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Caderno de informativos - 2022

Superior Tribunal de Justiça – Direito Público

Informativo 716 em diante

Resumo Nº Observações
PODER JUDICIÁRIO 716
Se, após elaborar a lista sêxtupla para o quinto constitucional, a OAB
perceber que um dos indicados não preencheu os requisitos, ela
poderá pedir a desconsideração da lista ainda que já tenha havido a
nomeação do indicado

A Ordem dos Advogados do Brasil possui autonomia para elaborar e


revisar lista sêxtupla para indicação de advogados para concorrer à
vaga do quinto constitucional. STJ. Corte Especial. AgInt na SS 3.262-
SC, Rel. Presidente Min. Humberto Martins, julgado em 20/10/2021
(Info 716).
PROCESSO ADMINISTRATIVO No exercício do seu poder de autotutela,
Quando o interessado poderá ser notificado por edital no processo poderá a Administração Pública rever os
administrativo? atos de concessão de anistia a cabos da
Aeronáutica com fundamento na Portaria
Em processo administrativo, a notificação por edital reserva-se nº 1.104/1964, quando se comprovar a
exclusivamente para as hipóteses de: ausência de ato com motivação
a) interessado indeterminado; exclusivamente política, assegurando-se ao
b) interessado desconhecido; ou anistiado, em procedimento administrativo,
c) interessado com domicílio indefinido. STJ. 1ª Seção. MS 27.227- o devido processo legal e a não devolução
DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 27/01/2021 (Info 716). das verbas já recebidas.
STF. Plenário. RE 817338/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 16/10/2019
(repercussão geral – Tema 839) (Info 956).
TABELIONATO DE PROTESTO
É possível o protesto da CDA desde a entrada em vigor da Lei
9.492/97

Desde que a Lei nº 9.492/97 foi editada, algumas Fazendas Públicas


começaram a protestar CDA. Isso, contudo, era polêmico. Assim,
algumas pessoas que foram protestadas, ingressaram com ações
discutindo a validade desses protestos. Quando a Lei nº
12.767/2012 entrou em vigor, vários desses processos ainda
estavam tramitando. Logo, é preciso que se dê uma resposta a
esses processos. Diante disso, indaga-se: mesmo antes da Lei nº
12.767/2012, já era válida a realização de protesto de CDA? SIM. É
possível o protesto da CDA desde a entrada em vigor da Lei nº
9.492/97. A Lei nº 12.767/2012 veio apenas reforçar a
possibilidade de protesto de CDA, sendo que isso já era permitido
desde a entrada em vigor da Lei nº 9.492/97 que mencionou
expressamente a possibilidade de protesto de “outros documentos
de dívida”. Assim, a Lei nº 12.767/2012 foi uma norma meramente
interpretativa. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.109.579-PR, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 27/10/2021 (Info 716).
DIREITO À SAÚDE 717
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
Importante!!!
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o
fornecimento de medicamento para uso off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o
medicamento caso esse determinado uso fora da bula (off label)
tenha sido autorizado pela ANVISA. O Estado não é obrigado a
fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da
ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 10/11/2021 (Info 717).
TRIBUNAL DE CONTAS
O conselheiro de TCE não está sujeito a notificação ou intimação
para comparecimento como testemunha perante comissão
parlamentar de investigação, podendo apenas ser convidado
Importante!!!

Caso concreto: Câmara Municipal instaurou Comissão de


Investigação para apurar possível quebra de decoro parlamentar
envolvendo Vereadores. Dois conselheiros do TCE foram intimados
para depor como testemunhas de defesa. O STJ não concordou com
essa intimação. Os Conselheiros do TCE são equiparados a
magistrados (equiparados a Desembargador do TJ). Logo, não
podem ser notificados ou intimados pela comissão, podendo ser
convidados a comparecer. Aplicam-se aos Conselheiros do TCE as
garantias do art. 33, I e IV, da LOMAN (LC 35/79). STJ. Corte Especial.
HC 590.436-MT, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/11/2021 (Info
718).
SERVIDOR PÚBLICO
Se o indivíduo, apesar de ser titular de serventia não estatizada,
receber remuneração dos cofres públicos, ele estará sujeito à
aposentadoria compulsória

