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os
mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em
respeito ao princípio constitucional da isonomia (art. 5º, da CF/88).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que disciplina a
atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição
desproporcional ao direito de propriedade (art. 5º, XXII, da CF/88), uma vez que não se
qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea
a promover os fins a que se destina.
STF. Plenário. RE 870947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/17 (repercussão geral) (Info 878).
OBS:
RESUMO:
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA ENVOLVENDO CONDENAÇÕES DA
FAZENDA PÚBLICA
DÉBITOS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA DÉBITOS DE NATUREZA NÃO-
TRIBUTÁRIA
O que previa o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97? O que previa o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97?
• Correção monetária: índice oficial de • Correção monetária: índice oficial de
remuneração básica da poupança (TR); remuneração básica da poupança (TR);
• Juros de mora: juros no mesmo percentual • Juros de mora: juros no mesmo percentual
que é pago na poupança (0,5% a.m. / 6% a.a.). que é pago na poupança (0,5% a.m. / 6% a.a.).
O que decidiu o STF? O que decidiu o STF?
Essa previsão é inconstitucional. • Quanto à correção monetária: o art. 1º-F é
Tanto os índices de juros como de correção inconstitucional. O índice da poupança não
monetária previstos no art. 1º-F são consegue capturar a variação de preços da
inconstitucionais. economia, não sendo capaz de fazer a correta
atualização monetária. Logo, há uma violação
do direito à propriedade.
• Quanto aos juros de mora: o art. 1º-F é
constitucional.
Quais índices devem ser aplicados? Quais índices devem ser aplicados?
Se a Fazenda Pública possui um débito de • Correção monetária: aplica-se o IPCA-E
natureza tributária, deverá ser aplicado o (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
mesmo índice de juros que incide quando o Especial), que é divulgado pelo IBGE.
Poder Público cobra seus créditos tributários • Juros de mora: continuam a ser regidos
(princípio da isonomia). pelo art. 1º-F. Logo, devem ser aplicados os
No caso de tributos federais: SELIC. juros da poupança.
Vale ressaltar que a SELIC é um índice que
dentro dele estão embutidos tanto os juros
como a correção monetária.
O STF já havia se debruçado sobre tema semelhante a esse? SIM. O STF já havia declarado
inconstitucional o § 12 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 62/09, e que possui redação muito
semelhante ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de
valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela EC
62/09)
Isso foi no julgamento das ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI
4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14/3/13 (Info 698).
Diferentemente dos juros moratórios, que só incidem uma única vez até o efetivo pagamento, a
atualização (correção) monetária da condenação imposta à Fazenda Pública ocorre em dois
momentos distintos:
1) O primeiro se dá ao final da fase de conhecimento, com o trânsito em julgado da decisão
condenatória. Esta correção inicial compreende o período de tempo entre o dano efetivo (ou o
ajuizamento da demanda) e a imputação de responsabilidade à Administração Pública. A
atualização é estabelecida pelo próprio juízo prolator da decisão condenatória no exercício de
atividade jurisdicional.
2) O segundo momento ocorre já na fase executiva, quando o valor devido é efetivamente
entregue ao credor. Esta última correção monetária cobre o lapso temporal entre a inscrição do
crédito em precatório e o efetivo pagamento. Seu cálculo é realizado no exercício de função
administrativa pela Presidência do Tribunal a que vinculado o juízo prolator da decisão
condenatória.
No julgamento dessas ADIs, o STF analisou a correção monetária no intervalo de tempo entre a
inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento (segundo momento acima exposto). O §
12 do art. 100 da CF/88 dizia que, entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento
deveria incidir correção monetária com base nos índices da poupança (TR). O STF afirmou que
isso era inconstitucional porque viola o princípio da propriedade. (PGM-Paranavaí/PR-2018)
Faltava, no entanto, o STF examinar a correção monetária em outro período, qual seja, durante a
tramitação da ação (primeiro momento acima explicado).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97 afirmava que durante a tramitação da ação judicial deveria também ser
aplicada a TR (poupança) como índice de correção monetária. O STF, contudo, mais uma vez disse
que isso não é válido.
Para o Supremo, não há qualquer motivo para aplicar critérios distintos de correção monetária de
precatórios e de condenações judiciais da Fazenda Pública. Assim, a atualização monetária com
base na TR é inconstitucional tanto na fase de precatórios (ADI 4357/DF) como também durante a
tramitação da ação judicial (RE 870947/SE).
O Estado pode fixar qualquer valor? Ex: o Estado de São Paulo pode fixar 5 salários-mínimos
como sendo pequeno valor para fins de RPV? Isso seria possível? NÃO. Os Estados/DF e
Municípios, ao editarem as suas leis definindo o que seja “pequeno valor”, deverão ter como
critério a sua capacidade econômica, respeitado o princípio da proporcionalidade. A fixação de
5 salários-mínimos como sendo pequeno valor para um Estado rico como São Paulo seria uma
ofensa ao princípio da proporcionalidade. No caso concreto, entendeu-se que Rondônia atendeu o
princípio da proporcionalidade ao reduzir esse teto para 10 salários-mínimos considerando que é
um dos Estados que menos arrecada na Federação, com um Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) de 0,69. Vale ressaltar que nenhum ente pode fixar como pequeno valor quantia inferior ao
valor do maior benefício do regime geral da previdência social (“teto do INSS”):
Art. 100 (...)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores
distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de
previdência social.
Os Estados/DF e Municípios podem editar leis fixando quantias superiores aos limites do art. 87
do ADCT? Ex: São Paulo pode editar uma lei dizendo que “pequeno valor” naquele Estado, para
fins de RPV, corresponde a 60 salários-mínimos? SIM. Os Estados/DF e Municípios podem fixar
limites inferiores ou superiores àqueles que estão previstos no art. 87 do ADCT. Na prática,
contudo, será muito difícil que um Estado amplie o limite do art. 87 porque, em tese, ele prejudica
suas finanças considerando que terá mais débitos a serem pagos por RPV.
6. PRECATÓRIOS
6.1. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do
precatório – (Info 861) – IMPORTANTE!!! – (MPCE-2020)
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a
da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório.
STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/4/17 (repercussão geral) (Info 861).
Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs:
atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele
sejam pagos. O período de que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição do precatório, ou
seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17.
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de cobrança contra a Fazenda Pública.
Foi prolatada sentença condenando o Poder Público a pagar R$ 300 mil. Essa sentença transitou
em julgado em 04/04/2016. Em 10/04/2016, o credor pediu ao juiz, nos termos do art. 534 do
CPC, o cumprimento de sentença, apresentando o cálculo da dívida atualizada. Segundo entende
o STF, a partir do momento em que forem apresentados os cálculos, começa a incidir juros da
mora contra a Fazenda Pública:
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos
e a da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE 579431/RS,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/4/17 (repercussão geral) (Info 861).
O que acontece a agora? A Fazenda Pública poderá impugnar ou não o cumprimento de sentença.
Suponhamos que o Poder Público não impugnou. Neste caso, deverá ser expedido, por
intermédio do Presidente do Tribunal, precatório em favor do exequente. Confira o que diz o art.
535, § 3º do CPC:
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor
do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado
para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2
(dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco
oficial mais próxima da residência do exequente.
Suponhamos que, em nosso exemplo, a Fazenda Pública concordou com os cálculos do credor.
Diante disso, o juiz encaminhou ao Presidente do Tribunal que expediu, em 30/05/2016, o
precatório em favor de João. Assim, deverá haver a incidência dos juros da mora referente ao
período de 10/04/2016 (data da realização dos cálculos) e a data do precatório.
Existe um prazo para que o ente pague o precatório? SIM. Os pagamentos requisitados até 01/07
de cada ano deverão ser pagos até o final do exercício do ano seguinte. Isso está previsto no § 5º
do art. 100 da CF/88:
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
Abrindo um parêntese: se o precatório tiver valor muito alto (valor superior a 15% do montante
dos demais precatórios apresentados até o dia 01/07 do respectivo ano), então, neste caso, deverá
ser pago 15% do valor deste precatório até o dia 31/12 do ano seguinte e o restante em parcelas
iguais nos 5 anos subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária. A CF/88
permite também que o credor faça um acordo com o Poder Público (§ 20 do art. 100 da CF/88,
incluído pela EC 94/2016).
Período de suspensão dos juros moratórios: Entre o dia 01/07 de um ano até o dia 31/12 do ano
seguinte (em nosso exemplo: de 01/07/16 até 31/12/17), não haverá incidência de juros de mora
porque o STF entende que esse foi o prazo normal que a CF/88 deu para o Poder Público pagar
seus precatórios, não havendo razão para que a Fazenda Pública tenha que pagar juros referentes
a esse interregno. Existe, inclusive, uma súmula vinculante sobre o tema:
SV 17-STF: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da
Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.
Obs: neste período, não há incidência de juros moratórios, mas deverá ser paga correção
monetária, conforme prevê a parte final do § 5º do art. 100.
E se passar o dia 31/12 e o ente devedor não efetuar o pagamento do precatório, neste caso,
voltará a incidir juros de mora? Em nosso exemplo, se passar o dia 31/12/2017, começa novamente
a incidir juros moratórios? SIM. Isso porque terá se esgotado o prazo dado pela Constituição para
que o ente devedor pague o precatório. Logo, o ente encontra-se em mora. Assim, por exemplo, se
o precatório foi inscrito até o dia 01/07/2016, este precatório deverá ser pago até o dia
31/12/2017. Se o pagamento for realizado neste período, não haverá incidência de juros de mora
porque não houve inadimplemento por parte da Fazenda Pública. No entanto, se passar o dia
31/12/2017 sem pagamento, haverá a incidência de juros moratórios que serão computados a
partir de 01/01/2018 até a data em que ocorrer a quitação do precatório.
Obs: como estes juros moratórios não estavam previstos no precatório, considerando que se
presumia que ele seria pago na data fixada pela CF/88 (até o dia 31/12), para que o credor receba
o valor dos juros será necessária a expedição de um precatório complementar. Depois que o
precatório está expedido, não se pode acrescentar novos valores a ele.
Observação final complementar: O que foi explicado acima é suficiente para fins de concurso. Irei,
contudo, agora fazer uma observação complementar a respeito da súmula vinculante 17. A SV 17
foi editada em 29/10/09 e continua sendo atualmente aplicada pelo STF. Nesse sentido: RE 577465
AgR-ED-ED-EDv-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Tribunal Pleno, j. 23/09/16. Contudo, tem crescido
entre os Ministros a ideia de que esta súmula foi superada pelo § 12 do art. 100 da CF/88,
acrescentado pela EC 62, de 10/12/09, ou seja, posteriormente à edição do enunciado. Para muitos
Ministros, o § 12 determina a incidência de juros moratórios independentemente do período.
Em provas de concurso, a SV 17 continua válida, devendo ser assinalada como correta. Somente se
manifeste sobre esta crítica ao enunciado caso você seja expressamente indagado acerca disso,
como no caso de uma prova oral, por exemplo.
6.2. Decisão que determina pagamento de valores atrasados a anistiado político não se
submete aos precatórios – (Info 847)
A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça
o pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado
político não se submete ao regime dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma
imediata.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/016 (Info 847).
