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RELATÓRIO
"II - FUNDAMENTAÇÃO
II.1) Da Prescrição
O INSS arguiu, em sua contestação, a prescrição das parcelas vencidas anteriores ao quinquênio
que precede o ajuizamento da ação. Ocorre que, entre a data do requerimento administrativo
(18.11.2013) e o ajuizamento desta ação (14.05.2014) não se passaram mais de 5 (cinco) anos,
razão pela qual deve ser afastada a prescrição quinquenal arguida pelo INSS.
II.2) Do mérito
A aposentadoria especial foi instituída pelo art. 31, da Lei 3.807/60, e pode ser conceituada como
sendo o benefício decorrente do trabalho realizado em condições prejudiciais à saúde ou à
integridade física do segurado, de acordo com a previsão da lei.
Por sua vez, o artigo 201, §1º, da Constituição Federal traz em seu texto o próprio fundamento
constitucional de existência e justificativa da aposentadoria especial, servindo, não como um
privilégio generalizado ou uma ofensa ao princípio da isonomia, mas, sim, à sua própria
aplicação.
Ao mesmo tempo em que encontra respaldo na própria definição da isonomia material, torna-a
concreta, conferindo a pessoas que, por laborarem em condições especiais prejudiciais à sua
saúde, necessitam de um enquadramento diferenciado.
Desse modo, tratando-se de uma situação de exceção, bem como de verdadeiro benefício
previdenciário a ser pago àqueles que, efetivamente, contribuam para o sistema, torna-se
imperioso determinar quem serão esses beneficiários e quais são os requisitos a serem
preenchidos.
A lei 8.213/91, em especial, dispõe, em seu artigo 57, que a aposentadoria especial será
concedida "(...) ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei".
Por outro lado, o artigo 58, §1º, traz os requisitos específicos para a aferição das condições
especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física dos segurados, sendo objeto de sérias
discussões doutrinárias, em razão de suas várias modificações desde a promulgação da lei.
Nesse diapasão, é importante, antes, fazer um histórico acerca dessas mudanças, a fim de que
se descubra qual(is) norma(s) deve(m) ser aplicadas no período de preenchimento dos requisitos
do benefício.
No período até 28/04/95, para o reconhecimento das condições de trabalho como especiais, era
suficiente que o segurado comprovasse o exercício de uma das atividades previstas no anexo do
Decreto nº. 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto nº. 83.080/79, não sendo necessário fazer
prova efetiva da exposição às condições prejudiciais à saúde ou à integridade física.
A partir de 29/04/95, com a edição da Lei nº. 9.032/95, que alterou a Lei nº. 8.213/91, o
reconhecimento da insalubridade passou a exigir a efetiva exposição aos agentes agressivos
previstos no Anexo I do Decreto nº. 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto nº.
53.831/64, o que se comprovava através da apresentação do documento de informação sobre
exposição a agentes agressivos (conhecido como SB 40 ou DSS 8030).
Com o advento da Medida Provisória nº. 1.523/96, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/97,
a redação do art. 58 da Lei nº. 8.213/91 foi modificada, passando-se a exigir a elaboração de
laudo técnico assinado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
Sucessivos atos do Poder Executivo regularam o enquadramento das atividades laborativas como
insalubres. Antes de 05.03.97, os agentes agressivos estavam previstos nos Decretos nº.
53.831/64 e 83.080/79; de 06.03.1997 a 06/05/99, no Decreto nº. 2.172/97; e, de 07/05/99 até os
dias atuais, no Decreto nº. 3.048/99.
Érelevante mencionar, no que se refere à contagem do tempo de serviço, que a lei a discipliná-la
é aquela vigente à época do serviço prestado (vide artigo 1º, § 1º, do Decreto nº. 4.827, de
3.9.2003). Destarte, se novas exigências são impostas ou novas proibições são criadas após o
período trabalhado, não poderão ser aplicadas ao tempo pretérito, em prejuízo do trabalhador.
III - Para além do laudo pericial, no entanto, a comprovação da efetiva exposição do segurado
aos agentes nocivos também exige o preenchimento de formulário emitido pela empresa ou seu
preposto, fulcrado no referido laudo técnico das condições ambientais do trabalho. Precedentes.
(STJ. AgRg no REsp 1140885/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
29/04/2010, DJe 24/05/2010).
