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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

ADVOGADA ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA CATALAN – OAB/SP – 236.723

ILUSTRÍSSIMOS SENHORES CONSELHEIROS DA JUNTA DE RECURSOS DO CONSELHO


DE RECURSOS DO SEGURO SOCIAL
 

NB 42/195.604.946-8

SILVIO CARLOS CARRARA, brasileiro, casado, motorista, portador


do RG nº 16.567.496 SSP/SP, CPF nº 102.492.318-59, residente e
domiciliado na Rua Amadeu Bergamasco nº 350 – Jardim dos
Antú rios, na cidade de Barra Bonita/SP, CEP 17.340-000, vem, por
meio de sua procuradora, com fulcro no art. 537 da IN 77/2015,
interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO:

O Recorrente, no dia 01/04/2021, elaborou requerimento de aposentadoria por


tempo de contribuiçã o, com conversã o de tempo de serviço especial em comum, a partir do
reconhecimento da especialidade das atividades desenvolvidas nos períodos de:

 15/05/1990 a 13/12/1990;
 14/12/1990 a 28/04/1991;
 29/04/1991 a 21/12/1991;
 22/12/1991 a 17/05/1992;
 18/05/1992 a 08/12/1994;
 09/12/1994 a 01/08/1997;
 22/04/2005 a 01/04/2021.

Enquadrando o período especial apenas o período de 15/05/1990 a 13/12/1990


– conforme fls. 94 do Processo Administrativo.

No entanto, o benefício foi indeferido, eis que o INSS ignorando a especialidade do


labor desempenhado pelo Recorrente nos períodos mencionados de:

Períodos:

14/12/1990 a 28/04/1991;
29/04/1991 a 21/12/1991;
22/12/1991 a 17/05/1992;
18/05/1992 a 08/12/1994;
09/12/1994 a 01/08/1997;
22/04/2005 a 01/04/2021.
DA ESPECIALIDADE DAS FUNÇÕES COM EXPOSIÇÃO A AGENTES INSALUBRES

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Períodos:

 29/04/1991 a 21/12/1991 – cargo: Ajudante de Serviços Gerais;


 18/05/1992 a 08/12/1994 – cargo: Ajudante de Serviços Gerais;
 09/12/1994 a 01/08/1997 – cargo: Ajudante de Serviços Gerais.

Empresa: Raízen Energia S.A.

No presente caso, a autarquia previdenciá ria nã o reconheceu a especialidade de


nehum dos lapsos requeridos sob a justificativa de que nã o houve a comprovaçã o do
exercício de atividade especial ou com exposiçã o a agentes nocivos.

Para o agente nocivo ruído, a partir do Decreto nº 2.172/1997 até a véspera da


publicaçã o do Decreto nº 4.882/2003, é considerada especial a atividade desenvolvida com
exposiçã o a ruído superior a 90 dB (A). Já a partir da nova redaçã o dada ao Decreto nº
3.048/1999, em 2003, é considerada especial a atividade em que os níveis de exposiçã o ao
ruído – NEN estiverem susperiores a 85 dB(A).

A aná lise do PPP emitido pela empresa permite inferir, portanto, que durante todo o
período analisado o trabalhador esteve exposto a ruídos acima dos níveis de tolerâ ncia,
mais precisamente, 85,6dB (A).

Essa informaçã o, por si só , torna dispensá vel a exigência da Autarquia


Previdenciá ria de que seja apresentado histograma ou memó ria de cá lculos, pois, conforme
o Manual de Aposentadoria Especial do pró prio Insitituto Nacional do Seguro Social –
volume 1 (março/2012, p. 106), a memó ria de cá lculo ou o histograma apenas devem ser
exigidos em caso de se considerar a média ou dose – e nã o em casos de avaliaçã o contínua
do ruído no ambiente de trabalho:

Ademais, conforme já salientado no período anterior analisado, no que tange ao


agente ruído, já se manifestou a Turma Nacional de Uniformizaçã o de Jurisprudência dos
JEFs acerca do uso de EPI:

Sú mula 9: O uso de Equipamento de Proteçã o Individual (EPI), ainda


que elimine a insalubridade, no caso de exposiçã o a ruído, nã o
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

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Outrossim, de acordo com o que já foi mencionado, a IN nº 77/2015 exige a


comprovaçã o da eliminação ou neutralização da exposiçã o aos agentes nocivos pelo uso
de EPI, nã o bastando a mera referência de utilizaçã o de equipamentos no formulá rio PPP
para a descaracterizaçã o da atividade especial desenvolvida. Nesse sentido, vale conferir a
disposiçã o contida no § 6º do art. 276 da referida Instruçã o Normativa:

§ 6º Somente será considerada a adoçã o de Equipamento de


Proteçã o Individual - EPI em demonstraçõ es ambientais emitidas a
partir de 3 de dezembro de 1998, data da publicaçã o daMP nº 1.729,
de 2 de dezembro de 1998, convertida naLei nº 9.732, de 11 de
dezembro de 1998, e desde que comprovadamente elimine ou
neutralize a nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do
MTE, havendo ainda necessidade de que seja assegurada e
devidamente registrada pela empresa, no PPP, a observâ ncia:

I -  da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR-09 do MTE, ou


seja, medidas de proteçã o coletiva, medidas de cará ter
administrativo ou de organizaçã o do trabalho e utilizaçã o de EPI,
nesta ordem, admitindo-se a utilizaçã o de EPI somente em situaçõ es
de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à
implementaçã o do EPC ou, ainda, em cará ter complementar ou
emergencial;

II - das condiçõ es de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao


longo do tempo, conforme especificaçã o técnica do fabricante,
ajustada à s condiçõ es de campo;

III - do prazo de validade, conforme Certificado de Aprovaçã o do


MTE;

IV - da periodicidade de troca definida pelos programas ambientais,


comprovada mediante recibo assinado pelo usuá rio em época
pró pria; e

V - da higienizaçã o.

§ 7º Entende-se como prova incontestá vel de eliminaçã o dos riscos


pelo uso de EPI, citado no Parecer CONJUR/MPS/Nº 616/2010, de 23
de dezembro de 2010, o cumprimento do disposto no § 6º deste
artigo.

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Dessa forma, nã o pode o INSS negar o reconhecimento de atividade especial


baseado na utilizaçã o de EPCs e EPIs quando nã o há demonstraçã o da efetiva neutralizaçã o
da nocividade, uma vez que tal decisã o contraria a pró pria IN 77/2015/PRES/INSS.

 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO 

A avaliaçã o técnica da atividade especial informa ainda a imprescindibilidade de que


a metodologia de avaliaçã o ao ruído seja a NHO-01 a partir de 01/01/2004, sendo que no
laudo anexado consta “anexo 1 da NR 15”.

Ocorre que o entendimento da Perita está em sentido diametralmente oposto a


jurisprudência do Conselho de Recursos da Previdência Social, que dispõ e que a
exigência legal da utilizaçã o da metodologia NHO-01 nã o exclui outras metodologias, desde
que validadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A esse respeito, vale destacar a brilhante fundamentaçã o da Relatora Renata dos


Santos Lito em julgamento proferido pela 1ª Câ mara de Julgamento do CRPS (processo nº
44232.826554/2016-57):

“A respeito da exigência legal de que a partir de 01/01/2004 a


informaçã o do ruído obrigatoriamente ter que vir em NEN,nã o
excluiu, em nenhuma hipó tese, qualquer outro tipo de metodologia,
desde que vá lida pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Nesse sentido, o art. 68, § 13 do RPS, “Na hipó tese de nã o terem sido
estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e procedimentos
de avaliaçã o, cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego definir
outras instituiçõ es que o estabeleçam.

A NR-15 da FUNDACENTRO nã o foi revogada pelo Decreto 4.882 de


18/11/2003, portanto, é vá lida e os laudos produzidos sob seus
parâ metros também o sã o. Ou um simples ato privativo do Ministro
de Estado (ediçã o de Decreto sem anuência do legislativo) teria o
poder de obrigar que todas as empresas do país “rasgassem” seus
laudos técnicos e produzissem novos a partir de 01/01/2004 sob
pena de serem todos irregulares ou no mínimo, imprestá veis para
fins de qualquer tipo de produçã o de prova na seara previdenciá ria.
Certamente nã o foi essa a intensã o do Ministério.

Assim, portanto, valido os laudos técnicos produzidos sob a


exegese da FUNDACENTRO, mantendo os parâmetros de

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avaliação do ruído calculados quando da elaboração do laudo e


estando em acordo com a lei, independente de serem ou não
pela técnica ‘NEN’.”

Desse modo, considerando que os laudos apresentados sã o aptos para aferiçã o da


especialidade das atividades desenvolvidas, é imperioso o seu reconhecimento.

