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Temas de Direito Civil IV – Seguro DPVAT

DPVAT: Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre

1. Prévio requerimento administrativo

A jurisprudência dos Tribunais Estaduais tem aplicado de forma analógica o que foi decidido
pelo STF no RE 631240:

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO


REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A
instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é
compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar
a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a
juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de
requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão
a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se
excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto,
que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o
exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio
requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente
contrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de
revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício
anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal
de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser
formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de
matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração
–, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não
acolhimento ao menos tácito da pretensão. 5. Tendo em vista a
prolongada oscilação jurisprudencial na matéria, inclusive no
Supremo Tribunal Federal, deve-se estabelecer uma fórmula de
transição para lidar com as ações em curso, nos termos a seguir
expostos. 6. Quanto às ações ajuizadas até a conclusão do presente
julgamento (03.09.2014), sem que tenha havido prévio requerimento
administrativo nas hipóteses em que exigível, será observado o
seguinte: (i) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado
Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo não deverá
implicar a extinção do feito; (ii) caso o INSS já tenha apresentado
contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela
resistência à pretensão; (iii) as demais ações que não se enquadrem
nos itens (i) e (ii) ficarão sobrestadas, observando-se a sistemática a
seguir. 7. Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada
no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do
processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será
intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo
dentro do qual a Autarquia deverá colher todas as provas
eventualmente necessárias e proferir decisão. Se o pedido for
acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito
analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente,
extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em
agir e o feito deverá prosseguir. 8. Em todos os casos acima – itens
(i), (ii) e (iii) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão
levar em conta a data do início da ação como data de entrada do
requerimento, para todos os efeitos legais. 9. Recurso extraordinário
a que se dá parcial provimento, reformando-se o acórdão recorrido
para determinar a baixa dos autos ao juiz de primeiro grau, o qual
deverá intimar a autora – que alega ser trabalhadora rural informal –
a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de
extinção. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será
intimado para que, em 90 dias, colha as provas necessárias e profira
decisão administrativa, considerando como data de entrada do
requerimento a data do início da ação, para todos os efeitos legais. O
resultado será comunicado ao juiz, que apreciará a subsistência ou
não do interesse em agir.

(RE 631240, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno,


julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-220 DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10-11-2014)

“33. Portanto, no primeiro grupo de ações (em que se pretende a


obtenção original de uma vantagem), a falta de prévio requerimento
administrativo de concessão deve implicar a extinção do processo
judicial sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir.
No segundo grupo (ações que visam ao melhoramento ou à proteção
de vantagem já concedida), não é necessário prévio requerimento
administrativo para ingresso em juízo, salvo se a pretensão depender
da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da
Administração. Há, ainda, uma terceira possibilidade: não se deve
exigir o prévio requerimento administrativo quando o entendimento
da Autarquia Previdenciária for notoriamente contrário à pretensão
do interessado. Nesses casos, o interesse em agir estará
caracterizado.”

O STJ, contudo, ainda não decidiu a matéria.

2. Cessão de crédito

Não é possível para o caso de indenização de despesas médico-hospitalares. Contudo, é


possível para as demais.

DIREITO CIVIL. CESSÃO DE CRÉDITO RELATIVO AO SEGURO DPVAT.


É possível a cessão de crédito relativo à indenização do seguro DPVAT
decorrente de morte. Isso porque se trata de direito pessoal
disponível, que segue a regra geral do art. 286 do CC, que permite a
cessão de crédito se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a
lei ou a convenção com o devedor. Assim, inexistindo, na lei de
regência do DPVAT (Lei 6.194/1974), óbice à cessão dos direitos
sobre a indenização devida, não cabe ao intérprete impor restrições
ao titular do crédito. Cabe ressaltar que o legislador, quando quis,
vetou expressamente a possibilidade de cessão de crédito decorrente
do seguro DPVAT, mas o fez apenas em relação à hipótese de
reembolso de despesas médico-hospitalares (art. 3º, § 2º, da Lei
6.194/1974, incluído pela Lei 11.945/2009). REsp 1.275.391-RS, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/5/2015, DJe 22/5/2015.

