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em face de ........ S.A., sociedade empresária inscrita no CNPJ sob o nº ......, com sede
na ......., CEP: ......, onde deverá ser citada e intimada para os atos do presente processo
consoante os fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:
1 – DOS FATOS
Com efeito, até a presente data a empresa Ré XXXXX não prestou qualquer informação
sobre as bagagens do requerente, bem como não cumpriu o dever de ressarcir o passageiro
por suas perdas.
As perdas suportadas pelo passageiro são deveras e assaz vultosas, eis que a um só
tempo, e por culpa e desídia exclusiva perdeu, a um só tempo, duas malas, todas as suas
roupas, sapatos, cosméticos e itens pessoais, além das compras.
Como fazem prova os bilhetes de passagens aéreas e todos os recibos de compras que
ora se anexa aos autos, o prejuízo material mínimo suportado pelo requerente, apenas com as
compras efetuadas e extraviadas definitivamente pela empresa Ré, assoma a vultosa monta de
........... (em euro), ou seja, R$ ....... (por extenso), da forma abaixo descriminada:
Cumpre enfatizar que os recibos que o requerente ainda tem em mãos correspondem
a apenas uma parte de suas compras. Ademais, a partir das compras efetuadas pelo
requerente, é perfeitamente dedutível e factível inferir que seus pertences pessoais, como
roupas, sapatos, perfumes e objetos de uso pessoal possuíam expressivo valor, de forma que o
extravio de suas 02 (duas) malas acarretou elevado prejuízo material, impondo-se seu
ressarcimento.
Mister ainda observar, Douto Magistrado que a conduta ilícita da ré gerou ainda sério
prejuízo moral ao passageiro. O requerente planejou esta viagem internacional com cerca de
01 (um) ano de antecedência, planejou realizar compras de itens de qualidade e marca
reputáveis e para tanto preparou-se financeiramente.
Entretanto, por culpa exclusiva da empresa ré, suas férias transformaram-se em total
frustração, abalo, desconforto, desgosto e revolta que exorbitam à esfera de simples e meros
aborrecimentos. Não apenas tudo quanto adquirido foi perdido, ao retornar à João Pessoa, o
requerente foi obrigado a adquirir tudo quanto extraviado pela empresa ...... incluindo-se:
calças jeans, calças sociais, camisas sociais, pullovers, ternos, blazers, gravatas, sapatos, tênis,
cintos, perfumes e todos os itens pessoais, além de malas de viagens.
Ademais, além de toda a frustração pela perda de tudo quanto adquirido e levado
consigo na viagem, a companhia ré ..... impôs ao requerente uma verdadeira peregrinação
para tentar localizar e reaver seus pertences. Chegando ao Brasil, o requerente foi obrigado a
contatar a empresa tanto em território nacional, como em seu escritório internacional, sem
nunca obter qualquer sucesso.
A desídia da companhia .... configura inconteste ato ilícito, gerador de danos materiais
e morais in re ipsa, devendo receber o tratamento que impõe a lei ao determinar o seu
integral ressarcimento.
(i) ao pagamento dos danos materiais suportados com o extravio definitivo das
compras adquiridas na viagem;
(ii) ao pagamento dos danos materiais suportados com a perda de finitiva de duas
malas e todo seu conteúdo, no qual se incluem calças, camisas, camisas sociais, ternos, blazers,
gravata, cintos, pullovers, sobretudo, sapatos, tênis, chinelos, perfumes e objetos de uso
pessoal, em montante a ser determinado por arbitramento por este MM. Juízo;
(iii) em ressarcimento pelos patentes danos morais in re ipsa suportados pelo ora
requerente, nos termos e com fulcro nos fundamentos jurídicos que passa a expor.
2. DIREITO:
Ora, é sabido da desordem que muitas vezes povoa nossos aeroportos, tanto que os
jornais têm noticiado diariamente o caos nos aeroportos brasileiros. Assim sendo, no
momento anterior ao fato era possível prever-se a ocorrência do dano, não tendo sido tomada
nenhuma providência para que tal não ocorresse.
Com efeito, em virtude da má prestação de serviços por parte da empresa ré, que não
garantiu efetiva prestação pactuada a seus passageiros, já que o promovente, conforme
documentos em anexos, mesmos sem utilizar a passagem teve que suportar as despesas extras
advindas da irresponsabilidade da promovida.
O art. 14 do CDC e o art. 927 do Código Civil são enfáticos em estabelecer a
responsabilidade do fornecedor de serviços pela má prestação dos serviços, senão vejamos:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
“É mister, pois, que tenha havido evento danoso, decorrente de defeito no serviço prestado,
para que se possa falar em responsabilização nos moldes do art. 14. Ou, então, que o evento
danoso tenha decorrido de informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos, o que se pode chamar de defeito de informação” (Op. Cit. Pág. 138).
Deve-se agora tratar, haja vista que a lei aplicável ao caso é o Código de Defesa do
Consumidor, da espécie de responsabilidade civil do transportador, qual seja, a
responsabilidade objetiva.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR EXTRAVIO DEFINITIVO DE BAGAGEM
Do Dano Material
Inicialmente, deve-se ressaltar que a relação travada entre as partes se trata de típica
relação de consumo, enquadrando-se a empresa aérea no conceito de fornecedora, na
modalidade de prestadora de serviço, e os requerentes no de consumidores. Tem-se que o
contrato firmado entre as partes se traduz em uma relação de consumo.
Do Dano Moral
O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral
e a dignidade da pessoa. Doutrinadores têm defendido que o prejuízo moral que alguém diz
ter sofrido é provado in re ipsa (pela força dos próprios fatos). Pela dimensão do fato, é
impossível deixar de imaginar em determinados casos que o prejuízo aconteceu.
No vertente caso, Excelência, a companhia aérea promovida, não cumpriu com sua
prestação de serviços, por livre arbítrio, descumprindo a avença pactuada de forma unilateral,
infringindo a Lei 8.078/90 e os art. 186 e 927 do Código Civil.
No que tange ao dano moral, o novo texto constitucional (art. 5º, X) tornou induvidosa
sua reparação pelo mal subjetivo causado à vítima, independentemente dos reflexos
patrimoniais por ele carreados.
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas, assegurando o
direito à indenização pelo dano material ou moral, decorrente de sua violação”.
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor também explicita em seu art. 6º:
Para Savatier, “dano moral é todo sofrimento humano que não é causado por uma
perda material”.
Neste mesmo diapasão, segundo Pontes de Miranda, “nos danos morais a esfera ética
da pessoa é que é ofendida: o dano não-patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser
humano, não lhe atinge o patrimônio” (apud Rui Stoco, Responsabilidade Civil e sua
Interpretação Jurisprudencial, RT, p. 395).
A propósito, preleciona Carlos Alberto Bittar (Reparação Civil por Danos Morais, Ed. RT,
2a edição, p. 130): “Com efeito, o dano moral repercute internamente, ou seja, na esfera
íntima, ou no recôndito do espírito, dispensando a experiência humana qualquer
exteriorização a título de prova, diante das próprias evidências fáticas”.
3. DOS PEDIDOS:
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO
OAB/UF nº .......