A legislação que rege o direito à contagem do tempo de serviço (contribuição) é, portanto, aquela
vigente ao momento da prática profissional do segurado, não podendo normas posteriores
alterarem, em prejuízo de seu titular, os critérios de aquisição desse direito já incorporado, sob
pena de violação da garantia constitucional do direito adquirido.
Conforme visto anteriormente, até o advento da Lei n. 9.032/95, em 29/04/1995, era possível o
reconhecimento do tempo de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador,
bastando que a atividade estivesse enquadrada nas relações dos Decretos 53.831/64 ou
83.080/79, hipótese em que havia uma presunção legal de exercício da atividade em condições
ambientais agressivas ou perigosas. Nesses casos, o reconhecimento do tempo de serviço
especial não depende de comprovação da exposição efetiva aos agentes nocivos. Com a
promulgação da Lei nº /95, passou-se a exigir a comprovação 9.032 da efetiva exposição aos
agentes nocivos, para fins de reconhecimento do tempo de serviço especial, através dos
formulários SB-40 e DSS-8030, até a edição do Decreto 2.172, de 05/03/1997, que,
regulamentando a MP 1523/96 (convertida na Lei 9.528/97), passou a exigir o laudo técnico.
No caso dos autos, considerando que o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, para se examinar se a atividade desenvolvida pelo autor no
período de 01/06/1981 a 10/10/2013, nas condições de cobrador, inspetor e supervisor de
produção, se enquadra ou não como atividade especial, impõe-se a cisão do lapso temporal
referido em três períodos: (a) de 01/06/1981 a 28/04/1995 (período anterior ao advento da Lei
9.032/95); (b) de 29/04/1995 a 05/03/1997 (período anterior ao advento da Lei 9.528/97); (c) e de
06/03/1997 a 10/10/2013.
Embora a parte autora não tenha anexado os formulários SB-40 e DSS-8030, no caso presente,
entendo que tanto o laudo técnico das condições ambientais de trabalho - LTCAT (Identificador
4058201.166454 - Páginas 6, 7, 8, 9, 10 e 11), bem como as próprias Informações sobre
atividades em condições especiais (Identificador 4058201.166454 - Páginas 1 e 5), em que se
constata a existência do fator de risco no labor, podem ser considerados provas mais
substanciais das situações especiais do trabalho, suprindo, inclusive, os formulários próprios.
Portanto, da análise das provas constantes dos autos, verifica-se que, em tal lapso temporal (abril
de 1995 a março de 1997), igualmente houve realização de atividades em condições especiais,
haja vista que o Laudo Técnico Pericial igualmente atesta que
"O agente ruído medido no posto de trabalho do segurado era superior ao limite de tolerância
previsto na Norma Regulamentadora Nº 15 e seus Anexos." (Identificador 4058201.166454,
Página 5, grifos acrescidos)
Logo, diante do contexto probatório, existindo extensa lista de documentos que comprovam a
especialidade da atividade, mesmo com a ausência dos formulários SB-40 e DSS-8030, deve ser
reconhecido o caráter especial do trabalhado realizado entre abril de 1995 e março de 1997. Em
sentido semelhante, destaco o seguinte julgado:
2. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em
respeito ao direito adquirido, se o Trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época
permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe
assegurado.
4. Na hipótese, restou demonstrado através da vasta documentação acostada aos autos, ou seja,
Laudo de avaliação de insalubridade, fl. 47, Laudos Técnicos de fls. 52 a 69, Informações da
Previdência sobre Atividades com Exposição a que o autor trabalhava exposto Agentes
Agressivos fl. 70/71 e do Perfil Profissiográfico Previdenciário, fl 72, a nível de ruído acima dos
limites de tolerância e expostos a agentes agressivos de modo habitual e permanente, fazendo
jus, portanto, ao cômputo de serviço especial de forma majorada.
Por fim, quanto ao período posterior a 05/03/1997, cumpre destacar novamente que se passou a
exigir a elaboração de laudo técnico assinado por médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho. Tais laudos, no caso dos autos, encontram-se anexados sob o
Identificador 4058201.166454. Contudo, antes de analisá-los, cumpre-me destacar que, com a
entrada em vigor do Decreto 2.172/1997, a partir de 06 de março de 1997, para caracterização da
realização de atividade especial em decorrência do ruído, passou-se a exigir uma exposição
permanente a níveis de ruído acima de 90 (noventa) decibéis, e não mais de 80 (oitenta),
conforme previa o Decreto 53.831/1964. Tal exigência permaneceu até a entrada em vigor de um
novo Decreto, o 4.882, de 19 de novembro de 2003, que reduziu tal limite para 85 (oitenta e
cinco) decibéis.
