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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

ADVOGADA ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA CATALAN – OAB/SP – 236.723

ILUSTRÍSSIMOS SENHORES CONSELHEIROS DA JUNTA DE RECURSOS DO CONSELHO DE


RECURSOS DO SEGURO SOCIAL

NB 42/200.906.622-1

JOHNY APARECIDO SATO, brasileiro, casado, operador de gerador,


portador do RG nº 22.636.743 SSP/SP, CPF nº 183.484.038-41,
residente e domiciliado na Rua Atilio Cervati nº 1015 – Colina da
Barra, na cidade de Barra Bonita/SP, CEP 17340-000, vem, por meio
de sua procuradora, com fulcro no art. 537 da IN 77/2015, interpor o
presente RECURSO ORDINÁRIO:

O Recorrente, no dia 06/04/2021, elaborou requerimento de aposentadoria por


tempo de contribuiçã o, com conversã o de tempo de serviço especial em comum, a partir do
reconhecimento da especialidade das atividades desenvolvidas nos períodos de:

 26/04/1999 a 09/12/1999
 11/05/2000 a 13/12/2000
 26/12/2000 a 21/03/2001
 02/01/2002 a 30/04/2002
 02/05/2002 a 20/12/2002
 15/04/2003 a 14/11/2003
 18/11/2003 a 20/04/2004
 26/04/2004 a 11/05/2010
 20/05/2010 a 31/01/2021

O benefício foi indeferido, eis que o INSS ignorando a especialidade do labor


desempenhado pelo Recorrente nos períodos acima mencionados.

Períodos:

 26/04/1999 a 09/12/1999
 11/05/2000 a 13/12/2000
 26/12/2000 a 21/03/2001
 02/01/2002 a 30/04/2002
 02/05/2002 a 20/12/2002

Avenida Pedro Ometto, nº 2242 – Barra Bonita – CEP 17.340-000 – Fone (14) 3641-8452 E-
mail: andreiafvieira@bol.com.br
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Empresa: Mauro de Albuquerque Pinheiro e Outros Incorporada Flávio de


Albuquerque Pinheiro e Outros Incorporada Paraíso Bioenergia S/A Incorporada
Tonon Bioenergia S/A.

Cargo: Serviços Gerais Agrícola

O Anexo do Decreto 53.831/64, em seu item 2.2.1, classifica as atividades


desempenhadas por trabalhadores na agropecuá ria como insalubres e estabelece o tempo
de trabalho mínimo de 25 anos:

 
Trabalhadores na 25 Jornada
2.2.1 AGRICULTURA Insalubre
agropecuá ria. anos normal.

Nos períodos em questã o, a CTPS do segurado comprova que o mesmo exerceu a


funçã o de serviços gerais em estabelecimento agrícola/agropastoril.

No mesmo sentido, os contratos de trabalho por experiência juntados aos autos


informam que o Requerente foi contratado para desempenhar a funçã o de serviços gerais
rurais.

E, ainda, foi juntada declaraçã o do empregador, na qual o mesmo refere que o


Requerente foi seu empregado no período suprarreferido, a funçã o desempenhada era no
sentido de “as canas são cortadas pelos cortadores que utilizam facão apropriado golpeando
a base da cana, despontando e removendo o excesso de palhas e enleirando as canas cortadas
e limpas em montes sucessivos no sentido perpendicular às ruas. Para o plantio as canas são
cortadas cruas, tiradas as palhas secas e agrupadas em montes”.

No aspecto, a Instruçã o Normativa nº 77 INSS/PRES estabelece requisitos para o


reconhecimento da atividade especial, os quais foram integralmente atendidos no presente
caso. Veja-se: 

Art. 273. Deverã o ser observados os seguintes critérios para o


enquadramento do tempo de serviço como especial nas categorias
profissionais ou nas atividades abaixo relacionadas:

IV - agropecuá ria:

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a) o período de atividade rural do trabalhador rural amparado pela