O STF, ao julgar o RE 647827/PR (Tema 571) fixou a seguinte tese:


Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º,
II, da CF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde
que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam
remuneração proveniente dos cofres públicos. No caso concreto, o
STJ reconheceu que o impetrante estava sujeito à aposentadoria
compulsória porque ele se enquadrava na parte final da tese acima
exposta. Apesar de o indivíduo ser titular de serventia não
estatizada, ele receia remuneração dos cofres públicos. Desse modo,
estava sujeito à aposentadoria compulsória aos 75 anos. STJ. 2ª
Turma. RMS 57.258-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
16/11/2021 (Info 718).
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
É necessária condenação anterior na ficha funcional do servidor ou,
no mínimo, anotação de fato que o desabone, para que seus
antecedentes sejam valorados como negativos na dosimetria da
sanção disciplinar

Caso concreto: na decisão do processo administrativo instaurado


contra o servidor, a administração pública aplicou contra ele a pena
de suspensão pelo prazo máximo (90 dias) sob o argumento de que
os seus “antecedentes funcionais” deveriam ser qualificados como
negativos já que se trata de “servidor veterano, com larga
experiência” e, portanto, deveria ter conduzido com mais zelo e
cuidado a tarefa que estava sob sua responsabilidade. Invocou o art.
128 da Lei nº 8.112/90: “Na aplicação das penalidades serão
considerados (...) a os antecedentes funcionais.” Ocorre que isso não
pode ser considerado como “antecedentes funcionais” negativos. A
Administração só poderia considerar como desfavorável o fato de o
servidor ter sido tão imprudente, mesmo tendo larga experiência, se
a legislação autorizasse o exame da culpabilidade do agente, tal
como o art. 59 do CO permite. No entanto, a Lei nº 8.112/90 só
admite considerar, na “dosimetria” da sanção disciplinar, os
antecedentes funcionais, que ostentam concepção técnica própria.
Nesse passo, para que os antecedentes funcionais do servidor
fossem considerados negativos, deveria constar na ficha funcional
do impetrante alguma condenação anterior, ou, no mínimo, alguma
anotação de fato que desabonasse seu histórico funcional, o que
não era o caso. STJ. 1ª Seção. MS 22.606-DF, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 10/11/2021 (Info 718).
COMPENSAÇÃO Súmula 271-STF: Concessão de mandado de
Contribuinte pode impetrar mandado de segurança pedindo que se segurança não produz efeitos patrimoniais,
reconheça o direito à compensação de tributos indevidamente em relação a período pretérito, os quais
pagos nos 5 anos anteriores ao ajuizamento, sem que isso implique devem ser reclamados administrativamente
ofensa à Súmula 271 do STF ou pela via judicial própria.
Importante!!!

A pretensão em mandado de segurança que visa exclusivamente à


declaração do direito à compensação de eventuais indébitos
recolhidos anteriormente à impetração, ainda não atingidos pela
prescrição, não importa em produção de efeito patrimonial
pretérito, aproveitando apenas o valor referente a indébitos
recolhidos nos cinco anos anteriores ao manejo da ação
mandamental. Caso concreto: determinada Indústria forneceu a
seus clientes diversas mercadorias a título de bonificações (brindes).
Fisco cobrou ICMS em relação a essas mercadorias e a indústria
pagou. Depois disso, a indústria impetrou mandado de segurança
pedindo para que se reconheça que ela não deveria ter pagado ICMS
sobre esses brindes e que se declare que ela tem direito de
compensar o que pagou indevidamente nos últimos cinco anos. O
simples fato de se declarar que o contribuinte tem direito à
compensação tributária dos créditos referentes aos últimos cinco
anos não significa concessão de efeitos patrimoniais pretéritos. A
situação não se enquadra na Súmula 271 do STF porque pretende
simplesmente a declaração em abstrato do direito de compensar
(créditos de ICMS bonificação, não atingidos pela prescrição), para
realizar o procedimento “futura e administrativamente”. Súmula
271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. STJ. 1ª
Seção. EREsp 1.770.495-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
10/11/2021 (Info 717).
SERVIDORES TEMPORÁRIOS 719
A norma de edital que impede a participação de candidato em
processo seletivo simplificado em razão de anterior rescisão de
contrato por conveniência administrativa fere o princípio da
razoabilidade

