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Caderno de informativos - 2021

Superior Tribunal de Justiça – Direito Privado

Resumo Nº Observações
AUSÊNCIA 716
Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais de 5 anos não se tem
notícias dele, será possível requerer diretamente a sucessão
definitiva, sem necessidade de sucessão provisória
Importante!!!

Exemplo: Roberto está desaparecido há 20 anos, sem qualquer


notícia sobre seu paradeiro. Se Roberto estiver vivo, ele já tem mais
que 80 anos de idade. Regina é irmã e única herdeira de Roberto. Ela
ajuizou ação declaratória de ausência. O juiz deferiu o pedido,
declarou que Roberto está ausente e nomeou Regina como curadora
dos seus bens. Passado 1 ano, Regina requereu a abertura da
sucessão definitiva, pedindo a aplicação do art. 38 do CC/2002:

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-


se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam
as últimas notícias dele.

O juiz indeferiu o pedido afirmando o seguinte, antes da sucessão


definitiva, o correto seria a decretação da sucessão provisória e,
ultrapassado o prazo legal, pedir a sucessão definitiva. Não seria
possível requerer diretamente a sucessão definitiva. O art. 38 do CC
somente se aplica para a conversão de sucessão provisória em
sucessão definitiva.

O STJ não concordou com essa interpretação. A regra do art. 38 do


CC traz uma hipótese autônoma de abertura da sucessão
definitiva, que ocorre de forma direta e que não depende da
existência, ou não, de sucessão provisória. É dispensável a
abertura da sucessão provisória quando presentes os requisitos da
sucessão definitiva previstos no art. 38 do CC. Não se afigura
razoável o entendimento de que o herdeiro de um octogenário
desaparecido há mais de cinco anos precise, obrigatoriamente,
passar pela fase da abertura de sucessão provisória, com todos os
seus expressivos prazos, diante de uma hipótese em que é
absolutamente presumível a morte do autor da herança. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.924.451-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
19/10/2021 (Info 716).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
O termo inicial da prescrição da pretensão dos herdeiros ao
arbitramento dos honorários advocatícios, não pagos ao de cujus
que renunciara ao mandato, conta-se da data da renúncia ou
revogação

Exemplo: João contratou Rui (advogado) para propor e acompanhar


uma ação de indenização. Vale ressaltar que não foi formalizado um
contrato, tendo sido o ajuste verbal. O advogado elaborou e
protocolizou a petição inicial da ação. Ocorre que durante a
tramitação do processo, João e Dr. Rui se desentenderam e o
patrono renunciou ao mandato outorgado. Isso ocorreu em
02/02/2015. João não pagou os honorários devidos a Rui pelo
trabalho realizado. Em 03/03/2018, Rui faleceu. Os herdeiros de Rui
desejam ajuizar uma ação de arbitramento dos honorários
advocatícios não pagos contra João a fim de receberem o valor que
seria devido ao seu pai. STJ. 3ª Turma. REsp 1.745.371-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
26/10/2021 (Info 716).
MARCA
Impossibilidade de cumulação de ação de nulidade de registro com
indenização por danos

ODS 16 É indevida a cumulação, em um mesmo processo, do pedido


de reconhecimento de nulidade de registro marcário com o de
reparação de danos causados por particular que teria utilizado
indevidamente marca de outro particular. STJ. 4ª Turma. REsp
1188105-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/3/2013
(Info 519). Não é possível a cumulação dos pedidos de nulidade de
registro de marca e abstenção de uso com o pedido de indenização
por danos materiais e morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.848.033-RJ, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/10/2021 (Info 716).
COMPETÊNCIA
Se uma ação contra o INSS estava tramitando na justiça estadual
por força da competência federal delegada (art. 109, § 3º, da CF)
as alterações promovidas pela Lei 13.876/2019
não irão influenciar neste processo
Importante!!!

Os efeitos da Lei nº 13.876/2019 na modificação de competência


para o processamento e julgamento dos processos que tramitam na
Justiça Estadual no exercício da competência federal delegada
insculpido no art. 109, § 3º, da Constituição Federal, após as
alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 103/2019,
aplicar-se-ão aos feitos ajuizados após 1º de janeiro de 2020. As
ações, em fase de conhecimento ou de execução, ajuizadas antes de
01/01/2020, continuarão a ser processadas e julgadas no juízo
estadual, nos termos em que previsto pelo § 3º do art. 109 da
Constituição Federal, pelo inciso III do art. 15 da Lei nº 5.010/65, em
sua redação original. STJ. 1ª Seção. CC 170.051-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 21/10/2021 (IAC 6) (Info 716)
INTIMAÇÕES
Os entes públicos devem ser intimados pessoalmente pelo Portal
Eletrônico; contudo, se eles não fizeram o cadastramento, será
válida a intimação pelo Diário de Justiça Eletrônico
Importante!!!

Não há ofensa à prerrogativa de intimação pessoal prevista no art.


183 do CPC, quando o ente público deixa de realizar o necessário
cadastramento no Sistema de Intimação Eletrônica do Superior
Tribunal de Justiça, nos termos do art. 1.050 do CPC, sendo válida a
intimação pela publicação no Diário de Justiça Eletrônico. STJ. 1ª
Seção. AR 6.503-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/10/2021
(Info 716).
EXECUÇÃO
Na execução para cobrança das cotas condominiais, o exequente
pode pedir a cobrança não apenas das parcelas vencidas como
também das vincendas, ou seja, daquelas que forem vencendo no
curso do processo

Importante!!!
ODS 16 Segundo as regras do CPC/2015, é possível a inclusão em
ação de execução de cotas condominiais das parcelas vincendas no
débito exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no
curso do processo. Isso porque é possível aplicar o art. 323 do
CPC/2015 ao processo de execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1.756.791-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/08/2019 (Info 653). É
possível a inclusão de parcelas vincendas na execução de título
extrajudicial de contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, desde que homogêneas, contínuas e da mesma
natureza. STJ. 4ª Turma. REsp 1.835.998-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 26/10/2021 (Info 716).
FRAUDE À EXECUÇÃO
A orientação consagrada na Súmula 375/STJ e no julgamento do
Tema 243 é aplicável às hipóteses de alienações sucessivas

Importante!!!

A fraude à execução atua no plano da eficácia, de modo que


conduz à ineficácia da alienação ou oneração do bem em relação
ao exequente. É como se o ato fraudulento não tivesse existido
para o credor. O STJ entende que a inscrição da penhora no
registro do bem não constitui elemento integrativo do ato, mas
sim requisito de eficácia perante terceiros. Por essa razão, o prévio
registro da penhora do bem constrito gera presunção absoluta
(juris et de jure) de conhecimento para terceiros e, portanto, de
fraude à execução caso o bem seja alienado ou onerado após a
averbação. Essa presunção também é aplicável à hipótese na qual
o credor providenciou a averbação, à margem do registro, da
pendência de ação de execução. Por outro lado, se o bem se
sujeitar a registro e a penhora ou a ação de execução não tiver sido
averbada no respectivo registro, tal circunstância não obsta, prima
facie, o reconhecimento da fraude à execução. Nesse caso,
entretanto, caberá ao credor comprovar a má-fé do terceiro; vale
dizer, de que o adquirente tinha conhecimento acerca da
pendência do processo. Essa orientação é consolidada na
jurisprudência do STJ e está cristalizada na Súmula 375 e no
julgamento do Tema 243:

Súmula 375-STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende


do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do
terceiro adquirente.

Tema 243: (...) 1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do


imóvel, é do credor o ônus da prova de que o terceiro adquirente
tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à
insolvência (...) STJ. Corte Especial. REsp 956.943-PR, Rel. para
acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/8/2014
(Recurso Repetitivo – Tema 243) (Info 552).

Em caso de alienações sucessivas, inicialmente, não existe


processo pendente contra o alienante do qual o atual proprietário
adquiriu o imóvel. Por outro lado, existe processo pendente contra
o primeiro alienante (o executado que vendeu o bem mesmo sem
poder fazê-lo). Se não houver registro da ação ou da penhora à
margem da matrícula do bem imóvel alienado a terceiro, o
exequente terá que provar má-fé do adquirente sucessivo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.863.952-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
26/10/2021 (Info 716).
CURATELA 717 Art. 750. O requerente deverá juntar
O laudo médico, previsto no art. 750 do CPC/2015 como necessário laudo médico para fazer prova de suas
à propositura da ação de interdição, pode ser dispensado na alegações ou informar a impossibilidade
hipótese em que o interditando resiste em se submeter ao exame de fazê-lo.
Caso concreto: Regina é filha de João e cuida do seu pai idoso e
enfermo. Com o objetivo de melhor gerenciar os atos da vida civil de
seu genitor, Regina propôs ação de interdição com pedido de tutela
provisória de curatela. Ocorre que o seu pai se nega a realizar
tratamento com especialista. Assim, Regina não conseguiu juntar o
laudo médico necessário para a ação de interdição (art. 750). O art.
750 do CPC ressalva, expressamente, a possibilidade de o laudo
médico ser dispensado na hipótese em que for impossível colacioná-
lo à petição inicial: “O requerente deverá juntar laudo médico para
fazer prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-
lo.” No caso, a justificativa apresentada para a ausência do laudo é
plausível. Vale ressaltar que a juntada do laudo médico na petição
inicial não tem a finalidade de substituir a prova pericial que ainda
será produzida em juízo, conforme expressamente prevê o art. 753
do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.933.597-RO, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
PRESCRIÇÃO
Prescreve em 1 ano a pretensão relativa a contrato de transporte
terrestre de cargas

Incide o prazo de prescrição anual às pretensões relativas ao


contrato de transporte terrestre de cargas antes e depois da
vigência do Código Civil de 2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.785-SP,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/10/2021 (Info
717).
CLÁUSULA PENAL
Caso CBF e Marfrig: contrato de patrocínio da Seleção Brasileira de
Futebol
Importante!!!
ODS 16 Caso concreto: a CBF e a Marfrig celebraram contrato de
patrocínio que tinha previsão de anos de vigência. Ocorre que a
empresa deixou de efetuar os pagamentos, tendo ocorrido a
resolução do ajuste. Havia, no contrato, cláusula penal prevendo o
pagamento de multa de 20%. O STJ não aceitou a sua redução, com
base nos seguintes fundamentos:
A cláusula penal possui natureza mista, ou híbrida, agregando, a
um só tempo, as funções de estimular o devedor ao cumprimento
do contrato e de liquidar antecipadamente o dano. A
jurisprudência do STJ tem admitido o controle judicial do valor da
multa compensatória pactuada, sobretudo quando esta se mostrar
abusiva, para evitar o enriquecimento sem causa de uma das
partes, sendo impositiva a sua redução quando houver
adimplemento parcial da obrigação. Não é necessário que a
redução da multa, na hipótese de adimplemento parcial da
obrigação, guarde correspondência matemática exata com a
proporção da obrigação cumprida, sobretudo quando o resultado
final ensejar o desvirtuamento da função coercitiva da cláusula
penal. No caso concreto, a cláusula penal tinha
preponderantemente função coercitiva, de modo que ela não
poderia ser reduzida ao valor de uma única prestação ao
fundamento de que essa seria a quantia que mais se aproximava
do prejuízo suportado pela autora. Quando na estipulação da
cláusula penal prepondera a finalidade coercitiva, a diferença entre
o valor do prejuízo efetivo e o montante da pena não pode ser
novamente considerada para fins de redução da multa
convencional com fundamento na segunda parte do art. 413 do
Código Civil. A preponderância da função coercitiva da cláusula
penal justifica a fixação de uma pena elevada para a hipótese de
rescisão antecipada, especialmente para o contrato de patrocínio,
em que o tempo de exposição da marca do patrocinador e o
prestígio a ela atribuído acompanham o grau de desempenho da
equipe patrocinada. Em tese, não se mostra excessiva a fixação da
multa convencional no patamar de 20% sobre o valor total do
contrato de patrocínio, de modo a evitar que, em situações que lhe
pareçam menos favoráveis, o patrocinador opte por rescindir
antecipadamente o contrato. Deve-se considerar ainda que a
cláusula penal está inserida em contrato empresarial firmado entre
empresas de grande porte, tendo por objeto valores milionários,
inexistindo assimetria entre os contratantes que justifique a
intervenção em seus termos, devendo prevalecer a autonomia da
vontade e a força obrigatória dos contratos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.803.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
09/11/2021 (Info 717).
ARBITRAGEM
Não é aceitável que a parte provoque a manifestação do juízo
arbitral e, depois de obter o pronunciamento acerca da matéria,
venha a pleitear a nulidade da decisão ao argumento de que não
poderia ter enfrentado o tema
ODS 16 Caso concreto: foi instaurado procedimento de arbitragem
no qual a prestadora de serviços demanda valores ilíquidos que
seriam devidos por uma empresa que está em recuperação judicial.
Essa empresa alegou que o juízo arbitral não seria competente para
apreciar a causa porque os créditos cobrados pela prestadora seriam
concursais. O juízo arbitral refutou o argumento dizendo que os
créditos eram extraconcursais e que o juízo arbitral tinha
competência. A empresa ajuizou ação de nulidade afirmando que só
o juízo estatal da recuperação judicial poderia dizer se o crédito
perseguido é, ou não, extraconcursal. O juízo arbitral não poderia
ter entrado nessa discussão. A ação de nulidade foi julgada
improcedente. O juízo arbitral se manifestou sobre a natureza
extraconcursal do crédito em cobrança como resposta à arguição da
própria empresa autora. Se a competência do juízo arbitral foi
questionada com fundamento na concursalidade do crédito, era
óbvio que o juízo arbitral precisava enfrentar esse argumento para
decidir sobre a sua competência. STJ. 3ª Turma. REsp 1.953.212-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
RESPONSABILIDADE CIVIL Teorias sobre o nexo de causalidade:
Condomínio responde pelos danos causados por funcionário do 1) Teoria da equivalência dos antecedentes;
condomínio que, em seu período de folga, mas em razão do seu 2) Teoria da causalidade adequada;
trabalho, pegou o carro do condomínio e causou danos 3) Teoria do dano direto e imediato
O condomínio edilício responde pelos danos causados por seus Qual é a teoria adotada pelo STJ?
empregados mesmo que fora do horário de expediente, desde que O STJ não adota de maneira única e
em razão do seu trabalho. No caso concreto, o evento danoso exclusivamente uma teoria. Na verdade, “a
ocorreu com a participação do empregado do condomínio, tendo utilização eventual de uma ou outra teoria
em vista que o empregado permaneceu no trabalho e lá mesmo se ou, até mesmo, a conjugação de mais de
embebedou, além de ter se locupletado da informação adquirida em uma delas pode-se mostrar útil ou, até
função de seu emprego para ingressar no veículo e causar o dano. A mesmo, necessária para resolver um
situação se enquadra no art. 932, III, do Código Civil. Trata-se de determinado caso concreto” – observa o
responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, Min. Paulo de Tarso Sanseverino.
independentemente de culpa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.787.026-RJ, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
É necessária a juntada do original do título de crédito na ação de
busca e apreensão ajuizada em virtude do inadimplemento de
contrato de financiamento garantido por alienação fiduciária

ODS 16 Exemplo: João queria comprar um carro de R$ 100 mil, mas


só tinha R$ 40 mil. Diante disso, ele procurou o banco para obter um
empréstimo de R$ 60 mil. A instituição financeira aceitou emprestar
a quantia, no entanto, exigiu que o negócio fosse assim
materializado: i) João deveria emitir uma cédula de crédito bancário
em favor da BV;

ii) o carro adquirido deveria ficar em nome da BV como garantia em


alienação fiduciária.