Lei nº 11, de 25 de maio de 1971 (FUNRURAL) exercido até 24 de
julho de 1991, nã o será computado como especial, por inexistência
de recolhimentos previdenciá rios e consequente fonte de custeio à
Previdência Social; e

b) somente a atividade desempenhada na agropecuária (prática


de agricultura e da pecuária nas suas relações mútuas), exercida
por trabalhadores amparados pelo RGPS, permite o
enquadramento no item 2.2.1 do quadro anexo aoDecretos nº
53.831, de 25 de março de 1964, não se enquadrando como tal a
exercida apenas na lavoura. (sem grifos no original)

Dessa forma, nã o subsistem quaisquer razõ es para o nã o reconhecimento da


especialidade dos períodos laborados junto ao Empregador 1, já que enquadrados no item
2.2.1 do anexo do Decreto 53.861/64, devendo reconhecidos como especiais os períodos
de: 26/04/1999 a 09/12/1999, 11/05/2000 a 13/12/2000, 26/12/2000 a
21/03/2001, 02/01/2002 a 30/04/2002 e de 02/05/2002 a 20/12/2002.

Período:

 15/04/2003 a 14/11/2003 – cargo: Auxiliar de Laborató rio;


 18/11/2003 a 20/04/2004 – cargo: Auxiliar de Produçã o Industrial;
 26/04/2004 a 11/05/2010 – cargo: Operador de Tubo Gerador.

Empresa: Paraíso Bioenergia S.A.

No presente caso, a autarquia previdenciá ria nã o reconheceu a especialidade de


nehum dos lapsos requeridos sob a justificativa de que nã o houve a comprovaçã o do
exercício de atividade especial ou com exposiçã o a agentes nocivos.

Não obstante, verifica-se que o INSS optou por desconsiderar que a empresa
PARAÍSO BIOENERGIA está BAIXADA, bem como não analisou a possibilidade de
enquadramento profissional até o marco legislativo que assim permite.

Sendo assim, passa-se à aná lise detalhada das atividades especiais desenvolvidas,
bem como das razõ es pelas quais a decisã o deve ser revista.

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DO DEVER DE FISCALIZAÇÃO DO INSS

É importante mencionar, inicialmente, que compete ao servidor do INSS


responsá vel pela conduçã o do processo, juntamente com o segurado requerente, a
instruçã o do processo administrativo, com o intuito de reunir toda a documentaçã o
indispensá vel ao processamento do benefício pleiteado.

No que se refere à prova da atividade especial, cabe tecer breves consideraçõ es


sobre o chamado “Adicional do SAT”. O SAT/GILRAT tem o objetivo de financiar os
benefícios concedidos pelo INSS em razã o do grau de incidência da incapacidade laborativa
decorrente dos riscos ambientais do trabalho.

As empresas nas quais o risco de acidente do trabalho relativo a atividade


preponderante seja considerado como leve a alíquota é de 1%; para as de grau médio 2%; e
para as de grau grave a alíquota é de 3%, incidentes sobre a totalidade da remuneraçã o
paga pelas empresas aos empregados e aos avulsos.

Ou seja, tal espécie de contribuição deve ser recolhida em percentual


proporcional ao grau de nocividade da exposição do empregado aos agentes
agressivos, exclusivamente sobre a remuneração do segurado.

O Decreto 6.042/07 acrescentou o artigo 202-A ao Decreto 3.048/99 criando o


Fator Acidentário de Prevenção (FAP). O FAP é um multiplicador variá vel entre 0,50 e
2,00 cujos índices variam de acordo com a gravidade, frequência e os custos dos acidentes
de trabalho, podendo aumentar ou reduzir o SAT bá sico, considerando-se o GRAU DE
RISCO da empresa.

A partir de entã o, se a empresa toma todos os cuidados necessários para evitar


os ACIDENTES DE TRABALHO, gerando POUCOS CUSTOS PARA O INSS, a alíquota do
FAP poderá ser menos que 1,00, reduzindo o valor do SAT, consequentemente.

Evidente que a intençã o do legislador foi BENEFICIAR AS EMPRESAS que tomam as


devidas precauçõ es, ESTIMULANDO OS CUIDADOS COM OS EMPREGADOS. Um estímulo
financeiro EXCELENTE, nã o é mesmo?!