3. Súmulas relacionadas

a) STJ

Súmula 580: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez,
prevista no § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide
desde a data do evento danoso.

(Súmula 580, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/09/2016, DJe 19/09/2016)

Súmula 573: Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do
caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de
laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o
conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução.

(Súmula 573, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/06/2016, DJe 27/06/2016)

Súmula 544: É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados para
estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez
também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida
Provisória n. 451/2008.

(Súmula 544, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015)

Súmula 540: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher
entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu.

(Súmula 540, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)


Súmula 474: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será
paga de forma proporcional ao grau da invalidez.

(Súmula 474, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/06/2012, DJe 19/06/2012)

Súmula 426: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.

(Súmula 426, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/03/2010, DJe 13/05/2010)

Súmula 405: A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três [3] anos.

(Súmula 405, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/11/2009)

Súmula 257: A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais


Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do
pagamento da indenização.

(Súmula 257, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/08/2001, DJ 29/08/2001, p. 100)

SÚMULA 229: O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de


prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.

4. Jurisprudência

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ILEGITIMIDADE DO ESPÓLIO PARA PLEITEAR INDENIZAÇÃO DO


SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT NO CASO DE MORTE DA VÍTIMA.

O espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para
ajuizar ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no
acidente de trânsito. Antes da vigência da Lei 11.482/2007, a indenização do seguro
obrigatório DPVAT, na ocorrência do falecimento da vítima, deveria ser paga em sua totalidade
ao cônjuge ou equiparado e, na sua ausência, aos herdeiros legais. Depois da modificação
legislativa, o valor indenizatório passou a ser pago metade ao cônjuge não separado
judicialmente e o restante aos herdeiros da vítima, segundo a ordem de vocação hereditária
(art. 4º da Lei 6.194/1974, com a redação dada pela Lei 11.482/2007). Desse modo,
depreende-se que o valor oriundo do seguro obrigatório (DPVAT) não integra o patrimônio da
vítima de acidente de trânsito (créditos e direitos da vítima falecida) quando se configurar o
evento morte, mas passa diretamente para os beneficiários. Como se vê, a indenização do
seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima surge somente em razão e após a sua
configuração, ou seja, esse direito patrimonial não é preexistente ao óbito da pessoa
acidentada, sendo, portanto, direito próprio dos beneficiários, a afastar a inclusão no espólio.
De fato, apesar de o seguro DPVAT possuir a natureza de seguro obrigatório de
responsabilidade civil (e não de danos pessoais), deve ser aplicado, por analogia, nesta
situação específica, o art. 794 do CC/2002 (art. 1.475 do CC/1916), segundo o qual o capital
estipulado, no seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, não está sujeito
às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.
Precedentes citados: REsp 1.132.925-SP, Quarta Turma, DJe 6/11/2013; e REsp 1.233.498-PE,
Terceira Turma, DJe 14/12/2011. REsp 1.419.814-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 23/6/2015, DJe 3/8/2015.

DIREITO CIVIL. PRAZO PRESCRICIONAL PARA COBRANÇA OU COMPLEMENTAÇÃO DE VALOR DO


SEGURO DPVAT. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 883.

A pretensão de cobrança e a pretensão a diferenças de valores do seguro obrigatório (DPVAT)