Caso concreto: em 2012, após processo seletivo, João foi contratado


como servidor temporário (art. 37, IX, da CF/88) para prestar
serviços como inspetor penitenciário. Em 2014, foi exonerado por
“conveniência administrativa”, não tendo recebido, contudo,
qualquer punição durante o tempo em que exerceu suas funções.
Em 2019, o Estado instaurou processo seletivo simplificado para
novamente contratar servidores temporários para exercerem as
funções de inspetor penitenciário. João se inscreveu e foi aprovado.
A despeito disso, não pode ser contratado por conta da vedação
constante no item 11.8 do edital, que dizia o seguinte: “11.8. O
candidato que houver sido contratado ou nomeado anteriormente
pela SEJUS e que tiver sido exonerado, ou tiver tido o contrato
rescindido por conveniência administrativa e/ou ato motivado pela
Corregedoria e/ou por determinação judicial, será automaticamente
eliminado do processo seletivo.” Impedir que o candidato participe
do processo seletivo simplificado porque, há alguns anos, seu
contrato foi rescindido por conveniência administrativa, equivale a
impedir, hoje, a sua participação na seleção por mera conveniência
administrativa, o que viola o princípio da isonomia e da
impessoalidade. STJ. 2ª Turma. RMS 67.040-ES, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
RESPONSABILIDADE CIVIL 720
O termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento da ação de
indenização contra o Estado em razão da demora na concessão da
aposentadoria conta-se a partir do seu deferimento

O servidor público pode ser indenizado caso haja uma demora


injustificada da Administração Pública em analisar o seu
requerimento de aposentadoria? SIM. Existem julgados do STJ
reconhecendo ser possível: A demora injustificada da Administração
em analisar o pedido de aposentadoria do servidor público gera o
dever de indenizá-lo, considerando que, por causa disso, ele foi
obrigado a continuar exercendo suas funções por mais tempo do
que o necessário. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 483398/PR, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/10/2016. STJ. 2ª Turma.
AgRg no REsp 1469301/SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado
em 21/10/2014. Qual é o prazo prescricional neste caso? 5 anos, nos
termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/1932. Qual o termo inicial
do prazo prescricional? A partir de quando se inicia essa contagem?
A partir da data do deferimento da aposentadoria. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.840.570-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
16/11/2021 (Info 720).
PARTIDOS POLÍTICOS
Estatuto previa que o partido poderia cobrar multa do ocupante de
mandato que saísse da legenda; ocorre que o estatuto exigia que o
filiado assinasse um formulário concordando; logo, sem essa
aquiescência, a multa não é devida

A multa estatutária por desfiliação partidária não decorre


automaticamente da filiação e da consequente submissão às regras
do estatuto, sendo imprescindível o documento de aquiescência
assinado pelo candidato. O Estatuto dizia: “Todos os candidatos às
Eleições Gerais, majoritárias ou proporcionais, que disputem cargos
eletivos pelo PRTB, deverão assinar formulário de autorização de
concordância com pagamento de 10% (dez por cento) sobre suas
futuras remunerações como também multas de 12 (doze) meses
sobre seus salários caso venham a desfiliar-se do Partido, no decurso
de seus respectivos mandatos.” STJ. 3ª Turma. REsp 1.796.737-DF,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/11/2021 (Info 720).
RESPONSABILIDADE CIVIL
Súmula 652-STJ

