Você está na página 1de 9

Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

Órgão 7ª Turma Cível

Processo N. APELAÇÃO CÍVEL 0704785-13.2019.8.07.0006


APELANTE(S) ROSA MARIA DA MOTTA DE VASCONCELLOS
ALCIONE SANTOS AYRES,SILMAR SANTOS DO
APELADO(S) NASCIMENTO,MAURICIO SANTOS AYRES e MARIA LUCIA SANTOS
AYRES
Relator Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA

Acórdão Nº 1233989

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA. PETIÇÃO


INICIAL. DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA AÇÃO.
DETERMINAÇÃO DE EMENDA. DESCUMPRIMENTO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO
DE MÉRITO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Nos termos do art. 320 NCPC, a petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação.

2. A indispensabilidade da juntada do documento com a petição inicial é aferível diante do caso


concreto, isto é, depende do tipo da pretensão deduzida em juízo.

3. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos legais ou que apresenta defeitos e
irregularidades, dará prazo de 15 (quinze) dias para que o autor a emende ou a complete, sob pena de
indeferimento da inicial e consequente extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do
artigo 321, parágrafo único c/c o artigo 485, inciso I, do NCPC.

4. O momento oportuno para colacionar tais documentos é do protocolo da inicial, ou, como no ca

5. Proferida decisão indicando, de maneira clara e precisa, os vícios que devem ser sanados, o
atendimento insuficiente à determinação de emenda à inicial para adequação da peça às exigências do
comando judicial autoriza o indeferimento da petição e a consequente extinção do feito sem resolução
de mérito.

6. Recurso improvido.
ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator, ROMEU GONZAGA NEIVA -
1º Vogal e LEILA ARLANCH - 2º Vogal, sob a Presidência da Senhora Desembargadora GISLENE
PINHEIRO, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. IMPROVIDO. UNÂNIME., de acordo
com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 27 de Fevereiro de 2020

Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA


Relator

RELATÓRIO

Cuida-se de ação de anulação de partilha movida por ROSA MARIA DA MOTTA DE


VASCONCELLOS em face de ALCIONE SANTOS AYRES, SILMAR SANTOS DO
NASCIMENTO, MAURICIO SANTOS AYRES e MARIA LUCIA SANTOS AYRES.

A parte autora, instada a emendar a inicial, deixou de conferir integral cumprimento à determinação.

Desse modo, foi proferida sentença nos seguintes termos:

Diante do exposto, indefiro a petição inicial com fulcro no disposto no art. 330, IV, do Código de
Processo Civil e deixo de resolver o mérito nos termos do art. 485, I, do mesmo Código.

Oficie-se, desde logo, ao relator do agravo de instrumento nº 0712502-94.2019.8.07.0000


informando-o da prolação desta sentença.

Condeno a parte autora ao pagamento das despesas processuais.

Após o trânsito em julgado desta sentença, não havendo outros requerimentos, dê-se baixa na
distribuição e arquivem-se os autos.

Inconformada, apela a Autora objetivando a cassação da r. sentença. Para tanto, aduz que a
documentação requerida pelo juiz a quo, no caso, as certidões de óbito dos pais do de cujus, não são
documentos essenciais à propositura da demanda, que visa à anulação de inventário e partilha, de
forma a ensejar o indeferimento da petição inicial. Ademais, pondera que os documentos acostados aos
autos são suficientes para atestar o óbito, sem falar que tais certidões poderiam ser apresentadas pelos
Réus, ora Apelados, em contestação.

Destaca a dificuldade para conseguir os documentos requeridos, uma vez que se encontram em
cartórios do Estado do Rio de Janeiro, não se tratando, assim, de mero descumprimento da decisão de
determinou a emenda da petição inicial.
Fundamenta sua pretensão nos princípios da cooperação e da primazia do julgamento de mérito.