Riscos Físicos = Ruído - Anos 2004 94,00 dB(A), 2005 89,05 dB(A), 2006 89,52 dB(A), 2007
89,51 dB(A), 2008 89,46 dB(A) E 2009 94,40 dB(A).
1. Este Tribunal Superior posiciona-se no sentido de que o simples fornecimento de EPI, ainda
que tal equipamento seja efetivamente utilizado, não afasta, por si só, a caracterização da
atividade especial. Também está assentado que, se a eficácia do Equipamento de Proteção
Individual implicar revolvimento da matéria fático-probatória, como é o presente caso, o
conhecimento do Recurso Especial esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
1. Versa a matéria dos presentes autos acerca da possibilidade (ou não) do reconhecimento do
tempo de serviço exercido em condições especiais pelo autor nas funções de cobrador de ônibus,
aprendiz de tecelagem, ajudante de cilindrista, serrador, ajudante de eletricista e eletricista, nos
períodos de 15.06.73 a 25.09.73, de 08.01.74 a 21.01.75, de 23.04.75 a 03.11.75, de 28.11.77 a
11.10.78, de 08.01.79 a 08.01.86, de 01.06.89 a 18.11.90, de 26.02.91 a 31.03.91, de 01.04.91 a
09.11.92, de 03.05.93 a 08.08.94, 08.11.94 a 05.06.96, de 08.09.97 a 28.11.97, de 08.01.02 a
30.07.03, de 01.08.03 a 02.11.05 e de 01.04.08 a 25.08.10, respectivamente, objetivando-se a
concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, a partir do requerimento administrativo
(25.08.2010).
2. O douto juízo de primeiro grau apenas reconheceu como especial o período de contribuição
referente às atividades exercidas nos períodos de 23.04.1975 a 03.11.1975; 08.01.1979 a
08.01.1986; 01.06.1989 a 18.11.1990; 26.02.1991 a 31.03.1991; 01.04.1991 a 09.11.1992;
03.05.1993 a 08.08.1994; 08.11.1994 a 28.04.1995; e 01.04.08 a 25.08.10; concluiu que, após a
conversão do referido período em comum e somados os demais períodos trabalhados em
atividades comuns, o autor teria alcançado, na data do requerimento administrativo, 34 (trinta e
quatro) anos, 6 (seis) meses e 10(dez) dias, insuficientes para obtenção de aposentadoria que
exige do segurado homem trinta e cinco anos contribuição.
3. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em
respeito ao direito adquirido, se o Trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época
permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe
assegurado.
4. Na hipótese dos autos, restou demonstrado, através de cópia da CTPS (fls. 32/46), formulários
DSS-8030 (fls. 63, 64, 87, 91, 92, 93, 94), PERFIL PROSISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO -
PPP (fls. 95), RELATÓRIO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO (fls.
65/86) e PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (fls. 103/130), que o autor
efetivamente exerceu suas funções de aprendiz de tecelagem, ajudante de cilindrista, serrador,
ajudante de eletricista e eletricista, sujeito a condições especiais de modo habitual e permanente,
expondo-se aos agentes nocivos à saúde e à integridade física, fazendo jus, portanto, ao
cômputo de serviço especial de forma majorada.
5. O uso eficaz de EPI (equipamento de proteção individual), por parte do segurado, embora
reduza os efeitos do agente agressor à saúde e integridade física, não descaracteriza a
periculosidade e/ou insalubridade da atividade desenvolvida. Precedentes desta Corte.
6. A profissão de Cobrador de ônibus urbano era tida como insalubre no Decreto n.º 53.831/64;
dessa forma, impõe-se reconhecer como insalubre por presunção legal, o tempo de serviço
prestado pelo autor no período de 15.06.1973 a 25.09.1973 (CTPS fls. 33), na condição de
Cobrador, não se cogitando de necessidade de efetiva demonstração dos agentes nocivos, por se
cuidar de interstício anterior à Lei 9.032/95.
9. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação imposta
ao INSS, observados os limites da Súmula 111 do STJ. (APELREEX 00062812320124058100,
Desembargador Federal Joaquim Lustosa Filho, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 05/06/2014 -
Página: 65. grifos acrescidos)
2. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a
ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal.
1. O agravo previsto no art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil tem o propósito de submeter
ao órgão colegiado o controle da extensão dos poderes do relator, bem como a legalidade da
decisão monocrática proferida, não se prestando à rediscussão de matéria já decidida.
- O autor comprovou a efetiva exposição ao agente nocivo (tensões elétricas superiores a 250
volts, nos termos do Decreto 53.831/64, Código 1.1.8) de forma habitual e permanente, mediante
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), emitido pela empresa, subscrito pela gerente de
segurança e medicina ocupacional, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho, expedido pelo engenheiro de segurança do trabalho, relativamente à empresa Light
- A circunstância de o laudo não ser contemporâneo à atividade avaliada não lhe retira
absolutamente a força probatória, em face de inexistência de previsão legal para tanto e desde
que não haja mudanças significativas no cenário laboral. Até porque, como as condições do
ambiente de trabalho tendem a aprimorar-se com a evolução tecnológica, supõe-se que em
tempos pretéritos a situação era pior ou quando menos igual à constatada na data da elaboração
(Precedentes TRF 2ª Região, 2ª Turma Especializada, APELREEX 201051018032270, Rel. Des.
Fed. LILIANE RORIZ, DJE de 06/12/2012 e 1ª Turma Especializada, APELRE 200951040021635,
Rel. Des. Fed. ABEL GOMES, DJE de 15/06/2012).
- "O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso
de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado" (Enunciado 9 da
Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais).
- Os honorários advocatícios fixados em 5% (cinco por cento) sobre o valor da condenação estão
em consonância com o artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil. - Aplicabilidade da Lei nº
11.960/09.
3. Muito embora o art. 273, caput, do CPC, expressamente, disponha que os efeitos da tutela
pretendida na inicial poderão ser antecipados, a requerimento da parte, total ou parcialmente,
firmou-se nesta Primeira Turma a possibilidade de o órgão jurisdicional antecipá-la de ofício,
tendo em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário e em razão da verossimilhança
do direito material alegado. Precedentes desta Corte.
4. A petição inicial foi instruída com os documentos indispensáveis ao julgamento do feito, não
havendo que se falar em necessidade de dilação probatória e, por conseguinte, em inadequação
da via eleita.
7. Tratando-se de período anterior à vigência da Lei 9.032/95, que deu nova redação ao § 3º do
art. 57 da Lei 8.213/91, basta que a atividade exercida pelo segurado seja enquadrada nas
relações dos Decretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto a
atividade laborada com exposição a ruído superior ao previsto na legislação de regência.
8. Os formulários DIRBEN 8030 e DSS-8030 e os laudos técnicos fornecidos pela empresa têm
presunção de veracidade e constituem provas suficientes para comprovar o labor em atividade
especial. A exigência de laudo técnico-pericial de médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho só se tornou efetiva a partir do Decreto 2.172/97, que regulamentou a Lei
9.528/97. Precedentes deste Tribunal e do STJ.
11. Exercendo o segurado uma ou mais atividades sujeitas a condições prejudiciais à saúde sem
que tenha complementado o prazo mínimo para aposentadoria especial, ou quando tiver exercido
alternadamente essas atividades e atividades comuns, é permitida a conversão de tempo de
serviço prestado sob condições especiais em comum, para fins de concessão de aposentadoria.
12. A ausência de prévia fonte de custeio não impede o reconhecimento do tempo de serviço
especial laborado pelo segurado, nos termos dos artigos 30, I, c/c o § 4º do art. 43 da Lei
8.212/91, e § 6º do art. 57 da Lei 8.213/91. Não pode o trabalhador ser penalizado pela falta do
recolhimento ou por ele ter sido feito a menor, uma vez que a autarquia previdenciária possui
meios próprios para receber seus créditos.
13. No caso, tendo sido comprovado o exercício de atividade profissional considerada prejudicial
à saúde, por enquadramento profissional até a lei nº 9.032/1995, e/ou com a apresentação de
formulários e laudos periciais fornecidos pelas empresas empregadoras, o segurado tem direito
ao reconhecimento do tempo exercido em condições prejudiciais à saúde, bem como ao benefício
da aposentadoria especial.