Súmula 652-STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública


por danos ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever
de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 02/12/2021, DJe 06/12/2021.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Indivíduo foi condenado administrativamente pela CVM pela prática
de insider trading; recorreu e a decisão foi mantida pelo CRSFN;
eventual ação contra essa punição deve ser proposta conta o CRSFN
(e não contra a CVM)

O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN)


constitui órgão colegiado que julga em última instância recursos
contra decisões da CVM. Quando a decisão administrativa
sancionadora é submetida a recurso administrativo e substituída por
acórdão do CRSFN, o órgão que aplicou originariamente a sanção
(ex: CVM, BACEN etc.) não detém legitimidade para figurar no polo
passivo de ação judicial anulatória. Em outras palavras, diante desse
efeito substitutivo ocorrido no processo administrativo no âmbito da
União (órgão da Administração Direta), a CVM (autarquia, órgão da
Administração Indireta) não possui legitimidade para figurar no polo
passivo da ação que visa questionar a sanção administrativa. A
Comissão de Valores Mobiliários não possui legitimidade para
figurar no polo passivo de ação que visa questionar sanção imposta
pelo cometimento de crime de uso indevido de informação
privilegiada (insider trading). STJ. 2ª Turma. AREsp 1614577-SP, Rel.
Min. Francisco Falcão, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 722 Obs: faixa de domínio é a área sobre a qual
É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo se assenta uma rodovia, constituída por
fato de ela estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia? pista de rolamento, canteiros centrais,
Importante!!! acostamentos, áreas laterais etc.

As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança É inconstitucional norma estadual que
pela utilização de faixas de domínio de rodovia, mesmo em face de onere contrato de concessão de energia
outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e elétrica pela utilização de faixas de domínio
contratual. STJ. 1ª Turma. REsp 1.677.414-SP, Rel. Min. Regina público adjacentes a rodovias estaduais ou
Helena Costa, julgado em 14/12/2021 (Info 722). federais. Isso porque a União, por ser titular
da prestação do serviço público de energia
É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo elétrica (art. 21, XII, “b” e art. 22, IV, da
fato de ela estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia? CF/88), detém a prerrogativa constitucional
• Se essa cobrança é feita diretamente pelo ente público: NÃO. STF. de estabelecer o regime e as condições da
Plenário. RE 581947, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 27/05/2010 prestação desse serviço por
(Repercussão Geral – Tema 261). concessionárias, o qual não pode sofrer
• Se essa cobrança é feita por outra concessionária de serviço ingerência normativa dos demais entes
público: SIM, desde que haja previsão no edital e no contrato de políticos.
concessão. STJ. 1ª Seção. EREsp 985695-RJ, Rel. Min. Humberto STF. Plenário. ADI 3763/RS, Rel. Min.
Martins, julgado em 26/11/2014 (Info 554). Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info
1012).

SERVIDORES PÚBLICOS
O servidor público reintegrado não faz jus ao recebimento das
parcelas remuneratórias referentes ao auxílio-transporte e ao
adicional de insalubridade pelo período em que esteve
indevidamente afastado do cargo público
Importante!!!