Ocorre que, sem a devida FISCALIZAÇÃO, nã o há clareza e precisã o nos dados


lançados pelas empregadoras, dificultando a demonstraçã o de melhora ou piora nas

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condiçõ es de trabalho e nas prevençõ es dos acidentes de trabalho. Desse modo, os valores
apontados pelo INSS para as alíquotas do FAP podem não corresponder à realidade.

Por óbvio, o empregador que omitir a informação de ambiente insalubre SE


EXIME DE PAGAR A CONTRIBUIÇÃO ESPECÍFICA e, ainda, SE EXIME DE DEMONSTRAR
SE HOUVE MELHORA OU PIORA NO AMBIENTE DE TRABALHO!

Os nú meros evidenciam essa tendência. Com base em dados da GFIP – Guias de


Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informaçõ es à Previdência
Social, a quantidade total declarada pelas empresas de trabalhadores expostos a
agentes nocivos vem apresentando uma REDUÇÃO ACELERADA.

A forma de custeio da aposentadoria especial e as informações INVERÍDICAS


prestadas pelas empregadoras têm impedido que os segurados expostos a agentes
nocivos à sua saú de e integridade física tenham seu direito reconhecido pelo INSS!

Importante destacar que a contribuição existe e está prevista em lei. Basta que
haja fiscalização e cobrança efetiva pela Autarquia Previdenciária!!!

Destarte, não se pode permitir a descaracterização da atividade especial ou a


não concessão do benefício de aposentadoria especial ao segurado pela não
contribuição a cargo do empregador, eis que se presume que ela foi realizada, ao teor
do que estabelece o art. 33, § 5º, da Lei 8.212/91, perceba-se (grifos nossos):

5º O desconto de contribuição e de consignaçã o legalmente


autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente
pela empresa a isso obrigada, nã o lhe sendo lícito alegar omissã o
para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsá vel
pela importâ ncia que deixou de receber ou arrecadou em desacordo
com o disposto nesta Lei.

Incabível, portanto, discutir em um processo de concessão de benefício


matéria de custeio. Se houve exposiçã o do segurado aos agentes nocivos, cabe ao INSS
propor a açã o de cobrança que entender cabível para sanar a discussã o sobre o equilíbrio
financeiro e atuarial.

Pelo exposto, tratando-se de atividade especial, a precedência da fonte de custeio e a


necessidade de arrecadaçã o e fiscalizaçã o também geram reflexos no preenchimento dos

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formulá rios PPP pelo empregador.  Isto ocorre porque, é mais vantajoso para o
empregador OMITIR a exposição do empregado a agentes nocivos, eis que não
haverá necessidade de pagar a contribuição específica. Contudo, não é possível
permitir que o segurado pague essa conta!

Com efeito, é relevante salientar que o preenchimento dos formulários de


segurança do trabalho se dá UNILATERALMENTE, sem qualquer critério e/ou
contraditório, visando somente amparar interesses da empresa e cumprir
formalidades.

Muitas vezes são produzidos “por encomenda” e com relação comercial de


prestação de serviço da empresa responsável pela elaboração dos “laudos”, ao passo
que naturalmente há disposição destas para “amenizar” os “impactos” que a correta
exposição dos agentes poderia ocasionar à empresa contratante. Ademais, muitas
vezes, o empregador até se recusa a fornecer o PPP ao segurado. Ressalta-se que há
previsã o de multa em tais casos, consoante dispõ e o §8º, do art. 68 do Decreto 3.048/99.
Veja-se (grifos nossos):

8oA empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil


profissiográ fico do trabalhador, contemplando as atividades
desenvolvidas durante o período laboral, documento que a ele
deverá ser fornecido, por có pia autêntica, no prazo de trinta dias da
rescisã o do seu contrato de trabalho, sob pena de sujeição às
sanções previstas na legislação aplicável.

Neste ponto, importante mencionar que o esmero do segurado em obter o PPP cessa
seu dever de comprovaçã o, cabendo ao INSS FISCALIZAR o empregador, bem como
consagrar o direito do segurado requerente ao melhor entendimento e
enquadramento, conforme obrigam as pró prias resoluçõ es 77 e 485/2015 do INSS:

Art. 293, IN 77:

4º Em caso de divergência entre o formulário legalmente


previsto para reconhecimento de períodos alegados como
especiais e o CNIS ou entre estes e outros documentos ou
evidências, o INSS deverá analisar a questão no processo
administrativo, com adoção das medidas necessárias.

