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MINISTÉRIO DA ECONOMIA - MECON

CONSELHO DE RECURSOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - CRPS

1ª Câmara de Julgamento
Data/Hora: 17/12/2020 09:07:39

Número do Processo: 35445.000006/2019-51


Tipo do Processo: Recurso Especial
APS Responsável: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PILAR DO SUL
Objeto do Processo: Espécie/NB: 42/186.209.246-7
Espécie: Aposentadoria por tempo de contribuição
Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Recorrido: JOSE PICCHI NETO
Assunto: INDEFERIMENTO
Relator: ARLETE BARROS DA SILVA FERNANDES

Inclusão em Pauta
Incluído em pauta em 23/11/2020 10:42:50 para sessão 0664/2020.

Relatório

Trata-se de recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS contra a decisão da
01ª Composição Adjunta da 05ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social
exarada no Acórdão nº 2186/2020.

Em 30/08/2018 o interessado com 55 anos de idade, requereu benefício de Aposentadoria por tempo de
contribuição, cujo requerimento foi indeferido por Falta de tempo de contribuição, sendo apurado na Data
de Entrada do Requerimento – DER, o tempo de 36 anos, 03 meses e 02 dias.

Diante dessa decisão, o interessado recorreu à Junta de Recursos, que deu provimento ao seu recurso,
enquadrando o período de 01/01/2004 a 30/06/2015, e concluindo que o requerente implementa as
condições exigidas para a concessão do benefício de Aposentadoria por tempo de contribuição, sem a
incidência do fator previdenciário.

Inconformado, o INSS recorre às Câmaras de Julgamento requerendo, em suma, a reforma da referida


decisão, alegando que o enquadramento do período de 01/01/2004 a 30/06/2015 está em desacordo com
a ORIENTAÇÃO INTERNA SPREV/SEPRT Nº 04, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019; contrária a decisão da
análise técnica do INSS; e constam informações divergentes entre PPPs. Alega conversão equivocada por
parte da análise técnica do INSS com relação aos períodos de 01.12.1986 a 13.02.1991 (MZ ), 01.08.1987
a 30.08.1988 (ELLENCO),02.05.1991 A 05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003 (MZ ) e 02.01.1996 a
05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003 (ELLENCO), devido não constar nos PPPs carimbo da empresa.
Requerendo ainda, que os autos sejam baixados em diligência para que sejam sanadas as divergências
apontadas e posterior encaminhamento dos autos à Subsecretaria da Perícia Médica Federal.

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O interessado apresentou contrarrazões, requerendo, em síntese, a manutenção da decisão da Junta de
Recursos.

Constam nos autos, entre outros, os seguintes documentos:

- Carteira de Trabalho e Previdência Social;

- Da empresa ELLENCO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA:

. PPP referente ao período de 02/01/1996 a 23/07/2018, trabalhado no setor de Empreendimentos, no


cargo e função de Engenheiro Civil, Fator de risco – Ruído de 86,3 dB(A) (NR-15 ANEXO 1) (02/01/1996 a
31/06/2015), Ruído de 55,7 dB(A) (NR-15 ANEXO 1) (01/07/2015 a 23/07/2018)

. NOVO PPP referente ao período de 02/01/1996 a 23/07/2018, trabalhado no setor de Empreendimentos,


no cargo e função de Engenheiro Civil, Fator de risco – Ruído de 86,3 dB(A) (NHO-01 FUNDACENTRO/NR-
15 ANEXO 1), (02/01/1996 a 31/06/2015), Ruído de 55,7 dB(A) (NHO-01 FUNDACENTRO/NR-15 ANEXO 1)
(01/07/2015 a 23/07/2018).

Voto
EMENTA:

RECURSO ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL RECONHECIDA. PREENCHIMENTO DOS


REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO,
SEM A INCIDÊNCIA DO FATOR PREVIDENCIÁRIO. ART. 56 E 187 DO RPS E ART. 29-C DA
LEI 8.213/91. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS.

Preliminarmente, se conhece do recurso, por ter sido interposto no prazo de trinta dias, conforme prevê o
§ 1º do art. 305 do Decreto 3.048/99.