Como João se tornou inadimplente, o banco ajuizou ação de busca


e apreensão contra ele. É indispensável que o autor junte o original
do título de crédito (no caso, a cédula de crédito bancário). Isso
porque, se o bem não for encontrado, a busca e apreensão se
converterá em execução e na execução é indispensável, como
regra, a juntada do título original. Obs: a cédula de crédito pode
ser emitida de forma cartular (“em papel”) ou escritural
(eletrônica). Se a CCB for escritural, por óbvio, não há que se falar
em juntada do original já que não é um documento físico. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.946.423-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
09/11/2021 (Info 717).
PLANOS DE SAÚDE As operadoras de plano de saúde não estão
A operadora do plano de saúde deve custear medicamento obrigadas a fornecer medicamento não
importado, o qual, apesar de não registrado pela ANVISA, possui registrado pela ANVISA.
autorização para importação em caráter excepcional STJ. 2ª Seção. REsp 1.712.163-SP, Rel. Min.
Importante!!! Moura Ribeiro, julgado em 08/11/2018
(Recurso Repetitivo – Tema 990) (Info 638).
Como regra geral: as operadoras de plano de saúde não estão
obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA (STJ.
2ª Seção. REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
08/11/2018. Recurso Repetitivo – Tema 990).

No entanto, se o medicamento prescrito pelo médico, embora se


trate de fármaco importado ainda não registrado pela ANVISA,
teve a sua importação excepcionalmente autorizada pela referida
Agência Nacional, neste caso, ele será considerado como de
cobertura obrigatória pela operadora de plano de saúde. Trata-se,
portanto, de uma exceção ao que o STJ decidiu no Tema 990 acima
exposto. Resumindo: é de cobertura obrigatória pela operadora de
plano de saúde, o medicamento que, apesar de não registrado pela
ANVISA, teve a sua importação excepcionalmente autorizada pela
referida Agência Nacional. STJ. 3ª Turma. REsp 1.943.628-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
CHEQUE
O protesto de título de crédito realizado enquanto ainda existe a
possibilidade de cobrança relativa ao crédito referente ao negócio
jurídico subjacente não gera danos morais ao devedor
Importante!!!

Situação hipotética: João emitiu um cheque em 27/9/2005 em favor


de Pedro. Pedro protestou o cheque em 09/10/2009. Esse protesto
foi regular? Não. Isso porque o cheque já estava prescrito. Não é
possível o protesto de cheques após ter transcorrido o lapso
prescricional de 6 meses para a execução (cambial), que flui após o
prazo de apresentação. Diante disso, João ajuizou ação de
indenização por danos morais contra Pedro alegando que o réu lhe
causou abalo extrapatrimonial porque fez um protesto indevido.
Pedro contestou a demanda afirmando que, realmente, o cheque
está prescrito, no entanto, mesmo assim, ele ainda poderá cobrar o
valor da cártula por outros meios, como a ação monitória (Súmula
503 do STJ). Logo, não deveria haver condenação em danos morais.
O que o STJ decidiu? Cabe condenação em danos morais neste caso?
Não. O protesto de título de crédito realizado enquanto ainda existe
a possibilidade (pretensão) de cobrança relativa ao crédito referente
ao negócio jurídico subjacente não gera danos morais ao devedor.
Cuidando-se de protesto irregular de título de crédito, o
reconhecimento do dano moral está atrelado à ideia do abalo do
crédito causado pela publicidade do ato notarial, que, naturalmente,
faz associar ao devedor a pecha de “mau pagador” perante a praça.
Todavia, na hipótese em que o protesto é irregular por estar
prescrita a pretensão executória do credor, havendo, porém, vias
alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada no título,
não há se falar em abalo de crédito, na medida em que o emitente
permanece na condição de devedor. STJ. 3ª Turma. REsp
1713130/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020. STJ.
4ª Turma. REsp 1.536.035-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 26/10/2021 (Info 717).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Os honorários advocatícios devem ser fixados com base em
equidade
se a situação estiver fora das hipóteses do art. 85, § 2º, do CPC/2015

ODS 16 Nos casos em que o acolhimento da pretensão não tenha


correlação com o valor da causa ou não permita estimar eventual
proveito econômico, os honorários de sucumbência devem ser
arbitrados, por apreciação equitativa (§ 8º do art. 85) porque a
situação não se enquadra nas hipóteses do § 2º do art. 85 do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.885.691-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, jugado em 26/10/2021 (Info 717).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Juiz pode, mesmo no cumprimento de sentença de dívidas de
natureza cível, deferir consulta ao CCS-Bacen com o objetivo de
apurar a existência de patrimônio do devedor
Importante!!!

O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CSS) é um


sistema informatizado, mantido pelo Banco Central, que mostra
onde os clientes das instituições financeiras possuem contas
correntes, poupanças, depósitos e outros bens, direitos e valores. O
CSS está previsto no art. 10-A da Lei de Lavagem de Dinheiro. É
possível a determinação de consulta ao CCS-Bacen em cumprimento
de sentença de natureza cível com o fim de apurar a existência de
patrimônio do devedor. O CCS-Bacen ostenta natureza meramente
cadastral. Não implica constrição, mas sim subsídio à eventual
constrição, e funciona como meio para o atingimento de um fim,
que poderá ser a penhora de ativos financeiros por meio do
BacenJud. Dessa forma, não há qualquer impedimento à consulta ao
CCS-Bacen nos procedimentos cíveis, devendo ser considerado
como apenas mais um mecanismo à disposição do credor na busca
para satisfazer o seu crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.938.665-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 718
Ainda que intimada após a vigência do CPC/2015, é possível o
decreto de desconsideração da personalidade jurídica, sem o prévio
contraditório, quando a decisão foi publicada na vigência do
CPC/1973

Caso adaptado: em 2012, a seguradora ajuizou ação de indenização


por danos materiais contra uma empresa (Arnon Ltda). O juiz julgou
o pedido procedente, condenando a empresa a pagar a indenização.
Houve o trânsito em julgado em 2014. No cumprimento de
sentença, sem ainda receber o pagamento e ter tentado de todas as
formas alcançar o patrimônio da executada (Arnon Ltda – “Arnon
1”), a seguradora apresentou pedido de desconsideração inversa da
personalidade jurídica, para alcançar o patrimônio de outra pessoa
jurídica pertencente ao mesmo grupo econômico que detinha o
mesmo sócio, a Arnon Participações Ltda. (“Arnon 2”). Em 2014, ou
seja, antes da entrada em vigor do CPC/2015, o Juiz, em decisão
interlocutória inaudita altera pars (sem que fosse ouvida a outra
parte), acolheu o pedido e desconsiderou a personalidade jurídica
da executada Arnon 1, para alcançar o patrimônio da Arnon 2. Essa
decisão foi publicada em 2014, isto é, ainda na vigência do
CPC/1973. A Arnon 2, contudo, não fazia parte do processo
anteriormente. Logo, a publicação da decisão não servia como
forma de comunicação para ela da decisão judicial. A Arnon 2
somente foi intimada da decisão acima em 2019, ou seja, depois que
já estava em vigor o CPC/2015. A Arnon 2 recorreu alegando
nulidade da decisão que decretou a desconsideração porque não
houve contraditório prévio. A controvérsia jurídica pode assim ser
resumida: - o juiz, por decisão interlocutória proferida e publicada
na vigência do CPC/1973, decretou a desconsideração sem prévio
contraditório. Nem o CPC/1973 nem a jurisprudência do STJ exigiam
prévio contraditório. - a parte atingida foi intimada quando já estava
em vigor o CPC/2015, que passou a exigir prévio contraditório. A
decisão foi mantida. O fato de a intimação da empresa alcançada
pela desconsideração ter ocorrido depois da em vigor do CPC/2015
não torna essa legislação aplicável a fatos processuais anteriores,
sob pena de se estar aplicando retroativamente a norma processual,
o que viola o art. 14 do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.015-PE, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
PROMESSA DE COMPRA E VENDA
Na rescisão de contrato de compra e venda de imóvel residencial
não edificado, o adquirente não pode ser condenado ao
pagamento de taxa de ocupação

Exemplo: João celebrou contrato de promessa de compra e venda


de um lote de terreno com uma empresa (promitente-vendedora).
João obrigou-se a pagar o valor de R$ 96 mil, parcelados em 48
meses. Durante a vigência do contrato, João já ficaria na posse do
lote porque ali iria construir uma casa. Depois de 1 ano pagando as
parcelas, João perdeu seu emprego. Como não mais iria conseguir
adimplir as prestações, ele ajuizou ação de resilição contratual
requerendo o desfazimento do negócio com a restituição dos
valores que havia pagado. Vale ressaltar que a casa que João
pretendia edificar nem começou a ser construída no local. A
empresa apresentou resposta pedindo para que João fosse
condenado ao pagamento de taxa de ocupação pelo período de 1
ano que passou na posse do imóvel. Não é devida a taxa de
ocupação. No contrato de compra e venda de imóveis residenciais, o
enriquecimento sem causa do comprador é identificado pela
utilização do bem para sua moradia, a qual deveria ser objeto de
contraprestação mediante o pagamento de aluguéis ao vendedor
pelo tempo de permanência. Na presente hipótese, o terreno não
está edificado, de modo que não existe possibilidade segura e
concreta de se afirmar que a empresa auferiria proveito com a
cessão de seu uso e posse a terceiros, se não o tivesse concedido ao
promitente-comprador, estando, pois, ausente o requisito de seu
empobrecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.936.470-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
COMPETÊNCIA
É ilegal e inaplicável Resolução do Tribunal de Justiça que atribui
competência exclusiva para as ações propostas contra a Fazenda
Pública em desconformidade com as regras processuais previstas na
legislação federal

Tese A) Prevalecem sobre quaisquer outras normas locais, primárias


ou secundárias, legislativas ou administrativas, as seguintes
competências de foro: i) em regra, do local do dano, para ação civil
pública (art. 2º da Lei nº 7.347/85); ii) ressalvada a competência da
Justiça Federal, em ações coletivas, do local onde ocorreu ou deva
ocorrer o dano de impacto restrito, ou da capital do estado, se os
danos forem regionais ou nacionais, submetendo-se ainda os casos à
regra geral do CPC, em havendo competência concorrente (art. 93, I
e II, do CDC). Tese B) São absolutas as competências: i) da Vara da
Infância e da Juventude do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
ação ou a omissão, para as causas individuais ou coletivas arroladas
no ECA, inclusive sobre educação e saúde, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores (arts. 148, IV, e 209 da Lei nº 8.069/90 e Tese nº
1.058/STJ); ii) do local de domicílio do idoso nas causas individuais
ou coletivas versando sobre serviços de saúde, assistência social ou
atendimento especializado ao idoso portador de deficiência,
limitação incapacitante ou doença infectocontagiosa, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores (arts. 79 e 80 da Lei nº 10.741/2003 e 53, III, e,
do CPC/2015); iii) do Juizado Especial da Fazenda Pública, nos foros
em que tenha sido instalado, para as causas da sua alçada e matéria
(art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009); iv) nas hipóteses do item (iii),
faculta-se ao autor optar livremente pelo manejo de seu pleito
contra o estado no foro de seu domicílio, no do fato ou ato
ensejador da demanda, no de situação da coisa litigiosa ou, ainda,
na capital do estado, observada a competência absoluta do Juizado,
se existente no local de opção (art. 52, parágrafo único, do
CPC/2015, c/c o art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009). Tese C) A
instalação de vara especializada não altera a competência prevista
em lei ou na Constituição Federal, nos termos da Súmula n. 206/STJ
(“A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera
a competência territorial resultante das leis de processo.”). A
previsão se estende às competências definidas no presente IAC n.
10/STJ. Tese D) A Resolução n. 9/2019/TJMT é ilegal e inaplicável
quanto à criação de competência exclusiva em comarca eleita em
desconformidade com as regras processuais, especificamente
quando determina a redistribuição desses feitos, se ajuizados em
comarcas diversas da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da
Comarca de Várzea Grande/MT. Em consequência: i) fica vedada a
redistribuição à 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da
Comarca de Várzea Grande/MT dos feitos propostos ou em
tramitação em comarcas diversas ou em juizados especiais da
referida comarca ou de outra comarca, cujo fundamento, expresso
ou implícito, seja a Resolução n. 9/2019/TJMT ou normativo similar;
ii) os feitos já redistribuídos à 1ª Vara Especializada de Várzea
Grande/MT com fundamento nessa norma deverão ser devolvidos
aos juízos de origem, salvo se as partes, previamente intimadas,
concordarem expressamente em manter o processamento do feito
no referido foro; iii) no que tange aos processos já ajuizados - ou que
venham a ser ajuizados - pelas partes originariamente na 1ª Vara
Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande/MT,
poderão prosseguir normalmente no referido juízo; iv) não se
aplicam as previsões dos itens (ii) e (iii) aos feitos de competência
absoluta, ou seja: de competência dos Juizados Especiais da
Fazenda, das Varas da Infância e da Juventude ou do domicílio do
idoso, nos termos da Tese B deste IAC n. 10/STJ. STJ. 1ª Seção. REsp
1.896.379-MT, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2021
(Tema IAC 10) (Info 718).
Compete à Primeira Seção do STJ julgar recurso envolvendo ação
regressiva proposta pela seguradora contra a concessionária por
danos causados no veículo segurado
Baixa relevância para concursos
Compete à Primeira Seção do STJ o julgamento de ação regressiva
por sub-rogação da seguradora nos direitos do segurado movida por
aquela contra concessionária de rodovia estadual, em razão de
acidente de trânsito. Caso concreto: Sul América Seguros ajuizou
ação contra a concessionária de rodovias pedindo o ressarcimento
do valor por ela despendido no conserto do veículo segurado, em
razão de acidente ocorrido por suposta falha na prestação de serviço
da ré. O recurso interposto no STJ envolvendo esse processo deverá
ser julgado por uma das Turmas que compõe a 1ª Seção e que
tratam sobre direito público. STJ. Corte Especial. CC 181.628-DF, Rel.
Min. Raul Araújo, julgado em 11/11/2021 (Info 718).
TUTELA PROVISÓRIA DEFENSORIA
Qual é o termo inicial para a contagem do prazo de 30 dias previsto
no art. 308 do CPC para formulação do pedido principal na hipótese
em que a tutela cautelar é cumprida de forma parcial?

A contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do


CPC/2015 para formulação do pedido principal se inicia na data em
que for totalmente efetivada a tutela cautelar.
Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser
formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela
cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas
processuais.

Exemplo: a Agrex S/A celebrou contrato com uma cooperativa para


que ela fornecesse 250 mil sacas de soja. A contratante pagou o
valor devido, no entanto, a cooperativa não entregou a soja.
Diante disso, a Agrex formulou pedido de tutela cautelar
antecedente contra a cooperativa, objetivando o sequestro das
250 mil sacas de soja contratadas. O magistrado deferiu a tutela
pleiteada, determinando o sequestro da soja mencionada. Ocorre
que somente se conseguiu a apreensão de 150 mil sacas de soja.
Em outras palavras a tutela cautelar foi parcialmente efetivada. O
prazo de 30 dias para a autora formular o pedido principal não se
iniciou. Isso porque só houve a efetivação parcial da tutela
cautelar. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.457-GO, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 9/11/2021 (Info 718).
SOCIEDADE ANÔNIMA
No cálculo para emissão de novas ações é possível
considerar a rentabilidade futura da companhia?
ODS 16 O valor fixado das ações a serem subscritas, com base na
perspectiva de rentabilidade, deve ser aferido com base em
elementos disponíveis na época do aumento de capital e não a
partir do efetivo desempenho da empresa no futuro. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.838.870-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
14/09/2021 (Info 718).
FALÊNCIA
É possível que a Fazenda Pública habilite na falência o crédito
tributário que já está sendo cobrado em uma execução fiscal em
curso?
Importante!!!
ODS 16 É possível a Fazenda Pública habilitar em processo de
falência crédito tributário objeto de execução fiscal em curso,
mesmo antes da vigência da Lei nº 14.112/2020, e desde que não
haja pedido de constrição de bens no feito executivo. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.872.759-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
18/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1092) (Info 718).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL Art. 83. A classificação dos créditos na
É possível a aplicação do art. 83, I, da Lei nº 11.101/2005 para a falência obedece à seguinte ordem:
recuperação judicial? I - os créditos derivados da legislação
trabalhista, limitados a 150 (cento e
Em se tratando de crédito trabalhista por equiparação (honorários cinquenta) salários-mínimos por credor, e
advocatícios de alta monta), é possível a aplicação do limite aqueles decorrentes de acidentes de
previsto no art. 83, I, da Lei nº 11.101/2005 por deliberação da trabalho;
Assembleia Geral de Credores, desde que devido e expressamente (...)
previsto no plano de recuperação judicial. Art. 83. A classificação
dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I - os créditos
derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e
cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho; STJ. 4ª Turma. REsp 1.812.143-MT, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 09/11/2021 (Info 718).
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET 719 O provedor de pesquisa é uma espécie do
Não se pode impor a provedores de buscas a obrigação genérica de gênero provedor de conteúdo.
desindexar resultados obtidos a partir do arquivo ilicitamente A filtragem do conteúdo das pesquisas
divulgado na internet feitas por cada usuário não constitui
atividade intrínseca ao serviço prestado
Não é possível impor a provedores de aplicações de pesquisa na pelos provedores de pesquisa, de modo que
internet o ônus de instalar filtros ou criar mecanismos para eliminar não se pode reputar defeituoso, nos termos
de seu sistema a exibição de resultados de links contendo o do art. 14 do CDC, o site que não exerce
documento supostamente ofensivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.593.249- esse controle sobre os resultados das
RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info buscas.
719). Os provedores de pesquisa não podem ser
obrigados a eliminar do seu sistema os
resultados derivados da busca de
determinado termo ou expressão,
tampouco os resultados que apontem para
uma foto ou texto específico.
Não se pode, sob o pretexto de dificultar a
propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo
na web, reprimir o direito da coletividade à
informação. Sopesados os direitos
envolvidos e o risco potencial de violação de
cada um deles, o fiel da balança deve
pender para a garantia da liberdade de
informação assegurada pelo art. 220, § 1º,
da CF/88, sobretudo considerando que a
Internet representa, hoje, importante
veículo de comunicação social de massa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1316921-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 26/6/2012 (Info
500).