Logo, restando afastadas todas as razõ es que motivaram o nã o reconhecimento da


especialidade da atividade desenvolvida no período, deve a decisã o ser modificada, com o
reconhecimento dos períodos de 29/04/1991 a 21/12/1991, 18/05/1992 a 08/12/1994 e
de 09/12/1994 a 01/08/1997.

Períodos:

 14/12/1990 a 28/04/1991 – cargo: Ajudante de Serviços Gerais;


 22/12/1991 a 17/05/1992 – cargo: Ajudante de Serviços Gerais;

Empresa: Raízen Energia S.A.

No interregno em aná lise, o Recorrente desenvolveu o ofício de Ajudante de


Serviços Gerais, conforme anotaçã o do vínculo empregatício em sua CTPS e, conforme PPP
em anexo, esteve exposto a diversos agentes nocivos, tal como: FUMOS METÁ LICOS.

Nesse contexto, em sentido oposto a conclusã o da perícia médica, vale registrar que
a jurisprudência se manifesta no sentido de que a exposiçã o a fumos metálicos enseja o
reconhecimento da atividade especial:

EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO. TEMPO DE SERVIÇO URBANO.


ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTES NOCIVOS FUMOS METÁ LICOS E
RADIAÇÕ ES NÃ O IONIZANTES. LOCAIS DE ARMAZENAMENTO DE
MATERIAIS INFLAMÁ VEIS OU EXPLOSIVOS. PERICULOSIDADE.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O. CONCESSÃ O.
CORREÇÃ O MONETÁ RIA E JUROS DE MORA. 1. As anotaçõ es
constantes do CNIS gozam de presunçã o de veracidade, nos termos
do art. 29-A da Lei nº 8.213/1991, somente elidida por prova em
contrá rio. 2. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento
da atividade exercida sob condiçõ es nocivas sã o disciplinados pela
lei em vigor à época em que efetivamente exercidos, passando a
integrar, como direito adquirido, o patrimô nio jurídico do
trabalhador. 3. Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da
especialidade por categoria profissional ou por sujeiçã o a agentes
nocivos, admitindo-se qualquer meio de prova (exceto para ruído e

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calor); a partir de 29-04-1995 nã o mais é possível o enquadramento


por categoria profissional, sendo necessá ria a comprovaçã o da
exposiçã o do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova
até 05-03-1997 e, a partir de entã o, através de formulá rio embasado
em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 4. A exposição a
fumos metálicos e a radiações não ionizantes enseja o
reconhecimento do tempo de serviço como especial.
[...]
(TRF4 5009192-38.2011.4.04.7112, SEXTA TURMA, Relatora TAÍS
SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em 26/09/2019)

Também vale registrar o entendimento jurisprudencial acerca da exposiçã o a


hidrocarbonetos:

EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA ESPECIAL.


REQUISITOS. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE NOCIVO RUÍDO.
HIDROCARBONETOS AROMÁ TICOS. Ó LEOS MINERAIS. AGENTES
CANCERÍGENOS. UTILIZAÇÃ O DE EPI. INEFICÁ CIA RECONHECIDA.
HABITUALIDADE E PERMANÊ NCIA. MARCO INICIAL DO BENEFÍCIO.
HONORÁ RIOS ADVOCATÍCIOS. TUTELA ESPECÍFICA.
[...]
Os hidrocarbonetos aromáticos são compostos de anéis
benzênicos, ou seja, apresentam benzeno na sua composição,
agente químico este que integra o Grupo 1 (agentes confirmados
como cancerígenos para humanos) do Anexo da Portaria
Interministerial MPS/MTE/MS nº 09-2014, e que se
encontra devidamente registrado no Chemical Abstracts Service
(CAS) sob o nº 000071-43-2. 7. Demonstrado, pois, que o
benzeno, presente nos hidrocarbonetos aromáticos, é agente
nocivo cancerígeno para humanos, a simples exposição ao
agente (qualitativa) dá ensejo ao reconhecimento da atividade
especial, qualquer que seja o nível de concentração no ambiente
de trabalho do segurado. 8. Em se tratando de agente
cancerígeno, a utilização de equipamentos de proteção
individual é irrelevante para o reconhecimento das condições
especiais da atividade.
[...]
(TRF4 5000867-19.2012.4.04.7216, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em
16/12/2019)

Sendo assim, comprovada a sujeiçã o aos agentes nocivos, é de ser reconhecida a


especialidade do período em questã o.
 

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Frisa-se ainda que o PPP emitido pela empresa retrata a exposiçã o à fumos
metálicos.