14. Nas causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal (CF, art.
109, § 3º), o INSS está isento das custas somente quando lei estadual específica prevê a
isenção, o que ocorre nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Rondônia e Mato Grosso. Em se
tratando de causas ajuizadas perante a Justiça Federal, o INSS está isento de custas por força do
art. 4º, I, da Lei 9.289/1996.
15. Sem condenação em honorários advocatícios (Súmulas STF 512 e STJ 105).
16. A parte impetrante faz jus à aposentadoria especial, a partir do ajuizamento da ação, uma vez
que os efeitos da sentença no mandado de segurança retroagem à data de sua impetração e
nesses limites irradia efeitos patrimoniais.
17. O INSS não trouxe argumentos ou elementos, em suas razões de apelação, que pudessem
justificar a reforma da sentença recorrida, como restou bem fundamentado por ocasião da análise
do reexame necessário.
18. Implantação do benefício no prazo máximo de 30 dias (CPC, art. 273), com comunicação
imediata à autarquia previdenciária.
III - DISPOSITIVO
Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, apreciando a lide com resolução do mérito
(art. 269, inciso I, do CPC), reconhecendo o período de 01/06/1981 a 16/02/1982 e de 09/08/1985
a 30/06/2010 como laborado em condições especiais, condenando o INSS à concessão do
benefício previdenciário de aposentadoria especial ao autor, desde a data do requerimento
administrativo (18/11/2013).
Sobre o valor da condenação deverá incidir correção monetária e juros moratórios, desde quando
devida cada parcela, de acordo com os índices recomendados pelo Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal.
Sem condenação em custas processuais, de acordo com o disposto nas Leis n. 1.060/50 e
9.289/96.
Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.
Publique."
4. É como voto.
a tudo o que se disse até aqui sobre os fundamentos da própria decisão, c) a peça que contém a
fundamentação referida esteja nos autos e que a ela possam ter acesso as partes." (in Curso de
Processo Civil, vol. 02, Fredie Didier Junior e outros, p. 272).
VOTO
"II - FUNDAMENTAÇÃO
II.1) Da Prescrição
O INSS arguiu, em sua contestação, a prescrição das parcelas vencidas anteriores ao quinquênio
que precede o ajuizamento da ação. Ocorre que, entre a data do requerimento administrativo
(18.11.2013) e o ajuizamento desta ação (14.05.2014) não se passaram mais de 5 (cinco) anos,
razão pela qual deve ser afastada a prescrição quinquenal arguida pelo INSS.
II.2) Do mérito
A aposentadoria especial foi instituída pelo art. 31, da Lei 3.807/60, e pode ser conceituada como
sendo o benefício decorrente do trabalho realizado em condições prejudiciais à saúde ou à
integridade física do segurado, de acordo com a previsão da lei.
Por sua vez, o artigo 201, §1º, da Constituição Federal traz em seu texto o próprio fundamento
constitucional de existência e justificativa da aposentadoria especial, servindo, não como um
privilégio generalizado ou uma ofensa ao princípio da isonomia, mas, sim, à sua própria
aplicação.
Ao mesmo tempo em que encontra respaldo na própria definição da isonomia material, torna-a
concreta, conferindo a pessoas que, por laborarem em condições especiais prejudiciais à sua
saúde, necessitam de um enquadramento diferenciado.
Desse modo, tratando-se de uma situação de exceção, bem como de verdadeiro benefício
previdenciário a ser pago àqueles que, efetivamente, contribuam para o sistema, torna-se
imperioso determinar quem serão esses beneficiários e quais são os requisitos a serem
preenchidos.
A lei 8.213/91, em especial, dispõe, em seu artigo 57, que a aposentadoria especial será
concedida "(...) ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei".
O período de carência a ser respeitado é o previsto no artigo 142 da citada norma.
Por outro lado, o artigo 58, §1º, traz os requisitos específicos para a aferição das condições
especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física dos segurados, sendo objeto de sérias
discussões doutrinárias, em razão de suas várias modificações desde a promulgação da lei.
Nesse diapasão, é importante, antes, fazer um histórico acerca dessas mudanças, a fim de que
se descubra qual(is) norma(s) deve(m) ser aplicadas no período de preenchimento dos requisitos
do benefício.