6.3. Modulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional o novo regime de precatórios
estabelecido pela EC 62/2009 – (Info 779) – IMPORTANTE!!! – (PCMS-2017)
A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. Tais
alterações foram impugnadas por meio de ações diretas de inconstitucionalidade que foram
julgadas parcialmente procedentes. No entanto, o STF decidiu modular os efeitos da decisão,
ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido declarados inconstitucionais, ainda irão
vigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à modulação:
1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial de
pagamento de precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos (cinco
exercícios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serão válidas até
2020.
2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória das
dívidas que a pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber com
precatório): o STF afirmou que são válidas as compensações obrigatórias que foram feitas até
25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação). A partir desta data, não será possível mais a
realização de compensações obrigatórias, mas é possível que sejam feitos acordos entre a
Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder Público para
compensações voluntárias.
3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previa uma
série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizassem uma
espécie de “leilão de precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si
oferecendo deságios (“descontos”) em relação aos valores que têm para receber. Aqueles que
oferecem maiores descontos irão receber antes do que os demais. Esse sistema de leilões foi
declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões realizados até 25/03/2015 (dia em
que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados mesmo sendo
inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a realização de tais leilões.
4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios
e sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de
precatórios: as regras que tratam sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art. 97 do ADCT da
CF/88 continuam válidos e poderão ser utilizados pelos Estados e Municípios até 2020.
5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no § 12
do art. 100:
5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse que a TR
(índice da poupança) poderia ser aplicada até 25/03/2015.
5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia aplicar a TR
até 31/12/2013. Após essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR (julgada
inconstitucional)?
• Precatórios em geral: IPCA-E.
• Precatórios tributários: SELIC.
CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50%
dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a
possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque
de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor do precatório.
CNJ deverá monitorar e supervisionar o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na
forma da presente decisão.
STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/3/15 (Info 779).
(PCMS-2017-FAPEMS): Sobre o controle de constitucionalidade exercido pelo Supremo
Tribunal Federal, afirma-se que o Supremo tem recorrido a diversas técnicas de decisão
chamadas de sentenças intermediárias. A expressão sentença intermediária "compreende uma
diversidade de tipologia de decisões utilizadas pelos Tribunais Constitucionais e/ou Cortes
Constitucionais em sede de controle de constitucionalidade, com o objetivo de relativizar o
padrão binário do direito (constitucionalidade/inconstitucionalidade)". FERNANDES,
Bernardo. Curso de Direito Constitucional. 9a. ed. Salvador: Juspodivm. 2017, p. 1.578. Sobre
tais técnicas, verifica-se que a modulação temporal foi amplamente utilizada no julgamentos
das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425 (25/3/2015), referentes ao sistema de
precatórios da Emenda Constitucional n° 62 de 2009.
6.4. Advogado pode receber os honorários advocatícios mediante RPV, ainda que o crédito
principal seja executado por meio do regime de precatórios – (Info 765) – IMPORTANTE!!!
Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em regra,
por meio de precatório.
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de precatório.
É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela Fazenda Pública se faça
mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV) na hipótese em que os honorários não excedam
o valor limite a que se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda que o crédito dito “principal” seja
executado por meio do regime de precatórios.
Em outras palavras, é possível o fracionamento de precatório para pagamento de honorários
advocatícios.
STF. Plenário. RE 564132/RS, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014
(repercussão geral) (Info 765).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.347.736-RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min. Herman
Benjamin, julgado em 9/10/2013 (recurso repetitivo) (Info 539).
O STF julgou inconstitucionais os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, que impunham que a pessoa
que fosse receber precatórios teria que se submeter a um regime de compensação obrigatória,
de forma que, se tivesse também débitos com o Fisco, esses já seriam descontados.
Agora, o STF afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100 da
CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor. Em outras palavras, é
inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá receber
RPV.
Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser aplicados os §§
9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a compensação
imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos com o Fisco.
STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
julgado em 23/10/2014 (Info 764).
Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em regra,
por meio de precatório.
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de precatório.
Caso a condenação tenha decorrido de uma ação proposta por litisconsortes ativos, o “pequeno
valor” para fins de dispensa do precatório será considerado individualmente para cada
litisconsorte, não devendo ser somada a quantia devida a todos.
Assim, ao contrário do que alega a Fazenda Pública, o fracionamento do valor da execução, em
caso de litisconsórcio facultativo, para expedição de requisição de pequeno valor em favor de
cada credor, não implica violação ao art. 100, § 8º, da CF/88.
STF. Plenário. RE 568645/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 24/9/14 (repercussão geral) (Info 760).
7. INTIMAÇÃO PESSOAL
7.1. Início da contagem do prazo em caso de intimação pessoal realizada por meio de oficial
de justiça – (Info 820)
Nos casos de intimação pessoal realizada por oficial de justiça, a contagem do prazo para a
interposição de recursos ou a eventual certificação de trânsito em julgado começa a partir da
juntada aos autos do mandado devidamente cumprido.
STF. 2ª Turma. ARE 892732/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 5/4/2016 (Info 820).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: O INSS foi condenado por juiz federal em 1ª instância e
contra esta decisão interpôs apelação. O TRF julgou desprovido o recurso, mantendo a sentença.
Os Procuradores Federais, que fazem a defesa judicial do INSS, possuem a prerrogativa de serem
intimados pessoalmente das decisões judiciais e demais atos do processo. Isso está previsto no art.
17 da Lei nº 10.910/2004:
Art. 17. Nos processos em que atuem em razão das atribuições de seus cargos, os
ocupantes dos cargos das carreiras de Procurador Federal e de Procurador do Banco
Central do Brasil serão intimados e notificados pessoalmente.
Voltando ao exemplo (que ocorreu antes do CPC 2015): Em 02/02, o Procurador Federal que fazia
a assistência do INSS foi intimado acerca do acórdão por meio de oficial de justiça. Em 03/03, o
mandado de intimação foi juntado aos autos.
Diante disso, surgiu a dúvida: a contagem do prazo para a Fazenda Pública recorrer contra esta
decisão começou a partir da data em que o Procurador assinou o mandado (02/02) ou do dia em
que o mandado foi juntado aos autos (03/03)? Do dia em que o mandado foi juntado aos autos.
Quando a intimação é feita por meio de oficial de justiça, a contagem do prazo recursal é feita a
partir da juntada aos autos do mandado, nos termos do art. 241, II do CPC 1973 (art. 231, II, do
CPC 2015):
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
(...)
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a
intimação for por oficial de justiça;
Essa decisão do STF está de acordo também com a posição do STJ. Nesse sentido:
(...) 1. Em se tratando de intimação da Fazenda Pública ou da Advocacia-Geral da
União por meio de oficial de justiça, o termo inicial do prazo para a interposição de
recurso é a data da juntada aos autos do mandado cumprido, nos termos do
disposto no artigo 241, II, do CPC. (...) STJ. Corte Especial. EREsp 605.510/RJ, Rel.
Min. Castro Meira, julgado em 04/06/2008.
O caso concreto, como mencionei acima, ocorreu na vigência do CPC 1973. E se fosse na égide do
CPC 2015? Segundo o novo CPC, é válida a intimação pessoal do advogado público se for feita
por meio de Oficial de Justiça? Existe polêmica, mas posição pessoal do Dizer o Direito é a de que
não é válida. O CPC 2015 trouxe regra expressa sobre o tema no § 1º do art. 183:
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
Desse modo, atualmente, é proibida a intimação pessoal do advogado público por meio de oficial
de justiça, uma vez que esta modalidade de intimação não foi listada no rol do § 1º do art. 183.
Repare que as espécies de intimação pessoal previstas no § 1º do art. 183 permitem que o
advogado público, no mesmo momento em que é intimado, já tenha acesso integral aos autos. O
legislador quis, portanto, facilitar a defesa processual da Fazenda Pública, evitando que o
advogado público ainda tenha que se deslocar para ir até a sede do juízo para ter acesso aos autos.
A intimação por oficial de justiça não confere esta facilidade, considerando que o meirinho leva
apenas o mandado e a contrafé com algumas poucas cópias do processo, mas o advogado público
terá que diligenciar para ter acesso integral dos autos.
Poderíamos imaginar uma única exceção em que seria permitida a intimação pessoal por meio de
oficial de justiça. Trata-se da hipótese em que, mesmo o processo sendo eletrônico, a intimação foi
feita pelo meirinho. Isso porque, neste caso, o advogado público teria acesso imediato à
integralidade dos autos em qualquer computador com internet.
8. PRERROGATIVAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA
8.1. Concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública – (Info 766) – IMPORTANTE!!!
O art. 1º da Lei n. 9.494/97 determina, entre outras vedações, que não será cabível tutela
antecipada contra o Poder Público visando obter a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos ou a concessão de aumento ou extensão de vantagens pecuniárias.
O STF declarou que esse dispositivo é constitucional (ADC 4).
Vale ressaltar, no entanto, que a decisão proferida na referida ADC 4 não impede toda e
qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública. Somente está proibida a concessão de
tutela antecipada nas hipóteses listadas no art. 1º da Lei n. 9.494/97, que deve ser interpretado
restritivamente.
No presente julgado, o STF afirmou que seria possível a concessão de tutela antecipada
tratando sobre férias de servidores públicos, considerando que isso não envolve a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos nem a concessão de aumento ou extensão
de vantagens.
STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, j. 6/11/2014 (Info 766).
9. JUSTIÇA GRATUITA
9.1. Exigibilidade suspensa das obrigações resultantes da sucumbência – (Info 811)
SIM. O STF entendeu que seria cabível deferir-se a gratuidade nessa fase processual, salvo se
houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não efetuasse o preparo e, depois,
requeresse que se relevasse a deserção.
O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação de uma pessoa que no início
do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto, depois de um tempo, com a
mudança de sua situação econômica, não tivesse mais condições de pagar o preparo do recurso,
devendo então ter direito de pleitear a assistência judiciária nessa fase processual.
STF. 1ª Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, j. 22/5/12.
10. PROVAS
10.1. Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas – (Info 817)
Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema processual brasileiro, é o
da persuasão racional, também chamado de livre convencimento motivado.
Significa dizer que não existem cargas de convencimento pré-estabelecidas dos
meios de prova, sendo incorreto afirmar abstratamente que determinado meio de
prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que outro. Com inspiração nesse
sistema de valoração das provas, o art. 479 do Novo CPC prevê que o juiz não está
adstrito ao laudo pericial, podendo se convencer com outros elementos ou fatos
provados no processo." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC
comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 784).
O Sport Club do Recife conseguiu, em 1999, uma decisão judicial transitada em julgado
declarando que ele foi o campeão brasileiro de futebol do ano de 1987.
Ocorre que, em 2011, a CBF editou a Resolução 2/2011 reconhecendo que, além do Sport, o
Flamengo também teria sido campeão brasileiro em 1987.
O Sport não se conformou com esta postura da entidade e ingressou com ação de cumprimento
de sentença pedindo que, em respeito à decisão judicial transitada em julgado em 1999, a CBF
fosse condenada a anular a Resolução e reconhecer o clube pernambucano como o único
campeão de 1987.