5º Serã o consideradas evidências, de que trata o § 4º deste artigo,


entre outros, os indicadores epidemioló gicos dos benefícios

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previdenciá rios cuja etiologia esteja relacionada com os agentes


nocivos.

A Resoluçã o INSS nº 485/2015 também se mostra um meio eficiente de


periciar/inspecionar o ambiente laboral administrativamente no caso de divergência
entre o formulá rio e o CNIS ou entre outros documentos ou evidências.

Cumpridas as devidas diligências pelo INSS, desnecessária será a


judicialização da presente demanda. De todo modo, importante ressaltar que a
jurisprudência também consagra a desnecessidade do segurado esgotar toda e
qualquer pendência de responsabilidade de empregador, sendo que cabe ao pró prio
INSS o esforço de complementar a prova da atividade especial do segurado e, quando for o
caso, utilizar seu poder fiscalizador:

AGRAVO DE INTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA


ESPECIAL. DETERMINAÇÃO AO INSS PARA JUNTADA DE
DOCUMENTOS RELATIVOS A ATIVIDADES ESPECIAL EM
EMPRESAS INATIVAS CONTEMPORÂNEAS AO TEMPO EM QUE O
AUTOR ERA SEGURADO EMPREGADO MESMO EM SE TRATANDO
DE PERÍODO ANTERIOR AOS PPP's, NR 09 PPRA e LTCAT. 1. Tem
sido utilizado em casos de empresas extintas a perícia por
similaridade, sendo apenas excepcionalmente, quando aquela se
tornar inviá vel, invertido o ô nus da prova. 2. É certo que as
empresas têm a obrigação de entregar ao INSS documentos
contendo as condições de trabalho de seus empregados, ficando
elas com uma cópia. 3. No caso em epígrafe, nã o consta que esteja
inviabilizada a realizaçã o de perícia por similitude com empresas
congêneres, pelo que esta deve ser a primeira opçã o em termos
instrutó rios. 4. A despeito, nada impede que o INSS colabora com
a juntada de documentos que estejam em seus arquivos
referentes às empresas inativas, sem que isso implique inversão
do ônus da prova, e sim uma atitude em prol da verdade real na
busca na realização da justiça. (TRF4, AG 5001964-
32.2016.404.0000, SEXTA TURMA, Relator (AUXÍLIO OSNI) HERMES
S DA CONCEIÇÃ O JR, juntado aos autos em 05/05/2016, grifos
acrescidos)

Ocorre que, na prá tica, tem ocorrido uma verdadeira transferência de


responsabilidades do INSS para o segurado! Ao negar a aposentaçã o e obrigar o

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segurado a procurar a empresa, a fim de buscar a sua pretensã o no Judiciá rio, a Autarquia
Previdenciária permanece inerte, contrariando as regras que dispõe a respeito da
sua obrigação de FISCALIZAR E COBRAR das empresas a prestação de informações
corretas e o devido recolhimento das contribuições.

Períodos: 15/04/2003 a 14/11/2003, 18/11/2003 a 20/04/2004 e de


26/04/2004 a 11/05/2010

Empresa: PARAÍSO BIOENERGIA S.A

Cargo: Auxiliar de Laboratório, Auxiliar de Produção Industrial e Operador de


Tubo Gerador

Nos vínculos empregatícios em apreço, o Recorrente apresentou regular anotaçã o


em sua carteira de trabalho.

Com efeito, saliente-se que em todos os interregnos o Segurado desenvolveu suas


atividades em estabelecimento de Usina!

Destarte, a fim de angariar elementos para comprovar a especialidade do trabalho


realizado, o Recorrente enviou requerimnto, entrou em contato com o advogado da
empresa, porém sem retorno., conforme segue as fls. 55.

Outrossim, em consulta à Secretaria da Fazenda do Estado do Sã o Paulo visualizou-


se que a empresa encontra-se BAIXADA, conforme segue as fls. 51.