Pretende-se a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, sendo que a matéria controversa
se restringe ao enquadramento efetuado pela Junta de Recursos do período de 01/01/2004 a 30/06/2015,
e dos períodos de 01.12.1986 a 13.02.1991 (MZ ), 01.08.1987 a 30.08.1988 (ELLENCO),02.05.1991 A
05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003 (MZ ) e 02.01.1996 a 05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003
(ELLENCO) em que se alega conversão equivocada pela análise técnica da própria Autarquia.

A aposentadoria por tempo de contribuição está prevista no art. 56 do Decreto 3.048/99 que diz:

Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e cinco anos de
contribuição se homem, ou trinta anos, se mulher, observando o disposto no art. 199-A. (Redação dada
pelo Decreto nº 6.042/2007).

Com o advento da Lei nº 13.183, de 2015, preenchendo todos os requisitos para a aposentadoria é
facultado ao segurado a opção pela não incidência do fator previdenciário, conforme dispõe o Art. 29-C
da Lei 8.213/91, vejamos:

Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá
optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total
resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de
requerimento da aposentadoria, for: (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015)
I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de
trinta e cinco anos; ou
II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de
trinta anos.
§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de
contribuição e idade.
§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto
em:

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I - 31 de dezembro de 2018;
II - 31 de dezembro de 2020;
III - 31 de dezembro de 2022;
IV - 31 de dezembro de 2024; e
V - 31 de dezembro de 2026.

Quanto aos períodos que se quer comprovar como atividade especial é imprescindível destacar que, a
legislação aplicável para a caracterização do tempo especial é aquela vigente no tempo em que a
atividade a ser avaliada foi efetivamente desenvolvida, considerado o contido nos §§ 1º e 2º do artigo 70
do Decreto nº 3.048/99:

Art. 70. (...)


§ 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao
disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.
§ 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade
comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.

Sobre o exercício de atividade em condições especiais, cabe ao segurado comprovar, além do tempo de
trabalho, exposição aos agentes químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à
saúde ou a sua integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.

Essa comprovação se faz nos moldes dos parágrafos do art. 68 do citado RPS e Enunciado n.º 20, que diz
o seguinte:

Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais
à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta
do Anexo IV.
§ 1º As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput, para efeito do disposto nesta
Subseção, serão resolvidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social.
§ 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário
denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro
Social, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (Redação dada pelo
Decreto nº 4.032 de 2001).
§ 3º Do laudo técnico referido no § 2º deverá constar informações sobre a existência de tecnologia de
proteção coletiva, de medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho, ou de tecnologia
de proteção individual, que elimine, minimize ou controle a exposição a agentes nocivos aos limites de
tolerância, respeitado o estabelecido na legislação trabalhista. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882 de
2003).

Enunciado n.º 20: “Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de
laudo técnico pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória n.º 1.523 -10,
de 11/10/96, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à sua
saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS8030, mediante o emprego de
qualquer meio de prova em direito admitido.”

Nesse contexto, tem-se o contido no Enunciado nº 11 do Conselho Pleno no Conselho de Recursos da


Previdência Social - CRPS, publicado no DOU de 12/11/2019:

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é documento hábil à comprovação da efetiva exposição do


segurado a todos os agentes nocivos, sendo dispensável o Laudo Técnico de Condições Ambientais de
Trabalho (LTCAT) para requerimentos feitos a partir de 1º/1/2004, inclusive abrangendo períodos
anteriores a esta data.
I - Poderá ser solicitado o LTCAT em caso de dúvidas ou divergências em relação às informações contidas
no PPP ou no processo administrativo.
II - O LTCAT ou as demonstrações ambientais substitutas extemporâneos que informem quaisquer
alterações no meio ambiente do trabalho ao longo do tempo são aptos a comprovar o exercício de
atividade especial, desde que a empresa informe expressamente que, ainda assim, havia efetiva
exposição ao agente nocivo.
III - Não se exigirá o LTCAT para períodos de atividades anteriores 14/10/96, data da publicação da
Medida Provisória nº 1.523/96, facultando-se ao segurado a comprovação da efetiva exposição a agentes

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nocivos por qualquer meio de prova em direito admitido, exceto em relação a ruído.