Porém, caso não seja este o entendimento adotado, apresenta, juntamente com suas razões recursais, a
certidão de óbito da Sra. Alcione Santos Ayres, bem como nova emenda à petição inicial.

Ao final, requerem o provimento do recurso, com a cassação da r. sentença e o retorno dos autos ao
Juízo a quo para regular prosseguimento do feito.

Preparo ID n. 12956194 e 12956199.

Contrarrazões ID n. 12956254, págs. 01/13.

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Trata-se de Apelação interposta por em face da r. sentença que indeferiu a petição inicial, com fulcro
no art. 330, inciso IV, do novo Código de Processo Civil e, por via de consequência, extinguiu o
processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inciso I, do referido Código.

Em seu apelo, aduz que a documentação requerida pelo juiz a quo, no caso, as certidões de óbito dos
pais do de cujus, não são documentos essenciais à propositura da demanda, que visa à anulação de
inventário e partilha, de forma a ensejar o indeferimento da petição inicial. Ademais, pondera que os
documentos acostados aos autos são suficientes para atestar o óbito, sem falar que tais certidões
poderiam ser apresentadas pelos Réus, ora Apelados, em contestação.

Destaca a dificuldade para conseguir os documentos requeridos, uma vez que se encontram em
cartórios do Estado do Rio de Janeiro, não se tratando, assim, de mero descumprimento da decisão
que determinou a emenda da petição inicial.

Fundamenta sua pretensão nos princípios da cooperação e da primazia do julgamento de mérito.

Porém, caso não seja este o entendimento adotado, apresenta, juntamente com suas razões recursais, a
certidão de óbito da Sra. Alcione Santos Ayres, bem como nova emenda à petição inicial.

Ao final, requer o provimento do recurso, com a cassação da r. sentença e o retorno dos autos ao Juízo
a quo para regular prosseguimento do feito.

Sem razão a Apelante.

O art. 321 do Novo Código de Processo Civil trata da emenda à petição inicial, a qual ocorre quando
esta não possui todos os requisitos dos arts. 319 e 320 do referido Código ou apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito. Sendo assim, determinará o juiz que o
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, sob pena de seu indeferimento, nos
termos do art. 330, inciso IV, do NCPC, combinado com o art. 321 do mesmo diploma legal, e
conseqüente extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 485, inciso I, do Novo Código de
Processo Civil).

É certo que o magistrado não pode indeferir de plano a petição inicial sem, ao menos, conceder à parte
prazo para que a emende, consertando, dessa forma, eventuais defeitos e irregularidades. Caso assim
não o fosse, estaríamos diante de violação a direito subjetivo, ocasionando ao jurisdicionado
cerceamento de direito e, por conseqüência, de defesa, em ofensa aos princípios dispostos nos incisos
XXXV e LV do art. 5º da Constituição Federal (REsp 438.685/DF, 2ª Turma, Relator Ministro João
Otávio de Noronha, julgado em 06.06.2006, DJ 03.08.2006).

Compulsando os autos, verifica-se que foi determinada a intimação da parte autora para que em 15
(quinze) dias emendasse a inicial, sob pena de indeferimento (ID n. 12956156, págs. 01/02).

Observa-se que foram indicadas na decisão, de forma precisa e detalhada, as irregularidades a serem
sanadas na petição inicial. Vejamos:

Nesses termos, emende-se a petição inicial, sob pena de indeferimento, para:

1) recolher as custas judiciais;

2) esclarecer se já efetuou a distribuição de ação de reconhecimento e dissolução de união estável;

3) formular pedido de meação e/ou herança (petição de herança);

4) arrolar, juntando a documentação pertinente, os bens que devem ser objeto de partilha afora o
imóvel e o veículo FIAT/Strada, placa OPM 3647, constantes da escritura pública de inventário
extrajudicial de ID 35917212;

5) esclarecer se a sociedade empresária de ID 35917384 segue em funcionamento e quem é o seu


administrador provisório;

6) juntar:

6.1) os documentos de ID 35917290 e 36508881 em resolução adequada e em ordem de leitura;

6.2) certidão de inteiro teor das matrículas dos imóveis de Luziânia - GO e esclarecer quem se
encontra na administração provisória deles, uma vez que não compuseram o inventário;

6.3) certidão negativa de testamento (Provimento 56/2016/CNJ);

6.4) certidão de nascimento atualizada da autora, bem como informar na peça vestibular o seu estado
civil;

6.5) certidão de nascimento atualizada do falecido;

6.6) cópia da escritura pública que já foi prenotada na matrícula do imóvel de ID 35917280;

6.7) provas mínimas da afirmada união estável;

6.8) certidões de óbito dos genitores do autor da herança (Martinho e Alcione).


Em atendimento à determinação, a Apelante trouxe aos autos petição ID n. 12956162, págs. 01/04,
acompanhada dos documentos ID n. 12956163, págs. 01/02; ID n. 12956164, págs. 01/05; ID n.
12956165, págs. 01/02; ID n. 12956166, págs. 01/04; ID n. 12956167, págs. 01/06; ID n. 12956168,
págs. 01/13; ID n. 12956169, págs. 01/10; ID n. 12956170, págs. 01/02; ID n. 12956171, págs. 01/02;
ID n. 12956172, págs. 01/02; ID n. 12956173, págs. 01/11; ID n. 12956174, págs. 01/04; ID n.
12956175, págs. 01/05.

Ao apreciar a documentação apresentada, o MM. Juiz constatou que a Autora não havida cumprido
adequadamente a decisão acima transcrita, razão pela qual concedeu novo prazo para atendimento da
determinação, nos seguintes termos (ID n. 12956177):

A autora não cumpriu adequadamente a decisão de ID 36571139.

Não foram cumpridos, por exemplo, os itens 6.3 e 6.8.

A certidão negativa de testamento pode ser facilmente obtida pela plataforma eletrônica CENSEC.

As certidões de óbito, por sua vez, podem ser obtidas pelo sítio
"https://www.falecidosnobrasil.org.br/".

Registre-se que a decisão de ID 36571139 foi proferida em 11/6/2019.

Ademais, verifica-se, em consulta aos autos do Agravo de Instrumento nº


0712502-94.2019.8.07.0000, que o pedido de efeito suspensivo foi indeferido.

Assim, concedo o derradeiro prazo de cinco dias para cumprimento integral da decisão retro,
inclusive demonstrar o recolhimento das taxas judiciais, sob pena de indeferimento da petição inicial.

A fim de cumprir a decisão supracitada, a Apelante juntou aos autos a petição ID n. 12956179, bem
como os documentos ID n. 12956180; ID n. 12956181 (ilegível, resolução inadequada); ID n.
12956182, págs. 01/02; ID n. 12956183.

Os autos foram conclusos para sentença, tendo o magistrado de 1ª instância se pronunciado da


seguinte maneira (ID n. 10283593):

É dever da parte autora cumprir e atender as determinações judiciais destinadas a possibilitar a


marcha processual, a fim de ver solucionada questão posta em Juízo. Quando o autor deixa de
proceder a atos de sua responsabilidade, mormente quando instado a fazê-lo e não o faz a contento,
conforme determinado, a sua conduta dá azo à extinção do processo sem resolução do mérito.

Conforme relatado, a autora não apresentou documento essencial ao ajuizamento da ação.


Não é necessária a intimação pessoal da parte, porquanto, devidamente intimado, o procurador
deixou de cumprir, a contento, o despacho judicial e neste sentido, já se decidiu o Egrégio Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e Territórios, cujo julgado está assim ementado:

PROCESSUAL CIVIL. INDEFERIMENTO DA INICIAL. ARTIGOS 284 E 267, I DO CPC.


ADVOGADO REGULARMENTE INTIMADO VIA IMPRENSA OFICIAL. INTIMAÇÃO PESSOAL
DA PARTE. DESNECESSIDADE.