O STF concordou com o pleito do Sport.
A decisão judicial que conferiu ao Sport o título de campeão brasileiro de 1987 transitou em
julgado e não podia ser alterada por resolução posterior da CBF.
A coisa julgada, como manifestação do princípio da segurança jurídica, assume a estatura de
elemento estruturante do Estado Democrático de Direito.
A autonomia das entidades desportivas não autoriza a transformação da CBF em órgão revisor
de pronunciamentos jurisdicionais alcançados pela preclusão.
STF. 1ª Turma. RE 881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 18/4/2017 (Info 861).
12. EXECUÇÃO
12.1. Constitucionalidade do art. 741 do CPC/1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º
do CPC/2015) – (Infos 824 e 916)
São constitucionais o parágrafo único do art. 741 e o § 1º do art. 475-L, CPC/73, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC/15 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º).
São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da
Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia
rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim
caracterizado nas hipóteses em que:
a) a sentença exequenda (“sentença que está sendo executada”) esteja fundada
em uma norma reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma
inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido
inconstitucionais; ou
b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente
constitucional; e
c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento
do STF realizado em data anterior ao trânsito em julgado da sentença
exequenda.
STF. Plenário. RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, j.
20/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
OBS:
Art. 525. (...)
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (...)
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou
ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em
controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (...)
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao
trânsito em julgado da decisão exequenda.
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e
nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (...)
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou
ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em
controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
Foi proposta ADI contra o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973 sob o argumento de que ele
violaria o instituto da coisa julgada, protegido pelo art. 5º, XXXVI, da CF/88. Essa tese foi aceita
pelo STF? Esse dispositivo é inconstitucional? NÃO. São constitucionais o parágrafo único do art.
741 do CPC 1973, bem como os correspondentes dispositivos do CPC 2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12
e 14; e art. 535, § 5º). Tais dispositivos buscam harmonizar a garantia da coisa julgada com o
primado da Constituição e agregam ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia
rescisória de certas sentenças inconstitucionais, com hipóteses semelhantes às da ação rescisória
(art. 485, V, do CPC 1973; art. 966, V, do CPC 2015). STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, j. 4/5/2016 (Info 824).
Coisa julgada tem limites impostos pelo legislador? O instituto da coisa julgada, embora tenha
proteção constitucional, deve ser conformado (regulamentado) pelo legislador ordinário, a quem é
dada a faculdade de estabelecer limites objetivos e subjetivos. Em outras palavras, a coisa julgada
não é um instituto absoluto. Assim, a lei pode indicar situações em que o instituto deve ceder
lugar a postulados, princípios ou bens de mesma hierarquia e que também são protegidos pela
Constituição.
Essa exigência passou a ser prevista de forma expressa no art. 525, § 14 do CPC/15:
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao
trânsito em julgado da decisão exequenda.
E se a sentença transitou em julgado aplicando a lei X e somente depois de algum tempo o STF
declarou que essa lei é inconstitucional? O que acontece neste caso? O CPC 2015 inovou e previu,
expressamente, que, se a decisão do STF declarando inconstitucional a norma foi superveniente
(posterior) ao trânsito em julgado da sentença exequenda, caberá ação rescisória, com prazo
contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Veja:
Art. 525 (...)
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
12.2. Obrigação de fazer não está sujeita a precatório – (Info 866) – IMPORTANTE!!!
A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime
constitucional dos precatórios.
Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda
Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal.
Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para dependente de
ex-servidor.
STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 24/5/17 (repercussão geral) (Info 866).
13.2. É válida a penhora realizada sobre bens de sociedade de economia mista que
posteriormente foi sucedida pela União – (Info 853)
Segundo o STF, para que a sociedade de economia mista goze dos privilégios da Fazenda Pública,
é necessário que ela não atue em regime de concorrência com outras empresas e que não tenha
objetivo de lucro. Confira:
(...) Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às sociedades de economia
mista que executam atividades em regime de concorrência ou que tenham como
objetivo distribuir lucros aos seus acionistas. Portanto, a empresa Centrais Elétricas
do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte não pode se beneficiar do sistema de
pagamento por precatório de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da
Constituição). (...) (STF. Plenário. RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, Relator p/
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 25/05/2011).
Resumindo:
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que foi extinta, e a
União tornou-se sua sucessora legal nos direitos e obrigações. A União goza de
imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). A RFFSA não
desfrutava do benefício pois se tratava de entidade exploradora de atividade
econômica. Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para a
União e devem ser pagos, não podendo este ente invocar a imunidade tributária
recíproca. O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a
responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era
contribuinte regular do tributo devido. STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014 (Info 749).
A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda Pública para 30
dias, inserida no art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não viola os princípios da
isonomia e do devido processo legal.
O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda Pública, inclusive em
relação a prazos diferenciados, quando razoáveis, não constitui propriamente restrição a
direito ou prerrogativa da parte adversa, mas busca atender ao princípio da supremacia do
interesse público.
A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda apresentar embargos à execução não pode ser
considerado como irrazoável, afinal de contas esse é o mesmo prazo que o particular goza para
apresentar embargos em caso de execuções fiscais contra ele movidas pela Fazenda Pública
(art. 16 da Lei nº 6.830/80).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
OBS:
MP 2.102-27/2001 e a ampliação do prazo para a Fazenda Pública opor embargos: O art. 4º da MP
2.102-27/2001 acrescentou um artigo na Lei nº 9.494/97 (que trata sobre alguns aspectos do Poder
Público em juízo) aumentando o prazo que a Fazenda Pública dispõe para apresentar embargos
caso ela esteja sendo executada. Antes da alteração, o prazo era de 10 dias. Após, foi ampliado
para 30 dias. Veja o artigo que foi acrescentado:
Art. 1º-B. O prazo a que se refere o “caput” dos arts. 730 do Código de Processo
Civil (obs: CPC 1973), e 884 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a ser de trinta dias.
O STF concordou com o argumento? A ampliação do prazo dos embargos opostos pela Fazenda
Pública violou a Constituição Federal? NÃO.
14. RECURSOS
14.1. RECURSO EXTRAORDINÁRIO: Não cabe recurso extraordinário se houver a
necessidade de se analisar normas infraconstitucionais para se chegar à conclusão contrária à
adotada pelo tribunal de origem – (Info 992)
14.4. NOÇÕES GERAIS: Cabe reclamação contra decisão do STJ que nega provimento a agravo
interno interposto contra decisão monocrática do Vice-Presidente do STJ que negou seguimento
ao recurso extraordinário sob a alegação de que houve incorreta aplicação de tese do STF fixada
em repercussão geral – (Info 959)
14.5. A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site do
Tribunal de Justiça que mostra os feriados locais, cumpre a exigência prevista no § 6º do art. 1.003
do CPC/15 – (Info 957) – IMPORTANTE!!!
É admissível a impetração de mandado de segurança para impugnar ato judicial que decidiu
pela intempestividade de recurso que havia sido protocolado dentro do prazo legal. Isso
porque se está diante de uma situação excepcional.
STF. 1ª T. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/10/19 (Info 957).
14.6. Multa do § 2º do art. 557 do CPC/73 (§ 4º do art. 1.021 do CPC/15) e Fazenda Pública –
(Info 912)
CPC/2015: NÃO
Veja o que diz o CPC/2015:
Art. 1.021 (...)
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão
fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre
um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
OBS: Vamos analisar um julgamento que trata da multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do
art. 1.021 do CPC 2015). Para isso, no entanto, vejamos as seguintes etapas até chegarmos à
decisão que aplica a multa.
Imagine a seguinte situação hipotética:
1) A União ajuizou ação contra determinada empresa e requereu uma tutela provisória de
urgência.
2) Após ouvir a ré, o juiz proferiu uma decisão interlocutória denegando a tutela provisória.
3) A parte prejudicada (União) interpôs agravo de instrumento.
4) No Tribunal, o agravo de instrumento foi distribuído imediatamente, sendo sorteado um
Desembargador Relator (art. 527 do CPC 1973 / art. 1.019 do CPC 2015).
5) O Desembargador Relator poderá, de forma monocrática, considerar o recurso inadmissível.
Veja:
CPC/1973 CPC/2015
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento Art. 932. Incumbe ao relator:
no tribunal, e distribuído incontinenti, o III — não conhecer de recurso inadmissível,
relator: prejudicado ou que não tenha impugnado
I — negar-lhe-á seguimento, liminarmente, especificamente os fundamentos da decisão
nos casos do art. 557; recorrida;
(...) IV — negar provimento a recurso que for
Art. 557. O relator negará seguimento a contrário a:
recurso manifestamente inadmissível, a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do
improcedente, prejudicado ou em confronto Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
com súmula ou com jurisprudência tribunal;
dominante do respectivo tribunal, do b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
Superior. julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
(...)
Parágrafo único. Antes de considerar
inadmissível o recurso, o relator concederá o
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que
seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.
6) E se a parte não concordar com essa decisão monocrática do Relator, o que ela poderá fazer?
A parte poderá, neste caso, interpor um agravo interno para o órgão colegiado do Tribunal
questionando a decisão monocrática do Relator.
7) Qual é o prazo desse agravo interno?
CPC/1973: 5 dias (art. 557, § 2º).
CPC/2015: SIM. A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do novo CPC exige
votação unânime.
11) A MULTA prevista para o agravante que interpuser recurso manifestamente inadmissível ou
improcedente aplica-se também para a Fazenda Pública? A sanção explicada no item "8.1" acima
aplica-se também ao Poder Público? SIM. Tanto no CPC/1973 como no CPC/2015.
12) A legislação prevê uma segunda punição, qual seja, exige o DEPÓSITO do valor da multa em
juízo para que futuros recursos sejam recebidos. Essa sanção explicada no item "8.2" acima
aplica-se também para a Fazenda Pública?
CPC/1973: SIM. O CPC/1973 não falava expressamente sobre a Fazenda Pública ao
tratar dessa sanção. Diante disso, o STJ entendia que, havendo condenação do Poder
Público ao pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC/1973, a interposição de
qualquer outro recurso ficava condicionada ao depósito prévio do respectivo valor. Nesse
sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 553.788-DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, j.
16/10/2014 (Info 551).
14.7. Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga PAD – (Info 892)
Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo administrativo
disciplinar instaurado contra magistrado trabalhista.
Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as “causas” decididas em única ou
última instância (art. 102, III, da CF/88).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais,
razão pela qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos
proferidos pelos Tribunais em processos administrativos, inclusive aqueles de natureza
disciplinar instaurados contra magistrados.
STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar Mendes, j.
27/02/18 (Info 892).
14.8. Juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF – (Info 850)
O Relator poderia ter decidido monocraticamente o RE? Existe previsão legal para isso? Em tese,
SIM. Veja o que diz o art. 932, V, "a", do CPC/2015:
Art. 932. Incumbe ao relator: (...)
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso
se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
Agravo: Contra esta decisão monocrática, o Estado de SP interpôs agravo regimental para a
Turma do STF da qual faz parte o Ministro. Obs: o CPC/2015 (art. 1.021) fala em "agravo interno",
mas o RISTF ainda utiliza a nomenclatura "agravo regimental" (art. 317). Veja a redação do CPC:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
No agravo, o Estado de SP juntou um documento que ainda não havia nos autos: cópia do Diário
Oficial que demonstra que houve a intimação de João e seus advogados. Desse modo, ficou
demonstrada que não era verdadeira a alegação do autor de que não havia sido intimado para o
julgamento no TCE.
