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AO ILMO(A). SR(A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊ NCIA DA PREVIDÊ NCIA SOCIAL DE


XXXX/UF

XXXX, brasileiro, idoso, inscrito no CPF sob o nº


xxx.xxx.xxx-xx, atualmente recolhido em estabelecimento
prisional, vem, por meio de seus procuradores, requerer a
concessã o de APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO E CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL EM COMUM pelos seguintes fundamentos fá ticos e
jurídicos:

I– DOS FATOS

O Requerente, nascido em xx/xx/xxxx, contando atualmente com 60 anos de idade, celebrou o


seu primeiro contrato de trabalho em setembro de 1974, sendo que até a presente data possui
diversos anos de contribuiçã o.

II – DO DIREITO

DA CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM

Para aqueles trabalhadores que sucessivamente se submeteram a atividades sujeitas ao


regime de aposentadoria especial e comum, o § 1º do art. 201 da Constituiçã o Federal
estabelece a contagem diferenciada do período de atividade especial.

A conversã o do tempo de serviço especial em tempo de serviço comum é feita


utilizando-se um fator de conversã o, pertinente à relaçã o que existe entre o tempo de serviço
especial exigido para gozo de uma aposentadoria especial (15, 20 ou 25 anos) e o tempo de
serviço comum.
No caso em comento, o Segurado desempenhou atividade de vigilante. Nesse sentido,
oportuno tecer alguns esclarecimentos acerca dos períodos nos quais o Requerente laborou
sob a exposiçã o de agentes nocivos.

Inicialmente, veja-se que a legislaçã o previdenciá ria reconhece como tempo especial
por categoria profissional o guarda no Decreto 53.831/64, sob o có digo 2.5.7, cujo
entendimento administrativo sempre estendeu por analogia ao vigia e ao vigilante.

Apó s a publicaçã o da Lei 12.740/2012, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a


Portaria 1.885/2013, que aprovou o Anexo 3 da NR 16 da Portaria 3.214/78, referente à s
atividades e operaçõ es perigosas com exposiçã o a roubos ou outras espécies de violência física
nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial em relaçã o.

Observa-se na redaçã o da nova Portaria que nã o há mençã o ao uso ou nã o de arma de


fogo para caracterizar ou descaracterizar a atividade como perigosa.

O Decreto 53.831/64, quando trouxe o enquadramento do guarda como especial pela


categoria profissional, nunca exigiu o uso da arma de fogo. Da mesma forma, o art. 193 da CLT
e sua alteraçã o trazida pela Lei 12.740/2012 também nunca exigiram seu uso para
caracterizar a periculosidade, ou nã o, da atividade.1

Repise-se que o Superior Tribunal de Justiça, por ocasiã o do julgamento do Recurso


Especial 506.014/PR, nã o mencionou a necessidade de porte de arma de fogo:

[...] 2. A jurisprudência deste Superior Tribunal é firme no sentido de permitir


a conversã o em comum do tempo de serviço prestado em condiçõ es especiais
(Vigilante), para fins de concessã o de aposentadoria, nos termos da legislaçã o
vigente à época em que exercida a atividade especial [...]

No mesmo sentido é a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Regiã o:

PREVIDENCIÁ RIO. REGISTRO EM CTPS. PROVA PLENA DO VÍNCULO


EMPREGATÍCIO. TEMPO ESPECIAL. CATEGORIA PROFISSIONAL.
VIGIA/VIGILANTE. PORTE DE ARMA DE FOGO. PERICULOSIDADE.
RECONHECIMENTO. EPI. JULGAMENTO PELO STF EM REPERCUSSÃ O GERAL.
APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS NÃ O CUMPRIDOS.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃ O. POSSIBILIDADE.
CORREÇÃ O MONETÁ RIA E JUROS DE MORA. FASE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. DIFERIMENTO. TUTELA ESPECÍFICA DO ART. 497 DO CPC/2015.
1
LADENTHIN, Adriane B. C. Aposentadoria especial: teoria e prá tica. Curitiba: Juruá , 2016. p. 101.
1. O registro constante na CTPS goza da presunçã o de veracidade juris tantum,
devendo a prova em contrá rio ser inequívoca, constituindo, desse modo, prova
plena do serviço prestado nos períodos ali anotados, ressaltando-se que a
anotaçã o posterior, nã o constitui, por si só , qualquer indício de fraude. 2.
Comprovada a exposiçã o do segurado a agente nocivo, na forma exigida pela
legislaçã o previdenciá ria aplicá vel à espécie, possível reconhecer-se a
especialidade da atividade laboral por ele exercida. 3. Até 28/04/1995, é
possível o reconhecimento da especialidade da profissão de vigia ou
vigilante por analogia à função de guarda, independentemente de o
segurado portar arma de fogo no exercício de sua jornada laboral. Apó s
essa data, o reconhecimento da especialidade depende da comprovaçã o da
efetiva exposiçã o a agentes prejudiciais à saú de ou à integridade física, como o
uso de arma de fogo, por exemplo. 4. Em se tratando de periculosidade, nã o há
falar em descaracterizaçã o da especialidade da atividade desenvolvida pela
utilizaçã o de EPI. 5. Implementados os requisitos para a concessã o da
aposentadoria por tempo de serviço/contribuiçã o, é devida a concessã o do
benefício. [...] (TRF4, AC 0019575-93.2015.404.9999, SEXTA TURMA, Relator
GABRIELA PIETSCH SERAFIN, D.E. 09/03/2017)

Em vista do exposto, imperativo o reconhecimento da especialidade do labor


desempenhado, com enquadramento legal sob o có digo 2.5.7 do Decreto 53.831/64.

No que se refere à periculosidade, em que pese a inexistência de enquadramento nos


Decretos 2.172/97 e 3.048/99, nã o se pode olvidar que a Constituiçã o Federal garante
tratamento diferenciado para aqueles que desempenham atividades “sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, conforme preceitua o art. 201, § 1º. Tal
previsã o também está disciplinada através do art. 57 da lei 8.213/91, que merece ser
transcrito:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante
15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
(grifado).

Ora, claramente o objetivo do legislador é garantir o direito à aposentadoria especial


aos trabalhadores que exercem as suas atividades sob condiçõ es perigosas. Caso contrá rio,
nã o haveria nestes dispositivos a expressã o “integridade física”. Obviamente, “as condições
especiais que prejudiquem a saúde” englobam todas as atividades insalubres, de forma que o
emprego da primeira expressã o seria totalmente desnecessá rio caso nã o fosse diretamente
relacionado à periculosidade.
De fato, a redação dos dispositivos é clara ao garantir o direito à aposentadoria
especial aos segurados que trabalharam em condições que prejudiquem a integridade
física. Ora, é óbvio que o vigilante está exposto a risco de morte ao defender o
patrimônio alheio, motivo pelo qual não é possível restringir o reconhecimento
das atividades especiais apenas para os casos de insalubridade, sob pena da
violação dos preceitos constitucionais e infraconstitucionais .

Por todo o exposto, as atividades desenvolvidas nos períodos de 01/05/2001 a


30/07/2005, 01/02/2006 a 04/03/2009 e de 03/11/2009 a 31/10/2010.

III - DOS PEDIDOS

ANTE O EXPOSTO, requer:

a) O recebimento do requerimento;
b) O reconhecimento de todos os períodos contributivos;
c) A conversã o do tempo de serviço especial em comum dos períodos de xxxxxxxxxxxx
em que o Segurado desenvolveu atividades consideradas especiais, conforme
autoriza o art. 256 da IN 77/2015 INSS/PRES;
d) A concessã o do benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, a
partir da data do agendamento do requerimento administrativo (xx/xx/xxxx);

Nestes Termos;
Pede Deferimento.

Local, data.

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