Para o STJ, mesmo com a entrada em vigor


do Marco Civil da Internet (Lei nº
12.965/2014), ficou mantido o
entendimento de que não cabe aos
provedores de pesquisa exercer controle
prévio de filtragem de resultados de busca
ou de determinados arquivos associados a
parâmetros de pesquisa definidos por
usuários outros daquele serviço de
aplicação.
Em razão do exposto, o STJ deu parcial
provimento ao recurso do Google para dizer
que a empresa não pode ser condenada de
forma genérica à obrigação de remover dos
resultados de busca links que contenham o
“(...) arquivo infamante nelas
disponibilizado quando realizada pesquisa
nominal à autora com variações de seu
nome e sobrenome (...), e,
simultaneamente, que providencia a mesma
medida em face do ressurgimento daquele
vínculo a partir de qualquer outra URL, no
prazo máximo de 24 horas contado a partir
da notificação expressa feita pela
demandante (...)”.
Assim, desindexar não pode.

O STJ concordou com a SEGUNDA


providência requerida pela autora?
SIM.
O Min. Ricardo Villas Bôas Cueva afirmou
que existe uma diferença entre
desindexação de resultados de busca e
remoção (exclusão) de conteúdo específico
constante de páginas na web (URLs):
• Desindexação de resultados de busca
(impedir que o Google mostre determinada
página que, no entanto, continua existindo
na web): STJ não admite.
• Remoção de conteúdo específico que
está em determinado site: STJ admite.
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET DOD PLUS – ALGUNS CONCEITOS
Provedor de e-mail não é obrigado a guardar e-mails que foram INTERESSANTES
deletados Espécies de provedores de serviços de
Provedor de e-mail não pode ser responsabilizado pelo fato de um Internet:
hacker, ao conseguir acessar a conta de e-mail do usuário, ter a) provedores de backbone (espinha
subtraído as criptomoedas que ele possuía dorsal): detêm estrutura de rede capaz de
processar grandes volumes de informação.
Provedor de e-mail não é obrigado a guardar e-mails que foram São os responsáveis pela conectividade da
deletados Não há previsão legal atribuindo aos provedores de Internet, oferecendo sua infraestrutura a
aplicações que oferecem serviços de e-mail o dever de armazenar as terceiros, que repassam aos usuários finais
mensagens recebidas ou enviadas pelo usuário e que foram acesso à rede. Ex: Embratel.
deletadas. O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) não impõe b) provedores de acesso: adquirem a
esse dever aos provedores de e-mail. Provedor de e-mail não pode infraestrutura dos provedores backbone e
ser responsabilizado pelo fato de um hacker, ao conseguir acessar a revendem aos usuários finais, possibilitando
conta de e-mail do usuário, ter subtraído as criptomoedas que ele a estes conexão com a Internet. Exs: GVT,
possuía O provedor de aplicações que oferece serviços de e-mail não Claro, Vivo, TIM.
pode ser responsabilizado pelos danos materiais decorrentes da c) provedores de hospedagem: armazenam
transferência de bitcoins realizada por hacker. O usuário teve a sua dados de terceiros, conferindo-lhes acesso
conta de e-mail invadida por um hacker, que também acessou a sua remoto. Exs: HostGator, Locaweb, KingHost,
carteira de bitcoins e transferiu as criptomoedas para a conta de UolHost.
outro usuário. Não se pode atribuir ao Gmail a responsabilidade por d) provedores de informação: produzem as
tais danos materiais porque, ainda que a gerenciadora adote o informações divulgadas na Internet. São os
sistema de dupla autenticação, qual seja, digitação da senha e envio, autores das informações;
via e-mail, do link de acesso, a simples entrada neste é insuficiente e) provedores de conteúdo: disponibilizam
para propiciar o ingresso na carteira virtual e, consequentemente, a na rede os dados criados ou desenvolvidos
transação das criptomoedas. Logo, a ausência de nexo causal entre pelos provedores de informação ou pelos
o dano e a conduta do Gmail obsta a atribuição a esta da próprios usuários da web.
responsabilidade pelo prejuízo material experimentado pelo É frequente que provedores ofereçam mais
usuário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.885.201-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, de uma modalidade de serviço de Internet;
julgado em 23/11/2021 (Info 719). daí a confusão entre essas diversas
modalidades. Entretanto, a diferença
conceitual subsiste e é indispensável à
correta imputação da responsabilidade
inerente a cada serviço prestado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.316.921/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, DJe 29/06/2012.
DIVÓRCIO
Não se comunicam, na partilha decorrente de divórcio, os bens
adquiridos por uma das partes antes do casamento, no período de
namoro

Exemplo hipotético: em 2015, Lúcia adquiriu um aparamento


financiado em 60 prestações mensais; nessa época, Lúcia namorava
Henrique. Lúcia arcou, de forma autônoma e independente, com os
valores para a aquisição do imóvel, sem qualquer ajuda financeira
por parte de Henrique. Em 2018, Lúcia e Henrique se casaram, sob o
regime da comunhão parcial de bens. Em 2020, Lúcia terminou de
pagar o financiamento do apartamento. Em 2021, Lúcia e Henrique
se divorciaram. A mulher arcou de forma autônoma e independente
com os valores para a aquisição do bem, motivo pelo qual o
pagamento de financiamento remanescente não repercute em
posterior partilha por ocasião do divórcio, sendo considerado
montante estranho à comunhão de bens. O ex-cônjuge não faz jus a
nenhum benefício patrimonial decorrente do negócio jurídico, sob
pena de a circunstância configurar um manifesto enriquecimento
sem causa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.841.128-MG, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
FALÊNCIA Portanto, a execução fiscal e o pedido de
É possível que a Fazenda Pública habilite na falência o crédito habilitação de crédito no juízo falimentar
tributário que já está sendo cobrado em uma execução fiscal em coexistem a fim de preservar o interesse
curso? maior, que é a satisfação do crédito
Importante!!! tributário, não podendo a prejudicialidade
do processo falimentar ser confundida com
É cabível o pedido de habilitação de crédito da Fazenda Pública na falta de interesse de agir do ente público.
falência desde que suspensa a execução fiscal. STJ. 4ª Turma. REsp Vale ressaltar, mais uma vez, que para a
1.872.153-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/11/2021 habilitação do crédito na falência, a Fazenda
(Info 719). Pública não pode pleitear a constrição de
bens no processo executivo.
Depois da Lei nº 14.112/2020, o
entendimento do STJ continua o mesmo?
Continua sendo possível a habilitação do
crédito tributário na falência, mesmo que
ele já esteja sendo objeto de execução fiscal
em curso?
SIM. A Lei nº 14.112/2020 acrescentou o
art. 7º-A corroborando o entendimento do
STJ acima explicado. Confira:
ASTREINTES
Para se iniciar a execução provisória da multa cominatória não é
mais necessário aguardar a prolação da sentença, no entanto, o
levantamento só é possível com o trânsito em julgado

É possível a execução provisória da multa cominatória fixada em


tutela provisória de urgência?
CPC/1973: a multa cominatória fixada em antecipação de tutela
somente podia ser objeto de execução provisória
• após a sua confirmação pela sentença de mérito e;
• desde que o recurso eventualmente interposto não fosse recebido
com efeito suspensivo. STJ REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei
Beneti, j. 1º/7/2014 (Tema 743).

CPC/2015: Art. 537 (...) § 3º A decisão que fixa a multa é passível de


cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo,
permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da
sentença favorável à parte.

Desse modo, à luz do CPC/2015, não se aplica a tese firmada no


julgamento do REsp 1.200.856/RS, considerando que o novo CPC
inovou na matéria, permitindo a execução provisória da multa
cominatória mesmo antes da prolação de sentença de mérito. STJ.
3ª Turma. REsp 1.958.679-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 23/11/2021 (Info 719).
CONDOMÍNIO 720
O condomínio que possui destinação exclusivamente residencial
pode proibir a locação de unidade autônoma por curto período de
tempo
Importante!!!
Tema apreciado no Info 693-STJ

A exploração econômica de unidades autônomas mediante locação


por curto ou curtíssimo prazo, caracterizada pela eventualidade e
pela transitoriedade, não se compatibiliza com a destinação
exclusivamente residencial atribuída ao condomínio. A afetação do
sossego, da salubridade e da segurança, causada pela alta
rotatividade de pessoas estranhas e sem compromisso duradouro
com a comunidade na qual estão temporariamente inseridas, é o
que confere razoabilidade a eventuais restrições impostas com
fundamento na destinação prevista na convenção condominial. O
direito de propriedade, assegurado constitucionalmente, não é só
de quem explora economicamente o seu imóvel, mas sobretudo
daquele que faz dele a sua moradia e que nele almeja encontrar,
além de um lugar seguro para a sua família, a paz e o sossego
necessários para recompor as energias gastas ao longo do dia. STJ.
3ª Turma. REsp 1.884.483-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 23/11/2021 (Info 720).

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
Locatário do imóvel objeto da alienação fiduciária em garantia não
tem que pagar taxa de ocupação ao credor fiduciário que teve a
propriedade consolidada em suas mãos

O locatário do imóvel cuja propriedade foi consolidada nas mãos


do credor fiduciário diante da inadimplência do devedor fiduciante
(antigo locador do bem) não é parte legítima para responder pela
taxa de ocupação, prevista no art. 37-A da Lei nº 9.514/97, por não
fazer parte da relação jurídica que fundamenta a cobrança da taxa
em questão. Exemplo hipotético: Pedro (devedor fiduciante)
alugou o imóvel objeto da alienação fiduciária para Carlos. Pedro
não pagou as prestações do mútuo ao banco e houve a
consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário
(instituição financeira). O banco não pode cobrar a taxa de
ocupação de Carlos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.966.030-SP, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO Defensoria
Não é possível usucapião de imóvel vinculado ao Sistema
Financeiro de Habitação, ainda que em situação de abandono
Importante!!!

O imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, porque


afetado à prestação de serviço público, deve ser tratado como bem
público, sendo, pois, imprescritível. Mesmo o eventual abandono de
imóvel público não possui o condão de alterar a natureza jurídica
que o permeia, pois não é possível confundir a usucapião de bem
público com a responsabilidade da Administração pelo abandono de
bem público. Com efeito, regra geral, o bem público é indisponível.
Eventual inércia dos gestores públicos, ao longo do tempo, não pode
servir de justificativa para perpetuar a ocupação ilícita de área
pública, sob pena de se chancelar ilegais situações de invasão de
terras. STJ. 3ª Turma. REsp 1.874.632-AL, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 25/11/2021 (Info 720).
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET
Os provedores de conexão à internet devem guardar para
eventualmente fornecer, mediante ordem judicial, os dados
cadastrais dos usuários
Importante!!!

Os provedores de conexão à internet devem fornecer os dados


cadastrais (nome, endereço, RG e CPF) dos usuários responsáveis
por publicação de vídeos no Youtube com ofensas à memória de
pessoa falecida.

Os provedores são obrigados a guardar os DADOS PESSOAIS do


usuário?
• Provedores de CONEXÃO à internet: SIM (devem guardar os dados
pessoais).
• Provedores de APLICAÇÕES de internet: NÃO (basta armazenarem
o IP). STJ. 4ª Turma. REsp 1.914.596-RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
ALIMENTOS Defensoria
O alimentante pode propor ação de exigir contas contra a guardiã
do menor/alimentado para obtenção de informações acerca da
destinação da pensão paga mensalmente?

O alimentante pode propor ação de exigir contas contra a guardiã


do menor/alimentado para obtenção de informações acerca da
destinação da pensão paga mensalmente?

4ª Turma do STJ: SIM

O genitor pode propor ação de prestação de contas em face do


outro genitor relativamente aos valores decorrentes de pensão
alimentícia. O Código Civil prevê que, após cessar a coabitação dos
genitores pela dissolução da sociedade conjugal, os pais continuam
com o dever de sustentar os filhos. O pai ou a mãe que não ficar na
companhia dos filhos cumprirá esse dever por meio da prestação de
alimentos (art. 1.703). Por outro lado, o pai ou a mãe que não ficar
com a guarda do filho tem o direito-dever de fiscalizar a
manutenção e a educação de sua prole (art. 1.589). O poder-dever
fiscalizatório do genitor que não detém a guarda com exclusividade
tem por objetivo evitar que ocorram abusos e desvios de finalidade
no que tange à administração da pensão alimentícia. Para isso, esse
genitor poderá verificar se as despesas e gastos estão sendo
realizados para manutenção e educação da prole. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.911.030-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
01/06/2021 (Info 699).

3ª Turma do STJ: NÃO

O alimentante não possui interesse processual em exigir contas da


detentora da guarda do alimentando. A ação de prestação de contas
tem a finalidade de declarar a existência de um crédito ou débito
entre as partes. Nas obrigações alimentares, não há saldo a ser
apurado em favor do alimentante, porquanto, cumprida a
obrigação, não há repetição de valores. A ação de prestação de
contas proposta pelo alimentante é via inadequada para fiscalização
do uso de recursos transmitidos ao alimentando por não gerar
crédito em seu favor e não representar utilidade jurídica. O
alimentante não possui interesse processual em exigir contas da
detentora da guarda do alimentando porque, uma vez cumprida a
obrigação, a verba não mais compõe o seu patrimônio,
remanescendo a possibilidade de discussão do montante em juízo
com ampla instrução probatória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.767.456-MG,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/11/2021 (Info
720).
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Se o consumidor alega que a assinatura do contrato bancário é falsa,
a instituição financeira é quem terá o ônus de provar que é
autêntica
Importante!!!