prescrevem em três anos, sendo o termo inicial, no último caso, o pagamento administrativo
considerado a menor. Em relação ao prazo de prescrição da ação de cobrança do seguro
obrigatório (DPVAT), cabe ressaltar que a Segunda Seção do STJ, quando do julgamento do
REsp 1.071.861-SP (DJe 21/8/2009), firmou o entendimento de que o seguro DPVAT não
perdeu a natureza de seguro obrigatório de responsabilidade civil, de modo que o prazo de
prescrição, na vigência do CC/2002, é de três anos. Posteriormente, esse entendimento foi
cristalizado na Súmula 405 do STJ: "A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT)
prescreve em três anos". Quanto à prescrição da ação de cobrança de diferença de valor pago
a menor a título de seguro DPVAT, o STJ consagrou o entendimento de que o prazo de
prescrição para o recebimento da complementação deve ser o mesmo prazo utilizado para o
recebimento da totalidade da indenização securitária, pois o complemento está contido na
totalidade (REsp 1.220.068-MG, Quarta Turma, DJe 1º/2/2012). Assim, o prazo de prescrição
para o exercício da pretensão de cobrança de diferença de indenização paga a menor a título
do seguro obrigatório DPVAT deve ser o de três anos, incidindo também nesta hipótese a
Súmula 405 do STJ. No tocante ao termo inicial do aludido prazo prescricional, cabe assinalar
que, nos termos do art. 202, VI, do CC/2002 (art. 172, V, do CC/1916), qualquer ato
inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor é
considerado causa interruptiva da prescrição, a exemplo do pagamento parcial. Por isso, em
caso de pagamento parcial do seguro DPVAT, este deve ser o termo inicial para a contagem do
prazo prescricional relativo à pretensão ao recebimento complementar da verba indenizatória,
tendo em vista o ato inequívoco da seguradora de reconhecer a condição do postulante como
beneficiário do seguro obrigatório. Nesse passo, cumpre ressaltar e distinguir que a suspensão
do prazo de prescrição se dá apenas durante a tramitação administrativa do pedido de
indenização securitária, voltando a fluir da data da ciência da recusa da seguradora (Súmula
229 do STJ). Por outro lado, se o pleito é acolhido, há, como visto, a interrupção do lapso
prescricional para se postular a indenização integral, caso venha ela a ser paga apenas
parcialmente. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.382.252-PR, Terceira Turma, DJe
30/8/2013; AgRg no AREsp 178.937-SP, Quarta Turma, DJe 4/9/2012; e REsp 1.220.068-MG,
Quarta Turma, DJe 1º/2/2012. REsp 1.418.347-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, julgado em 8/4/2015, DJe 15/4/2015.

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO REFERENTE AO SEGURO DPVAT EM DECORRÊNCIA DE MORTE DE


NASCITURO.

A beneficiária legal de seguro DPVAT que teve a sua gestação interrompida em razão de
acidente de trânsito tem direito ao recebimento da indenização prevista no art. 3º, I, da Lei
6.194/1974, devida no caso de morte. O art. 2º do CC, ao afirmar que a "personalidade civil da
pessoa começa com o nascimento", logicamente abraça uma premissa insofismável: a de que
"personalidade civil" e "pessoa" não caminham umbilicalmente juntas. Isso porque, pela
construção legal, é apenas em um dado momento da existência da pessoa que se tem por
iniciada sua personalidade jurídica, qual seja, o nascimento. Conclui-se, dessa maneira, que,
antes disso, embora não se possa falar em personalidade jurídica - segundo o rigor da
literalidade do preceito legal -, é possível, sim, falar-se em pessoa. Caso contrário, não se
vislumbraria qualquer sentido lógico na fórmula "a personalidade civil da pessoa começa", se
ambas - pessoa e personalidade civil - tivessem como começo o mesmo acontecimento. Com
efeito, quando a lei pretendeu estabelecer a "existência da pessoa", o fez expressamente. É o
caso do art. 6º do CC, o qual afirma que a "existência da pessoa natural termina com a morte",
e do art. 45, caput, da mesma lei, segundo o qual "Começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro". Essa
circunstância torna eloquente o silêncio da lei quanto à "existência da pessoa natural". Se, por
um lado, não há uma afirmação expressa sobre quando ela se inicia, por outro lado, não se
pode considerá-la iniciada tão somente com o nascimento com vida. Ademais, do direito penal
é que a condição de pessoa viva do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor
cerimônia. É que o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título
referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida".
Assim, o ordenamento jurídico como um todo (e não apenas o CC) alinhou-se mais à teoria
concepcionista - para a qual a personalidade jurídica se inicia com a concepção, muito embora
alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com o nascimento, haja vista que o
nascituro é pessoa e, portanto, sujeito de direitos - para a construção da situação jurídica do
nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea. Além
disso, apesar de existir concepção mais restritiva sobre os direitos do nascituro, amparada
pelas teorias natalista e da personalidade condicional, atualmente há de se reconhecer a
titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais
importante, uma vez que, garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos
condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer,
o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. Portanto, o aborto causado pelo
acidente de trânsito subsume-se ao comando normativo do art. 3º da Lei 6.194/1974, haja
vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida
intrauterina. REsp 1.415.727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/9/2014.