O que decidiu o STF? É possível considerar este documento e, em razão disso, a decisão
monocrática ser reformada? SIM. A 1ª Turma do STF, por maioria, deu provimento ao agravo
regimental e reformou a decisão monocrática que havia anulado o acórdão do TCE. O próprio
Relator reformou sua decisão, tendo sido acompanhado pela maioria dos demais Ministros.
Inadmissibilidade da juntada de documentos nos recursos interpostos no STF: Como regra, não se
admite a juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF. No entanto,
no caso concreto, o STF relativizou esta proibição, tendo em vista o interesse público indisponível
presente na lide consistente no interesse de toda a coletividade na apreciação da higidez das
contas dos gestores públicos. Por conta dessa peculiaridade, admitiu-se a comprovação tardia de
que a parte recorrida foi efetivamente intimada da sessão de julgamento.
Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do NCPC, é possível condenar a parte
sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de declaração,
interposto perante Tribunal, não atender os requisitos previstos no art. 1.022 e tampouco se
enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão de efeitos infringentes.
Obs: a doutrina entende que, mesmo com o NCPC, não cabem honorários advocatícios no
julgamento de embargos de declaração, seja em 1ª instância, seja nos Tribunais. Por todos:
Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.
STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).
14.10. Art. 932, parágrafo único, do CPC não pode ser aplicado para o caso de recurso que não
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida – (Info 829) –
IMPORTANTE!!! – (PGM-Fortaleza/CE-2017)
O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em
que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de assinatura, e não à
complementação da fundamentação.
Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca todos os
fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese, seria necessária a
complementação das razões do recurso, o que não é permitido.
STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).
Se o INSS interpuser um recurso, ele precisará pagar o porte de remessa e retorno (despesas
postais para o transporte do recurso)?
NÃO. O INSS é dispensado de pagar o porte de remessa e retorno mesmo nos processos que
tramitam na Justiça Estadual. Segundo decidiu o STF, o INSS é exonerado de recolher o porte
de remessa e retorno com base no § 1º do art. 511 do CPC 1973 (§ 1º do art. 1.007 do CPC 2015).
O porte de remessa e retorno é uma despesa de serviço postal prestado pelos Correios (empresa
pública federal) e que é remunerada por tarifa (preço público). Desse modo, o porte de remessa
e retorno não tem natureza jurídica de taxa, não sendo uma taxa estadual.
Sendo o porte de remessa e retorno uma tarifa paga a uma empresa pública federal, o CPC, que
é uma lei federal, poderia, de forma válida, prever a sua dispensa para o INSS. Trata-se de
diploma editado pela União, a quem compete dispor sobre as receitas públicas oriundas da
prestação do serviço público postal.
O STF resumiu a solução da controvérsia por meio da seguinte frase: "Aplica-se o parágrafo 1º
do artigo 511 do CPC, para dispensa de porte de remessa e retorno, ao exonerar o seu respectivo
recolhimento por parte do INSS”.
STF. Plenário. RE 594116/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/12/15 (repercussão geral) (Info 810).
14.12. Tempestividade do recurso interposto antes da decisão recorrida ter sido publicada –
(Info 776) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!
Imagine que antes de o acórdão ser publicado no Diário de Justiça, o advogado da parte soube
da decisão e opôs embargos de declaração contra ela. Tais embargos são tempestivos? O
recurso contra a decisão que ainda não foi publicada é tempestivo segundo o STF?
SIM. Admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da publicação do
acórdão embargado e dentro do prazo recursal.
Se a parte tomar conhecimento do teor do acórdão antes de sua publicação e entender haver
omissão, contradição ou obscuridade, pode embargar imediatamente. Não há nada que impeça
isso. Não se pode dizer que o recurso é prematuro porque o prazo começa a correr da data de
intimação da parte, e a presença do advogado, a manifestar conhecimento do acórdão, supre a
intimação. Assim, se a parte se sentir preparada para recorrer antecipadamente, pode fazê-lo.
Essa conclusão é reforçada pelo art. 1.024, § 5º do novo CPC.
Vale ressaltar que, por enquanto, o STJ tem entendimento em sentido contrário, conforme se
verifica pela Súmula 418.
STF. Plenário. AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, j. 5/3/15 (Info 776).
14.13. AGRAVO
14.13.1. Multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) e justiça gratuita
(Info 808).
O § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) prevê que, quando
manifestamente inadmissível ou improcedente o agravo, o tribunal condenará o agravante a
pagar ao agravado multa de
1% a 10% do valor corrigido da causa (CPC 1973)
1% a 5% do valor atualizado da causa (CPC 2015).
É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida.
STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Edson Fachin, j. 27/09/16 (Info 841).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em honorários
advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM. Agora, com o NCPC, em
regra, existe condenação em honorários advocatícios para a parte que interpôs recurso, mas
sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art. 85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz condenou João a
pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não se conformou e interpôs
apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e aumentado a condenação em
honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.
Veja o que diz a doutrina sobre este importante § 11 do art. 85 do novo CPC:
"Esta é uma das principais inovações do CPC/2015. No CPC/1973, em cada
processo, havia uma única condenação em honorários. No novo sistema, a cada
recurso, há a majoração na condenação em honorários – além daqueles já fixados
anteriormente. 13.1. O teto para a fixação dos honorários é o limite previsto no § 2º
(20%, no caso de particulares) e § 3º (3% a 20%, conforme a faixa, no caso da Fazenda
Pública). Ou seja, mesmo com a sucumbência recursal, o teto de 20% de honorários
não poderá ser ultrapassado. (...) 13.3. Ao julgar o recurso, de ofício, o tribunal irá
aumentar os honorários. Assim, é possível que, no cotidiano, ocorra o seguinte:
condenação em 10% quando da sentença, majorada para 15% quando do acórdão da
apelação e para 20% quando do acórdão do recurso especial (por ser esse o teto
legal, como visto). Mas o mais provável é que ocorra o seguinte: condenação em 10%
quando da sentença, majorada para 20% quando do acórdão da apelação e mantida
nesses 20% quando do acórdão de eventual recurso especial (exatamente por ser o
teto legal). 13.4. Em virtude de quais recursos deve ser aplicada a sucumbência
recursal? Seriam todos os recursos previstos no artigo 994 do CPC/2015? Como o §
11 destaca “tribunal”, é de se concluir que não há a aplicação em 1º grau. Assim,
quando dos embargos de declaração da interlocutória ou sentença, descabe aplicar
honorários recursais." (DELLORE, Luiz. Comentários ao art. 85 do CPC. Teoria
geral do processo: comentários ao CPC de 2015 - Parte Geral. São Paulo: Método,
2015, p. 298-299).
Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015 tem dupla funcionalidade,
devendo atender à justa remuneração do patrono pelo trabalho adicional na fase
recursal e inibir recursos provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 23/06/2016.
Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte recorrente que
perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João recorreu contra a sentença;
Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões ao recurso; João terá que pagar honorários
recursais mesmo não tendo havido contrarrazões? SIM. É o que foi decidido no Info 841 do STF.
Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal que não admite
recurso extraordinário.
Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes não irão suspender ou
interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do CPC/2015.
Como consequência, a parte perderá o prazo para o agravo.
Nas palavras do STF: os embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do
tribunal que não admite recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo para
interposição de agravo, por serem incabíveis.
STF. 1ª T. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28/11/17 (Info 886).
STF. 2ª T. Ag-RE-AgR 1177142/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 28/6/19.
(TJPR-2019-CESPE): André interpôs recurso extraordinário contra acórdão proferido por
tribunal de justiça. Em sequência, ao realizar o juízo de admissibilidade do recurso, o
presidente do tribunal de justiça prolatou decisão inadmitindo o recurso, por entender que
não havia sido cumprido o requisito do prequestionamento de matéria constitucional. Dois
dias após ter sido intimado da decisão de inadmissão, André opôs embargos de declaração,
alegando haver obscuridade na decisão monocrática proferida na origem. Nessa situação
hipotética, de acordo com a jurisprudência do STF, os embargos de declaração não são
cabíveis e, por isso, não haverá interrupção do prazo recursal para a interposição de agravo
em recurso extraordinário. BL: Info 886, STF.
OBS:
Interposição de recurso extraordinário: A parte que deseja interpor um Recurso Extraordinário
(RE) deve protocolizar este recurso no juízo a quo (recorrido) e não diretamente no juízo ad quem
(STF). Ex: TJDFT profere acórdão, por unanimidade, em apelação, afirmando que é
inconstitucional a união poligâmica pretendida por “A”, “B” e “C”. Nesta hipótese, as partes
poderão interpor recurso extraordinário contra esta decisão, a ser julgado pelo STF, com base no
art. 102, III, “a”, da CF/88. O RE deverá ser protocolizado no próprio TJDFT. O recorrido será
intimado para apresentar suas contrarrazões. Após, o Presidente do Tribunal (ou Vice-Presidente,
a depender do regimento interno), em decisão monocrática, irá fazer um juízo de admissibilidade
do recurso.
Se o juízo de admissibilidade for positivo, significa que o Presidente do Tribunal
entendeu que os pressupostos do RE estavam preenchidos e, então, remeterá o recurso
para o STF.
Se o juízo de admissibilidade for negativo, significa que o Presidente do Tribunal
entendeu que algum pressuposto do RE não estava presente e, então, ele não admite o
recurso.
O que a parte pode fazer caso o Presidente do Tribunal não admita o recurso extraordinário?
Qual é o recurso cabível contra essa decisão? Agravo. Mas qual agravo?
1) Se a inadmissão do Presidente do Tribunal de origem foi com base no inciso I do art.
1.030 do CPC: cabe agravo interno, que será julgado pelo próprio Tribunal de origem.
2) Se a inadmissão foi com fundamento no inciso V do art. 1.030: cabe "agravo em recurso
especial e extraordinário", recurso previsto no art. 1.042 do CPC/2015.
A parte poderá opor embargos de declaração contra a decisão do Presidente do Tribunal que não
admite recurso extraordinário? NÃO. O STF entende que são incabíveis embargos de declaração
contra decisão do Presidente do Tribunal de origem que não admite recurso extraordinário.
Sabe qual é a gravidade disso? A parte terá perdido o prazo para interpor o agravo.
Mas os embargos de declaração não interrompem o prazo para a interposição dos demais
recursos? Em regra, sim. Mas neste caso a jurisprudência do STF afirma que não considerando o
fato de que os embargos de declaração são manifestamente incabíveis. Vamos entender com um
exemplo:
- Em 02/2/17, o Presidente do TJ não admitiu o recurso extraordinário interposto
por João.
- João, em vez de interpor logo o agravo, resolveu opor embargos de declaração
contra essa decisão monocrática do Presidente do Tribunal alegando que havia uma
omissão, por exemplo. Esses embargos foram opostos em 07/2/17.