O Conceito de permanência, assim definido no art. 65 do Decreto nº 3.048/99, refere-se à


indissociabilidade entre a exposição ao agente nocivo e o processo de produção do bem ou de prestação
do serviço. Dessa forma, para verificar se a exposição é permanente, deve-se ter a comprovação do
exercício de sua atividade sob a exposição necessária e obrigatória ao agente nocivo.

Quanto ao nível de exposição ao agente nocivo ruído, a Súmula nº 29 da Advocacia Geral da União,
dispõe que para caracterizar a atividade especial a presença do agente nocivo ruído deve ser da seguinte
forma:

“Atendidas às demais condições legais, considera-se especial, no âmbito do RGPS, a atividade exercida
com exposição a ruído superior a 80 decibéis até 05/03/1997, superior a 90 decibéis desta data até
18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir de então”.

O mesmo entendimento traz o Enunciado nº 13 do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS,


aprovado pelo Despacho nº 37/2019, DOU nº 219 de 12/11/2019, Seçao 1, pág. 321, a saber:

“Atendidas às demais condições legais, considera-se especial, no âmbito do RGPS, a atividade exercida
com exposição a ruído superior a 80 decibéis até 05/03/97, superior a 90 decibéis desta data até
18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir de então”.
I - Os níveis de ruído devem ser medidos, observado o disposto na Norma Regulamentadora nº 15
(NR15), anexos 1 e 2, com aparelho medidor de nível de pressão sonora, operando nos circuitos de
compensação - dB (A) para ruído contínuo ou intermitente ou dB (C) para ruído de impacto.
II - Até 31 de dezembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a
utilização das metodologias contidas na NR-15, devendo ser aceitos ou o nível de pressão sonora pontual
ou a média de ruído, podendo ser informado decibelímetro, dosímetro ou medição pontual no campo
Técnica Utilizada do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP).
III - A partir de 1º de janeiro de 2004, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a
utilização das metodologias contidas na Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) da FUNDACENTRO
ou na NR-15, que reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição
pontual, devendo constar do PPP a técnica utilizada e a respectiva norma.
IV - Em caso de omissão ou dúvida quanto à indicação da metodologia ou técnica utilizadas para aferição
da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da especialidade, devendo
ser apresentado o respectivo Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) ou solicitada
inspeção no ambiente de trabalho, para fins de verificar a técnica utilizada na medição, bem como a
respectiva norma.

No que se refere a técnica de aferição do agente ruído, até 31/12/2003, a mensuração do nível de
intensidade da exposição ao agente ruído poderia ser feita por medições pontuais, nível equivalente,
média ou dose.

Com a edição do Decreto nº 4.882 de 18/11/2003, que alterou o item 2.0.1 do quadro anexo IV do
Decreto nº 3.048/99, ficou estabelecido que a exposição ao agente ruído deveria vir em Níveis de
Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A), que é distribuição da exposição numa jornada
diária de oito horas através de uma fórmula específica.

É imprescindível esclarecer que a metodologia utilizada pela NHO-01 da FUNDACENTRO para a dosimetria
do ruído cuja observância foi determinada a partir da edição do Decreto 4.882/2003, é significativamente
mais protetiva ao trabalhador. Equivale dizer que, se quando forem observados os parâmetros definidos
pela Norma Regulamentadora 15/1978 a intensidade do agente nocivo ruído estiver acima do limite de
tolerância, certamente o resultado da dosimetria do ruído aferido nos moldes da NHO-01 da
FUNDACENTRO será superior.

Cumpre-se informar que dos períodos controversos, a perícia médica converteu os períodos de
01.12.1986 a 13.02.1991, 01.08.1987 a 30.08.1988, 02.05.1991 a 05.03.1997, 19.11.2003 a 31.12.2003,
02.01.1996 a 05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003, por exposição a níveis de ruído superiores ao limite
de tolerância, deixando de enquadrar o período de 01/01/2004 a 30/06/2015, por metodologia informada
no PPP diferente da NHO 01 da FUNDACENTRO.