DIREITO CIVIL. DEDUÇÃO DO DPVAT DO VALOR DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

O valor correspondente à indenização do seguro de danos pessoais causados por veículos


automotores de via terrestre (DPVAT) pode ser deduzido do valor da indenização por danos
exclusivamente morais fixada judicialmente, quando os danos psicológicos derivem de morte
ou invalidez permanente causados pelo acidente. De acordo com o art. 3º da Lei 6.194/1974,
com a redação dada pela Lei 11.945/2009, os danos pessoais cobertos pelo seguro obrigatório
compreendem "as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por
despesas de assistência médica e suplementares". Embora o dispositivo especifique quais os
danos passíveis de indenização, não faz nenhuma ressalva quanto aos prejuízos morais
derivados desses eventos. A partir de uma interpretação analógica de precedentes do STJ, é
possível concluir que a expressão "danos pessoais" contida no referido artigo abrange todas as
modalidades de dano - materiais, morais e estéticos -, desde que derivados dos eventos
expressamente enumerados: morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e
suplementares. Nesse aspecto, "a apólice de seguro contra danos corporais pode excluir da
cobertura tanto o dano moral quanto o dano estético, desde que o faça de maneira expressa e
individualizada para cada uma dessas modalidades de dano extrapatrimonial" (REsp 1.408.908-
SP, Terceira Turma, DJe de 19/12/2013). De forma semelhante, o STJ também já decidiu que "a
previsão contratual de cobertura dos danos corporais abrange os danos morais nos contratos
de seguro" (AgRg no AREsp 360.772-SC, Quarta Turma, DJe de 10/9/2013). Acrescente-se que
o fato de os incisos e parágrafos do art. 3º da Lei 6.194/1974 já fixarem objetivamente os
valores a serem pagos conforme o tipo e o grau de dano pessoal sofrido não permite inferir
que se esteja excluindo dessas indenizações o dano moral; ao contrário, conclui-se que nesses
montantes já está compreendido um percentual para o ressarcimento do abalo psicológico,
quando aplicável, como é o caso da invalidez permanente que, indubitavelmente, acarreta à
vítima não apenas danos materiais (decorrentes da redução da capacidade laboral, por
exemplo), mas também morais (derivados da angústia, dor e sofrimento a que se submete
aquele que perde, ainda que parcialmente, a funcionalidade do seu corpo). REsp 1.365.540-DF,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/4/2014.

7) No caso de reembolso de despesas de assistência médica e suplementares (DAMS), não há


como ser adotada a tabela do Conselho Nacional dos Seguros Privados (CNSP) que limita o teto
indenizatório a valor inferior ao máximo previsto em lei para o seguro obrigatório (DPVAT).

Acórdãos

AgRg no REsp 1179325/PR,Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, Julgado em


28/05/2013,DJE 14/06/2013

REsp 1139785/PR,Rel. Ministro SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA,TERCEIRA TURMA,Julgado em 11/12/2012, DJE 01/02/2013

Decisões Monocráticas

AREsp 205436/SP,Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,Julgado em


15/08/2013,Publicado em 22/08/2013

8) No caso de reembolso de despesas de assistência médica e suplementares (DAMS),


enquanto não houver permissão legal para adoção de uma tabela de referência que delimite
as indenizações a serem pagas pelas seguradoras, o valor máximo previsto em lei não pode ser
reduzido por resoluções.

Acórdãos

AgRg no REsp 1179325/PR,Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, Julgado em


28/05/2013,DJE 14/06/2013
REsp 1139785/PR,Rel. Ministro SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA,TERCEIRA TURMA,Julgado em 11/12/2012, DJE 01/02/2013

Decisões Monocráticas

AREsp 205436/SP,Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,Julgado em


15/08/2013,Publicado em 22/08/2013

Veja também os periódicos (atualizados até a data de publicação):

Informativo de Jurisprudência n. 0511, publicado em 06 de fevereiro de 2013.

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