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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA VARA FEDERAL DE JUAZEIRO-BA

JAILSON BOSCO DOS SANTOS, brasileiro, casado, bombeiro


civil, portador do RG n.º 0344834284 SSP/BA, inscrito no CPF sob o n.º 496.354.175-00,
residente e domiciliado na Rua Henrique Rocha, n° 336, Centro, Juazeiro/BA, CEP 53.190-
310, endereço eletrônico ignorado, vem a presença de V.Exª, por seus advogados “in fine”
assinados, devidamente qualificados no instrumento Procuratório anexo, perante V.Exa.,
promover a presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO TRABALHADO EM ATIVIDADE


ESPECIAL c/c APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PROVENTOS
INTEGRAIS

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -


INSS, na pessoa do seu Representante Legal em nosso Estado, com endereço para citação
localizado na Avenida Doutor Adolfo Viana, s/nº, Centro, Juazeiro/BA, ante os motivos de
fato e de direito, que a seguir passa a expor e ao final requerer:
I – DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

A parte Autora inicialmente vem requerer a Vossa Excelência os


benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurada pela Lei nº 1060/50, e o Artigo 98, e seguintes
do CPC, tendo em vista não poder arcar com as despesas processuais, assim como
honorários advocatícios.

Art. 98, CPC. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

Neste, pede-se seja deferido à parte Autora os benefícios da


Justiça Gratuita.

II – DA RENÚNCIA EXPRESSA AO QUE EXCEDER AO TETO DO JEF

Sabe-se que o teto exigido para pequenas causas nos Juizados


Especiais é de 60 (sessenta) salários-mínimos, razão pela qual a parte Autora VEM
EXPRESSAR A SUA MANIFESTA RENÚNCIA ao valor que exceder o teto do JEF, em
consonância com o art. 3º caput, da Lei 10.259/2001, declaração assinada anexa.

III – DO PEDIDO DE JUÍZO 100% DIGITAL

A parte Autora está de acordo com a justiça 100% digital, requer


as audiências de conciliação e instrução por videoconferência, ao seu turno, informa seu
endereço eletrônico advogado.ansel@gmail.com e seu número de celular/whatsapp (74)
98815-2030 para recebimento do link e senha de acesso à sala virtual de audiências.

IV – DOS FATOS

O autor requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a


aposentadoria por tempo de contribuição, sob o nº de benefício NB 42/204.526.346-5, com
data do requerimento administrativo em 11/05/2022, no que teve indeferido o pedido, haja
vista os motivos alegados na carta de indeferimento.
Ocorre que se somado o tempo de serviço trabalhado pelo
autor com os acréscimos decorrentes da conversão do período especificado junto ao
cargo de POLICIAL MILITAR DO ESTADO DA BAHIA, verifica-se que, na data do
requerimento administrativo, em 11/05/2022, o autor atingiu o tempo de contribuição
necessário para fazer jus à aposentadoria. Analisando-se os vínculos apresentados:
O Autor exerceu atividade remunerada de 01/06/1987 à
02/05/2003, no cargo de POLICIAL MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. E de 04/06/2001 à
09/09/2019, no cargo de PROFISSIONAL DE SERVIÇOS AEROPORTUÁRIOS na EMPRESA
BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA - INFRAERO
O período exercido no cargo de POLICIAL MILITAR foi atividade
especial, porém a Autarquia Ré, ainda que requerido no processo administrativo, não
reconheceu, quando deveria converter o tempo especial em tempo comum para o
cômputo do tempo de contribuição.
Logo, não resta dúvida que reconhecido o período exercido de
atividade especial reflita no reconhecimento e soma após a conversão ao tempo de
trabalho exercido em atividade comum na concessão da aposentadoria como justa. Uma
vez atingido o tempo de contribuição exigido por lei em face da comprovação de tempo de
serviço exercido nas condições especiais que completará o tempo de contribuição
necessário.