Na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade


da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo
pela instituição financeira, caberá a esta o ônus de provar a
autenticidade (arts. 6º, 369 e 429, II, do CPC). STJ. 2ª Seção. REsp
1.846.649-MA, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1061) (Info 720).
RECLAMAÇÃO
A Reclamação com base na alegação de descumprimento de decisão
proferida pelo STJ em caso concreto independe, para sua
admissibilidade, da publicação do acórdão impugnado ou do juízo de
retratação previsto no art. 1.030, II, do CPC

Situação adaptada: o STJ, ao julgar o recurso especial interposto pela


autora em um caso concreto, reconheceu o nexo causal entre a
conduta da ré e dano e determinou que o processo retornasse ao TJ
para julgar a ação de indenização com base nessa premissa. O TJ,
contudo, voltou a dizer que não havia nexo de causalidade. Cabe
reclamação contra essa decisão, sem que seja necessário interpor
outro recurso especial, sem necessidade de garantir a possibilidade
de juízo de retratação por parte do TJ e mesmo antes do acórdão do
TJ ser publicado. STJ. 1ª Seção. Rcl 41.894-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 24/11/2021 (Info 720).
PRECATÓRIOS
Para a cessão de crédito em precatório, em regra, não há
obrigatoriedade que se realize por escritura pública

No ordenamento jurídico pátrio, vigora o princípio da liberdade de


forma (art. 107 do CC). Assim, a não ser que a lei expressamente
exija forma especial, a regra é no sentido de que a declaração de
vontade não depende de forma especial.
No caso da cessão de crédito, o art. 288 do Código Civil afirma que:
• em regra, não se trata de contrato solene.
• no entanto, para valer perante terceiros, é necessário que seja
celebrada por instrumento público ou por instrumento particular
inscrito no Registro Público. STJ. 1ª Turma. RMS 67.005-DF, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/11/2021 (Info 720).
PROCESSO COLETIVO Defensoria
É desnecessária a apresentação nominal do rol
de filiados para o ajuizamento de Ação Civil Forma de atuação de uma associação em
um processo coletivo
Pública por associação A atuação das associações em processos
Importante!!! coletivos pode se verificar de duas
maneiras:
Quando a associação ajuíza ação coletiva, ela precisa juntar aos a) por meio da ação coletiva ordinária,
autos autorização expressa dos associados para a propositura hipótese de representação processual, com
dessa ação e uma lista com os nomes de todas as pessoas que base no permissivo contido no art. 5º, inciso
estão associadas naquele momento? XXI, da CF/88:
1) em caso de ação coletiva de rito ordinário proposta pela Art. 5º (...)
associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM. XXI - as entidades associativas, quando
A associação, quando ajuíza ação na defesa dos interesses de seus expressamente autorizadas, têm
associados, atua como REPRESENTANTE PROCESSUAL e, por isso, é legitimidade para representar seus filiados
obrigatória a autorização individual ou assemblear dos associados. judicial ou extrajudicialmente;
2) em caso de ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa b) na ação civil pública, agindo a associação
de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos): NÃO. A nos moldes da substituição processual
associação, quando ajuíza ação na defesa de direitos difusos, prevista no Código de Defesa do
coletivos ou individuais homogêneos, atua como SUBSTITUTA Consumidor e na Lei da Ação Civil Pública.
PROCESSUAL e não precisa dessa autorização.
As associações precisam de autorização
O precedente do STF firmado no RE 573232/SC (Tema 82) específica dos associados para ajuizar ação
direcionou-se exclusivamente às demandas coletivas em que as coletiva?
Associações autoras atuam por representação processual, não Depende:
tendo aplicação aos casos em que agem em substituição. STJ. 2ª 1) Ação coletiva de rito ordinário proposta
Seção. REsp 1.325.857-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado pela associação na defesa dos interesses de
em 30/11/2021 (Info 720) seus associados: SIM.
2) Ação civil pública (ação coletiva proposta
na defesa de direitos difusos, coletivos ou
individuais homogêneos): NÃO.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL § 3º Tratando-se de credor titular da
Se os bens alienados em garantia não pertencem ao avalista que posição de proprietário fiduciário de bens
está em recuperação judicial, o credor não pode invocar o art. 49, § móveis ou imóveis, de arrendador
3º para alegar que o crédito é extraconcursal e querer expropriar mercantil, de proprietário ou promitente
os bens do avalista sem respeitar o plano de recuperação vendedor de imóvel cujos respectivos
contratos contenham cláusula de
Exemplo hipotético: Gatron S/A celebrou contrato de mútuo com o irrevogabilidade ou irretratabilidade,
banco, que exigiu duas garantias: inclusive em incorporações imobiliárias, ou
• que 10 caminhões da Gatron ficassem alienados em garantia ao de proprietário em contrato de venda com
banco; reserva de domínio, seu crédito não se
• que outra empresa (Artecola S/A) figurasse como avalista. submeterá aos efeitos da recuperação
judicial e prevalecerão os direitos de
Algum tempo depois, a Gatron entrou em recuperação judicial. propriedade sobre a coisa e as condições
Como não recebeu a quantia devida, o banco ingressou com contratuais, observada a legislação
execução de título executivo extrajudicial cobrando a dívida. Vale respectiva, não se permitindo, contudo,
ressaltar, contudo, que a instituição financeira propôs a execução durante o prazo de suspensão a que se
unicamente contra a Artecola (avalista). Nessa execução foram refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou
penhorados bens da Artecola (salas comerciais). a retirada do estabelecimento do devedor
Antes que a execução terminasse, a Artecola também ingressou em dos bens de capital essenciais a sua
recuperação judicial. O banco argumentou que poderia expropriar atividade empresarial.
os bens penhorados porque seu crédito é extraconcursal e não se
submete aos efeitos da recuperação judicial da avalista, nos termos
do art. 49, § 3º da Lei nº 11.101/2005. O STJ não aceitou a tese do
banco porque os bens dados em garantia não são da avalista. Logo,
isso não interfere na recuperação judicial da avalista. Não
pertencendo os bens alienados em garantia ao avalista em
recuperação judicial, não podem ser expropriados outros bens de
sua titularidade, pois devem servir ao pagamento de todos os
credores. Isso se justifica porque os credores fiduciários estão
excluídos dos efeitos da recuperação judicial somente em relação ao
montante alcançado pelos bens alienados em garantia. Se a
alienação do bem dado em garantia for suficiente para quitar o
débito, extingue-se a obrigação. Ex: vendidos os 10 caminhões, todo
o dinheiro será destinado ao pagamento da dívida com o banco. Se
cobrir todo o débito, extingue-se a obrigação. Por outro lado, se o
valor apurado com a venda do bem não for bastante para extinguir a
obrigação, o restante do crédito em aberto não mais poderá ser
exigido fora da recuperação judicial do devedor, pois não mais
existirá a característica que diferenciava o credor titular da posição
de proprietário fiduciário dos demais. Ex: se, mesmo com a venda
dos 10 caminhões, pagou-se parcialmente o banco, restando ainda
uma dívida de R$ 200 mil. Esse valor remanescente não é
considerado crédito extraconcursal e deverá estar sujeito às regras
da recuperação judicial. Logo, não faz sentido pretender excluir da
recuperação judicial bens da avalista que não são os que estão em
alienação fiduciária. STJ. 3ª Turma. REsp 1.953.180-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/11/2021 (Info 720).
CONTRATOS 721
A Lei 1.046/1950 não ampara a extinção do débito de empréstimo
consignado em razão do óbito de servidor público estadual ou
municipal

O art. 16 da Lei nº 1.046/1950 previa: Art. 16. Ocorrido o


falecimento do consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo
feito mediante simples garantia da consignação em folha.

Esse dispositivo nunca se aplicou aos servidores públicos municipais


ou estaduais/distritais porque não foi pensado para eles. Ao se
analisar o Projeto de Lei nº 63/1947, que deu origem à Lei nº
1.046/1950, bem como sua respectiva exposição de motivos, é
possível constatar que a intenção do legislador era disciplinar o
empréstimo consignado tão somente na esfera dos servidores
públicos da União. STJ. 2ª Turma. REsp 1.835.511-SP, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 07/12/2021(Info 721). Obs: a 3ª Turma do
STJ entende que o art. 16 da Lei nº 1.046/1950 também não pode
ser aplicado aos servidores públicos federais porque foi revogado
pela Lei nº 8.112/90.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
É cabível a pactuação da verba honorária contratual
no bojo do próprio instrumento de mandato
ODS 16 O advogado da parte vencedora pode pedir ao juiz para que
os honorários contratuais sejam “destacados” (reservados,
separados) do valor que o seu cliente irá receber da Fazenda
Pública. Ex.: João (cliente) e Rui (advogado) combinaram que o
profissional, como remuneração pelo seu trabalho, teria direito a
20% do valor que a parte fosse receber da União caso se sagrasse
vencedora na lide. Essa verba constitui-se em honorários
advocatícios contratuais. Em caso de procedência do pedido na
ação, o advogado pode pedir que essa quantia seja destacada do
montante principal que a parte irá receber, nos termos do art. 22, §
4º, da Lei nº 8.906/94: Art. 22. (...) § 4º Se o advogado fizer juntar
aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o
mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar
que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser
recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou. É
possível essa combinação entre o advogado e o cliente seja feita na
própria procuração, não se exigindo um instrumento contratual
autônomo. Assim, se esse ajuste constou na procuração, o advogado
pode pedir o destaque juntando apenas esse instrumento. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.818.107-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
07/12/2021 (Info 721).
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
O atraso do banco em baixar gravame de alienação fiduciária no
registro do veículo não gera dano moral in re ipsa, sendo
indispensável demonstrar que houve consequências que
ultrapassem os aborrecimentos normais
Importante!!!

O atraso, por parte de instituição financeira, na baixa de gravame de


alienação fiduciária no registro de veículo não caracteriza, por si só,
dano moral in re ipsa. STJ. 2ª Seção. REsp 1881453-RS, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 30/11/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1078) (Info 721).
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET Art. 21. O provedor de aplicações de
Não se aplica o art. 21 do Marco Civil da Internet para os casos de internet que disponibilize conteúdo gerado
divulgação não autorizada de imagens de nudez produzidas para fins por terceiros será responsabilizado
comerciais subsidiariamente pela violação da
Importante!!! intimidade decorrente da divulgação, sem
ODS 16 Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, autorização de seus participantes, de
Youtube) disponibilizar conteúdo gerado por terceiros e a postagem imagens, de vídeos ou de outros materiais
feita causar prejuízos a alguém (ex: ofensa à honra), o que deve ser contendo cenas de nudez ou de atos sexuais
feito para a remoção do material? Exige-se autorização judicial para de caráter privado quando, após o
a remoção do conteúdo? • Regra geral: SIM (exige-se ordem recebimento de notificação pelo
judicial). É a regra do art. 19 do MCI. • Exceção: se houver participante ou seu representante legal,
divulgação de imagens, vídeos ou outros materiais contendo cenas deixar de promover, de forma diligente, no
de nudez ou de atos sexuais de caráter privado (exposição âmbito e nos limites técnicos do seu
pornográfica não consentida). Neste caso, basta que o provedor seja serviço, a indisponibilização desse
notificado extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21. Caso conteúdo.
concreto: “F”, modelo, realizou ensaio fotográfico de nudez para Parágrafo único. A notificação prevista no
uma revista masculina. Ocorre que ela passou a encontrar suas fotos caput deverá conter, sob pena de nulidade,
de nudez em blogs hospedados pela Google sem que tivesse elementos que permitam a identificação
autorizado. Ela fez então a notificação extrajudicial da Google para a específica do material apontado como
retirada dos materiais dos blogs. O STJ decidiu que, neste caso, não violador da intimidade do participante e a
era suficiente a notificação, sendo necessária a ordem judicial. Em verificação da legitimidade para
outras palavras, não se aplica o art. 21, sendo situação que se apresentação do pedido.
amolda ao art. 19. Para a aplicação do art. 21 é indiscutível que a
nudez e os atos de conteúdo sexuais envolvam inerentes à
intimidade das pessoas, de modo reservado, particular e privativo.
Nem toda divulgação indevida de material de nudez ou de conteúdo
sexual atrai a regra do art. 21, mas apenas aquele que apresenta,
intrinsecamente, uma natureza privada. O ensaio fotográfico de
nudez realizado especificamente para sua exploração econômica por
revista adulta, voltada para público seleto mediante pagamento
pelo acesso no seu website, não pode mesmo ser definida como de
caráter privado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.930.256-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, relator p/ acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
07/12/2021 (Info 721).
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET Magistratura – ESTUDAR ESSE CASO
É possível, com fundamento no art. 22 do MCI, a requisição de
fornecimento dos nomes ou domínios das empresas que patrocinam Art. 22. A parte interessada poderá, com o
links na ferramenta “Google Ads” relacionados à determinada
expressão? propósito de formar conjunto probatório
Importante!!! em processo judicial cível ou penal, em
caráter incidental ou autônomo, requerer
Tendo e vista a obrigação legal de guarda de registros de conexão e ao juiz que ordene ao responsável pela
de acesso a aplicações de internet, é possível, desde que guarda o fornecimento de registros de
preenchidos os requisitos legais, impor aos provedores o dever de conexão ou de registros de acesso a
fornecer os nomes ou domínios das sociedades empresárias que aplicações de internet.
patrocinam links na ferramenta “Google Ads” relacionados à Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais
determinada expressão utilizada de forma isolada ou conjunta, pois requisitos legais, o requerimento deverá
tal medida representa mero desdobramento daquelas obrigações. O conter, sob pena de inadmissibilidade:
provedor de internet deve manter armazenados os registros I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;
relativos a patrocínio de links em serviços de busca pelo período de II - justificativa motivada da utilidade dos
6 (seis) meses contados do fim do patrocínio e não da data da registros solicitados para fins de
contratação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.961.480-SP, Rel. Min. Nancy investigação ou instrução probatória; e
Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 721). III - período ao qual se referem os registros.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A cessão fiduciária de título de crédito não se submete à
recuperação judicial, independentemente de registro em cartório

Ex: a empresa recebeu mútuo bancário de R$ 2 milhões. Como


garantia, a empresa cedeu ao banco títulos e direitos que ela
possuía para receber (operações de desconto de recebíveis de
cartões de crédito). Em outras palavras, a empresa tinha valores
para receber no futuro (daqui a alguns dias, meses ou anos) de
alguns devedores e cedeu fiduciariamente tais créditos para o
banco. Se ela pagasse o empréstimo, o banco “devolveria” os
créditos; caso se tornasse inadimplente, o banco se tornaria, em
definitivo, proprietário dos valores. Alguns meses após a assinatura
desse contrato, a referida empresa entrou em recuperação judicial.
Estes créditos cedidos ao banco fiduciariamente como garantia da
dívida não deverão entrar na recuperação judicial porque se
enquadram na exceção à regra do caput do art. 49, nos termos do §
3º do mesmo artigo. Não é necessário que a cessão de crédito
realizada tenha sido registrada em cartório. A cessão fiduciária de
título de crédito não depende de registro em RTD para ser
constituída, não se lhe aplicando a regra do art. §1º do art. 1.361 do
Código Civil, regente da cessão fiduciária de coisa móvel infungível.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.629.470-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 30/11/2021 (Info 721).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Os critérios, os percentuais e a base de cálculo da verba honorária
não podem ser modificados modificação na fase de cumprimento da
sentença, sob pena de indevida ofensa à coisa julgada

A substituição, na fase de cumprimento de sentença, do parâmetro


da base de cálculo dos honorários advocatícios - de valor da
condenação para proveito econômico - ofende a coisa julgada. STJ.
2ª Seção. AR 5869-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 30/11/2021 (Info 721).
EXECUÇÃO
Se o débito está garantido apenas parcialmente, não há óbice à
determinação judicial de inclusão do nome do executado em
cadastro de inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º, do CPC

Na hipótese de haver garantia parcial do débito, o juiz pode


determinar, mediante requerimento do exequente, a inscrição do
nome do executado em cadastros de inadimplentes. STJ. 3ª Turma.
REsp 1953667-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021
(Info 721).
CONTRATOS (CONTRATO DE SEGURO) 722
Qual deve ser o valor da indenização na hipótese de perdimento
total do bem segurado?