Dessa forma, considerando que o Recorrente nã o obteve êxito em contatar a


empresa suprarreferida e esta nã o exerce mais atividades, requer seja realizada a aná lise
por SIMILARIDADE, conforme PPP anexados em funçã o idêntica a desempenhada, o qual
passamos a expor abaixo.

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Período:

 20/05/2010 a 31/01/2021 – cargo: Operador de Tubo Gerador.

Empresa: Raízen Energia S.A.

No presente caso, a autarquia previdenciá ria nã o reconheceu a especialidade de


nehum dos lapsos requeridos sob a justificativa de que nã o houve a comprovaçã o do
exercício de atividade especial ou com exposiçã o a agentes nocivos.

Para o agente nocivo ruído, a partir do Decreto nº 2.172/1997 até a véspera da


publicaçã o do Decreto nº 4.882/2003, é considerada especial a atividade desenvolvida com
exposiçã o a ruído superior a 90 dB (A). Já a partir da nova redaçã o dada ao Decreto nº
3.048/1999, em 2003, é considerada especial a atividade em que os níveis de exposiçã o ao
ruído – NEN estiverem susperiores a 85 dB(A).

A aná lise do PPP emitido pela empresa permite inferir, portanto, que durante todo o
período analisado o trabalhador esteve exposto a ruídos acima dos níveis de tolerâ ncia,
mais precisamente, 85,6dB (A).

Essa informaçã o, por si só , torna dispensá vel a exigência da Autarquia


Previdenciá ria de que seja apresentado histograma ou memó ria de cá lculos, pois, conforme
o Manual de Aposentadoria Especial do pró prio Insitituto Nacional do Seguro Social –
volume 1 (março/2012, p. 106), a memó ria de cá lculo ou o histograma apenas devem ser
exigidos em caso de se considerar a média ou dose – e nã o em casos de avaliaçã o contínua
do ruído no ambiente de trabalho:

Ademais, conforme já salientado no período anterior analisado, no que tange ao


agente ruído, já se manifestou a Turma Nacional de Uniformizaçã o de Jurisprudência dos
JEFs acerca do uso de EPI:

Sú mula 9: O uso de Equipamento de Proteçã o Individual (EPI), ainda


que elimine a insalubridade, no caso de exposiçã o a ruído, nã o
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

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Outrossim, de acordo com o que já foi mencionado, a IN nº 77/2015 exige a


comprovaçã o da eliminação ou neutralização da exposiçã o aos agentes nocivos pelo uso
de EPI, nã o bastando a mera referência de utilizaçã o de equipamentos no formulá rio PPP
para a descaracterizaçã o da atividade especial desenvolvida. Nesse sentido, vale conferir a
disposiçã o contida no § 6º do art. 276 da referida Instruçã o Normativa:

§ 6º Somente será considerada a adoçã o de Equipamento de


Proteçã o Individual - EPI em demonstraçõ es ambientais emitidas a
partir de 3 de dezembro de 1998, data da publicaçã o daMP nº 1.729,
de 2 de dezembro de 1998, convertida naLei nº 9.732, de 11 de
dezembro de 1998, e desde que comprovadamente elimine ou
neutralize a nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do
MTE, havendo ainda necessidade de que seja assegurada e
devidamente registrada pela empresa, no PPP, a observâ ncia:

I -  da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR-09 do MTE, ou


seja, medidas de proteçã o coletiva, medidas de cará ter
administrativo ou de organizaçã o do trabalho e utilizaçã o de EPI,
nesta ordem, admitindo-se a utilizaçã o de EPI somente em situaçõ es
de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à
implementaçã o do EPC ou, ainda, em cará ter complementar ou
emergencial;

II - das condiçõ es de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao


longo do tempo, conforme especificaçã o técnica do fabricante,
ajustada à s condiçõ es de campo;

III - do prazo de validade, conforme Certificado de Aprovaçã o do


MTE;

IV - da periodicidade de troca definida pelos programas ambientais,


comprovada mediante recibo assinado pelo usuá rio em época
pró pria; e

V - da higienizaçã o.