V – DA FUNDAMENTAÇÃO

A pretensão do autor vem amparada no art.57 da Lei nº8.213/91,


que viabiliza o reconhecimento do tempo de serviço, para fins de constatação e obtenção
do direito pleiteado. A conversão do tempo de serviço especial mostra-se concebível pelos
períodos trabalhados nessa condição o que assegurará o tempo necessário à concessão da
aposentadoria almejada.
Restando assim, comprovada a exposição a fatores de risco
nocivos, de modo habitual e permanente durante a jornada de trabalho. Nesse condão o
tempo de trabalho exercido sob essa condição especial deve ser considerado, estando
com isso preenchido os requisitos que autorizam a conversão do tempo de serviço
especial em exercício de atividade comum.
“Art. 57 – Lei 8.213/91 § 5º. O tempo de serviço exercido alternadamente em
atividades comum e em atividade profissional sob condições especiais que
sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou a integridade
física será somada, após a respectiva conversão, segundos critérios de
equivalência estabelecidos pelo Ministério do trabalho e da Previdência
Social, para efeito de qualquer benefício.
Art. 58º A relação de atividades profissionais prejudiciais à saúde ou à
integridade física será objeto de lei específica.

Conclui-se, dessa forma, que é devido ao autor aposentadoria


desde o requerimento do pedido administrativo, pois ninguém poderá ser privado dos seus
direitos básicos, tutelados constitucionalmente e legalmente, depois de comprovada pela
perícia judicial a ser realizada.
A Previdência Social tem adotado uma política social irreal, e
por vezes desumana, tornando-se, sobretudo, injusta e completamente desvinculada da
realidade sócio-econômica dos trabalhadores, ferindo, como no presente caso, os
objetivos sociais e históricos que justificam o nascimento da Previdência Social.
Dentre os pontos importantes a serem salientados para
fundamentar o decidido nestes autos, convém pontuar a polêmica jurisprudencial e
doutrinária a respeito da possibilidade de conversão do tempo laborado em condições
especiais em tempo de serviço comum; a contemporaneidade entre o formulário/laudo
técnico e o período em que foi exercida a atividade; a utilização de EPI; e a forma de
comprovação dos vínculos empregatícios.
O instituto da conversão do tempo de serviço nasceu a partir da
constatação de que a atividade executada pelos segurados não é estanque, mas sujeita a
alterações em toda sua vida produtiva. Assim é que, além de serem mesclados serviços em
trabalhos nocivos de prazos diferentes é comum que as pessoas trabalhem em serviços
especiais, e depois passem ao comum ou vice e versa.
Essa possibilidade encontra-se prevista no §5.º do art. 57 da
LBPS (Lei de Benefícios da Previdência Social), ante as alterações feitas ao art. 70 do
Decreto n.º 3.048/99, pelo art. 1.º do Decreto n.º 4.827/03, utilizando multiplicadores de
conversão para período laborado em condições nocivas à saúde:

“Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em


tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela:
(Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 2003)

VI – DO TEMPO ESPECIAL DE POLICIAL MILITAR DA BAHIA

O Autor foi servidor estadual no Estado da Bahia, ocupou o


cargo de Policial Militar de 01/06/1987 à 02/05/2003, num total de 15 anos e 11 meses.
Neste, o Autor era exposto a condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade
física, de caráter perigoso, a atividade exercida pelos policiais é extremamente perigosa,
de forma que os colocam em risco constantemente, seja risco à sua saúde ou risco à
própria vida.
Desta forma, não há dúvidas de que o período em que o
requerente trabalhou em atividade de perigo e insalubre deve ser contado como TEMPO
ESPECIAL, sendo convertida a tempo comum com os acréscimos legais. No entanto, o
INSS não quer reconhecer o tempo de atividade especial em que trabalhou o segurado,
alegando que de acordo com a legislação vigente, o período contribuído ao Regime Próprio
de Previdência Social não é passível de enquadramento.
Porém, a própria lei confere aos segurados a garantia de
contagem de tempo especial em situações de insalubridade e atividades perigosas,
conforme se verifica:
Art. 1o A Aposentadoria Especial, a que se refere o art. 31 da Lei no 3.807, de
26 de agosto de 1960, será concedida ao segurado que exerça ou tenha
exercido atividade profissional em serviços considerados insalubres,
perigosos ou penosos nos termos deste decreto. (Decreto No 53.831/1964).

Destarte, em relação à possibilidade de conversão de tempo de


atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum, a controvérsia se
encontra pacificada pelo STF, na Súmula Vinculante 33 do STF, vejamos:

Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da


previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º,
inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar
específica. SÚMULA VINCULANTE 33, STF

Portanto, o policial militar trabalha na área de segurança


pública, com uso de arma de fogo, sujeito ao risco a sua integridade física e psicológica,
atividade perigosa, assim faz jus que sua atividade seja reconhecidamente em condições
especiais.