Cabe ressaltar que a manifestação da PERÍCIA MÉDICA do INSS não tem efeito determinante aos órgãos
julgadores do CRSS, até porque funciona no presente como parte interessada no processo administrativo.

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Para reforçar esse entendimento, dispõe o art. 3º da Instrução Normativa CRPS nº 1/11:

“Os Órgãos Julgadores não estão restritos ao pronunciamento técnico da assessoria médica ou jurídica,
podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, desde que
fundamentada a decisão, sob pena de nulidade”.

Portanto, os órgãos julgadores têm o livre convencimento das provas e o reconhecimento de tempo
especial não constitui matéria eminentemente médica, por haver aspectos jurídicos a serem
considerados por isso não se aplica aqui a hipótese do §7º, do artigo 53 da Portaria Ministerial nº
116/2017.

No que tange aos períodos de 01.12.1986 a 13.02.1991, 01.08.1987 a 30.08.1988, 02.05.1991 a


05.03.1997, 19.11.2003 a 31.12.2003, 02.01.1996 a 05.03.1997 e 19.11.2003 a 31.12.2003,
enquadrados pela perícia médica do INSS, por exposição a níveis de ruído superiores ao limite de
tolerância e questionados pela própria Autarquia por entender que houve equívoco na conversão, devido
não constar nos PPPs carimbo da empresa, invoco o parágrafo único do Art. 296 da própria Instrução
Normativa/INSS nº 77/2015, a saber:

Art. 296. Caberá ao servidor administrativo a análise dos requerimentos de benefício, recurso e revisão
para efeito de caracterização de atividade exercida em condições especiais, preenchimento do formulário
denominado Despacho e Análise Administrativa da Atividade Especial - Anexo LI, com observação dos
procedimentos a seguir:
(...)
Parágrafo único. Nos períodos já reconhecidos como de atividade especial, deverão ser respeitadas as
orientações vigentes à época, sendo que, neste caso, a análise pela perícia médica dar-se-á
exclusivamente nas situações em que houver períodos com agentes nocivos ainda não analisados.

De toda forma, considerando que o recurso especial devolve a análise de todo o recurso, concluo que
apenas o período de 01/01/2004 a 30/06/2015 (ELLENCO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA) exige
análise desta relatora.

Diante do exposto, ratifico a decisão da Junta de Recursos, visto ser passível de enquadramento o período
de 01/01/2004 a 30/06/2015 (ELLENCO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA), uma vez que a
exposição ao agente nocivo ruído ocorreu de forma habitual e permanente, acima do limite de tolerância,
devendo o referido período ser enquadrado no cód. 2.0.1 do Anexo IV do Dec. 3.048/99. Conforme PPP
apresentado ocorreu exposição a ruído de 86,3 dB(A) durante o período. Ressalta-se que a técnica
utilizada é da NR-15/NHO-01, em conformidade com as normas pertinentes.

Sendo assim, com o enquadramento do período de 01/01/2004 a 30/06/2015, o interessado faz jus ao
benefício de Aposentadoria por tempo de Contribuição nos termos do art. 56 do Decreto 3.048/99, sem a
incidência do fator previdenciário no cálculo do benefício, na forma do art. 29-C da Lei nº 8.213/91, visto
que na soma da idade e tempo de contribuição totaliza mais de 96 pontos.

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INSS para, no mérito, NEGAR-LHE
PROVIMENTO, concedendo o benefício ao segurado, sem a incidência do fator previdenciário.

ARLETE BARROS DA SILVA FERNANDES


Relator(a)

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Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com o voto do(a) Relator(a).

RODOLFO ESPINEL DONADON


Conselheiro(a) Titular Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com o voto do(a) Relator(a).

WALESKA DE BACELLAR BENETIS


Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com o voto do(a) Relator(a).

ANA CRISTINA EVANGELISTA


Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Decisório
Nº Acordão: 1ª CAJ/11742/2020

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada em 17/12/2020, ACORDAM os membros


da 1ª Câmara de Julgamento, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO INSS, POR
UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros RODOLFO ESPINEL DONADON e


WALESKA DE BACELLAR BENETIS.

ARLETE BARROS DA SILVA FERNANDES ANA CRISTINA EVANGELISTA


Relator(a) Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo
(Presidente designado)

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