Do PPP infere-se que a exposiçã o aos agentes agressivos é indissociá vel da


prestaçã o da atividade. Assim, é necessá rio analisar o conceito de permanência previsto no
art. 65, do Decreto 3.048/99:

Art. 65.  Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é


exercido de forma nã o ocasional nem intermitente, no qual a
exposiçã o do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao
agente nocivo seja indissociá vel da produçã o do bem ou da prestaçã o
do serviço. (Redaçã o dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

 No mesmo sentido, é a previsã o contida na Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 77,


de 21 de janeiro de 2015:

Art. 278. Para fins da aná lise de caracterizaçã o da atividade exercida


em condiçõ es especiais por exposiçã o à agente nocivo, consideram-
se:
I -  nocividade: situaçã o combinada ou nã o de substâ ncias, energias e
demais fatores de riscos reconhecidos, presentes no ambiente de
trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à saú de ou à
integridade física do trabalhador; e
II - permanência: trabalho nã o ocasional nem intermitente no qual a
exposiçã o do empregado, do trabalhador avulso ou do contribuinte
individual cooperado ao agente nocivo seja indissociá vel da
produçã o do bem ou da prestaçã o do serviço, em decorrência da
subordinaçã o jurídica a qual se submete.

Note-se que o conceito de permanência nã o significa, necessariamente, que a


exposiçã o ao agente nocivo deva ocorrer durante todos os momentos da prá tica laboral. Se
assim fosse, o reconhecimento de atividades especiais correria o risco de ser inviabilizado.
Desse modo, o que se exige é que a exposiçã o ao agente nocivo ocorra de forma diuturna e
que seja indissociá vel da prestaçã o do serviço.

No caso em comento, reitera-se que pelas informaçõ es constantes nos formulá rio
PPP, resta claro que o Recorrente cumpre tal requisito, principalmente ao se considerar os
ambientes em que desenvolveu suas atividades e o cargo desempenhado.

Por fim, é necessá rio registrar que em nenhum dos formulá rios PPP’s apresentados
constam os Certificados de Aprovaçã o dos EPI’s supostamente utilizados. Portanto, nã o há
que se falar em descaracterizaçã o da especialidade da atividade desenvolvida pelo uso de
EPI’s.

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Nesse sentido, vale conferir o inciso III, § 6º, do artigo 279 da na Instruçã o
Normativa INSS/PRES nº 77, de 21 de janeiro de 2015:

6º Somente será considerada a adoçã o de Equipamento de Proteçã o


Individual - EPI em demonstraçõ es ambientais emitidas a partir de 3
de dezembro de 1998, data da publicaçã o da MP nº 1.729, de 2 de
dezembro de 1998, convertida na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de
1998, e desde que comprovadamente elimine ou neutralize a
nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do MTE, havendo
ainda necessidade de que seja assegurada e devidamente registrada
pela empresa, no PPP, a observâ ncia:
(...)
 III - do prazo de validade, conforme Certificado de Aprovaçã o do
MTE;

Diante do exposto, o provimento do presente recurso com o consequente


reconhecimento dos períodos de atividades especiais pleiteados é a medida que se impõ e. 

Períodos:

 22/04/2005 a 01/04/2021 – cargo: Motorista;

Empresa: Carlos Dinucci S.A

Conforme documentaçã o apresentada pelo Requerente para comprovar a


especialidade da atividade que realizou durante toda a sua vida profissional, cumpre
destacar a exposição a agentes insalubres e os seus consequentes prejuízos à saúde.

Nesse sentido, para melhor elucidar os danos causados à sua integridade física, no
que concerne a penosidade inerente à profissã o do Requerente, é importante referir que a
Lei nº 3.807/1960, que instituiu pela primeira vez a aposentadoria especial, já previa a
“penosidade” como um dos fatos geradores do direito à percepçã o do benefício.

Nesse contexto, o Decreto 53.831/64 elencou a profissã o de motorista de caminhã o


como especial, justamente pela penosidade indissociá vel ao exercício desta atividade, in
verbis:
Motorneiros e condutores de bondes.
TRANSPORTES 25 Jornada
2.4.4 Motoristas e cobradores de ô nibus. Penoso
RODOVIÁ RIO anos normal.
Motoristas e ajudantes de caminhão.
 
No entanto, com a extinçã o da possibilidade de enquadramento por categoria
profissional pela Lei 9.032/1995, passou a ser exigida a efetiva comprovaçã o da exposiçã o
a agentes agressivos à saú de ou à integridade física.

