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AO ILMO(A). SR(A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DE

${cliente_qualificacao}, vem, por meio de seus procuradores, requerer a


concessão de APOSENTADORIA ESPECIAL, conforme art. 21 da EC
103/2019, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:

I – DOS FATOS

O Requerente, nascido em ${cliente_nascimento}, possui diversos anos de atividade


laborativa. É importante assinalar que durante praticamente todo o histórico contributivo
esteve submetido a tensão elétrica superior a 250 volts.

O quadro abaixo mostra de forma objetiva as profissões desenvolvidas e o tempo de


duração de cada período:

${calculo_vinculos_resultado}

II – DO DIREITO

Até a Reforma da Previdência os requisitos da aposentadoria especial eram os seguintes:


15, 20, ou 25 anos de tempo de contribuição com exposição a agentes nocivos, mais 180 meses
de carência contributiva.

A partir da Reforma da Previdência, estabeleceu-se regras de transição para obtenção


dos benefícios.
Nesse sentido, a regra de transição disposta na EC nº 103/2019, além dos tempos
mínimos de contribuição com exposição a agentes nocivos, exige o cumprimento de pontuação
(idade + tempo de contribuição) da seguinte forma:

1. 66 pontos para a atividade especial de 15 anos;

2. 76 pontos para a atividade especial de 20 anos;

3. 86 pontos para a atividade especial de 25 anos;

Conforme a Portaria 450/2020 do INSS, não se exige que o cálculo da pontuação


contenha somente tempo de contribuição especial. Ou seja, períodos de atividade sem
exposição a agentes nocivos podem ser considerados para que o segurado atinja a pontuação e
tenha concedida a aposentadoria especial.

Por outro lado, no que tange a comprovação da atividade especial, registre-se que até
28 de abril de 1995 era feita com o enquadramento por atividade profissional (situação em que
havia presunção de submissão a agentes nocivos) ou por agente nocivo, cuja comprovação
demandava preenchimento pela empresa de formulários SB40 ou DSS-8030, indicando qual o
agente nocivo a que estava submetido. Entretanto, para o ruído e o calor, sempre foi necessária
a comprovação através de laudo pericial.

Todavia, com a redação do art. 57 da Lei 8.213/91, dada pela Lei 9.032/95, passou a ser
necessária a comprovação da exposição aos agentes nocivos, sendo necessária a apresentação
de formulários, independentemente do tipo de agente especial. Além disso, a partir do Decreto
2.172/97, que regulamentou as disposições introduzidas no art. 58 da Lei de Benefícios pela
Medida Provisória 1.523/96 (convertida na Lei 9.528/97), passou-se a exigir a apresentação de
formulário-padrão, embasado em laudo técnico, ou perícia técnica.

Assim, pela análise do caso em tela, percebe-se que o Requerente adquiriu o direito ao
benefício.

DA COMPROVAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À ELETRICIDADE – CASO CONCRETO

Considerando a evolução a respeito do conjunto probatório para fins de reconhecimento


das atividades especiais, passa-se à análise da comprovação da exposição à eltricidade no
período contributivo requerido no presente petitório.

Período: ${data_generica} a ${data_generica}

Empresa: ${informacao_generica}
Cargos: Ajudante operador de máquinas e quadros | Operador quadro de comando II
| Operador de subestações | Aux. Tec. V – oper. subst. usinas | Assist. Tec. - operação

No contrato de trabalho em análise, o Segurado laborou junto à empresa


${informacao_generica}, desempenhando atividades de manutenção em linhas de transmissão
e subestações de energia elétrica, conforme descrito no formulário PPP que segue em anexo:

${informacao_generica}

O formulário aponta que o Requerente esteve exposto à eletricidade, em tensões


superiores a 250 Volts, durante todo o contrato de trabalho. Veja-se (grifos acrescidos):

${informacao_generica}

Outrossim, da leitura da profissiografia, infere-se que a exposição à eletricidade é


inerente ao tipo de atividade exercida, de forma que é indissociável da prestação do serviço e,
portanto, em perfeita consonância com o conceito de permanência previsto no art. 65, do
Decreto 3.048/99, in verbis:

Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma
não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador
avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou
da prestação do serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Por outro lado, há que se destacar que, nas atividades sujeitas a tensões elétricas, a
neutralização dos agentes nocivos em virtude da utilização dos equipamentos de proteção
somente viabiliza a execução das tarefas, sem, contudo, eliminar a periculosidade inerente ao
ambiente de trabalho, eis que o risco de morte permanece. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTES


NOCIVOS. RECONHECIMENTO. CONVERSÃO. ELETRICIDADE. A lei em vigor quando da
prestação dos serviços define a configuração do tempo como especial ou comum, o
qual passa a integrar o patrimônio jurídico do trabalhador, como direito adquirido. Até
28.4.1995 é admissível o reconhecimento da especialidade do trabalho por categoria
profissional; a partir de 29.4.1995 é necessária a demonstração da efetiva exposição, de
forma não ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde, por qualquer
meio de prova; a contar de 06.5.1997 a comprovação deve ser feita por
formulário-padrão embasado em laudo técnico ou por perícia técnica. Admite-se o
reconhecimento da especialidade do trabalho com exposição à eletricidade, mesmo
posterior a 05.03.1997, desde que observados os requisitos legais. O fornecimento e o
uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), quando se tratar de exposição
à eletricidade superior a 250 volts, não afasta a caracterização do tempo especial,
porquanto não neutraliza de modo eficaz o risco decorrente da atividade exposta a
agente físico perigoso. Demonstrado o preenchimento dos requisitos, o segurado tem
direito à concessão da aposentadoria especial, a partir da data do requerimento
administrativo, respeitada eventual prescrição quinquenal. Determinada a imediata
implantação do benefício, valendo-se da tutela específica da obrigação de fazer prevista
no artigo 461 do Código de Processo Civil de 1973, bem como nos artigos 497, 536 e
parágrafos e 537, do Código de Processo Civil de 2015, independentemente de
requerimento expresso por parte do segurado ou beneficiário. (TRF4, AC
5030753-61.2014.4.04.7000, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator
MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA, juntado aos autos em 25/11/2020)

Pelo exposto, resta demonstrado o risco de choque elétrico em condições que permitem
o reconhecimento do tempo de serviço especial.

DO RECONHECIMENTO DO AGENTE NOCIVO ELETRICIDADE APÓS A EDIÇÃO DO


DECRETO 2.172/97

A classificação dos agentes insalubres químicos, físicos e biológicos que consta no Anexo
IV do Decreto 3.048/99, não pode ser considerada exaustiva, mas sim enumerativa. Nesse
sentido, a Súmula nº 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos: “Súmula 198: Atendidos os
demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade
exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em Regulamento”.

Com o mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso


repetitivo, reconheceu a possibilidade do enquadramento do agente nocivo eletricidade após
05 de março de 1997 (REsp 1306113/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 14/11/2012, DJe 07/03/2013).

Assim sendo, resta demonstrado que a possibilidade de reconhecimento do tempo de


serviço especial exposto ao risco de choque elétrico independe da época da prestação das
atividades.
III - REQUERIMENTOS

ISSO POSTO, requer:

1. O reconhecimento do tempo de serviço especial do período de ${data_generica} a


${data_generica};

2. A concessão do benefício de APOSENTADORIA ESPECIAL, a partir da data do requerimento


administrativo (DER);

3. Subsidiariamente, no caso de não serem reconhecidos os 25 anos de atividades especiais


necessários para a aposentadoria especial, o que só se admite hipoteticamente, efetuar a
averbação e conversão do tempo de serviço especial em comum de todos os períodos
submetidos a agentes nocivos, com a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

Nestes Termos, Pede Deferimento;

, 07 de fevereiro de 2023.
EDIVAL NUNES DA CONCEIÇÃO FILHO
OAB/SE 7.062

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