Ainda que o sinistro tenha ocasionado a perda total do bem, a


indenização securitária deve ser calculada com base no prejuízo
real suportado pelo segurado, sendo o valor previsto na apólice,
salvo expressa disposição em contrário, mero teto indenizatório. A
indenização a ser recebida pelo segurado no caso de sinistro deve
corresponder ao real prejuízo do interesse segurado, normalmente
apurado por perícia técnica. O limite máximo é o da garantia fixada
na apólice. Se os prejuízos forem menores do que o limite máximo
fixado na apólice, o segurador só está obrigado a pagar por aquilo
que realmente aconteceu. Desse modo, podemos afirmar que, na
hipótese de perda total do bem segurado, o valor da indenização
só corresponderá ao montante integral da apólice se o valor
segurado, no momento do sinistro, não for menor. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.943.335-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
14/12/2021 (Info 722).
CONTRATOS (LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS) Por que não se pode fixar o termo inicial
O termo inicial dos juros de mora relativos às diferenças dos dos juros na data da citação?
aluguéis vencidos será a data para pagamento fixada na sentença ou Na ação renovatória, a citação não tem o
a data da intimação do devedor - prevista no art. 523 do CPC - para condão de constituir em mora o devedor,
pagamento na fase de cumprimento de sentença pois, quando da sua ocorrência, ainda não é
Importante!!! possível saber quem será o credor e quem
será o devedor das diferenças, se
Qual será o termo inicial dos juros de mora relativos às diferenças existentes, o que somente ocorrerá após o
dos aluguéis vencidos? trânsito em julgado.
Depende: Além disso, no momento da citação, a
1) Se, na sentença, for prevista uma data para pagamento: o termo dívida relativa às diferenças dos aluguéis, se
inicial dos juros será esse dia. Assim, se a própria sentença marcar existente, é ainda ilíquida, pois somente
data para pagamento das diferenças, incorrerá em mora o devedor com a prolação da sentença ou posterior
que não adimplir no termo estipulado, pois esta data integrará, liquidação – se necessário – é que se estará
definitivamente o título executivo. Trata-se de hipótese de mora ex diante de dívida certa, líquida e exigível.
re. No momento do ajuizamento da ação
2) Se, na sentença, não for prevista data para pagamento: os juros renovatória, dado o seu caráter dúplice, o
serão contados a partir da data em que o devedor for intimado para locatário sequer possui condições de
pagar na fase de cumprimento de sentença. antever se o valor por ele proposto para o
novo aluguel será acolhido ou se a
Inexistindo o referido prazo na própria sentença, o devedor deverá contraproposta do locador é a que
ser interpelado para pagar, sob pena de incidir em mora. Trata-se, prevalecerá.
aqui, de mora ex persona. A teor do disposto no art. 523 do CPC,
deve-se considerar que essa interpelação do devedor para a sua
constituição em mora ocorre com a intimação para o cumprimento
definitivo da sentença. Somente com a intimação do art. 523 do
CPC/2015 é que o devedor se verá adstrito a pagar as diferenças de
aluguéis, motivo pelo qual, caso não o faça, incorrerá em mora. STJ.
3ª Turma. REsp 1.929.806-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
07/12/2021 (Info 722).
CONDOMÍNIO
O promitente comprador tem direito de votar na assembleia,
desde que já esteja na posse direta do imóvel e o condomínio
tenha sido comunicado da promessa de compra e venda
Importante!!!

Os promissários compradores têm legitimidade para participar das


assembleias, ordinária ou extraordinária, desde que tenha havido a
imissão na posse da unidade imobiliária e a cientificação do
condomínio acerca da transação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.918.949-RJ,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/12/2021 (Info
722).
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO
Em caso de vício no veículo comprado, o banco no qual foi realizado
o financiamento terá responsabilidade civil e o contrato de
arrendamento mercantil poderá ser rescindido?

Os agentes financeiros (“bancos de varejo”) que financiam a compra


e venda de automóvel não respondem pelos vícios do produto,
subsistindo o contrato de financiamento mesmo após a resolução do
contrato de compra e venda, exceto no caso dos bancos integrantes
do grupo econômico da montadora (“bancos da montadora”). Em
caso de vício no veículo comprado, o banco no qual foi realizado o
financiamento terá responsabilidade civil e o contrato de
arrendamento mercantil poderá ser rescindido?
• Se foi feito com um “banco de varejo”: NÃO.
• Se foi feito com um “banco de montadora”: SIM. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.946.388-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
07/12/2021 (Info 722).
PROCESSO COLETIVO DEFENSORIA
O MP não possui legitimidade para promover a execução coletiva
prevista no art. 98 do CDC
Importante!!!

O Ministério Público não possui legitimidade para promover a


execução coletiva do art. 98 do CDC por ausência de interesse
público ou social a justificar sua atuação:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos


legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas
indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

Nessa execução do art. 98, o que se tem é a perseguição de direitos


puramente individuais. O objetivo é o ressarcimento do dano
individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do
objeto cede lugar à sua individualização.

Essa particularidade da fase de execução constitui óbice à atuação


do Ministério Público pois o interesse social, que justificaria a
atuação do Parquet, à luz do art. 129, III, da Constituição Federal,
era a homogeneidade do direito que, no caso, não mais existe. STJ.
4ª Turma. REsp 869.583-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 05/06/2012. STJ. 3ª Turma. REsp 1.801.518-RJ, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
FALÊNCIA
É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de
falência
Importante!!!
O art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005, afirma que esta Lei não se aplica
a cooperativa de crédito. Existe, porém, regra específica na Lei nº
6.024/74 prevendo que as instituições financeiras e equiparadas
(como as cooperativas de crédito) podem ir à falência após
liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi
reafirmada pela Lei nº 13.506/2017, que alterou a Lei nº 6.024/74.
Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº
11.101/2005 afirma que as instituições financeiras e cooperativas de
crédito apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de
execução coletiva empresarial, passando antes por intervenção e
liquidação extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.653-RS, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A caracterização de conflito de competência perante o STJ
pressupõe a materialização da oposição concreta do Juízo da
execução fiscal à efetiva deliberação do Juízo da recuperação judicial
a respeito do ato constritivo
ODS 16

A Lei nº 14.112/2020 alterou a Lei nº 11.101/2005 e deixou


expressamente consignado que: - a execução fiscal não se
suspende pelo deferimento da recuperação judicial); e que - o juízo
da execução fiscal possui competência para determinar os atos de
constrição judicial sobre os bens da empresa recuperanda. Além
disso, a Lei nº 14.112/2020 afirmou que o Juízo da recuperação
judicial possui competência para substituir os atos de constrição
decretados pelo Juízo da execução fiscal caso eles tenham recaído
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade
empresarial.
A partir da Lei nº 14.112/2020 não se pode mais falar que exista
conflito de competência pelo simples fato de o juízo da execução
fiscal ter determinado a constrição de um bem e o juízo da
recuperação judicial ainda não ter decidido se irá, ou não,
substituir essa constrição. Para que se configure o conflito é
necessário que o Juízo da execução fiscal se oponha,
concretamente, à superveniente deliberação do Juízo da
recuperação judicial a respeito da constrição judicial. STJ. 2ª Seção.
CC 181.190-AC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
30/11/2021 (Info 722).
DIREITO AO ESQUECIMENTO 723 É incompatível com a Constituição a ideia de
O direito ao esquecimento não justifica a exclusão de matéria um direito ao esquecimento, assim
jornalística entendido como o poder de obstar, em
ODS 16 razão da passagem do tempo, a divulgação
de fatos ou dados verídicos e licitamente
O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o obtidos e publicados em meios de
ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é capaz de justificar a comunicação social analógicos ou digitais.
atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos Eventuais excessos ou abusos no exercício
verídicos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.961.581-MS, Rel. Min. Nancy da liberdade de expressão e de informação
Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723). devem ser analisados caso a caso, a partir
dos parâmetros constitucionais –
especialmente os relativos à proteção da
honra, da imagem, da privacidade e da
personalidade em geral – e as expressas e
específicas previsões legais nos âmbitos
penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão
Geral – Tema 786) (Info 1005).
NOME MINISTÉRIO PÚBLICO!
Não é cabível, sem motivação idônea, a alteração do nome de
menor para exclusão do agnome “filho” e inclusão do sobrenome
materno
Importante!!!
ODS 16

Exemplo hipotético: Carlos Barbosa e Helena Garcia tiveram um filho


e deram-lhe o nome de Carlos Barbosa Filho. Vamos analisar cada
uma das partes que compõem o nome desta criança. Carlos e
Helena se divorciaram. Helena ingressou com ação judicial pedindo
para que fosse incluído seu sobrenome (Garcia) no nome do filho e
que, como consequência, fosse excluído o agnome “Filho”. Em
outras palavras, Helena pediu que o nome de seu filho passasse a
ser Carlos Garcia Barbosa. Helena argumentou que essa alteração
teria o objetivo de atender ao melhor interesse da criança, por
propiciar sua melhor identificação e gerar um maior estreitamento
de laços para com a família materna. O STJ entendeu que o pedido
não se baseava em motivo idôneo e negou a alteração.
Aquele que recebe o nome de seu genitor acrescido do agnome
“filho” ou “filha” não tem nenhuma mitigação do vínculo com as
famílias de seus genitores, tampouco sofre constrangimento por
não ter os mesmos sobrenomes de eventual irmão, pois não é
função do nome de família estreitar ligação afetiva. Além disso, os
nomes da mãe e dos avós maternos constam na certidão de
nascimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.731.091-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
NOME
A discrepância entre a assinatura artística e o nome registral não
consubstancia situação excepcional e motivo justificado à alteração
da grafia do apelido de família
Importante!!!
ODS 16

Caso concreto: o sobrenome do artista plástico Romero Britto,


mundialmente conhecido, é grafado com apenas uma letra “t”
(Brito). Sua assinatura artística, contudo, é feita com duas letras
“t” (Britto). O artista ajuizou, então, uma ação pedindo a alteração
do seu patronímico (de Brito para Britto). O pedido não foi
acolhido. Como o sobrenome é também uma característica
exterior de qualificação familiar, não é possível a sua livre
disposição. Assim, o indivíduo não pode alterar o patronímico
(apelido de família) para satisfazer interesse exclusivamente
estético e pessoal. A modificação pretendida alteraria a própria
grafia do apelido de família e, assim, representaria violação à regra
registral que exige a preservação do sobrenome, com o objetivo de
indicar a estirpe familiar, o que tem relação com o próprio
interesse público. A discrepância entre a assinatura artística e o
nome registral não se consubstancia em situação excepcional e
motivo justificado para a alteração pretendida. O nome do autor
da obra de arte, lançado por ele nos trabalhos que executa, pode
ser escrito da forma como ele bem desejar, sem que tal prática
importe em consequência alguma ao autor ou a terceiros, pois se
trata de uma opção de cunho absolutamente subjetivo, sem
impedimento de qualquer ordem. Todavia, a utilização de nome de
família, de modo geral, que extrapole o objeto criado pelo artista,
com acréscimo de letras que não constam do registro original, não
para sanar equívoco, mas para atender a desejo pessoal, não está
elencado pela lei como um motivo que autorize a modificação do
assento de nascimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.729.402-SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
BEM DE FAMÍLIA Art. 4º Não se beneficiará do disposto
O benefício da impenhorabilidade do bem de família deve ser nesta lei aquele que, sabendo-se
concedido ainda que o imóvel tenha sido adquirido no curso da insolvente, adquire de má-fé imóvel
demanda executiva, salvo na hipótese do art. 4º da Lei 8.009/90 mais valioso para transferir a residência
Para o bem de família instituído nos moldes da Lei nº 8.009/90, a
familiar, desfazendo-se ou não da
proteção conferida pelo instituto alcançará todas as obrigações do
devedor, indistintamente, ainda que o imóvel tenha sido adquirido moradia antiga.
no curso de uma demanda executiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1.792.265-
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
PESSOAS JURÍDICAS
A Cooperativa de Trabalho Médico pode limitar, justificada e
objetivamente, o ingresso de médicos em seus quadros
Importante!!!
ODS 8 E 16

Diante do híbrido regime jurídico ao qual as Cooperativas de


Trabalho Médico estão sujeitas (Lei nº 5.764/71 e Lei nº 9.656/98), é
juridicamente legítima a limitação, de forma impessoal e objetiva,
do número de médicos cooperados, tendo em vista o mercado para
a especialidade e o necessário equilíbrio financeiro da cooperativa. A
interpretação harmônica das duas leis de regência consolida o
interesse público que permeia a atuação das cooperativas médicas e
viabiliza a continuidade das suas atividades, mormente ao se
considerar a responsabilidade solidária existente entre médicos
cooperados e cooperativa e o possível desamparo dos beneficiários
que necessitam do plano de saúde. Assim, é admissível a recusa de
novos associados se for atingida a capacidade máxima de prestação
de serviços pela cooperativa, o que deve ser aferido por critérios
objetivos e verossímeis. Neste caso, a recusa é legítima porque a
entrada de novos sócios pode comprometer o equilíbrio econômico-
financeiro da cooperativa, impedindo-a de cumprir sua finalidade. O
princípio da porta aberta (livre adesão) não é absoluto, devendo a
cooperativa de trabalho médico, que também é uma operadora de
plano de saúde, velar por sua qualidade de atendimento e situação
financeira estrutural, até porque pode ser condenada
solidariamente por atos danosos de cooperados a usuários do
sistema (a exemplo de erros médicos), o que impossibilitaria a sua
viabilidade de prestação de serviços. STJ. 3ª Turma. REsp
1.901.911/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
24/8/2021. STJ. 4ª Turma. REsp 1.396.255-SE, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
CONTRATOS (CONTRATO DE SEGURO)
A pretensão do segurado contra o segurador envolvendo
inadimplemento contratual ou do segurador contra o segurado
prescreve em 1 ano

É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão


do segurado em face do segurador - e vice-versa - baseada em
suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou
anexos) derivados do contrato de seguro, ex vi do disposto no
artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II,
do Código Civil de 1916). STJ. 2ª Seção. REsp 1.303.374-ES, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 30/11/2021 (Tema IAC 2)
(Info 723).
CONTRATOS (CONTRATO DE SEGURO)
Prazo prescricional para a seguradora cobrar do segurado prêmios
inadimplidos nos seguros de responsabilidade civil do transportador
rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC)
ODS 16

O prazo prescricional ânuo para a seguradora cobrar do segurado


prêmios inadimplidos nos seguros de responsabilidade civil do
transportador rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC) conta-se a
partir do vencimento de cada título, ficha de compensação ou
boleto, sendo, para os prêmios calculados com base no valor dos
bens ou mercadorias averbados (apólice aberta), o vencimento de
cada fatura ou conta mensal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.947.702-SP, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET
Provedor de aplicação deve remover conteúdo ofensivo a menor na
internet, mesmo sem ordem judicial
Importante!!!
ODS 16

Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do provedor


de aplicação de internet proceder à retirada de conteúdo que viola
direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do
caráter ofensivo da publicação, independentemente de ordem
judicial. Caso concreto: foi feito um post, no Facebook, trazendo a
foto de uma criança com seu pai e uma acusação, no texto, de que
este último (o genitor), teria envolvimento com pedofilia e estupro.
O pai denunciou o fato à empresa, que, no entanto, se recusou a
excluir a publicação, sob o argumento de ter analisado a foto e não
haver encontrado nela nada que violasse os “padrões de
comunidade” da rede social. Diante disso, foi ajuizada ação de
indenização por danos morais, tendo o Facebook sido condenado.
O provedor de aplicação que se nega a excluir publicação ofensiva a
pessoa menor de idade, mesmo depois de notificado – e ainda que
sem ordem judicial –, deve ser condenado a indenizar os danos
causados à vítima. A divulgação da foto do menor sem autorização
de seus representantes legais, vinculada a conteúdo impróprio, em
total desacordo com a proteção conferida pelo ECA, representou
grave violação do direito à preservação da imagem e da identidade.
O ECA possui caráter “especialíssimo” e prevalece como sistema
protetivo, em detrimento da lei que rege o serviço de informação
prestado pelo provedor de internet. Dessa forma, no caso julgado,
não pode haver aplicação isolada do art. 19 do Marco Civil da
Internet, que condiciona a responsabilização civil do provedor ao
prévio descumprimento de ordem judicial. Em suma: responde
civilmente por danos morais o provedor de aplicação de internet
que, após formalmente comunicado de publicação ofensiva a
imagem de menor, se omite na sua exclusão, independentemente
de ordem judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1.783.269-MG, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL
É possível que os nubentes/companheiros, por meio de pacto
antenupcial, ampliem o regime de separação obrigatória e proíbam
até mesmo a comunhão dos bens adquiridos com o esforço
comum, afastando a Súmula 377 do STF
Importante!!!
ODS 16

No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação


obrigatória de bens, é possível que os nubentes/companheiros, em
exercício da autonomia privada, estipulando o que melhor lhes
aprouver em relação aos bens futuros, pactuem cláusula mais
protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula 377 do STF,
impedindo a comunhão dos aquestos. A mens legis do art. 1.641, II,
do Código Civil é conferir proteção ao patrimônio do idoso que está
se casando e aos interesses de sua prole, impedindo a comunicação
dos aquestos. Por uma interpretação teleológica da norma, é
possível que o pacto antenupcial venha a estabelecer cláusula ainda
mais protetiva aos bens do nubente septuagenário, preservando o
espírito do Código Civil de impedir a comunhão dos bens do ancião.
Súmula 377-STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-
se os adquiridos na constância do casamento. STJ. 4ª Turma. REsp
1.922.347-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 07/12/2021
(Info 723).
CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL
Os valores depositados em planos abertos de previdência privada
durante a vida em comum do casal, integram o patrimônio comum
e devem ser partilhados
Importante!!!
ODS 16

Os valores depositados em planos de previdência complementar


aberta equiparam-se a investimentos financeiros como outro
qualquer. Deste modo, rompida a sociedade conjugal, tais valores
devem ser partilhados conforme o regime de bens. Por outro lado,
as contribuições feitas para plano de previdência fechado, em
percentual do salário do empregado, aportadas pelo beneficiário e
pelo patrocinador, conforme definido pelo estatuto da entidade,
não integram o patrimônio sujeito à comunhão de bens a ser
partilhado quando da extinção do vínculo conjugal. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.545.217-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 07/12/2021 (Info 723).