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Ocorre que a Constituiçã o Federal é clara ao prever que é devida a aposentadoria


com critérios diferenciados aos trabalhadores que exercem atividades “sob condiçõ es que
prejudiquem à saú de ou à integridade física” (art. 201, § 1º), o que claramente é o caso do
Sr. Silvio, o qual devido ao desgaste físico e mental, faz jus ao benefício pleiteado.

Cumpre destacar, ainda, a Sú mula 198 do extinto TFR, a qual dispõ e que “Atendidos
os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a
atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em
Regulamento”.

Do mesmo modo, em sede de julgamento de recurso repetitivo, o Superior Tribunal


de Justiça firmou o entendimento de que “as normas regulamentadoras que estabelecem os
casos de agentes nocivos à saú de do trabalhador sã o exemplificativas” (REsp
1306113/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 07/03/2013).

Assim, diante da dura realidade dos motoristas de caminhã o, os quais enfrentam


altas jornadas de trabalho, longos períodos longe de suas casas, condiçõ es péssimas de
estradas, atençã o constante - gerando tensõ es e desgastes psicoló gicos - e, além disso, risco
sempre presente de assaltas e roubos de carga, nã o há como negar o ampara da
aposentadoria especial a esses trabalhadores que comprovarem a exposiçã o à penosidade.

Nessa linha se manifesta a jurisprudência do TRF da 4ª regiã o:

PREVIDENCIÁ RIO. REVISÃ O DE BENEFÍCIO. APOSENTADORIA POR


TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O. MOTORISTA DE CAMINHÃO.
RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL. 1. Até 28/04/1995
é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria
profissional ou por sujeiçã o a agentes nocivos, aceitando-se qualquer
meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29/04/1995 nã o mais
é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo
existir comprovaçã o da sujeiçã o a agentes nocivos por qualquer meio
de prova até 05/03/1997 e, a partir de entã o, por meio de formulá rio
embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 2. O
entendimento firmado por esta Corte é no sentido da
possibilidade de reconhecimento do caráter especial
do motorista de caminhão após 28/04/1995, em face
da penosidade da atividade exercida em condições prejudiciais
à saúde ou à integridade física. [...] (TRF4, APELREEX 0018491-
57.2015.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
Relator JORGE ANTONIO MAURIQUE, D.E. 25/04/2018, grifos
acrescidos).
 
PREVIDENCIÁ RIO. TRANSFORMAÇÃ O DE APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O EM APOSENTADORIA ESPECIAL.
RECONHECIMENTO DE LABOR EM CONDIÇÕ ES ESPECIAIS. RUÍDO.

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PENOSIDADE. MOTORISTA DE CAMINHÃ O. EPI. REQUISITOS


ATENDIDOS. CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO. CONSECTÁ RIOS.
DIFERIMENTO. TUTELA ESPECÍFICA. IMPLANTAÇÃ O DO
BENEFÍCIO. [...] Em relaçã o ao reconhecimento da especialidade de
atividades penosas, há que assentar alguns pontos, a saber: (1) a
Constituiçã o da Repú blica valoriza especialmente o trabalho
insalubre, o penoso e o perigoso; (2) a valorizaçã o do trabalho
insalubre está assentada pela legislaçã o e pela jurisprudência
mediante parâ metros probató rios estabelecidos (inicialmente,
enquadramento profissional, depois, perícia); (3) a valorizaçã o do
trabalho perigoso, por sua vez, faz-se mediante a identificaçã o
jurisprudencial de determinadas condiçõ es de trabalho (por
exemplo, casos do eletricitá rio e do vigilante armado); (4) a
valorização do trabalho penoso, por sua vez, não só não pode
ser ignorada, como deve dar-se mediante o reconhecimento de
determinadas condições, procedimento já sedimentado quanto
ao trabalho perigoso. 7. Assim como as máximas da experiência
são suficientes para o reconhecimento jurisprudencial da
periculosidade de certas atividades, também o são quanto ao
trabalho penoso. 8. A atividade de motorista se reveste, via de
regra, de considerável penosidade para aqueles que a executam,
mostrando-se absolutamente injustificada e desproporcional
qualquer espécie de relativização quanto à caracterização da
penosidade como elemento autorizador do reconhecimento de
que determinada atividade laboral é especial, sob pena de se
esvaziar a proteção constitucional estabelecida em relação ao
tema. [...] (TRF4, APELREEX 0018560-89.2015.4.04.9999, QUINTA
TURMA, Relator ROGER RAUPP RIOS, D.E. 03/07/2017, grifos
acrescidos).

