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EXCELENTÍSSIMO(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL

ADJUNTO À 1ª VARA FEDERAL DA SSJ DE POUSO ALEGRE – MG

Processo nº 1006248-69.2023.4.06.3810

ESAQUEU GONÇALVES DOS SANTOS, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente,


por intermédio de seus procuradores, apresentar

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

apresentada por INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS) – ID 1451907872


–, também qualificado, o que faz nas razões de fato e de direito a seguir expostas.

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A parte autora impugna por completo a contestação apresentada, principalmente
nos seguintes pontos que passa a discorrer.

I – DO MÉRITO
O demandante pleiteia o reconhecimento de tempo especial por enquadramento
profissional, entre 21/02/1975 e 28/04/1995, durante a vigência do Decreto 53.831/64.
Assim, a comprovação da atividade especial – uma vez prevista no Anexo II do referido
Decreto como insalubre – dispensa a apresentação de formulários, como o PPP, bastando
a comprovação do labor.

Nesse diapasão, o STJ ensina:


“PREVIDENCIÁRIO. AGRVO INTERNO EM RECURSO
ESPECIAL. APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE DE LAUDO
TÉCNICO. NÃO RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL.
ALTERAÇÃO DO JULGADO. SÚMULA N. 7/STJ.
1. A negativa de reconhecimento de tal período como especial
não se deu em razão da ausência de laudo técnico, mas sim em
razão de ausência de registro, no PPP, de exposição
permanente a agente nocivo.
2. Nos termos da jurisprudência desta Corte, até o início da
vigência da Lei n. 9.032/1995, é possível o reconhecimento do
tempo de serviço especial em face do enquadramento na
categoria profissional do trabalhador. No entanto, a partir dessa
lei, a comprovação da atividade especial se dá por meio dos
formulários SB-40 e DSS-8030, expedidos pelo INSS e
preenchidos pelo empregador, situação modificada com a Lei n.
9.528/1997, que passou a exigir laudo técnico.
3. No labor exercido em data posterior à Lei 9.032/1995, não é
possível o reconhecimento da especialidade por
enquadramento, devendo ser demonstrada a efetiva exposição,
o que não ocorreu no caso.
4. Não é possível alterar essa conclusão em razão do óbice da
Súmula n. 7/STJ (A pretensão de simples reexame de prova não
enseja recurso especial).
5. Agravo interno a que se nega provimento.”
(AgInt no REsp n. 1.583.547/SP, relator Ministro Og Fernandes,
Segunda Turma, julgado em 15/8/2022, DJe de 22/8/2022.)

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No presente caso, a CTPS apresentada no ID 1411940367, além de não possuir
qualquer rasura – o que certamente desabonaria o documento –, não deixa dúvidas de que
o querelante exerceu efetivo labor no ramo agropecuário, por muitos e muitos anos. Logo,
o demandante se desincumbiu do seu ônus probatório, cabendo ao demandado comprovar
em sentido contrário, o que certamente não ocorreu.

De qualquer forma, o discurso ora formulado pelo querelado não é suficiente


para afastar o direito do requerente, sobretudo se seu próprio entendimento na seara
administrativa é diverso, nos termos do art.274, da Instrução Normativa nº 128:
“Art. 274. Para caracterizar o exercício de atividade em
condições especiais que prejudiquem a saúde, o segurado
empregado ou o trabalhador avulso deverão apresentar os
seguintes documentos:
I - para períodos laborados até 28 de abril de 1995, véspera
da publicação da Lei nº 9.032:
a) para períodos enquadráveis por categoria profissional:
1. Carteira Profissional - CP - ou Carteira de Trabalho e
Previdência Social - CTPS, ficha ou livro de registro de
empregado, no caso do segurado empregado, e certificado do
OGMO ou sindicato da categoria acompanhado de documento
contemporâneo que comprove o exercício de atividade, no caso
do trabalhador avulso; ou (...)”

Ainda, se não bastasse, em que pese todo o trabalho campesino desenvolvido


pelo autor ter se dado de forma permanente, reiterada e habitual, o art.268, da Instrução
Normativa nº 128, diverge fortemente das alegações feitas na peça contestatória, uma vez
que o requisito da permanência não se aplica ao enquadramento por categoria profissional:
“Art. 268. Para fins de concessão de aposentadoria especial,
será exigida a comprovação do exercício da atividade de forma
permanente, entendendo-se como permanente o trabalho não
ocasional nem intermitente, no qual a efetiva exposição do
trabalhador ao agente prejudicial à saúde é indissociável da
produção do bem ou da prestação de serviço, exercida em
condições especiais que prejudiquem a saúde, durante o
período de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos. (...)
§ 2º Para períodos trabalhados até 28 de abril de 1995, véspera
da publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, que alterou
o art. 57 da Lei nº 8.213, de 1991, não será exigido o requisito
de permanência indicado no caput para os trabalhos exercidos
em condições especiais que prejudiquem a saúde, bem como no
enquadramento por categoria profissional.”

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É importante destacar, também, que em razão do princípio do tempus regit actum
– o qual é amplamente utilizado pela jurisprudência e doutrina pátrios –, deve ser aplicada
a lei do tempo trabalhado e não norma posterior, de modo que é prescindível a
apresentação de PPP e de LTCAT para o presente caso.

Portanto, tendo o autor laborado em condições insalubres durante a vigência do


Decreto 53.831/64, porquanto trabalhava na condição de trabalhador agropecuário, faz jus
à conversão do tempo especial em comum, bem como à concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição, já que cumpridos os requisitos para tanto, quais sejam a carência
de 180 meses e mais de 35 anos de tempo de contribuição.

II – CONCLUSÃO
Diante do exposto, resta completamente impugnada a contestação apresenta,
bem como verifica-se que os argumentos trazidos na peça contestatória se revelam falsos,
genéricos, insuficientes e incapazes de rechaçar os pedidos formulados pela autora, razão
pela qual se ratifica, em sua inteireza, o teor da pretensão trazida na inicial.

Por conseguinte, requer a Vossa Excelência a total procedência dos pedidos


iniciais.

Nesses termos, pede deferimento.

Santa Rita do Sapucaí – MG, 21 de novembro de 2023.

Felipe Matheus Gomes Gravina Leonardo Alves de Oliva Passos


OAB/MG 203.495 OAB/MG 203.517

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