VII – DO RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL SERVIDOR PÚBLICO - SÚMULA


VINCULANTE 33 STF

A Súmula Vinculante 33, do STF, corrigiu uma falha histórica,


pois disciplinou que o servidor público tem direito à aposentadoria especial de que trata o
artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar
específica. O que concedeu o direito ao servidor público da aposentadoria especial,
quando exercida a atividades que prejudicam a saúde ou integridade física.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal disciplinou que:
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º,
inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar
específica”. Súmula Vinculante 33, do STF.

Considerando o caso em tela, o Demandante foi servidor


público, no cargo de Policial Militar, trabalhava exposto contínuo ao risco à sua integridade
física e psicológica, logo faz jus ao reconhecimento das condições especiais de trabalho.

VIII – DO DIREITO À CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM - TEMA 942 STJ

O Tema 942 do STF disciplinou que as regras do Regime Geral


de Previdência Social devem ser aplicadas nos casos de averbação de tempo de serviço
prestado em condições especiais, nocivas à saúde ou integridade física do servidor
público, vejamos:

Tema 942 - Possibilidade de aplicação das regras do regime geral de


previdência social para a averbação do tempo de serviço prestado em
atividades exercidas sob condições especiais, nocivas à saúde ou à
integridade física de servidor público, com conversão do tempo especial em
comum, mediante contagem diferenciada.

Assim, o direito do reconhecimento da atividade especial de


policial militar do Requerente e sua conversão em tempo comum é cristalino, vez que são
notórias tais condições.
O Requerente busca no judiciário o reconhecimento e
conversão, outrora negados pela Autarquia Ré.

VII – DO PEDIDOS
Diante do todo exposto, requer a V.Ex.ª que se digne:

A) citar o INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS, no endereço acima indicado,


na pessoa de seu representante legal, para que apresente a sua defesa, querendo, sob
pena de revelia e confissão, bem como para que acompanhe todos os demais atos e
termos processuais até o final e em assim sendo, que “data máxima vênia”, V.Ex.ª venha a
JULGAR PROCEDENTE a presente demanda, CONDENANDO a Autarquia nos seguintes
pedidos:

a) seja compelida a reconhecer o tempo de serviço trabalhado em atividade especial,


consequentemente concedida a aposentadoria em favor do autor, com fulcro nas normas
Legais e não em medidas administrativas ilegais e contraditórias desde a data do
requerimento do benefício, com o pagamento das parcelas em atraso, devidamente
corrigidas, honorários advocatícios e demais cominações legais; ou com que seja averbado
o tempo de serviço especial controvertido exercido em condição especial;

b) imprimir o cumprimento de sua obrigação de fazer, do pedido supra no prazo de 15 dias


contados do trânsito em julgado da R. Decisão a ser proferida, sob pena do artigo 500, do
Código de Processo Civil, aplicando-se multa diária até o efetivo cumprimento, além de
outras cominações legais pertinentes a apurar;

c) que os valores sejam acrescidos de juros de mora a contar da data do requerimento


administrativo nos importes legais, correção monetária até a data do efetivo pagamento,
ambos nos termos da legislação vigente. Devendo ainda ser condenada ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios a base de 30%, incidentes sobre o total da
condenação que vier a se apurar em regular liquidação de sentença; bem como aos demais
ônus de sua sucumbência.

d) requer, por fim, que lhe sejam deferidas, conforme Lei 1.060/50, os benefícios da justiça
gratuita, por ser o autor pobre na acepção jurídica do termo. e) permitir provar o alegado
através de todos os meios de prova em direito admitidos, sendo principalmente, pelos
documentos anexos a presente, juntada de novos documentos, perícias, o que desde já
fica expressamente requerido, além dos demais meios necessários, sem exceção de
quaisquer, para perfeita instrução da ação.

Dá à causa o valor de R $28.800,00 (Vinte e oito mil e oitocentos reais).

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Juazeiro, 23 de dezembro de 2022.

Anselmo dos Santos Almeida


Advogado
OAB/BA nº 63218

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