Os valores depositados em planos de previdência privada durante a


vida em comum do casal, integram o patrimônio comum e devem
ser partilhados?
• se for um plano ABERTO: SIM.
• se for um plano FECHADO: NÃO.
RECURSOS
Diante da ausência de assinatura na petição de ratificação da
apelação, o Tribunal de Justiça deve intimar previamente o
recorrente para sanar o vício porque se trata de irregularidade
formal

A ausência de assinatura na petição de ratificação do recurso de


apelação interposto prematuramente não o torna inexistente, mas
revela irregularidade formal que pode ser sanada pela parte
peticionante, nos termos do art. 13 do CPC/1973. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.712.851-PA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
14/12/2021 (Info 723).
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Na liquidação de sentença, sendo omisso o título exequendo acerca
dos critérios a serem aplicados para a correção monetária, devem
incidir os expurgos inflacionários expressamente previstos no
Manual de Cálculos na Justiça Federal
ODS 16

Nas liquidações de sentença, no âmbito da Justiça Federal, a


correção monetária deve ser calculada segundo os índices indicados
no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da
Justiça Federal para os meses nos quais houve expurgos
inflacionários, salvo decisão judicial em contrário. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.904.401-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
07/12/2021 (Info 723).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
A regra do prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do
CPC/2015) pode ser aplicada para o prazo de impugnação?
Baixa relevância para concursos
ODS 16

A regra do art. 191 do CPC/1973 - que prevê a contagem em dobro


dos prazos processuais para litisconsortes com procuradores
diferentes - aplica-se ao prazo de apresentação da impugnação ao
cumprimento de sentença previsto no art. 475-J, § 1º, do CPC/1973.
O mesmo entendimento vale para o CPC/2015, havendo regra
expressa nesse sentido no art. 525, § 3º do atual Código. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.964.438-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 07/12/2021 (Info 723).
CONDOMÍNIO 724
Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária
vítima de violência doméstica, que, em razão de medida protetiva
de urgência decretada judicialmente, detém o uso e gozo exclusivo
do imóvel de cotitularidade do agressor
Importante!!!
ODS 5 E 16 Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum
indivisa com exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o
exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos demais
consortes, enseja o pagamento de indenização àqueles que foram
privados do regular domínio sobre o bem, tal como o percebimento
de aluguéis. É o que prevê o art. 1.319 do Código Civil. Contudo,
impor à vítima de violência doméstica e familiar obrigação
pecuniária consistente em locativo pelo uso exclusivo e integral do
bem comum constituiria proteção insuficiente aos direitos
constitucionais da dignidade humana e da igualdade, além de ir
contra um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro de
promoção do bem de todos sem preconceito de sexo, sobretudo
porque serviria de desestímulo a que a mulher buscasse o amparo
do Estado para rechaçar a violência contra ela praticada, como
assegura a Constituição Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a
desproporcionalidade da pretensão indenizatória em tais casos. A
imposição judicial de uma medida protetiva de urgência - que
procure cessar a prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher e implique o afastamento do agressor do seu lar - constitui
motivo legítimo a que se limite o domínio deste sobre o imóvel
utilizado como moradia conjuntamente com a vítima, não se
evidenciando, assim, eventual enriquecimento sem causa, que
legitime o arbitramento de aluguel como forma de indenização pela
privação do direito de propriedade do agressor. STJ. 3ª Turma. REsp
1.966.556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
08/02/2022 (Info 724).
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO
A inexistência de responsabilidade solidária por fato do produto
entre os fornecedores da cadeia de consumo impede a extensão do
acordo feito por um réu em benefício do outro
Importante!!!
ODS 12

Exemplo:
Marina adquiriu um suco de caixinha industrializado no
supermercado e, depois de tomar o primeiro gole, percebeu que o
produto estava contaminado com um corpo estranho. A
consumidora ajuizou ação de indenização por danos morais contra
a fabricante do suco e o supermercado. O comerciante
(supermercado) resolveu fazer um acordo com a consumidora e
pagou R$ 4 mil à autora. A fabricante, por sua vez, não participou
da transação. O juiz, ao homologar a transação, irá extinguir o
processo apenas no que tange ao supermercado, prosseguindo o
feito com relação à fabricante. A ingestão parcial de produto
contaminado configura hipótese de fato do produto, situação na
qual o comerciante não possui responsabilidade solidária, mas sim
subsidiária (art. 13 do CDC). Sendo a responsabilidade do
supermercado subsidiária, o acordo por ele firmado não se estende
necessariamente à fabricante porque não se aplica o § 3º do art.
844 do CC (este dispositivo afirma que se a transação foi feita entre
um dos devedores solidários e seu credor, ela extingue a dívida em
relação aos codevedores). STJ. 3ª Turma. REsp 1.968.143-RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
RECLAMAÇÃO
É cabível condenação em honorários advocatícios no julgamento
de reclamação indeferida liminarmente na qual a parte comparece
espontaneamente para apresentar defesa
Importante!!!
ODS 16

A parte ingressou com reclamação e o relator indeferiu


liminarmente a petição inicial. Neste caso, não caberia honorários
advocatícios considerando que não houve angularização. Ocorre que
o reclamante decidiu recorrer contra a decisão. Foi aí que o
reclamado (beneficiário) compareceu espontaneamente nos autos
apresentando contrarrazões. Sendo a decisão de indeferimento
mantida, o reclamante deverá ser condenado a pagar honorários?

SIM. Com a vigência do CPC/2015, a jurisprudência se firmou no


sentido de que a reclamação possui natureza de ação, prevendo o
art. 989, III, a angularização da relação processual, com a citação do
beneficiário, que passou a ter um tratamento semelhante ao da
parte, podendo promover a defesa de seus interesses, com a
consequente condenação ao pagamento de honorários de acordo
com a sucumbência. Assim, na hipótese de indeferimento inicial da
reclamação, é firme a jurisprudência do STJ no sentido de que a
relação processual não se aperfeiçoou, não sendo cabível a
condenação em honorários. É preciso diferenciar, porém, o simples
indeferimento da inicial daquelas situações em que o reclamante
ingressa com recurso contra a decisão que indefere a petição inicial
ou contra a que julga o pedido improcedente liminarmente. Uma
vez interposto recurso contra decisão que liminarmente indeferiu a
petição inicial, não sendo o caso de reconsideração, o beneficiário
que comparecer aos autos, apresentando contrarrazões, faz jus ao
recebimento de honorários advocatícios. STJ. 2ª Seção. Rcl 41.569-
DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/02/2022 (Info
724).
LOCAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS 726
Prazo prescricional para pedir a restituição da caução prestada em
contrato de locação: 3 anos
ODS 16 É trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de
restituição da caução prestada em contrato de locação, com
fundamento no art. 206, § 3º, I, do Código Civil: “Art. 206. Prescreve:
§ 3º Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios
urbanos ou rústicos;”
A caução é um pacto acessório do contrato de locação. Logo, o
acessório deve seguir o mesmo prazo prescricional do contrato
principal. Não há dúvidas que a caução é uma garantia prestada ao
contrato de locação, constituindo-se, portanto, um acessório ao
contrato principal, impondo-se a aplicação do mesmo prazo
prescricional a ambos, e, em observância ao princípio da gravitação
jurídica, o acessório deve seguir a sorte do principal, isto é, a
aplicação do prazo trienal à pretensão de restituição da caução
decorre da incidência do 206, § 3º, I, do CC ao contrato de locação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.967.725-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 15/02/2022 (Info 725).
DIREITO AUTORAL
É lícita a divulgação de paródia sem a indicação do autor da obra
originária
Importante!!!
ODS 16 Caso concreto: programa de TV Pânico na Band fez uma
paródia de determinada música. O compositor da canção ajuizou
ação de indenização por danos morais. O pedido foi julgado
improcedente. A paródia é forma de expressão do pensamento, é
imitação cômica de composição literária, filme, música, obra
qualquer, dotada de comicidade, que se utiliza do deboche e da
ironia para entreter. É interpretação nova, adaptação de obra já
existente a um novo contexto, com versão diferente, debochada,
satírica. As paródias são permitidas e o autor da obra musical, em
regra, não pode impedir a sua veiculação. Tanto que a paródia é
considerada como uma limitação do direito de autor, conforme
prevê o art. 47 da Lei nº 9.610/98. Assim, se respeitados os limites
da paródia, não é necessária prévia autorização do autor nem enseja
pagamento de indenização, não se aplicando o art. 29 da Lei nº
9.610/98. Vale ressaltar, por fim, que não há, na Lei de Direitos
Autorais, qualquer dispositivo que imponha, quando do uso da
paródia, o anúncio ou a indicação do nome do autor da obra
originária. STJ. 3ª Turma. REsp 1.967.264-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
DIREITO AUTORAL
É lícita a divulgação de paródia sem a indicação do autor da obra
originária
Importante!!!
ODS 16 Caso concreto: programa de TV Pânico na Band fez uma
paródia de determinada música. O compositor da canção ajuizou
ação de indenização por danos morais. O pedido foi julgado
improcedente. A paródia é forma de expressão do pensamento, é
imitação cômica de composição literária, filme, música, obra
qualquer, dotada de comicidade, que se utiliza do deboche e da
ironia para entreter. É interpretação nova, adaptação de obra já
existente a um novo contexto, com versão diferente, debochada,
satírica. As paródias são permitidas e o autor da obra musical, em
regra, não pode impedir a sua veiculação. Tanto que a paródia é
considerada como uma limitação do direito de autor, conforme
prevê o art. 47 da Lei nº 9.610/98. Assim, se respeitados os limites
da paródia, não é necessária prévia autorização do autor nem enseja
pagamento de indenização, não se aplicando o art. 29 da Lei nº
9.610/98. Vale ressaltar, por fim, que não há, na Lei de Direitos
Autorais, qualquer dispositivo que imponha, quando do uso da
paródia, o anúncio ou a indicação do nome do autor da obra
originária. STJ. 3ª Turma. REsp 1.967.264-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS
O credor fiduciário de bem imóvel que tem um título executivo em
seu favor pode optar por propor a execução extrajudicial da Lei
9.514/97 ou ajuizar ação de execução

Ao credor fiduciário é dada a faculdade de executar a integralidade


de seu crédito judicialmente, desde que o título que dá lastro à
execução esteja dotado de todos os atributos necessários (liquidez,
certeza e exigibilidade). O credor de dívida garantida por alienação
fiduciária de imóvel não está obrigado a promover a execução
extrajudicial de seu crédito na forma determinada pela Lei nº
9.514/97. A constituição de garantia fiduciária como pacto adjeto ao
financiamento instrumentalizado por meio de Cédula de Crédito
Bancário em nada modifica o direito do credor de optar por executar
o seu crédito de maneira diversa daquela estatuída na Lei nº
9.514/97 (execução extrajudicial). STJ. 3ª Turma. REsp 1.965.973-SP,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/02/2022 (Info
725).
SUCESSÕES
O herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe de ato infracional
análogo ao homicídio doloso praticado contra os ascendentes fica
excluído da sucessão
Importante!!!

É juridicamente possível o pedido de exclusão do herdeiro em


virtude da prática de ato infracional análogo ao homicídio, doloso e
consumado, contra os pais, à luz da regra do art. 1.814, I, do
CC/2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1.938.984-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).

Indignidade são situações previstas no Código Civil nas quais o


indivíduo que normalmente iria ter direito à herança, ficará
impedido de recebê-la em virtude de ter praticado uma conduta
nociva em relação ao autor da herança ou seus familiares. Trata-se,
portanto, de uma causa de exclusão da sucessão. A indignidade é
considerada uma sanção civil aplicada ao herdeiro ou legatário
acusado de atos reprováveis contra o falecido. As hipóteses de
indignidade estão previstas no art. 1.814 do Código Civil, que traz
um rol taxativo, que não admite analogia nem interpretação
extensiva.

Veja o que diz o inciso I: O Art. 1.814. São excluídos da sucessão os


herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores
ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a
pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente;

Imagine que o filho, adolescente de 17 anos, ceifa dolosamente a


vida dos pais. Neste caso, o filho, tecnicamente, não praticou
homicídio, mas sim ato infracional análogo a homicídio. Mesmo
assim, a presente situação poderá ser enquadrada no inciso I do art.
1.814 do CC? Sim. A regra do art. 1.814, I, do CC/2002, se
interpretada literalmente, induziria ao resultado de que o uso da
palavra “homicídio” possuiria um sentido único, importado
diretamente da legislação penal para a civil, razão pela qual o ato
infracional análogo ao homicídio praticado pelo filho contra os pais
não poderia acarretar a exclusão da sucessão, pois, tecnicamente,
homicídio não houve. Ocorre que não se pode fazer uma mera
interpretação literal. A partir de uma perspectiva teleológica-
finalística conclui-se que o objetivo do enunciado normativo do art.
1.814, I, do CC é o de proibir que tenha direito à herança quem
atentar, propositalmente, contra a vida de seus pais. Logo, apesar de
existir uma diferença técnico-jurídica entre homicídio e ato análogo
a homicídio, essa distinção tem importância apenas no âmbito
penal, mas não possui a mesma relevância na esfera cível, não
devendo ser levada em consideração para fins de exclusão da
herança, sob pena de ofensa aos valores e às finalidades que
nortearam a criação da norma e de completo esvaziamento de seu
conteúdo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.943.848-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
COMPRA DE IMÓVEIS
A relação jurídica estabelecida no contrato de corretagem é
diversa daquela firmada entre o promitente comprador e o
promitente vendedor do imóvel, de modo que a responsabilidade
da corretora está limitada a eventual falha na prestação do serviço
de corretagem

Caso concreto: promitente vendedor alegou que a


incorporadora/promitente vendedora do apartamento descumpriu
suas obrigações contratuais. Diante disso, o consumidor ajuizou
ação pedindo a restituição de todas as quantias pagas e indenização
por danos morais. Ocorre que a ação foi proposta não apenas contra
a incorporadora, mas também contra a corretora. Indaga-se: a
corretora possui responsabilidade neste caso? Não. A
responsabilidade da corretora de imóveis está associada ao serviço
por ela ofertado, qual seja, o de aproximar as partes interessadas no
contrato de compra e venda, prestando ao cliente as informações
necessárias sobre o negócio jurídico a ser celebrado. Eventual
inadimplemento ou falha na prestação do serviço relacionada ao
imóvel em si, ao menos em regra, não pode ser imputada a
corretora, pois, do contrário, ela seria responsável pelo
cumprimento de todos os negócios por ela intermediados. Isso
desvirtuaria a natureza jurídica do contrato de corretagem e a
própria legislação de regência. Exceção: a corretora pode responder
solidariamente com a incorporadora se ficarem constatadas
eventuais distorções na relação jurídica de corretagem. Ex: se a
corretora se envolver na construção e incorporação do imóvel, o
que originalmente não seria sua função. Neste caso, poderia ser
reconhecida a sua responsabilidade solidária. STJ. 3ª Turma. REsp
1.811.153-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
15/02/2022 (Info 725).
TÍTULOS DE CRÉDITO (NOTA PROMISSÓRIA)
Na aposição de datas de vencimentos distintas em nota
promissória, sendo uma coincidente com a emissão do título, deve
prevalecer, por presunção de que se trata da efetiva manifestação
de vontade do devedor, a data posterior

Caso concreto: João emitiu nota promissória em favor de uma


empresa. comprometendo-se a pagar R$ 100 mil. O emitente não
pagou o débito e a empresa ajuizou execução de título extrajudicial
contra ele.
O devedor apresentou exceção de pré-executividade suscitando
vício formal do título. Isso porque, na nota promissória, constaram
duas informações diferentes sobre a data de vencimento do título:
• no cabeçalho constou o dia 01/07/2012 como sendo a data de
vencimento da nota promissória;
• ocorre que, mais abaixo, foi anotado, por extenso, como o dia 1º
de julho de 2009 como sendo a data de vencimento do título.