- O que acontecerá: o Presidente do TJ não irá conhecer dos embargos alegando que
eles são incabíveis. Suponhamos que essa decisão foi proferida em 04/4/17.
- João foi intimado, e agora sim interpôs agravo para tentar reverter a decisão e fazer
com que o recurso extraordinário seja conhecido. Ele interpôs o agravo em 05/4/17.
- O agravo não será conhecido por intempestividade.
- João argumentará que, quando opôs os embargos de declaração, o seu prazo
recursal para o agravo foi interrompido e que recomeçou a contar quando ele foi
intimado da decisão dos embargos.
- Ocorre que esse argumento não é aceito pela jurisprudência.
- Para o STF, a oposição de embargos de declaração contra a decisão do Presidente
do Tribunal de origem que não admitiu o recurso extraordinário, por ser
incabível, não suspende ou interrompe o prazo para a interposição do agravo.
- Isso significa que o processo transitou em julgado e que o mérito do RE não será
apreciado pelo STF.
Na prática, essa é uma “armadilha” que muitos advogados infelizmente acabam se envolvendo.
Isso porque existe uma ideia de que cabem embargos de declaração contra toda e qualquer
decisão. Na verdade, a própria redação do CPC fala isso. Veja:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: (...)
Contudo, a situação acima explicada (decisão que não admite recurso extraordinário) é uma
exceção à regra.
As candidaturas avulsas são permitidas no Brasil? NÃO. Ao contrário de outros países, o Brasil
não admite a existência de candidaturas avulsas. Isso porque a Constituição Federal exige, como
um dos requisitos de elegibilidade, a filiação partidária:
Art. 14 (...) § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: (...)
V - a filiação partidária;
Imagine agora a seguinte situação: Em 2016, Rodrigo e Rafael fizeram requerimento ao juiz
eleitoral pedindo o registro de suas candidaturas autônomas aos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito
do Município do Rio de Janeiro, sem filiação partidária. Em outras palavras, eles pediram para
concorrer às eleições mesmo sem estarem filiados a partidos políticos. O juiz julgou o pedido
improcedente argumentando que “no atual sistema brasileiro, a filiação partidária é um dos
requisitos de elegibilidade, nos termos do art. 14, 3º, V, da Constituição Federal”. Os requerentes
recorreram ao TRE que, no entanto, manteve a sentença. Ainda inconformados, os autores
interpuseram recurso especial ao TSE, também desprovido. Por fim, contra o acórdão do TSE, os
requerentes ingressaram com recurso extraordinário ao STF. Os recorrentes sustentam a tese de
que o art. 14, § 3º, V, da CF/88 deve ser reinterpretado agora à luz da Convenção Americana de
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que estabelece como direito de todos os
cidadãos “votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal e
igual e por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”. Assim,
argumentam que as candidaturas avulsas são permitidas pelo Pacto de San Jose da Costa Rica. O
recurso chegou ao STF somente em 2017, ou seja, após as eleições municipais terem sido
realizadas. Dessa forma, pode-se dizer que o pedido dos autores contido no recurso (deferimento
do registro da candidatura) perdeu sua utilidade. Isso porque ainda que o recurso fosse julgado
provido, a eleição já teria se passado e os autores não concorreram. Logo, mesmo que eles tenham
sucesso no RE, tal decisão não irá melhorar a sua situação no caso concreto.
Diante disso, o STF debateu a seguinte questão preliminar: deverá ser reconhecida a
prejudicialidade (“perda do objeto”) deste RE, com a consequente extinção do processo sem
julgamento do mérito? NÃO. O STF reconheceu que, na prática, realmente havia uma
prejudicialidade do recurso tendo em vista que as eleições se encerraram. No entanto, o Tribunal
decidiu superar a prejudicialidade e atribuir repercussão geral à questão constitucional discutida
dos autos. Isso significa que o STF admitiu o processamento do recurso e em uma data futura irá
examinar o mérito do pedido, ou seja, se podem ou não existir candidaturas avulsas no Brasil.
Qual foi o argumento do STF para superar a prejudicialidade? A relevância social e política do
tema discutido e a interpretação teleológica do art. 998, parágrafo único, do CPC/2015, que
confere primazia à análise da questão que tenha repercussão geral em relação aos aspectos formais
do recurso. Assim, o STF entendeu que, muito embora a situação concreta do recorrente esteja
prejudicada — em razão do esgotamento do pleito municipal de 2016 —, deve-se examinar o
mérito do recurso tendo em vista sua relevância social e política. Ademais, o Min. Roberto Barroso
argumentou que, como o pedido de registro de candidatura é feito 6 meses antes do pleito, seria
muito difícil ou praticamente impossível que esta discussão chegasse ao STF antes da realização
das eleições. Dessa forma, a despeito da discussão do caso concreto estar prejudicada, deveria ser
permitido o exame do tema pelo STF. STF. Plenário. ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 5/10/2017 (Info 880).
Ampliação do parágrafo único do art. 998 do CPC: Vale ressaltar que o CPC/2015 permite que o
STF analise o tema da repercussão geral mesmo que haja desistência do recurso. Confira:
Art. 998. (...)
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de
recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
No caso agora, temos uma espécie de ampliação deste parágrafo único para também admitir a
análise da questão mesmo que o tema concreto discutido no recurso extraordinário tenha
“perdido o objeto” (perdido o interesse recursal).
17.2. Possibilidade de renúncia ao direito mesmo em fase de recurso extraordinário ainda não
julgado – (Info 825)
17.3. Reconhecida a repercussão geral, não é mais possível que as partes desistam do processo –
(Info 797) – IMPORTANTE!!!
17.6. É possível recurso extraordinário contra decisão do STJ que homologa sentença
estrangeira, desde que haja afronta a CF/88 – (Info 735)
Previsão: A repercussão geral está prevista no § 3º do art. 102 da CF/88, no art. 1.035 CPC/2015 e
no Regimento Interno do STF (RISTF):
Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei,
a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços de seus membros.
A exigência da repercussão geral foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 45/04.
Mas qual é o sentido dessa expressão "repercussão geral"? Diz-se que há repercussão geral no
recurso extraordinário quando nele estão sendo discutidas questões relevantes sob o ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassam os interesses subjetivos da causa.
Finalidade: O objetivo da exigência da “repercussão geral” foi o de evitar que o STF julgasse
recursos extraordinários de menor relevância, contribuindo, assim, para a redução do volume de
processos na Corte.
Repercussão geral como sinônimo de casos repetitivos: repercussão geral, como vimos acima, é
um pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário. Essa é a sua natureza jurídica por
força de lei. No entanto, na prática, observamos também que se utiliza a expressão "repercussão
geral" como sinônima de recurso extraordinário repetitivo (art. 1.036 do CPC).
Assim, algumas vezes o STF, por meio de seu Plenário, julga um recurso extraordinário repetitivo
e fixa uma tese que vale para todos os casos semelhantes que estavam aguardando a posição da
Corte. Neste caso, na prática, diz-se que o STF julgou um recurso extraordinário "sob o rito da
repercussão geral" (ou sob a sistemática da repercussão geral). O mais "correto" seria dizer que foi
julgado um recurso extraordinário repetitivo, mas esta não é a nomenclatura empregada na
prática. Portanto, não confunda:
repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade de todo RE. Isso significa que
todo RE, para ser conhecido, deve ter repercussão geral. Como regra, tais recursos são
julgados por uma das Turmas do STF.
alguns recursos extraordinários tratam de matérias que também estão presentes em
inúmeros outros processos (recursos extraordinários repetitivos). Neste caso, deve-se
adotar o procedimento do art. 1.036 e ss do CPC e quem irá julgar o recurso é o Plenário
do STF, fixando uma tese que irá valer para todos os demais feitos. Na prática, fala-se em
recurso extraordinário julgado sob a sistemática da repercussão geral.
Essa exigência da repercussão geral aplica-se também para recursos extraordinários que versem
sobre matéria criminal? SIM. O requisito constitucional da repercussão geral aplica-se aos
recursos extraordinários em geral, incluindo também as causas criminais (STF. Plenário. AI 664567
QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 18/06/2007).
Quem deverá demonstrar a existência da repercussão geral? O recorrente. Assim, a parte que
interpõe o recurso extraordinário deverá apresentar as razões pelas quais aquele recurso possui
repercussão geral e, portanto, deve ser conhecido pelo STF. O CPC/1973 exigia que o recorrente
demonstrasse a repercussão geral em forma de preliminar do recurso. O CPC/2015 dispensou esta
exigência e, por isso, o recorrente poderá demonstrar a repercussão geral sem maiores
formalidades, em qualquer parte do recurso. Nesse sentido:
Enunciado 224-FPPC: A existência de repercussão geral terá de ser demonstrada de
forma fundamentada, sendo dispensável sua alegação em preliminar ou em tópico
específico.
Apesar do enunciado acima, entendo recomendável que o recorrente abra um tópico específico
para tratar sobre a repercussão geral, até porque o Regimento Interno do STF possui previsão que
exige manifestação formal e fundamentada do recorrente (art. 327).
Fundamento utilizado pelo STF para reconhecer a repercussão geral: O STF pode reconhecer que
há repercussão geral com base em razões diferentes daquelas alegadas pela parte recorrente, ou
seja, a fundamentação apresentada pelo recorrente para demonstrar que existe repercussão geral
não vincula o STF, podendo o Tribunal admiti-lo por fundamento diverso. Ex: o recorrente diz
que há repercussão geral sob o ponto de vista econômico e o STF entende que não, mas existe
repercussão sob o prisma social.
Demonstração de repercussão geral mesmo se o tema já foi enfrentado pelo STF: Se o STF já
reconheceu a existência de repercussão geral em outros recursos que tratam sobre o mesmo tema,
ainda assim o recorrente deverá abrir um tópico para justificar a existência de repercussão geral?
SIM. É indispensável esse capítulo específico de repercussão geral mesmo que a matéria já tenha
sido reconhecida em processo diverso. Em outras palavras, ainda que o STF já tenha afirmado em
outros processos que aquele tema possui repercussão geral, deverá o recorrente abrir um tópico
explicando isso.
Presunção absoluta de repercussão geral: O art. 1.035, § 3º e o art. 987, § 1º do CPC/2015 preveem
três hipóteses nas quais há presunção absoluta da existência de repercussão geral. Assim, haverá
repercussão geral sempre que o recurso extraordinário interposto estiver impugnando um
acórdão que tenha:
1) contrariado súmula ou jurisprudência dominante do STF;
2) reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal (respeitada a reserva de
plenário).
3) julgado o mérito de incidente de resolução de demandas repetitivas.
Mesmo assim, é recomendável que o recorrente explique que existe a repercussão geral porque o
caso em questão trata sobre uma dessas hipóteses acima.
Quórum: Para que o STF recuse o recurso extraordinário por ausência de repercussão geral, é
necessário o voto de, no mínimo, 2/3 dos Ministros (2/3 de 11 = 8 Ministros). Assim, se apenas 7
Ministros ou menos decidirem que não há repercussão geral, o recurso será conhecido. A doutrina
afirma, portanto, que existe uma presunção de que todos os recursos extraordinários possuem
repercussão geral, presunção esta que só pode ser afastada pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros.
