Você está na página 1de 2

Temas de Direito Civil V – Pensionamento

1. Dispositivos legais – Código Civil

a) Pensionamento aos pais decorrente da morte de filho

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir


outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu


funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia,


levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

b) Pensionamento decorrente de diminuição da capacidade laborativa

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros
cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a


indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso
de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a
morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo
para o trabalho.

2. Jurisprudência

a) Pensionamento aos pais decorrente da morte de filho

- Segundo a jurisprudência do STJ, é devido o pensionamento aos pais, pela morte de filho, nos
casos de família de baixa renda, equivalente a 2/3 do salário mínimo ou do valor de sua
remuneração, desde os 14 até os 25 anos de idade e, a partir daí, reduzido para 1/3 até a data
correspondente à expectativa média de vida da vítima, segundo tabela do IBGE na data do
óbito ou até o falecimento dos beneficiários, o que ocorrer primeiro (REsp 1421460/PR, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe
26/06/2015). Vítima com 25 anos na data do acidente. 1/3 do salário mínimo como paradigma.
Redução à metade em virtude da culpa concorrente. Fixação do montante de 1/6 do valor do
salário mínimo. Demissão não influi na fixação do pensionamento, que deve seguir os
parâmetros jurisprudenciais estabelecidos, e não o valor pleiteado pela parte, considerando
treze prestações anuais.
- Segundo o STJ, em se tratando de família de baixa renda, presume-se que o filho contribuiria
para o sustento de seus pais, quando tivesse idade para passar a exercer trabalho remunerado,
dano este passível de indenização, na forma do inciso II do art. 948.

- Qual é o valor desta pensão e o seu termo final?

Normalmente, o STJ utiliza os seguintes critérios:

• No período em que o filho falecido teria entre 14 a 25 anos: os pais devem receber pensão
em valor equivalente a 2/3 do salário mínimo;

• No período em que o filho falecido teria acima de 25 anos até 65 anos: os pais devem
receber pensão em valor equivalente a 1/3 do salário mínimo.

- Por que a jurisprudência utiliza estes parâmetros de idade?

• 14 anos é a idade em que a pessoa pode começar a trabalhar, como aprendiz, segundo a
CF/88 (art. 7º, XXXIII). Antes disso, ela não poderia ter nenhuma atividade laborativa
remunerada.

• 25 anos é a idade em que a jurisprudência arbitrou na qual normalmente as pessoas se


casam e, com isso, constituem novo núcleo familiar e, em razão deste fato, passam a ajudar
menos financeiramente os pais.

• 65 anos é a expectativa de vida considerada pela jurisprudência.

- 13º salário

Vale ressaltar, por ser interessante, que o autor do ilícito deverá pagar aos pais do falecido, ao
final de todos anos, uma parcela extra desta pensão, como se fosse um 13º salário que teria
direito o filho caso estivesse vivo e trabalhando (REsp 555036/MT, Rel. Min. Castro Filho,
Terceira Turma, julgado em 19/09/2006). No entanto, para a inclusão do 13º salário no valor
da pensão indenizatória é necessária a comprovação de que a vítima exercia atividade laboral
na época em que sofreu o dano-morte (REsp 1.279.173-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 4/4/2013).

- Esta pensão será devida aos pais de Paulo mesmo que ele ainda não trabalhasse?

SIM. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que é devida a indenização de dano


material consistente em pensionamento mensal aos genitores de menor falecido, ainda que
este não exerça atividade remunerada, considerando que se presume ajuda mútua entre os
integrantes de famílias de baixa renda. (...) (AgRg no REsp 1228184/RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 28/08/2012, DJe 05/09/2012).

Sobre o tema, importante também você mencionar em sua prova a existência da Súmula 491
do STF:

Súmula 491 do STF: É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não
exerça trabalho remunerado.

Você também pode gostar