Servidor público que havia sido demitido e que foi reintegrado, terá
direito ao recebimento retroativo dos vencimentos, férias
indenizadas e auxílio-alimentação. Por outro lado, não terá direito
ao retroativo de auxílio-transporte e adicional de insalubridade. STJ.
1ª Turma. REsp 1.941.987-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
07/12/2021 (Info 722).
APOSENTADORIA 724 Até a edição da Emenda Constitucional nº
Até a edição da EC 103/2019, é admissível, aos servidores públicos, a 103/2019, o direito à conversão, em tempo
conversão do tempo de serviço especial em comum objetivando a comum, do prestado sob condições
contagem recíproca de tempo de serviço especiais que prejudiquem a saúde ou a
Tema já apreciado no Info 992-STF integridade física de servidor público
decorre da previsão de adoção de requisitos
O STF, ao julgar o Tema 942, assim decidiu: Até a edição da Emenda e critérios diferenciados para a jubilação
Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo daquele enquadrado na hipótese prevista
comum, do prestado sob condições especiais que prejudiquem a no então vigente inciso III do § 4º do art. 40
saúde ou a integridade física de servidor público decorre da previsão da Constituição da República, devendo ser
de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a jubilação aplicadas as normas do regime geral de
daquele enquadrado na hipótese prevista no então vigente inciso III previdência social relativas à aposentadoria
do § 4º do art. 40 da Constituição da República, devendo ser especial contidas na Lei nº 8.213/91 para
aplicadas as normas do regime geral de previdência social relativas à viabilizar sua concretização enquanto não
aposentadoria especial contidas na Lei nº 8.213/91 para viabilizar sobrevier lei complementar disciplinadora
sua concretização enquanto não sobrevier lei complementar da matéria.
disciplinadora da matéria (STF. Plenário. RE 1014286, Rel. Luiz Fux, STF. Plenário. RE 1014286, Rel. Luiz Fux,
Relator p/ Acórdão Edson Fachin, julgado em 31/08/2020. Relator p/ Acórdão Edson Fachin, julgado
Repercussão Geral – Tema 942). Antes do julgado do STF acima em 31/08/2020 (Repercussão Geral – Tema
mencionado, o STJ possuía entendimento em sentido diverso (EREsp 942) (Info 992).
524.267/PB, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 24/3/2014). Com a tese
fixada no Tema 942, o STJ teve que se alinhar à posição do STF e, em
juízo de retratação, decidiu que: Até a edição da EC 103/2019, é
admissível, aos servidores públicos, a conversão do tempo de
serviço especial em comum objetivando a contagem recíproca de
tempo de serviço. STJ. 2ª Turma. REsp 1.592.380-SC, Rel. Min.
Francisco Falcão, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público
pelo fato de ela estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia?
Tema já apreciado no Info 722-STJ
ODS 16 As concessionárias de serviço público podem efetuar a
cobrança pela utilização de faixas de domínio de rodovia, mesmo em
face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e
contratual. STJ. 1ª Turma. REsp 1.677.414-SP, Rel. Min. Regina
Helena Costa, julgado em 14/12/2021 (Info 722). As concessionárias
de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de
faixas de domínio por outra concessionária que explora serviço
público diverso, desde que haja previsão no contrato de concessão.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1.510.988-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 08/02/2022 (Info 724).
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Art. 109. Aos juízes federais compete
Competência para julgar ação de improbidade proposta por processar e julgar:
Município contra ex-prefeito que não prestou contas de convênio I - as causas em que a União, entidade
federal autárquica ou empresa pública federal
Importante!!! forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
Nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade falência, as de acidentes de trabalho e as
administrativa ajuizadas em face de eventuais irregularidades sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
praticadas na utilização ou prestação de contas de valores Trabalho;
decorrentes de convênio federal, o simples fato de as verbas
estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de O STJ possui dois enunciados muito
Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça conhecidos. Vamos relembrá-los:
Federal. Igualmente, a mera transferência e incorporação ao Súmula 208-STJ: Compete à Justiça Federal
patrimônio municipal de verba desviada, no âmbito civil, não pode processar e julgar prefeito municipal por
impor de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se desvio de verba sujeita a prestação de
houver manifestação de interesse jurídico por ente federal que contas perante órgão federal.
justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério Público Súmula 209-STJ: Compete à Justiça Estadual
Federal) regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos processar e julgar prefeito por desvio de
da Súmula 150/STJ, a competência para processar e julgar a ação verba transferida e incorporada ao
civil de improbidade administrativa será da Justiça Federal. As patrimônio municipal.
Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam
hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que Esses enunciados foram editados pela 3ª
basta o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a Seção do STJ, que julga processos e recursos
competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. criminais. Desse modo, tais súmulas foram
109 da CF. Logo, não podem ser utilizadas como critério para as aprovadas, originalmente, para resolver
demandas cíveis. Diante disso, é possível afirmar que a questões relacionadas com a competência
competência cível da Justiça Federal deve ser definida em razão da em matéria penal. Nos processos criminais,
presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. para que a competência seja da Justiça
109, I, da CF/88 na relação processual, seja como autora, ré, Federal, basta que exista interesse da
assistente ou oponente e não em razão da natureza da verba União, de suas autarquias ou empresas
federal sujeita à fiscalização do TCU. Assim, em regra, compete públicas
à Justiça Estadual processar e julgar agente público
acusado de desvio de verba recebida em razão de
convênio firmado com o ente federal, salvo se houver a
presença das pessoas jurídicas de direito público
previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação processual .
STJ. 1ª Seção. CC 174.764-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 09/02/2022 (Info 724).
TRIBUNAL DE CONTAS 725 Tome-se o seguinte exemplo: O TCE/AM
De quem é a legitimidade para a execução de crédito decorrente de aplica uma multa ao prefeito de Manaus.
multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público Quem executa?
municipal? • Posição antiga do STJ: o Estado do
Atualize o Info 1029-STF Amazonas, por intermédio da PGE. A multa
tem caráter punitivo e se reverte em favor
Os Estados não têm legitimidade ativa para a execução de multas do Estado.
aplicadas, por Tribunais de Contas estaduais, em face de agentes • Posição do STF: o Município de Manaus,
públicos municipais, que, por seus atos, tenham causado prejuízos por intermédio da PGM. O estado-membro
a municípios. O Município prejudicado é o legitimado para a não tem legitimidade para promover
execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de execução judicial para cobrança de multa
Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos imposta por Tribunal de Contas estadual à
causados ao erário municipal. STF. Plenário. RE 1003433/RJ, Rel. autoridade municipal, uma vez que a
Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de titularidade do crédito é do próprio ente
Moraes, julgado em 14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642) público prejudicado, a quem compete a
(Info 1029). STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 926.189-MG, Rel. Min. cobrança, por meio de seus representantes
Herman Benjamin, julgado em 15/02/2022 (Info 725). judiciais (no caso, o Município).