Vale ressaltar que a referida nota promissória foi assinada em


01/07/2009, ou seja, essa foi a data de emissão do título. Esse
título é válido. Deve-se considerar que a data correta é a posterior
(vencimento para uma data posterior ao da emissão). Isso porque
a nota promissória consiste em título de crédito próprio, de modo
que, como tal, se destina à concessão de um prazo para
pagamento do valor nela estampado. A vontade presumida do
emitente de um título dessa espécie, então, é que seu pagamento
ocorra em data futura, não fazendo sentido lógico que a data de
sua emissão coincida com a data do vencimento. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.964.321-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/02/2022 (Info 725).
SOCIEDADES
A interposição de agravo de instrumento contra decisão que, em
ação de exclusão de sócio, homologa transação quanto à saída da
sociedade e fixa critérios para apuração dos haveres constitui erro
grosseiro, inviabilizando a aplicação da fungibilidade recursal

Caso adaptado: João era sócio de uma sociedade de advogados. Essa


sociedade de advogados ajuizou ação pedindo para que João fosse
excluído e que fossem fixados os critérios de liquidação parcial da
sociedade (apuração dos haveres). As partes fizeram um acordo em
audiência, o que foi homologado pelo juiz. As partes concordaram
com a retirada do sócio e se determinou a aplicação do contrato
social para a apuração dos haveres, que seria realizado em
liquidação de sentença. João interpôs agravo de instrumento contra
a decisão do juiz que homologou a transação alegando que não se
deveria aplicar o contrato social para apuração dos haveres. Não
cabe agravo de instrumento. Isso porque o pronunciamento judicial
que homologa transação (art. 487, III, “b” do CPC/2015), pondo fim
à fase cognitiva do processo com resolução de mérito, possui
natureza jurídica de sentença, conforme disposto expressamente no
art. 203, § 1º, do CPC. Não existia dúvida razoável quanto ao recurso
cabível. Houve, na visão do STJ, erro grosseiro do agravante. Logo,
afigura-se inviável a aplicação do princípio da fungibilidade recursal,
cuja incidência não admite a ocorrência de erro grosseiro quando da
interposição do recurso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.643-SC, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
RECURSO ESPECIAL
Para comprovação de prequestionamento, não se admite que a
certidão de julgamento, de caráter administrativo, subscrita por
servidor desprovido de poder jurisdicional, sirva como integrante do
acórdão para aferição dos fundamentos do julgado

No caso concreto, o acórdão recorrido apenas fez referência a um


julgamento de outra Turma do Tribunal, em processo diverso, que
deveria ser “acostado” a estes autos. Tal assertiva, porém, constou
apenas da certidão de julgamento. Logo, neste caso, não se pode
dizer que o Tribunal tenha enfrentado a questão. Não houve,
portanto, prequestionamento. Não se pode dizer sequer que o
Tribunal tenha enfrentado a questão mediante motivação per
relationem. A técnica de fundamentação por referência é legítima
quando o julgador se reportar a documento anteriormente lançado
nos autos tecendo considerações próprias minimamente
justificadoras da conexão entre os provimentos. No caso em tela, a
referência é afirmada em ato administrativo, reporta-se a decisão
externa aos autos e não tece nenhuma consideração própria
justificadora da suposta incorporação. Não se preenche, assim,
nenhum dos requerimentos aptos a tornar legítima a técnica. STJ. 2ª
Turma. AgInt no REsp 1.809.807-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 15/02/2022 (Info 725).
COMPENSAÇÃO 726 D1, J > P: 100 mil, 2018. Ação: 2022.
A prescrição somente obsta a compensação se for anterior ao D2, P> J: 80 mil. 2014. João alega: prescrição
momento da coexistência das dívidas desta em 2019. Está errado.
Importante!!! DEFENSORIA.
Art. 369. A compensação efetua-se entre
Caso hipotético: dívidas líquidas, vencidas e de coisas
João deve R$ 100 mil a Pedro. Essa dívida surgiu em 2018. Como fungíveis.
não houve o pagamento, em 2022, Pedro ajuizou ação de cobrança
contra ele. Ao ser citado, João apresentou contestação admitindo Qual é a razão disso?
que existe a dívida. Alegou, contudo, que Pedro também lhe deve No direito civil, diz-se que a “compensação
R$ 80 mil. Essa dívida surgiu em 2014. Diante disso, João pediu a opera por força de lei”. Isso significa que no
compensação das obrigações e que, ao final, só tenha que pagar R$ momento em que coexistem as dívidas a
20 mil. Pedro se insurgiu contra isso argumentando que esses R$ compensação ocorre de pleno direito,
80 mil que João está cobrando estão prescritos desde 2019. Logo mesmo que não haja naquele instante uma
não é mais possível exigir a quantia ainda que para fins de declaração judicial.
compensação. O argumento de Pedro deve ser acolhido? Não. A Por essa razão, se a compensação é alegada
prescrição somente obstará (impedirá) a compensação se ela for em juízo, a sentença não é constitutiva (não
anterior ao momento da coexistência das dívidas. Se o prazo é a sentença que faz a compensação). A
prescricional se completou posteriormente a esse fato, tal sentença será declaratória de algo que já
circunstância não constitui empecilho à compensação dos débitos. aconteceu, tendo efeitos ex tunc,
Foi justamente o exemplo dado acima. No momento em que surgiu retroagindo à data da coexistência dos
a dívida de João para com Pedro (2018), a dívida de Pedro para créditos.
com João ainda existia. Logo, houve um período de coexistência de
dívidas exigíveis. STJ. 3ª Turma. REsp 1.969.468-SP, Rel. Min. Nancy Vale ressaltar, por fim, que uma dívida
Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 726). prescrita também pode servir para
compensação se a parte beneficiada pela
compensação não quiser se utilizar deste
argumento em seu favor
Ainda que a pretensão de cobrança do
débito esteja prescrita quando configurada
a simultaneidade das dívidas, a parte que se
beneficia da prescrição poderá efetuar a
compensação.
O devedor de uma dívida que está prescrita
não é obrigado a pagá-la. No entanto, se ele
quiser pagar essa dívida, mesmo estando
ela prescrita, não há nada que o impeça.
Da mesma forma, mesmo que a dívida
esteja prescrita, se o devedor quiser
reconhecer que deve e fazer a
compensação, não há nada que o impeça.
Ex: Ricardo devia R$ 10 mil a Carlos. Esta
“dívida” (pretensão) prescreveu em 2018.
Em 2020, Carlos passou a dever R$ 4 mil a
Ricardo. Carlos não pode exigir a
compensação considerando que, quando se
tornou devedor, o seu crédito já estava
prescrito. No entanto, Ricardo poderá
aceitar fazer a compensação e, neste caso,
seu crédito se reduz para R$ 6 mil.
Portanto, se o crédito do qual é titular a
parte contrária estiver prescrito, é possível
que o devedor, o qual também ocupa a
posição de credor, desconte de seu crédito
o montante correspondente à dívida
prescrita.
Desse modo, nada impede que a parte que
se beneficia da prescrição realize,
espontaneamente, a compensação. Por
essa razão, ainda que reconhecida a
prescrição uma vez que a compensação foi
realizada voluntariamente pela parte, não
há óbice para que a perícia averigue se a
compensação ensejou a quitação parcial ou
total do débito decorrente do contrato de
financiamento imobiliário. Assim, o
indeferimento da produção de prova
pericial com fundamento na ocorrência de
prescrição configura cerceamento de
defesa.

SERVIÇOS BANCÁRIOS
Banco que tem muitos caixas eletrônicos inoperantes, com falta de
numerário nos caixas e muito tempo de espera nas filas é
condenado a pagar indenização por danos morais coletivos
Importante!!!

A inadequada prestação de serviços bancários, caracterizada pela


reiterada existência de caixas eletrônicos inoperantes, sobretudo
por falta de numerário, e pelo consequente excesso de espera em
filas por tempo superior ao estabelecido em legislação municipal, é
apta a caracterizar danos morais coletivos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.929.288-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022
(Info 726).
FALÊNCIA
Na hipótese de autofalência, inexistindo protestos contra a
devedora, o termo legal deve ser fixado em até 90 (noventa) dias
antes da distribuição do pedido

Quando o juiz decreta a falência, ele deverá tratar sobre diversos


assuntos nesse pronunciamento. Um dos temas que é definido
pelo juiz é o termo legal da falência. O termo legal de falência é o
dia que se considera – por presunção – que se tenha iniciado o
estado de insolvência do empresário devedor. O objetivo de fixar o
termo legal de falência está no fato de que investigar se, neste
período, o devedor praticou atos ilegítimos que prejudicaram seus
credores. Assim, a finalidade é definir o período que será
“investigado”. Caso o devedor tenha praticado determinadas
condutas ilegítimas, isso será considerado ineficaz porque a lei
presume que tenham sido feitas para se furtar ao pagamento dos
credores. Segundo o art. 99, II, da Lei nº 11.101/2005, no caso de
autofalência, inexistindo protestos contra a devedora, o termo
legal deve ser fixado em até 90 dias antes da distribuição do
pedido O juiz não pode ampliar esse prazo, utilizando como marco
o ajuizamento de ação de despejo e cobrança contra o devedor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.890.290-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Apenas a prescrição superveniente à formação do título
pode ser alegada em cumprimento de sentença

Caso hipotético: uma empresa de comércio de petróleo ajuizou ação


contra a Petrobrás pedindo a reparação por diversos aspectos do
contrato que teriam sido descumpridos pela companhia. O juiz
julgou os pedidos procedentes. No que tange a determinado pleito
da autora, o magistrado consignou: “Julgo procedente o pedido para
condenar a Petrobrás ao pagamento dos fretes realizados, cujos
valores deverão ser calculados na fase de liquidação.” Houve o
trânsito em julgado. Na liquidação de sentença, foi realizada perícia
que apontou que a Petrobrás deveria pagar R$ 2 milhões à empresa,
considerando fretes realizados desde 1987 e que não teriam sido
adimplidos. No cumprimento de sentença, a Petrobrás apresentou
impugnação suscitando a prescrição da pretensão de se exigir os
fretes ocorridos antes de 11 de janeiro de 1993. Afirmou que a
prescrição é matéria de ordem pública, que pode ser reconhecida
em qualquer tempo ou grau de jurisdição. O pedido da Petrobrás
não foi acolhido pelo STJ. A prescrição não pode ser alegada depois
do trânsito em julgado do título exequendo, com exceção daquela
superveniente à sentença. Na hipótese, o período da cobrança foi
definido na sentença transitada em julgado e não no laudo pericial,
que apenas determinou os valores devidos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.931.969-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
08/02/2022 (Info 726).
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Se a parte pede a expedição de ofício para que sejam requisitados
documentos e o juiz nega o requerimento, cabe agravo de
instrumento com base no art. 1.105, VI, do CPC
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões
que versem sobre o mero requerimento de expedição de ofício para
apresentação ou juntada de documentos ou coisas,
independentemente da menção expressa ao termo “exibição” ou
aos arts. 396 a 404 do CPC/2015. STJ. 1ª Turma. REsp 1.853.458-SP,
Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
MANDADO DE SEGURANÇA
Não cabe mandado de segurança contra ato de dirigente de
federação esportiva
Importante!!!

É inviável a subsunção de dirigentes, unidades ou órgãos de


entidades de administração do desporto ao conceito de autoridade
pública ou exercício de função pública, sobressaindo o caráter
privado dessas atividades, declarando-se a ilegitimidade passiva a
obstar o exame de mérito do mandado de segurança. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.348.503-SE, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/02/2022
(Info 726).
PRESCRIÇÃO 727
A interrupção da prescrição ocorre somente uma única vez para a
mesma relação jurídica, isto é, independentemente de seu
fundamento
Importante!!!
ODS 16

Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria pagar, em setembro de


2012, R$ 300 mil à Galícia Comércio Ltda. Essa quantia estava
materializada em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada. Não
houve pagamento na data do vencimento. Logo, iniciou-se a
contagem do prazo prescricional para a credora exigir o pagamento
da quantia.
RESPONSABILIDADE CIVIL
É descabido imputar ao banco responsabilidade por reparar danos
morais suportados por clientes que tiveram seus nomes citados em
reportagem feita por jornal que relatava supostas fraudes na
concessão de empréstimos

Caso adaptado: João, agricultor, obteve um financiamento agrícola


com o Banco do Brasil em um programa de crédito chamado de
PROAGRO. Passado algum tempo, o Jornal Diário da Serra publicou
reportagem narrando que estariam ocorrendo fraudes no PROAGRO
e que João seria uma das pessoas envolvidas porque beneficiada
com um empréstimo neste programa. João ajuizou ação de
indenização contra o Banco do Brasil afirmando que a instituição
seria a responsável pelos danos morais a si causados. O STJ afirmou
inexistir responsabilidade do banco nesse caso. É descabido reputar
à instituição financeira, que foi mencionada em matéria jornalística
retratando fatos que lhe eram desabonadores, responsabilidade por
reparar danos morais suportados por clientes que tiveram seus
nomes citados nessa mesma reportagem. STJ. 3ª Turma. REsp
1.761.078-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
22/02/2022 (Info 727).
ARBITRAGEM Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral, devido à I - for nula a convenção de arbitragem;
ocorrência dos vícios elencados no art. 32 da Lei nº 9.307/96, possui II - emanou de quem não podia ser árbitro;
prazo decadencial de 90 dias III - não contiver os requisitos do art. 26
Tema já apreciado nos Infos 691 e 709-STJ desta Lei;
ODS 16 IV - for proferida fora dos limites da
convenção de arbitragem;
A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, V - (Revogado pela Lei nº 13.129/2015)
judicialmente, por duas vias: a) ação declaratória de nulidade de VI - comprovado que foi proferida por
sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou b) prevaricação, concussão ou corrupção
impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da passiva;
Lei nº 9.307/96). O § 1º do art. 33 prevê um prazo de 90 dias para VII - proferida fora do prazo, respeitado o
ajuizar a ação de declaração de nulidade. O § 3º do mesmo artigo disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
não prevê prazo. Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º VIII - forem desrespeitados os princípios de
do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A impugnação que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser
apresentada no prazo de 90 dias? Art. 525 (...)
Depende: § 1º Na impugnação, o executado poderá
• se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da alegar:
Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias. Assim, se já tiver se I - falta ou nulidade da citação se, na fase de
passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá conhecimento, o processo correu à revelia;
apresentar impugnação alegando um dos vícios do art. 32. A escolha II - ilegitimidade de parte;
entre a ação de nulidade e a impugnação ao cumprimento de III - inexequibilidade do título ou
sentença em nada interfere na cristalização ou não da decadência, inexigibilidade da obrigação;
de modo que, escoado o prazo de 90 dias para o ajuizamento da IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
ação de nulidade, não poderá a parte suscitar as hipóteses de V - excesso de execução ou cumulação
nulidade previstas no art. 32 da Lei de Arbitragem pela via da indevida de execuções;
impugnação. VI - incompetência absoluta ou relativa do
• mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda juízo da execução;
poderá alegar uma das matérias do § 1º do art. 525 do CPC. Não é VII - qualquer causa modificativa ou
cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com extintiva da obrigação, como pagamento,
base nas nulidades previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/96, após o novação, compensação, transação ou
prazo decadencial nonagesimal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.900.136/SP, prescrição, desde que supervenientes à
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691). STJ. 3ª sentença.
Turma. REsp 1.862.147-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 14/09/2021 (Info 709). STJ. 3ª Turma. REsp 1.928.951-TO, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 727).
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO
Se ocorreu um acidente em um espetáculo artístico, a patrocinadora
desse evento pode ser responsabilizada?
Importante!!!
ODS 16 A empresa patrocinadora de evento, que não participou da
sua organização, não pode ser enquadrada no conceito de
fornecedor para fins de responsabilização por acidente de
consumo ocorrido no local. STJ. 3ª Turma. REsp 1.955.083-BA, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 727).
PLANO DE SAÚDE
Após o prazo de 30 dias do nascimento, o neonato submetido a
tratamento terapêutico e não inscrito no plano de saúde deve ser
considerado usuário por equiparação, o que acarreta para ele o
direito manter a cobertura recolhendo as mensalidades
ODS 16