            Pelo exposto, resta demonstrada a possibilidade de reconhecimento da índole


especial da atividade de motorista de caminhã o, comprovada a exposiçã o do Sr. Silvio a
vibrações e penosidade, ensejadoras do benefício da aposentadoria de acordo com os
períodos requeridos.  

DO DIREITO À APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Por fim, a tabela a seguir demonstra, de forma objetiva, considerando que as


atividades exercidas pelo Sr. Silvio Carlos Carrara sã o enquadradas como especiais, o
Recorrente implementou os requisitos indispensá veis a concessã o de aposentadoria por
tempo de contribuiçã o por ocasiã o do requerimento administrativo (DER em
01/04/2021):

Avenida Pedro Ometto, nº 2242 – Barra Bonita – CEP 17.340-000 – Fone (14) 3641-8452 E-
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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

ADVOGADA ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA CATALAN – OAB/SP – 236.723

EMPRESA ADM. DEM. COMUM - C TEMPO TEMPO TOTAL


ESPECIAL - E COMUM ESPECIAL

Expresso Prata 19/03/198 11/01/1985 299,00 0,00 299,00


4
Prod. Alment. Netinho 04/02/198 28/06/1985 145,00 0,00 145,00
5
Viação Cidade Azul 01/09/198 04/07/1987 672,00 0,00 672,00
5
Rapido Jaú Viação 22/09/198 08/12/1987 78,00 0,00 78,00
7
Hotel Estancia 02/01/198 18/11/1989 687,00 0,00 687,00
8
MC Serv.Agricolas 14/03/199 14/05/1990 62,00 0,00 62,00
0
Usina da Barra 15/05/199 13/12/1990 E 213,00 85,20 298,20
0
Usina da Barra 14/12/199 28/04/1991 E 136,00 54,40 190,40
0
Usina da Barra 29/04/199 21/12/1991 E 237,00 94,80 331,80
1
Usina da Barra 22/12/199 17/05/1992 E 148,00 59,20 207,20
1
Usina da Barra 18/05/199 08/12/1994 E 935,00 374,00 1309,00
2
Usina da Barra 09/12/199 01/08/1997 E 967,00 386,80 1353,80
4
Contribuinte Individual 01/10/199 30/11/1999 426,00 0,00 426,00
8
Nivaldo Destro 02/05/200 17/05/2000 16,00 0,00 16,00
0
PP transportes 16/05/200 20/03/2003 674,00 0,00 674,00
1
Pedro Medolago 15/04/200 17/12/2003 247,00 0,00 247,00
3
Transp. Osni 20/04/200 17/12/2004 242,00 0,00 242,00
4
Carlos Dinucci 22/04/200 01/04/2021 E 5824,00 2329,60 8153,60
5

TOTAL EM DIAS 12008,00 3384,00 15392,00

CONVERSÃO ANOS 42,169863


MESES 2,0383562
DIAS 1,1506849

TEMPO TRABALHADO 42 ANOS 32,8986 9,2712329


2 MESES 10,7836 3,2548
2 DIAS 23,5068 7,6438

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ISSO POSTO, requer:

1. O recebimento do presente recurso;

2. A produçã o de todos os demais meios de prova admitidos, como documental,


pesquisa externa e realizaçã o de Justificaçã o Administrativa;

3. O reconhecimento do tempo de serviço especial desenvolvido nos seguintes


períodos contributivos: 15/05/1990 a 13/12/1990, 14/12/1990 a 28/04/1991,
29/04/1991 a 21/12/1991, 22/12/1991 a 17/05/1992, 18/05/1992 a
08/12/1994, 09/12/1994 a 01/08/1997, 22/04/2005 a 01/04/2021.

4. A concessã o do benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, a


partir da data do agendamento do requerimento administrativo 01/04/2021;

5. Subsidiariamente, caso nã o seja apurado tempo de contribuiçã o do benefício até a


DER, requer o cô mputo dos períodos posteriores, e a concessã o de aposentadoria
por tempo de contribuiçã o, com a DER para a data em que o segurado preencheu os
requisitos do benefício, com fulcro no art. 690 da INSTRUÇÃ O NORMATIVA
INSS/PRES Nº 77/2015;

Nestes Termos;
Pede Deferimento.
 

Barra Bonita/SP, 30 de agosto de 2021.

ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA


OAB/SP 236.723

[1] LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria especial: teoria e


prática. 3. ed. Curitiba: Juruá , 2016, p. 67
[2] Op. cit., p. 46.
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