§ 7º Entende-se como prova incontestá vel de eliminaçã o dos riscos


pelo uso de EPI, citado no Parecer CONJUR/MPS/Nº 616/2010, de 23
de dezembro de 2010, o cumprimento do disposto no § 6º deste
artigo.

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Dessa forma, nã o pode o INSS negar o reconhecimento de atividade especial


baseado na utilizaçã o de EPCs e EPIs quando nã o há demonstraçã o da efetiva neutralizaçã o
da nocividade, uma vez que tal decisã o contraria a pró pria IN 77/2015/PRES/INSS.

 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO 

A avaliaçã o técnica da atividade especial informa ainda a imprescindibilidade de que


a metodologia de avaliaçã o ao ruído seja a NHO-01 a partir de 01/01/2004, sendo que no
laudo anexado consta “anexo 1 da NR 15”.

Ocorre que o entendimento da Perita está em sentido diametralmente oposto a


jurisprudência do Conselho de Recursos da Previdência Social, que dispõ e que a
exigência legal da utilizaçã o da metodologia NHO-01 nã o exclui outras metodologias, desde
que validadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A esse respeito, vale destacar a brilhante fundamentaçã o da Relatora Renata dos


Santos Lito em julgamento proferido pela 1ª Câ mara de Julgamento do CRPS (processo nº
44232.826554/2016-57):

“A respeito da exigência legal de que a partir de 01/01/2004 a


informaçã o do ruído obrigatoriamente ter que vir em NEN,nã o
excluiu, em nenhuma hipó tese, qualquer outro tipo de metodologia,
desde que vá lida pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Nesse sentido, o art. 68, § 13 do RPS, “Na hipó tese de nã o terem sido
estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e procedimentos
de avaliaçã o, cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego definir
outras instituiçõ es que o estabeleçam.

A NR-15 da FUNDACENTRO nã o foi revogada pelo Decreto 4.882 de


18/11/2003, portanto, é vá lida e os laudos produzidos sob seus
parâ metros também o sã o. Ou um simples ato privativo do Ministro
de Estado (ediçã o de Decreto sem anuência do legislativo) teria o
poder de obrigar que todas as empresas do país “rasgassem” seus
laudos técnicos e produzissem novos a partir de 01/01/2004 sob
pena de serem todos irregulares ou no mínimo, imprestá veis para
fins de qualquer tipo de produçã o de prova na seara previdenciá ria.
Certamente nã o foi essa a intensã o do Ministério.

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Assim, portanto, valido os laudos técnicos produzidos sob a


exegese da FUNDACENTRO, mantendo os parâmetros de
avaliação do ruído calculados quando da elaboração do laudo e
estando em acordo com a lei, independente de serem ou não
pela técnica ‘NEN’.”

Desse modo, considerando que os laudos apresentados sã o aptos para aferiçã o da


especialidade das atividades desenvolvidas, é imperioso o seu reconhecimento.

Logo, restando afastadas todas as razõ es que motivaram o nã o reconhecimento da


especialidade da atividade desenvolvida no período, deve a decisã o ser modificada, com o
reconhecimento dos períodos de 15/04/2003 a 14/11/2003, 18/11/2003 a 20/04/2004,
26/04/2004 a 11/05/2010 e de 20/05/2010 a 31/01/2021.

DO DIREITO À APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Por fim, a tabela a seguir demonstra, de forma objetiva, considerando que as


atividades exercidas pelo Sr. Johny Aparecido Sato sã o enquadradas como especiais, o
Recorrente implementou os requisitos indispensá veis a concessã o de aposentadoria por
tempo de contribuiçã o por ocasiã o do requerimento administrativo (DER em
06/04/2021):

CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO

EMPRESA ADM. DEM. COMUM - C TEMPO TEMPO TOTAL


ESPECIAL - E COMUM ESPECIAL

Irmãos Rochiti 28/11/1985 23/05/198 908,00 0,00 908,00


8
Serv. Agricolas Santoro 01/06/1988 13/05/199 1443,00 0,00 1443,00
2
Labor 18/05/1992 08/03/199 1025,00 0,00 1025,00
5
Albuquerque e Pinheiro 26/04/1999 09/12/199 E 228,00 91,20 319,20
9
Albuquerque e Pinheiro 03/01/2000 28/04/200 117,00 0,00 117,00
0
Alpin Agropecuaria 11/05/2000 13/12/200 E 217,00 86,80 303,80
0
Albuquerque e Pinheiro 26/12/2000 21/03/200 E 86,00 34,40 120,40
1
Puritta 02/04/2001 30/06/200 90,00 0,00 90,00
1
Dois Corregos Agropec. 05/07/2001 03/12/200 152,00 0,00 152,00
1

Avenida Pedro Ometto, nº 2242 – Barra Bonita – CEP 17.340-000 – Fone (14) 3641-8452 E-
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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

ADVOGADA ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA CATALAN – OAB/SP – 236.723

Flavio Pinheiro 02/01/2002 30/04/200 E 119,00 47,60 166,60


2
Flavio Pinheiro 02/05/2002 20/12/200 E 233,00 93,20 326,20
2
Flavio Pinheiro 06/01/2003 14/04/200 99,00 0,00 99,00
3
Paraiso Bioenergia 15/04/2003 14/11/200 E 214,00 85,60 299,60
3
Paraiso Bioenergia 18/11/2003 20/04/200 E 155,00 62,00 217,00
4
Paraiso Bioenergia 26/04/2004 11/05/201 E 2207,00 882,80 3089,80
0
Cosan 20/05/2010 14/11/201 E 544,00 217,60 761,60
1
Cosan 15/11/2011 30/11/201 E 16,00 6,40 22,40
1
Cosan 01/12/2011 30/04/201 E 152,00 60,80 212,80
2
Cosan 01/05/2012 30/11/201 E 214,00 85,60 299,60
2
Cosan 01/12/2012 24/06/201 E 936,00 374,40 1310,40
5
Cosan 25/06/2015 09/07/201 E 746,00 298,40 1044,40
7
Cosan 08/07/2017 18/07/201 E 11,00 4,40 15,40
7
Cosan 19/07/2017 19/07/201 E 731,00 292,40 1023,40
9
Cosan 20/07/2019 31/01/202 E 562,00 224,80 786,80
1

TOTAL EM DIAS 11205,00 2948,40 14153,40

CONVERSÃO ANOS 38,776438


MESES 9,3172603
DIAS 9,5178082

TEMPO TRABALHADO 38 ANOS 30,6986 8,0778082


9 MESES 8,3836 0,9337
9 DIAS 11,5068 28,0110

ISSO POSTO, requer:

1. O recebimento do presente recurso;

2. A produçã o de todos os demais meios de prova admitidos, como documental,


pesquisa externa e realizaçã o de Justificaçã o Administrativa;

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3. O reconhecimento do tempo de serviço especial desenvolvido nos seguintes


períodos contributivos: 26/04/1999 a 09/12/1999, 11/05/2000 a 13/12/2000,
26/12/2000 a 21/03/2001, 02/01/2002 a 30/04/2002, 02/05/2002 a
20/12/2002, 15/04/2003 a 14/11/2003, 18/11/2003 a 20/04/2004, 26/04/2004
a 11/05/2010 e de 20/05/2010 a 31/01/2021.

4. A concessã o do benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, a


partir da data do agendamento do requerimento administrativo 06/04/2021;

5. Subsidiariamente, caso nã o seja apurado tempo de contribuiçã o do benefício até a


DER, requer o cô mputo dos períodos posteriores, e a concessã o de aposentadoria
por tempo de contribuiçã o, com a DER para a data em que o segurado preencheu os
requisitos do benefício, com fulcro no art. 690 da INSTRUÇÃ O NORMATIVA
INSS/PRES Nº 77/2015;

Nestes Termos;
Pede Deferimento.
 

Barra Bonita/SP, 20 de agosto de 2021.

ANDRÉIA DE FÁTIMA VIEIRA


OAB/SP 236.723

[1] LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria especial: teoria e


prática. 3. ed. Curitiba: Juruá , 2016, p. 67
[2] Op. cit., p. 46.
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