Qual órgão do STF decide se há repercussão geral? Em regra, é o Plenário. No entanto, se a Turma
(1ª ou 2ª) decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará
dispensada a remessa do recurso ao Plenário para deliberar sobre a repercussão geral. A razão
disso é muito simples: o STF só pode dizer que não há repercussão geral pelo voto de, no mínimo,
8 Ministros. Como na Corte, há 11 Ministros, se 4 afirmam que há repercussão geral, sobram
apenas 7 votos, o que seria insuficiente para afastar a repercussão geral.
Se o STF entender que há repercussão: o RE será conhecido e o Tribunal irá examinar o mérito do
recurso.
Recurso contra a decisão do STF que não conhece o RE por ausência de repercussão geral: não há.
Trata-se de decisão irrecorrível.
Decisão vale para todos os recursos sobre matéria idêntica: se for negada a existência da
repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão
indeferidos liminarmente.
Como funciona antes de o RE chegar até o Plenário virtual: O Relator sorteado examina se estão
presentes os pressupostos de admissibilidade do RE (exs: tempestividade, preparo, legitimidade
etc.).
1) Se estiver faltando algum, o RE será inadmitido.
2) Se estiverem todos presentes, faltará ainda examinar a repercussão geral. Aqui surgem quatro
opções:
2.1) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que não existe
repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que não existe repercussão
geral (salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em procedimento de revisão);
2.2) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que existe
repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que existe repercussão
geral;
2.3) o RE interposto trata sobre matéria na qual há presunção absoluta de repercussão geral;
2.4) não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3, a análise será levada ao Plenário
virtual.
Plenário virtual: Não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3 acima listados, o
Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de sua manifestação sobre a
existência, ou não, de repercussão geral. Isso significa que o Relator entra no sistema
informatizado do STF e insere sua manifestação. Ex: "Trata-se de recurso extraordinário contra
acórdão... Penso que existe repercussão geral porque...". Os demais Ministros também possuem
acesso ao sistema informatizado e, a partir do momento em que o Relator inserir seu
posicionamento, eles terão um prazo de 20 dias para analisar e para encaminhar, também por
meio eletrônico, manifestação sobre a questão da repercussão geral. Exs: "De acordo com o
Relator"; "Com a devida vênia, penso que não existe repercussão geral porque..."
Se 8 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que não há repercussão geral: o RE não
será conhecido.
Se 4 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que há repercussão geral: o RE será
conhecido.
Os Ministros são "obrigados" a se manifestar neste prazo de 20 dias? O que acontece se nenhum
ou poucos Ministros se manifestarem? Ex: o Relator se manifesta dizendo que há repercussão
geral, um Ministro o acompanha e outro diverge.
Regra: neste caso, haverá um reconhecimento tácito ou implícito da existência da
repercussão geral. Em outras palavras, se, em 20 dias, não houver no mínimo 8 votos
negando a existência do requisito, isso significa que o Plenário virtual reconheceu a
existência da repercussão geral. Isso está previsto no regimento interno do STF:
Art. 324 (...) § 1º Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do
recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral.
Exceção: se o Relator, em sua manifestação no Plenário virtual, afirmar que o recurso não
deve ser conhecido porque a matéria nele tratada é de natureza infraconstitucional, neste
caso, a ausência de pronunciamento dos Ministros no prazo de 20 dias será considerada
como manifestação de inexistência de repercussão geral (art. 324, § 2º do RISTF).
O que acontece depois de o Plenário Virtual decidir que há repercussão geral? Ele já irá julgar
diretamente o mérito?
Regra: NÃO. Depois de ser reconhecida a repercussão geral, o Relator irá levar o seu voto
quanto ao mérito para julgamento da Turma ou do Plenário (físico).
Exceção: se o Relator estiver em seu voto apenas reafirmando a jurisprudência dominante
do STF, o julgamento deste recurso também poderá ser realizado por meio eletrônico (art.
323-A do RISTF).
Obs: em concursos públicos, nunca vi este assunto ser cobrado com tanta profundidade, como as
exceções que coloquei acima. Portanto, preocupe-se em entender as regras gerais.
Imagine que, no Plenário Virtual, 7 Ministros concluíram que havia repercussão geral. Como se
passou o prazo de 20 dias, houve reconhecimento implícito da existência do requisito. Chegando,
contudo, no Plenário físico, 10 Ministros se manifestaram expressamente afirmando que, no caso
concreto, não existe repercussão geral. Isso é possível? SIM. É o que foi decidido pelo STF no Info
845. Daniel Assumpção Neves concorda com essa decisão do STF e afirma que, mesmo a
repercussão geral tendo sido reconhecida pelo Plenário Virtual, é possível que seja posteriormente
afastada em sessão presencial. Isso porque a repercussão geral é "um pressuposto de
admissibilidade específico do recurso extraordinário, e o juízo de admissibilidade recursal não
preclui por tratar-se de matéria de ordem pública." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo
CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 1.756).
O julgamento da repercussão geral por meio do Plenário Virtual é constitucional? SIM. Não há
violação ao art. 93, IX, da CF/88 pelo fato de o julgamento poder ser tácito ou implícito. Isso
porque "a existência de repercussão geral é presumida, somente deixando de existir em caso de
manifestação de pelo menos 8 ministros do STF. A manifestação tácita confirma a presunção já
existente, não ofendendo a exigência constitucional de fundamentação explícita." (DIDIER JR.,
Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3, Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 370). O julgamento sobre a repercussão geral no Plenário Virtual não ocorre
em sessão pública, com debates, discussões, sustentação oral. Mesmo assim, não há
inconstitucionalidade porque o que violaria a Constituição seria a existência de um julgamento
secreto, sem publicidade (art. 93, IX, da CF/88). No entanto, o julgamento pelo Plenário Virtual
não é secreto. Ao contrário, todas as manifestações são juntadas ao processo e o teor da decisão é
publicado no Diário Oficial. Além disso, o interessado poderá acompanhar a votação em tempo
real no site do STF.
Como posso conceituar Plenário Virtual? Desse modo, o Plenário Virtual é uma sistemática
adotada pelo STF por meio do qual os Ministros julgam se há ou não repercussão geral nos
recursos extraordinários interpostos. No Plenário virtual as manifestações são feitas de forma
eletrônica, sem a necessidade que os Ministros se reúnam presencialmente, o que visa a otimizar
os trabalhos. No Plenário Virtual, a critério do Relator, também poderão ser julgados agravos
regimentais e embargos de declaração.
20. RECLAMAÇÃO
20.1. O ato impugnado na reclamação deve ser posterior à decisão paradigma que se alega
violada – (Info 938) – IMPORTANTE!!!
20.2. Necessidade de esgotamento das instâncias para alegar violação à decisão do STF que
decidiu pela constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 – (Infos 882 e 888) – ATENÇÃO!!!
ADVOCACIA PÚBLICA!!! – (DPEAP-2018)
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional.
Várias decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art. 71,
§ 1º. Contra essas decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF, que era
obrigado a recebê-las considerando que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o
que o STF deliberou em sede de ADI, ADC ou ADPF, cabe reclamação.
Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à
sistemática da repercussão geral.
O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da tese fixada na
ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo o
tema, deverá fazê-lo alegando violação ao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16).
Agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação. Isso
porque, como vimos, reclamação contra decisão em recurso extraordinário exige esgotamento das
instâncias ordinárias, ao contrário de reclamação contra decisão em ADC.
Perceba, portanto, que para o STF foi um ótimo negócio ter “substituído” a eficácia da decisão da
ADC pela decisão no RE, considerando que o Poder Público terá que interpor uma série de
recursos para poder ajuizar a reclamação, diminuindo o número de novos processos no Supremo.
Natureza jurídica: Existe intensa divergência sobre a natureza jurídica da reclamação. Há julgado
do STF no qual se afirmou que este instituto seria mero exercício do direito de petição (ADI
2.212/CE, j. 02/10/03). No entanto, a posição que prevalece amplamente na doutrina é de que a
reclamação possui natureza jurídica de ação.
STF: direito de petição. (PGM-Salvador-2015-CESPE)
Doutrina: ação.
Hipóteses de cabimento
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do
Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
IV - garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
(...) § 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese
jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam.
Existe ainda uma quinta hipótese que está prevista no § 5º do art. 988. Trata-se da reclamação
proposta contra decisão que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário
julgado sob o rito da repercussão geral. A Lei exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar a
reclamação, ela deve ter esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja a
redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação: (...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias.
Atenção para a reclamação contra ato administrativo que violou súmula vinculante: A Lei
11.417/06 prevê o cabimento de reclamação contra ato administrativo que violar súmula
vinculante. A Lei exige, no entanto, que, antes da reclamação, tenha havido o prévio esgotamento
das vias administrativas. Confira:
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de
súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros
meios admissíveis de impugnação.
§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será
admitido após esgotamento das vias administrativas.
§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra
seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.
É cabível reclamação preventiva em caso de fundado risco de que uma decisão judicial ou ato
administrativo venha a desrespeitar decisão do tribunal? NÃO. É o decidido no Info 845. No
mesmo sentido: STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 17/2/10.
Procedimento
A reclamação deve ser proposta perante o Tribunal cuja competência se busca preservar
ou cuja autoridade se pretenda garantir.
A petição inicial deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal, sendo instruída com
prova documental.
Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao Relator do processo
principal, sempre que possível.
Ao despachar a reclamação, o Relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato
impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para
evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de
15 dias para apresentar a sua contestação.
O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao STF contra decisão
judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o
rito da repercussão geral. O CPC exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar a
reclamação, ela tenha esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias".
O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser
interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a competência
de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e TSE) para o julgamento de recursos contra
decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição.
Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC exige que se esgotem as instâncias ordinárias,
significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao STF depois de ter apresentado todos
os recursos cabíveis não apenas nos Tribunais de 2º grau, mas também nos Tribunais
Superiores (STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum recurso pendente no STJ ou no TSE, por
exemplo, não caberá reclamação ao STF.
Em suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso
extraordinário com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando esgotados
todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes.
STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/10/16 (Info 845).
(DPEAP-2018-FCC): Pedro Paulo, preso em flagrante pela suposta prática de crime de roubo,
não é conduzido pelos agentes do Estado para comparecimento à audiência de custódia
designada para acontecer no dia seguinte ao do flagrante. A prisão é convertida em
preventiva, sendo indeferido o requerimento de remarcação da audiência de custódia
formulado pelo Defensor Público incumbido do caso, sob o fundamento de estar o julgador
convicto das razões para manutenção do decreto de prisão. Pretende o Defensor Público
compelir o órgão judicial à realização da audiência de custódia, mediante adoção de medida a
ser proposta perante o STF por membro da Defensoria Pública. Nessa hipótese, à luz da
legislação pertinente e da jurisprudência do STF, é cabível reclamação perante o STF, para
garantia da autoridade de decisão por este proferida em sede de controle concentrado, que
reconhece a obrigatoriedade de os órgãos judiciais realizarem audiência de custódia,
viabilizando-se o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo
de 24 horas, contado do momento da prisão. BL: Info 845, STF.