DOD PLUS – INFORMAÇÕES EXTRAS


O Ministério Público possui legitimidade
para ajuizar a execução para ressarcimento
ao erário?
NÃO.
A legitimidade para a propositura da ação
executiva é apenas do ente público
beneficiário.
O Ministério Público, atuante ou não junto
às Cortes de Contas, seja federal, seja
estadual, é parte ilegítima.
STF. Plenário. ARE 823347 RG, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 02/10/2014
(Repercussão geral).
STF. REsp 1257583/MG, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 08/11/2018.
O próprio Tribunal de Contas poderá propor
a execução de seu acórdão?
NÃO. O art. 71, § 3º, da CF/88 não outorgou
ao TCU legitimidade para executar suas
decisões das quais resulte imputação de
débito ou multa. A competência para isso é
do titular do crédito constituído a partir da
decisão, ou seja, o ente público prejudicado
(AI 826676 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, julgado em 08/02/2011).
SERVIDORES PÚBLICOS (PROGRESSÃO FUNCIONAL) 726
A progressão funcional não está elencada no rol de proibições
do art. 22, parágrafo único, da LRF (limite prudencial)
Importante!!!

É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor


público, quando atendidos todos os requisitos legais, a despeito de
superados os limites orçamentários previstos na Lei de
Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente
público, tendo em vista que a progressão é direito subjetivo do
servidor público, decorrente de determinação legal, estando
compreendida na exceção prevista no inciso I do parágrafo único do
art. 22 da Lei Complementar n. 101/2000. STJ. 1ª Seção. REsp
1.878.849-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
Convocado do TRF da 5ª região), julgado em 24/02/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 1075) (Info 726).

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