Caso hipotético: Regina é cliente de um plano de saúde. Vale


ressaltar que seu contrato oferece cobertura inclusive para
tratamento obstétrico. Regina ficou grávida e deu à luz a Lucas.
Ocorre que o bebê apresentou problema cardíaco ao nascer e
necessitou de cirurgia. Assim, logo após o parto, o neonato foi
submetido à cirurgia cardíaca. O plano custeou o procedimento.
Ocorre que Lucas necessitou de internação hospitalar por período
superior a 30 dias. Diante daquele cenário de desespero por conta
da internação, os pais de Lucas nem o inscreveram como
dependente no plano de saúde da genitora. Logo, após o 30º dia, o
plano não mais aceitou custear as despesas de internação de Lucas.
Então, se, de um lado, a lei exime a operadora da obrigação de
custear o tratamento médico prescrito para o neonato, após o 30º
dia do parto, se ele não foi inscrito como beneficiário do plano de
saúde, impede, de outro lado, que se interrompa o tratamento
ainda em curso, assegurando, pois, a cobertura assistencial até a sua
alta hospitalar.
Nesse contexto, após o prazo de 30 (trinta) dias do nascimento, o
neonato submetido a tratamento terapêutico e não inscrito no
plano de saúde deve ser considerado usuário por equiparação. Em
outras palavras, deve ser considerado como se inscrito fosse, ainda
que provisoriamente, o que lhe acarreta não o ressarcimento de
despesas conforme os valores de tabela da operadora, mas o
recolhimento de quantias correspondentes a mensalidades de sua
categoria, a exemplo também do que acontece aos beneficiários sob
tratamento assistencial em planos extintos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.953.191-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022
(Info 727).
PLANO DE SAÚDE Resolução nº 8/1998 do CONSU
É ilegal a cobrança, pelo plano de saúde, de coparticipação em
forma de percentual no caso de internação domiciliar não alusiva a No caso de internação, a Resolução nº
tratamento psiquiátrico 8/1998 do CONSU determina que é
Importante!!!
possível a cláusula de coparticipação,
mas esta não poderá ser fixada em
A contratação de coparticipação para tratamento de saúde, seja
em percentual ou seja em montante fixo, desde que não inviabilize percentuais, devendo o contrato
o acesso ao serviço de saúde é legal (válida). Todavia, em regra, é determinar valores prefixados a fim de
vedada a cobrança de coparticipação apenas em forma de não surpreender o contratante.
percentual nos casos de internação. A exceção são os eventos
relacionados à saúde mental. Nos contratos de plano de saúde não Exceção: coparticipação nas hipóteses
é abusiva a cláusula de coparticipação expressamente ajustada e de internações psiquiátricas
informada ao consumidor, à razão máxima de 50% (cinquenta por A prescrição da internação em virtude
cento) do valor das despesas, nos casos de internação superior a de transtornos psiquiátricos ou doenças
30 (trinta) dias por ano, decorrente de transtornos psiquiátricos,
mentais é considerada uma medida
preservada a manutenção do equilíbrio financeiro. No caso
terapêutica excepcional, a ser utilizada
concreto, foi estabelecida, contratualmente, a coparticipação da
consumidora sobre o total das despesas arcadas pelo plano de somente quando outras formas de
saúde no caso de internação domiciliar em forma de percentual, tratamento ambulatorial ou em
razão pela qual se conclui pela sua ilegalidade, até mesmo porque consultório se mostrarem insuficientes
substituta da internação hospitalar não relacionada à saúde para a recuperação do
mental. STJ. 3ª Turma. REsp 1.947.036-DF, Rel. Min. Nancy paciente/consumidor.
Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727). Diante desse contexto, a Resolução
Normativa 428/2017, da ANS,
determina que, em caso de internação
psiquiátrica:
• o fator moderador (coparticipação)
somente poderá ser aplicado quando
ultrapassados 30 dias de internação
contínuos ou não, nos 12 meses de
vigência; e
• essa coparticipação deverá ficar
limitada a 50%.
BEM DE FAMÍLIA 728
Admite-se a penhora do bem de família para saldar o débito
originado de contrato de empreitada global celebrado para
promover a construção do próprio imóvel
Importante!!!
ODS 16 Exemplo hipotético: João tinha um terreno vazio e contratou
uma construtora para edificar uma casa no local. O contrato
celebrado foi do tipo “empreitada global”, ou seja, a empresa foi
contratada para construir a casa fornecendo todo o material
necessário. A casa foi entregue, mas João deixou de pagar as últimas
parcelas do contrato. Diante disso, a empresa ajuizou execução
contra o devedor e o juiz determinou a penhora da casa, mesmo
sendo bem de família. Isso é permitido com base na inciso II do art.
3º da Lei nº 8.009/90: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,
trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (...) II - pelo titular
do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos
em função do respectivo contrato; O intuito do legislador ao prever
a exceção legal ora tratada foi o de evitar que aquele que contribuiu
para a aquisição ou construção do imóvel ficasse impossibilitado de
receber o seu crédito. Nesse cenário, é nítida a preocupação do
legislador no sentido de impedir a deturpação do benefício legal,
vindo a ser utilizado como artifício para viabilizar a aquisição,
melhoramento, uso, gozo e/ou disposição do bem de família sem
nenhuma contrapartida, à custa de terceiros. STJ. 3ª Turma. REsp
1.976.743-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022
(Info 728).
PROPRIEDADE INTELECTUAL A fita master, em uma linguagem
É legal a cláusula contratual que confere à gravadora a propriedade simplificada, é a fita magnética na qual
dos masters de obra musical foi armazenada a gravação original da
Importante!!! música.
ODS 16 Caso adaptado: na década de 1960, o grande cantor João
Gilberto celebrou contratos com a gravadora EMI para a gravação de
discos de vinil (Long Plays – LPs). O contrato chegou ao fim e, em
2013, o cantor ajuizou ação contra a gravadora pedindo a devolução
das fitas masters dos LP´s gravados. O pedido não foi acolhido. A fita
master (também chamada apenas de master) é o resultado final do
processo de criação. O master pode ser copiado em vinil, CD ou fita
magnética e constitui um fonograma, para os fins do art. 5º, IX, da
Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais). O direito autoral distingue
o corpus misticum do corpus mechanicum: a) corpus misticum: é a
criação autoral propriamente dita, ou seja, é a obra imaterial fruto
do espírito criativo humano; b) corpus mechanicum: é o meio físico
no qual essa criação autoral se encontra materializada. O master,
assim como as cópias que dela podem ser extraídas, são
classificadas como bens corpóreos (corpus mechanicum) e, nessa
condição, podem ser alienados. Isso significa que a gravadora
comprou esses bens corpóreos (fitas masters), sendo plenamente
válida essa aquisição. Quem adquire um livro ou um vinil passa a ser
o proprietário desse objeto, desse corpus mechanicum. Se o
compositor/intérprete de uma canção não pode reivindicar a
posse/propriedade de um vinil já comercializado com fundamento
em uma suposta transmutação operada pelo seu direito moral de
autor, tampouco pode fazê-lo em relação aos masters, uma vez que
estes são apenas uma forma diferenciada de apresentação do
mesmo fonograma. Não se vislumbra, por essa razão, nenhuma
ilegalidade flagrante na cláusula contratual que conferiu a
propriedade dos masters à gravadora. STJ. 3ª Turma. REsp
1.727.950-RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 08/03/2022 (Info
728).
PLANO DE SAÚDE
Se for uma situação de urgência, o plano de saúde é obrigado a
custear o parto mesmo que, no caso concreto, o plano da mãe não
inclua serviços de obstetrícia
Importante!!!
A operadora de plano de saúde tem o dever de cobrir parto de
urgência, por complicações no processo gestacional, ainda que o
plano tenha sido contratado na segmentação hospitalar sem
obstetrícia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.947.757-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
CONTRATOS BANCÁRIOS
O limite de desconto do empréstimo consignado não se aplica aos
contratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza o débito
das prestações em conta-corrente
Importante!!!
Tema já apreciado no Info 612-STJ
ODS 16

São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários


comuns em conta-corrente, ainda que utilizada para recebimento de
salários, desde que previamente autorizados pelo mutuário e
enquanto esta autorização perdurar, não sendo aplicável, por
analogia, a limitação prevista no § 1º do art. 1º da Lei nº
10.820/2003, que disciplina os empréstimos consignados em folha
de pagamento. STJ. 2ª Seção. REsp 1.863.973-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema
1085) (Info 728).
CITAÇÃO
A juntada nos autos de simples manifestação da União informando o
envio de ofício, antes de despacho determinando a sua citação para
responder a ação, não configura comparecimento espontâneo apto
a suprir a falta de citação
ODS 3 E 16

Caso concreto: a autora ajuizou ação contra a União, o Estado-


membro e o Município pleiteando o fornecimento de
suplementação alimentar necessária para tratamento de uma
doença. O Juiz Federal deferiu o pedido de tutela provisória de
urgência (“deferiu a liminar”), determinando primeiramente, a
intimação dos réus para o cumprimento da decisão e, em seguida, a
citação. O magistrado determinou, ainda, a intimação da autora
para juntar aos autos três orçamentos do suplemento nutricional
pedido na ação. A Secretaria expediu os mandados de intimação
(não expediu mandado de citação). A União foi intimada da liminar
e, alguns dias depois, peticionou ao juízo informando que foi
enviado ofício ao Ministério da Saúde para fins de cumprimento da
decisão antecipatória. A autora juntou aos autos o orçamento do
suplemento. O Juiz proferiu novo despacho determinando o
prosseguimento do feito com a citação dos réus. Ocorre que esse
comando não foi cumprido pela Secretaria. O Estado e o Município
apresentaram contestação, mas a União, não o fez. O Juiz proferiu
sentença julgando procedente o pedido. O STJ considerou que não
houve citação válida da União. De igual modo, não se pode dizer que
tenha havido comparecimento espontaneamente aos autos, apto a
suprir a falta de citação, nos termos do art. 239, § 1º, do CPC. Houve
quebra de legítima expectativa da União de que seria citada para
oferta da contestação. Isso porque depois de a União ter informado
sobre a expedição do ofício, o magistrado determinou a expedição
de mandado de citação, o que não aconteceu. STJ. 2ª Turma. REsp
1.904.530-PE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 08/03/2022
(Info 728).
COMPETÊNCIA
A competência para julgar mandado de segurança contra ato do ato
do Controlador-Geral do Distrito Federal é do juízo de 1ª instância
(Vara da Fazenda Pública)
ODS 16

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não tem


competência para processar e julgar mandado de segurança
impetrado contra ato do Controlador-Geral do Distrito Federal.
Compete ao TJDFT julgar mandado de segurança contra atos dos
Secretários de Governo do Distrito Federal e dos Territórios. Ocorre
que o Controlador-Geral do Distrito Federal não é considerado
Secretário de Governo, para fins de competência do TJDFT. STJ. 2ª
Turma. RMS 57.943-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
COISA JULGADA Na lição de Pontes de Miranda, após a
Nos casos em que já executado o título formado na primeira coisa rescindibilidade da sentença, “vale a
julgada, ou se iniciada sua execução, deve prevalecer a primeira segunda, e não a primeira, salvo se a
coisa julgada em detrimento daquela formada em momento primeira já se executou, ou começou de
posterior
executar-se”. (Comentários ao Código
Importante!!!
ODS 16 de Processo Civil. 3. ed. , t. 6. Rio de
Janeiro: Forense, 2002, p. 214). (...)
Em regra, se houver conflito entre sentenças transitadas em
julgado deve valer a coisa julgada formada por último, enquanto
não invalidada por ação rescisória (STJ. Corte Especial. EAREsp
600811/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/12/2019).
Exceção: nos casos em que já executado o título formado na
primeira coisa julgada, ou se iniciada sua execução, deve
prevalecer a primeira coisa julgada em detrimento daquela
formada em momento posterior. STJ. 2ª Turma. AgInt nos EDcl no
REsp 1.930.955-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
CONTRATO DE SEGURO 729
A contagem do prazo prescricional de 1 ano que o segurado possui
para exigir a indenização da seguradora somente se inicia na data
em que o segurado toma ciência de que a seguradora se recusou a
pagar
Importante!!!
ODS 16 Nos contratos de seguro em geral, a ciência do segurado
acerca da recusa da cobertura securitária é o termo inicial do prazo
prescricional da pretensão do segurado em face da seguradora. STJ.
3ª Turma. REsp 1.970.111-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
15/03/2022 (Info 729).
DOAÇÃO INOFICIOSA
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é
contado a partir do registro do ato jurídico que se pretende anular,
salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado
Importante!!!
ODS 16 Doação inoficiosa é a que invade a legítima dos herdeiros
necessários. A pessoa que tenha herdeiros necessários só pode
doar até o limite máximo da metade de seu patrimônio,
considerando que a outra metade é a chamada “legítima” (art.
1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessários. O art. 549 do CC
afirma que é nula. A ação cabível para se obter a anulação é a ação
de nulidade de doação inoficiosa (ação de redução), que pode ser
proposta pelos herdeiros necessários do doador, no prazo
prescricional de 10 anos. Quando se inicia esse prazo? Regra:
conta-se a partir do registro do ato jurídico que se pretende anular.
Exceção: essa prazo pode ser iniciado antes se ficar comprovado
que, em momento anterior ao registro, o suposto prejudicado já
teve ciência inequívoca do ato. Caso concreto no qual o STJ aplicou
a

exceção acima explicada: Rui e Sandra são irmãos. Em 09/09/2005,


foi lavrada escritura pública na qual os pais doaram para Sandra um
bem imóvel muito valioso. Vale ressaltar que essa doação foi
inoficiosa, pois atingiu a parte indisponível do patrimônio dos
doadores, ferindo o direito de Rui à legítima. Rui, mesmo não sendo
doador nem donatário, participou da assinatura da escritura pública
na qualidade de “interveniente-anuente”. Em 18/05/2009, essa
doação foi registrada no cartório de registro de imóveis. Em
22/08/2018, Rui ajuizou ação pedindo a nulidade dessa doação por
ser inoficiosa. Sandra arguiu a prescrição da pretensão considerando
que o prazo de 10 anos teria se iniciado em 09/09/2005 (data da
lavratura da escritura pública). Rui se defendeu alegando que o
termo inicial da prescrição foi 18/05/2009, quando ocorreu o
registro do ato jurídico que se pretende anular. O STJ concordou
com os argumentos de Sandra. Isso porque, no momento da
lavratura da escritura pública, Rui já teve ciência inequívoca do ato.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.933.685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/03/2022 (Info 729).

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