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João, ex-Prefeito, foi condenado pelo juiz eleitoral por ter
efetuado, de forma irregular, a contratação de servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88). João
recorreu ao TRE alegando que a contratação realizada cumpriu todos os requisitos que foram
fixados pelo STF ao julgar o RE 658.026/MG, cujo mérito foi apreciado sob o rito da repercussão
geral. O TRE, contudo, manteve a condenação. Contra a decisão, o condenado apresentou:
a) recurso especial eleitoral para o TSE;
b) reclamação para o STF afirmando que o TRE descumpriu a tese fixada em repercussão geral no
RE 658.026/MG. Na reclamação, o condenado pede a cassação do acórdão para que, em novo
julgamento, o TRE analise a contratação temporária segundo os requisitos fixados pelo STF no
paradigma apontado.
Antes do CPC/2015, o STF admitia reclamação contra decisão judicial que tenha descumprido
tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral? NÃO.
Antes do CPC/2015, a jurisprudência do STF era firme no sentido do não cabimento de
reclamação com fundamento em recurso extraordinário julgado segundo a sistemática da
repercussão geral, uma vez que essa decisão não tinha efeito vinculante (STF. 1ª Turma. Rcl 21314
AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/09/2015).
E com o novo CPC, isso muda? A legislação admite reclamação nestes casos? SIM. Trata-se de
importante inovação trazida pelo CPC/2015. A Lei exige, no entanto, que, antes de a parte
apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias
ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação: (...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias.
O STF, ao interpretar o art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 adotou a definição tradicional de
"instância ordinária" acima exposta? NÃO. O STF, com receio da imensa quantidade de
reclamações que poderia ser obrigado a julgar, conferiu interpretação bem restritiva à expressão
"instâncias ordinárias". Para o Min. Teori Zavascki, a hipótese de cabimento prevista no art. 988, §
5º, II, do CPC deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da
reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST, TSE) para o
julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição. Se ainda tiver algum
recurso pendente no STJ, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.
Voltando ao exemplo dado. No caso concreto, o STF aceitou a reclamação proposta? NÃO. Como
o condenado apresentou recurso especial eleitoral e ele ainda não havia sido julgado pelo TSE, o
STF considerou que não havia se encerrado a "instância ordinária" (segundo sua leitura do art.
988, § 5º, II, do CPC). Logo, ainda não cabia reclamação.
Assim, pela interpretação dada, em regra, não cabe reclamação ao STF contra sentenças nem
contra acórdãos de Tribunais de 2º grau (TJ, TRF, TRT, TRE) mesmo que a decisão tenha afrontado
tese fixada em recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral.
Não coloque isso na prova, no entanto, na prática, com essa restrição, o STF deixa tudo como era
antes do novo CPC.
Não cabe ação rescisória para desconstituir decisão judicial transitada em julgado que apenas
homologou acordo celebrado entre pessoa jurídica e o Estado-membro em uma ação judicial na
qual se discutiam créditos tributários de ICMS.
É cabível, neste caso, a ação anulatória, nos termos do art. 966, § 4º do CPC.
É inadmissível a ação rescisória em situação jurídica na qual a legislação prevê o cabimento de
uma ação diversa.
STF. Plenário. AR 2697 AgR/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 21/3/19 (Info 934).
21.2. Sentença proferida com base no entendimento vigente do STF e que, após o trânsito em
julgado, houve mudança de posição. Cabe rescisória? – (Info 921)
Obs: o julgado envolvia um caso concreto ocorrido na vigência do CPC/1973. Não se sabe se o
entendimento seria o mesmo se o fato tivesse ocorrido na égide do CPC/2015. Isso por conta da
nova previsão de ação rescisória contida no § 15 do art. 525 do CPC/2015.
A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação
anulatória (art. 966, § 4º, do CPC/2015; art. 486 do CPC/1973).
Não cabe ação rescisória neste caso.
Se a parte propôs ação rescisória, não é possível que o Tribunal receba esta demanda como
ação anulatória aplicando o princípio da fungibilidade. Isso porque só se aplica o princípio da
fungibilidade para recursos em sentido estrito (e ação anulatória e a ação rescisória não são
recursos).
STF. Plenário. AR 2440 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 19/9/18 (Info 916).
OBS:
CPC/1973:
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
(...)
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que
se baseou a sentença;
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for
meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral,
nos termos da lei civil.
CPC/2015:
Art. 966 (...)
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros
participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos
termos da lei.
O que fez o CPC/2015? O CPC/15 pôs fim de vez a essa dúvida. Isso porque o novo CPC não
trouxe uma hipótese de rescisória semelhante à que havia no art. 485, VIII, do CPC/73. Em outras
palavras, não existe, no novo CPC, um dispositivo parecido com o art. 485, VIII, do CPC/73. Logo,
na égide do CPC/2015, não há mais qualquer discussão: a decisão judicial que homologar
acordo entre as partes, sem qualquer dúvida, somente pode ser impugnada mediante ação
anulatória.
21.4. Análise do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V, do CPC 2015) – (Info 782 e 764) –
IMPORTANTE!!! – (Cartórios/TJPI-2013)
21.5. Início do prazo para a ação rescisória em caso de recursos parciais – (Info 740) –
IMPORTANTE!!!
Não é necessário o ajuizamento de ação autônoma para o pagamento dos consectários legais
inerentes à reparação econômica devida (juros de mora e correção monetária) a anistiado
político e reconhecida por meio de Portaria do Ministro da Justiça, a teor do disposto no art. 8º
do ADCT e no art. 6º, § 6º, da Lei 10.559/02.
STF. 1ª T. RMS 36182/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/5/19 (Info 940).
OBS:
Não confundir: Cuidado para não confundir com este outro julgado do STJ:
Nos casos de anistia política, em sede de mandado de segurança, só é possível a
inclusão de juros de mora e correção monetária na fase executiva quando houver
decisão expressa nesse sentido. STJ. 1ª Seção. ExeMS 18782-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 12/09/2018 (Info 634).
• STJ ExeMS 18782-DF: neste julgado, o caso concreto teve peculiaridades. O acórdão do MS, na
fase de conhecimento, não incluiu os juros e correção monetária. Pelo entendimento que
expliquei, o autor poderia ter recorrido pedindo a sua inclusão. Ocorre que o autor não recorreu e,
portanto, houve o trânsito em julgado. Assim, o título executivo (acórdão do MS) não incluiu os
juros e correção monetária. Quando chegou na fase de execução, o autor pediu a execução
também dos juros e correção monetária. O STJ afirmou que isso não era possível porque não
estava previsto no título executivo (ofenderia a coisa julgada). Veja o que explicou o Min. Relator
no STJ:
“Não se desconhece que o STF, ao apreciar os Embargos de Declaração no RE
553.710/DF, em 1º/08/18, estabeleceu que “os valores retroativos previstos nas
portarias de anistia deverão ser acrescidos de juros moratórios e de correção
monetária”.
Contudo, essa decisão refere-se a feito julgado na fase de conhecimento (recurso
ordinário interposto em face de acórdão deste Tribunal proferido em sede de
mandado de segurança), cujos efeitos não podem ser ampliados aos feitos que já
se encontram na fase executiva, sob pena de manifesta afronta à coisa julgada.”
Observação do DOD: Não sei se essa distinção proposta pelo STJ irá prevalecer, considerando que
no item 3 da ementa do RE 553710 ED, o STF afirma: “Os juros de mora e a correção monetária
constituem consectários legais da condenação, de modo que incidem independentemente de
expresso pronunciamento judicial.” No entanto, por ora, essa diferenciação existe na prática.
22.2. Não cabe MS para declarar lei ou ato normativo inconstitucional – (Info 912) –
IMPORTANTE!!! – (Advogado/COPASA-2018)
OBS:
No mesmo sentido:
O mandado de segurança não se qualifica como sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade, não podendo ser utilizado, em consequência, como
instrumento de controle abstrato da validade constitucional das leis e dos atos
normativos em geral. STF. Plenário. MS 28554 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j.
10/04/2014.
Assim, para que tivesse se iniciado o prazo do MS, seria necessário que o interessado tivesse sido
intimado corretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99.
22.5. O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da segurança jurídica – (Info
859)
Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no STF. O writ foi proposto depois
que já havia se passado mais de 120 dias da publicação do ato impugnado. Dessa forma, o
Ministro Relator deveria ter extinguido o mandado de segurança sem resolução do mérito pela
decadência. Ocorre que o Ministro não se atentou para esse fato e concedeu a liminar
pleiteada. Em março/2017, a 1ª Turma do STF apreciou o mandado de segurança.
O que fez o Colegiado? Extinguiu o MS sem resolução do mérito em virtude da decadência?
NÃO. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo, no entanto, como
foi concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os Ministros entenderam que
deveria ser apreciado o mérito da ação, em nome da segurança jurídica.
STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/3/17 (Info 859).
22.7. MS contra ato do Ministro que não efetuou pagamento dos valores atrasados a anistiado
político – (Info 847)
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento dos
valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art. 8º do
ADCT).
Diferentemente de uma ação de cobrança, que é proposta para o pagamento de valores
atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para que seja cumpra
norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro da Justiça).
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/16 (Info 847).
OBS:
Cabe mandado de segurança neste caso? SIM. A falta de cumprimento integral da portaria de
anistia por parte da União no prazo de 60 dias previsto no art. 12, § 4º e no art. 18 da Lei
10.559/02, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo do anistiado.
Configurado o direito líquido e certo do anistiado, ele poderá impetrar mandado de segurança
considerando que o pedido e a causa de pedir desta ação é o cumprimento integral da Portaria,
que consiste em uma obrigação de fazer. É claro que o cumprimento efetivo da Portaria irá
provocar efeitos patrimoniais em favor do autor, mas o pedido do MS é que ele seja reconhecido
de forma efetiva como anistiado político. O pagamento dos valores é mera consequência disso.
Nesse sentido: STF. 1ª Turma. RMS 26.899/DF, Min. Rel. Cármen Lúcia, DJe de 6/8/10.
Diferentemente de uma ação de cobrança que é proposta para o pagamento de valores atrasados,
no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para que seja cumpra norma editada
pela própria Administração (Portaria do Ministro da Justiça). Logo, não incide no caso a proibição
contida nas súmulas 269 e 271 do STF:
Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.
22.8. Sustentação oral – (Info 821) – ATENÇÃO: VIDE PARTE FINAL DOS COMENTÁRIOS!!!
Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido de liminar formulado em
mandado de segurança. Obs: caberá sustentação oral no julgamento final do MS.
STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o
acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).
OBS:
Sustentação oral: O art. 973 do novo CPC, de forma mais organizada, prevê as hipóteses nas quais
é admitida sustentação oral nos Tribunais. Veja:
Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o
presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos
de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de
15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes
hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021:
I - no recurso de apelação;
II - no recurso ordinário;
III - no recurso especial;
IV - no recurso extraordinário;
V - nos embargos de divergência;
VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na reclamação;
VII - (VETADO);
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que
versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência;
IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno do tribunal.
Se o colegiado está reunido apenas para decidir o pedido de liminar no mandado de segurança,
neste caso, as partes poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores profiram os votos?