Padecendo a petição inicial de qualquer irregularidade, deve o autor ser intimado para que a emende
ou complete, no prazo de 10 (dez) dias. Não sendo a determinação atendida, impõe-se o seu
indeferimento.

É ato que compete ao patrono da parte, regularmente intimado pelo Diário de Justiça, o saneamento
das deficiências apontadas na petição inicial.

O regramento contido no § 1º do art. 267 do CPC não se aplica à hipótese de extinção do feito por
indeferimento da petição inicial.(20071010009829APC, Relator CARMELITA BRASIL, 2ª Turma
Cível, julgado em 18/07/2007, DJ 09/08/2007 p. 85) (grifo acrescido)

Com efeito, constitui ônus da parte apresentar a petição inicial atendidos todos os requisitos impostos
na lei. A ausência de qualquer deles, pode ser suprida mediante a emenda à inicial, contudo, constitui
medida excepcional.

No caso dos autos, observa-se que o MM. Juiz a quo especificou, de maneira pormenorizada, todas as
irregularidades que deviam ser corrigidas na petição inicial, em total observância ao disposto na parte
final do art. 321 do novo Código de Processo Civil, o qual estabelece:

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que
deve ser corrigido ou completado.

Porém, conforme explicitado claramente na decisão ID n. 12956177, a Apelante procederam à emenda


de modo insuficiente, deixando de apresentar as certidões de óbito, sem falar que anexou a guia de
recolhimento de custas sem o devido comprovante de pagamento, um a vez que este deve ter sido
lançado no sistema PJe com resolução inadequada.

Assim, o desatendimento à ordem de emenda à petição inicial impõe o seu indeferimento e a


consequente extinção do processo sem análise do mérito, conforme dispõem os artigos 321, parágrafo
único, e 485, ambos do CPC.

Nesse sentido:
APELAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. DETERMINAÇÃO DE
EMENDA À INICIAL. DESCUMPRIMENTO. VÍCIO NÃO SANADO. EXTINÇÃO DO PROCESSO
SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. De acordo com o
art. 321 do CPC, caso o juiz verifique que a petição inicial apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento do mérito, determinará que o autor a emende ou a complete, no
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento. 2. Se o autor responde de maneira insuficiente
ao claro comando judicial de emenda à inicial, sequer regularizando sua representação processual,
revela-se acertada a sentença que indefere a petição inicial com fundamento no art. 485, I, IV e VI c/c
art. 321, parágrafo único, ambos do Código de Processo Civil. 3. Recurso conhecido e desprovido.

(Acórdão n.1184389, 07038490420188070012, Relator: SANDRA REVES 2ª Turma Cível, Data de


Julgamento: 10/07/2019, Publicado no DJE: 24/07/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.).

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO EM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.


EMENDA À INICIAL. CONSTITUIÇÃO EM MORA DO DEVEDOR NÃO DEMONSTRADA. VALOR
DA CAUSA. VALOR DO CONTRATO. CUSTAS REMANESCENTES. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO. NÃO CUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO DE
EMENDA. INDEFERIMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.
ART. 485, § 1º C/C ART. 321, PARÁGRAFO ÚNICO. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

(...)

3. Determinada a emenda da petição inicial e a parte autora não atende ao comando judicial, correta
a extinção do processo sem julgamento do mérito, com fulcro no art. 485, I, c/c o art. 321 e parágrafo
único, do Código de Processo Civil.

4. Recurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.

(Acórdão n.967169, 20161610001004APC, Relator: GISLENE PINHEIRO 2ª TURMA CÍVEL, Data


de Julgamento: 21/09/2016, Publicado no DJE: 26/09/2016. Pág.: 168/194);

PROCESSO CIVIL. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. DESCUMPRIMENTO DE


DETERMINAÇÃO DE EMENDA.
Não merece reparo a sentença que, após determinação de emenda da petição inicial, não atendida
pelo autor, extingue o feito sem resolução do mérito, nos moldes do art. 321, parágrafo único, c/c art.
485, I, do Código de Processo Civil.

Recurso de apelação conhecido e não provido.

(Acórdão n.950437, 20160110286818APC, Relator: ANA MARIA AMARANTE 6ª TURMA CÍVEL,


Data de Julgamento: 22/06/2016, Publicado no DJE: 05/07/2016. Pág.: 799/857);

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. CÓPIA DO CONTRATO. DETERMINAÇÃO


DE EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL. DESCUMPRIMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SENTENÇA MANTIDA.

1. O desatendimento da parte autora às ordens de emenda acarreta o indeferimento da petição inicial


e, consequentemente, a extinção do processo, nos termos do art. 485, inciso I, do novo Código de
Processo Civil.
2. Recurso desprovido.

(Acórdão n.962077, 20140910086686APC, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO 2ª TURMA CÍVEL,


Data de Julgamento: 24/08/2016, Publicado no DJE: 29/08/2016. Pág.: 177/187).

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, são indispensáveis à propositura da ação os documentos que
dizem respeito às condições da ação ou a pressupostos processuais, bem como os que se vinculam
diretamente ao próprio objeto da demanda (REsp 1.262.132/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão).

A indispensabilidade da juntada do documento com a petição inicial é aferível diante do caso


concreto, isto é, depende do tipo da pretensão deduzida em juízo.

Nota-se que a Autora pretende a anulação de inventário e partilha dos bens deixados pelo Sr. Osvaldo
Damião Santos do Nascimento, em favor de sua genitora e única herdeira, Sra. ALCIONE SANTOS
AYRES, conforme Escritura Pública de Inventário e Adjudicação, acostada ao ID n. 12956116, págs.
01/04. Todavia, a presente ação foi movida em face do ESPÓLIO DE ALCIONE SANTOS AYRES,
não havendo nos autos qualquer documento comprobatório do falecimento da mesma, tão pouco de
seu esposo, herdeiros do de cujus.

Não há dúvidas que as certidões de óbito requeridas se mostram necessárias para aferir a composição
do polo passivo da demanda.

No que tange os documentos apresentados na fase recursal, com o propósito de atender a


determinação de emenda à inicial, estes não podem ser considerados. Isso porque o momento
oportuno para colacionar tais documentos pela Autora/Apelante é do protocolo da inicial, ou, como no
caso dos autos, o momento propiciado pelo juízo de 1ª instância para emendar a peça de ingresso.

Dessa forma, restou preclusa a oportunidade da Apelante juntar aos autos os documentos requeridos
pelo magistrado a quo, razão pela qual a sentença deve ser mantida.

Outrossim, não há que se falar em excesso de rigor processual, tampouco em violação ao direito de
acesso à via judicial e aos princípios da cooperação, razoabilidade, primazia do julgamento de mérito,
celeridade e economia processual, uma vez que lhe foi oportunizada chance para regularização da
inicial, a qual não foi aproveitada pelos interessados.

Além do mais, não pode o magistrado conceder oportunidades indeterminadas para que as partes
promovam a complementação do feito, sob pena de violação do princípio constitucional da duração
razoável do processo.

Por fim, impõe considerar que a Autora não está tolhida de buscar e ver reconhecido o seu direito em
outra ação.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo incólume a r. sentença hostilizada.

Em razão do apelo não provido da parte Autora e da citação do Réu para apresentar contrarrazões,
aperfeiçoou-se a relação processual, sendo necessária a fixação de honorários, consectário lógico da
sucumbência, os quais fixo no patamar de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do
art. 85, § 2º, do novo Código de Processo Civil.

É como voto.
O Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA - 1º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH - 2º Vogal
Com o relator

DECISÃO

CONHECIDO. IMPROVIDO. UNÂNIME.

Você também pode gostar