NÃO. O STF entendeu dessa maneira utilizando dois argumentos:
a) o art. 937, § 3º, do novo CPC, prevê o cabimento de sustentação oral em julgamento de
mandado de segurança unicamente no “agravo interno interposto contra decisão de relator que o
extinga”; e
b) o art. 16 da Lei nº 12.016/09 prevê a sustentação oral em mandado de segurança na sessão de
julgamento de mérito, e não em liminar.
Se o colegiado está reunido para decidir o mérito do mandado de segurança, neste caso, as partes
poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores profiram os votos? SIM. Isso está previsto
no art. 937, VI, do CPC 2015 e no art. 16 da Lei nº 12.016/2009:
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.
Obs: foi publicada a Lei 13.676/18, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para permitir a defesa oral do
pedido de liminar na sessão de julgamento do mandado de segurança. Veja a nova redação do art.
16 da Lei do MS:
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do
mérito ou do pedido liminar.
22.9. Inviabilidade para aferir critérios utilizados pelo TCU na análise de superfaturamento de
obra – (Info 816)
O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo TCU e que
culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à devolução de valores ao
erário, em razão de superfaturamento de preços constatado em aditamentos contratuais por ela
celebrados com a Administração Pública. Isso porque para a análise do pedido seria necessária
a análise pericial e verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível com o rito do
mandado de segurança.
STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info 816).
22.10. Desistência de MS após já ter sido prolatada sentença de mérito – (Info 781)
É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de mérito?
Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ, Min. Rosa
Weber, j. 02/05/13; STJ. 2ª T. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 10/12/2013. Info
533).
O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto noticiado neste
Informativo, o STF afirmou que não é cabível a desistência de mandado de segurança, nas
hipóteses em que se discute a exigibilidade de concurso público para delegação de serventias
extrajudiciais, quando na espécie já houver sido proferida decisão de mérito, objeto de
sucessivos recursos. No caso concreto, o pedido de desistência do MS foi formulado após o
impetrante ter interposto vários recursos sucessivos (embargos de declaração e agravos
regimentais), todos eles julgados improvidos. Dessa forma, o Ministro Relator entendeu que
tudo levaria a crer que o objetivo do impetrante ao desistir seria o de evitar o fim da discussão
com a constituição de coisa julgada. Com isso, ele poderia propor uma ação ordinária em 1ª
instância e, assim, perpetuar a controvérsia, ganhando tempo antes do desfecho definitivo
contrário. Assim, com base nessas peculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu o pedido de
desistência.
STF. 2ª T. MS 29093 ED-ED-AgR/DF, MS 29129 ED-ED-AgR/DF, MS 29189 ED-ED-AgR/DF, MS
29128 ED-ED-AgR/DF, MS 29130 ED-ED-AgR/DF, MS 29186 ED-ED-AgR/DF, MS 29101 ED-ED-
AgR/DF, MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 14/4/15 (Info 781).
O MP é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise o fornecimento de
remédios a portadores de certa doença.
STF. Plenário. RE 605533/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 15/8/18 (repercussão geral) (Info 911).
OBS:
Esse tema é sempre muito cobrado em provas:
(MP/BA 2015) O Ministério Público tem legitimidade para propor Ação Civil Pública em
favor de uma única pessoa a fim de garantir-lhe o fornecimento de medicamento de alto
custo. (CERTO)
24.2. É possível que as associações privadas façam transação em ação civil pública – (Info 892) –
IMPORTANTE!!! Não tem nos livros!!!
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a
extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos
podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações
privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações
privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a
lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 1º/3/18 (Info 892).
OBS:
Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam fazer
transação nessas ações? NÃO. A Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos
públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações
privadas. Confira:
Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de
título executivo extrajudicial.
Mesmo sem previsão legal as associações privadas podem transacionar em ações civis públicas:
O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as associações privadas também
podem fazer acordos nas ações coletivas. Assim, a ausência de disposição normativa expressa
no que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a
existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que
somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo
que a lei não proíbe.
Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a
justiciabilidade privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes privados as
mais comezinhas faculdades processuais, tais como a de firmar acordos.”
24.3. ACP proposta contra Prefeito e previsão na lei estadual de que tal atribuição é privativa
do PGJ – (Info 788)
A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos. É constitucional a Lei 11.448/07, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo
a Defensoria Pública como um dos legitimados para propor ação civil pública.
STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 6 e 7/5/15 (Info 784).
O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de
direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 9/10/19 (repercussão geral –
Tema 850) (Info 955).
Em provas, tenha cuidado com a redação do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85:
Art. 1º (...) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001)
Se for cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma prova objetiva ,
provavelmente, esta será a alternativa correta.
25.2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA: O Ministério Público pode ajuizar ACP para anular
aposentadoria que importe lesão ao erário – (Info 921) – IMPORTANTE!!! – (TJSC-2019)
O MP tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo de
aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público.
STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/10/18 (repercussão geral – Tese 561)
(Info 921).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: O Promotor de Justiça foi informado de que determinado
servidor público se aposentou mesmo sem ter completado todo o tempo de contribuição
necessário. Além disso, no cálculo de sua aposentadoria, foram incluídas vantagens e gratificações
indevidas, cujo valor superou, inclusive, o teto constitucional. Diante disso, ajuizou ação civil
pública contra o Estado-membro e contra o referido servidor requerendo a anulação do ato de
concessão da aposentadoria.
Substituto processual: Ao ajuizar ação coletiva para a tutela do erário, o MP não age como
representante da entidade pública, e sim como substituto processual de uma coletividade
indeterminada, qual seja, a sociedade como um todo. Isso porque a sociedade é titular do direito
à boa administração do patrimônio público. O MP é titular do direito à boa administração do
patrimônio público, da mesma forma que qualquer cidadão pode ajuizar ação popular com o
mesmo objetivo (art. 5º, LXXIII, CF/88).
25.3. INQUÉRITO CIVIL: O art. 9º-A da Resolução 23/2007, incluído pela Resolução 126/2015, é
constitucional – (Info 899)
ADI: A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) ajuizou ADI contra a
Resolução 126/2015-CNMP alegando que esse art. 9º-A viola a independência funcional do
membro do Ministério Público.
O pedido foi acolhido pelo STF? Há violação ao princípio da independência funcional? NÃO.
25.4. AÇÃO COLETIVA PROPOSTA POR ASSOCIAÇÃO: Para ser beneficiada pela sentença
favorável é necessário que a pessoa esteja filiada no momento da propositura e seja residente no
âmbito da jurisdição do órgão julgador – (Info 864) – IMPORTANTE!!! – (MPRR-2017) (TJMT-
2018)
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário,
ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os
filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à
inicial do processo de conhecimento.
STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 10/5/17 (repercussão geral) (Info 864).
O inciso XXI do art. 5º da CF/88 exige O inciso LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige
autorização expressa. autorização expressa.
Trata-se de hipótese de legitimação Trata-se de hipótese de legitimação
processual (a associação defende, em nome extraordinária (substituição processual), ou
dos filiados, direito dos filiados que seja, a associação defende, em nome próprio,
autorizaram). direito dos filiados.
CONCLUSÕES:
1) As associações podem propor ações coletivas em favor dos seus associados.
2) A associação precisa da autorização dos associados para propor a ação na defesa de seus
interesses.
3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e específica para cada ação. Assim,
não é suficiente a autorização genericamente prevista no estatuto da associação.
4) Essa autorização pode ser feita de duas formas:
a) por declaração individual do associado; ou
b) por aprovação na assembleia geral da entidade.
25.5. Legitimidade da Defensoria Pública para ação civil pública – (Info 806) –
IMPORTANTE!!! - (DPEAL-2017) (TJSC-2019)
A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em ordem a
promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese, as
pessoas necessitadas.
STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 4/11/15 (repercussão geral – Tema 607)
(Info 806).
25.6. MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT – (Info 753) –
IMPORTANTE!!! - (TJSC-2019) (MPGO-2019)
O MP possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais
homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado presente
na tutela dos referidos direitos subjetivos.
Está cancelada a súmula 470 do STJ, que tinha a seguinte redação: “O Ministério Público não
tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em
benefício do segurado.”
STJ. 2ª Seção. REsp 858.056/GO, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 27/05/15 (Info 563).
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 06 e 07/08/14 (Info 753).
(TJSC-2019-CESPE): A propósito de titularidade, âmbito de proteção e conformação
constitucional de ação civil pública, assinale a opção correta: O Ministério Público tem
legitimidade para ingressar com ação civil pública relativa ao pagamento de indenizações do
seguro DPVAT. BL: Info 563, STJ e Info 753, STF.
25.7. Ação coletiva proposta pela associação em favor de seus filiados – (Info 746) –
IMPORTANTE!!! – (PGEPI-2014) (MPRR-2017)
A autorização estatutária genérica conferida à associação não é suficiente para legitimar a sua
atuação em juízo na defesa de direitos de seus filiados. Para cada ação, é indispensável que os
filiados autorizem de forma expressa e específica a demanda.
Exceção: no caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a associação não precisa de
autorização específica dos filiados.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 14/5/2014 (Info 746).
25.9. AÇÃO CIVIL PÚBLICA: O MP tem legitimidade para propor ação civil pública com o
objetivo de anular Termo de Acordo de Regime Especial – TARE – (Info 595) – (MPPI-2012)
O Termo de Acordo de Regime Especial – TARE, não diz respeito apenas a interesses
individuais, mas alcança interesses metaindividuais, pois o ajuste pode, em tese, ser lesivo ao
patrimônio público.
A CF/88 estabeleceu, no art. 129, III, que é função institucional do MP, dentre outras, “promover
o inquérito e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
O MP tem legitimidade para propor ação civil pública com o objetivo de anular Termo de
Acordo de Regime Especial, em face da legitimação ad causam que o texto constitucional lhe
confere para defender o erário. Logo, não se aplica à hipótese o § único do art. 1º da Lei 7.347/85.
Em outras palavras, a ação civil pública ajuizada contra o TARE em questão não se cinge à
proteção de interesse individual, mas abarca interesses metaindividuais, visto que tal acordo,
ao beneficiar uma empresa privada assegurando-lhe o regime especial de apuração do ICMS ,
pode, em tese, mostrar-se lesivo ao patrimônio público, o que, por si só, legítima a atuação do
Parquet.
STF. Plenário. RE 576155, Min. Rel. Ricardo Lewandowski j. 12/8/10 (repercussão geral) (Info
595)
(MPPI-2012-CESPE): O estado do Piauí celebrou TARE com empresa privada, visando conferir
regime especial de apuração do ICMS, para incentivar a instalação de empresas no estado. O
MPE/PI, em sede de inquérito civil público aberto para investigar a celebração do contrato,
constatou que o ajuste causara prejuízo aos cofres públicos, razão por que ajuizou ACP com o
objetivo de anular acordos firmados com base nesse termo. A partir dessa situação hipotética,
assinale a opção correta à luz da jurisprudência do STF: A defesa da integridade do erário
público e da higidez do processo de arrecadação tributária consiste em direito metaindividual
do contribuinte, o que legitima a atuação do MPE/PI nesse caso. BL: Info 595, STF.