No período até 28/04/95, para o reconhecimento das condições de trabalho como especiais, era
suficiente que o segurado comprovasse o exercício de uma das atividades previstas no anexo do
Decreto nº. 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto nº. 83.080/79, não sendo necessário fazer
prova efetiva da exposição às condições prejudiciais à saúde ou à integridade física.
A partir de 29/04/95, com a edição da Lei nº. 9.032/95, que alterou a Lei nº. 8.213/91, o
reconhecimento da insalubridade passou a exigir a efetiva exposição aos agentes agressivos
previstos no Anexo I do Decreto nº. 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto nº.
53.831/64, o que se comprovava através da apresentação do documento de informação sobre
exposição a agentes agressivos (conhecido como SB 40 ou DSS 8030).
Com o advento da Medida Provisória nº. 1.523/96, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/97,
a redação do art. 58 da Lei nº. 8.213/91 foi modificada, passando-se a exigir a elaboração de
laudo técnico assinado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
Sucessivos atos do Poder Executivo regularam o enquadramento das atividades laborativas como
insalubres. Antes de 05.03.97, os agentes agressivos estavam previstos nos Decretos nº.
53.831/64 e 83.080/79; de 06.03.1997 a 06/05/99, no Decreto nº. 2.172/97; e, de 07/05/99 até os
dias atuais, no Decreto nº. 3.048/99.
Érelevante mencionar, no que se refere à contagem do tempo de serviço, que a lei a discipliná-la
é aquela vigente à época do serviço prestado (vide artigo 1º, § 1º, do Decreto nº. 4.827, de
3.9.2003). Destarte, se novas exigências são impostas ou novas proibições são criadas após o
período trabalhado, não poderão ser aplicadas ao tempo pretérito, em prejuízo do trabalhador.
III - Para além do laudo pericial, no entanto, a comprovação da efetiva exposição do segurado
aos agentes nocivos também exige o preenchimento de formulário emitido pela empresa ou seu
preposto, fulcrado no referido laudo técnico das condições ambientais do trabalho. Precedentes.
(STJ. AgRg no REsp 1140885/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
29/04/2010, DJe 24/05/2010).
A legislação que rege o direito à contagem do tempo de serviço (contribuição) é, portanto, aquela
vigente ao momento da prática profissional do segurado, não podendo normas posteriores
alterarem, em prejuízo de seu titular, os critérios de aquisição desse direito já incorporado, sob
pena de violação da garantia constitucional do direito adquirido.
Conforme visto anteriormente, até o advento da Lei n. 9.032/95, em 29/04/1995, era possível o
reconhecimento do tempo de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador,
bastando que a atividade estivesse enquadrada nas relações dos Decretos 53.831/64 ou
83.080/79, hipótese em que havia uma presunção legal de exercício da atividade em condições
ambientais agressivas ou perigosas. Nesses casos, o reconhecimento do tempo de serviço
especial não depende de comprovação da exposição efetiva aos agentes nocivos. Com a
promulgação da Lei nº /95, passou-se a exigir a comprovação 9.032 da efetiva exposição aos
agentes nocivos, para fins de reconhecimento do tempo de serviço especial, através dos
formulários SB-40 e DSS-8030, até a edição do Decreto 2.172, de 05/03/1997, que,
regulamentando a MP 1523/96 (convertida na Lei 9.528/97), passou a exigir o laudo técnico.
No caso dos autos, considerando que o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, para se examinar se a atividade desenvolvida pelo autor no
período de 01/06/1981 a 10/10/2013, nas condições de cobrador, inspetor e supervisor de
produção, se enquadra ou não como atividade especial, impõe-se a cisão do lapso temporal
referido em três períodos: (a) de 01/06/1981 a 28/04/1995 (período anterior ao advento da Lei
9.032/95); (b) de 29/04/1995 a 05/03/1997 (período anterior ao advento da Lei 9.528/97); (c) e de
06/03/1997 a 10/10/2013.
Embora a parte autora não tenha anexado os formulários SB-40 e DSS-8030, no caso presente,
entendo que tanto o laudo técnico das condições ambientais de trabalho - LTCAT (Identificador
4058201.166454 - Páginas 6, 7, 8, 9, 10 e 11), bem como as próprias Informações sobre
atividades em condições especiais (Identificador 4058201.166454 - Páginas 1 e 5), em que se
constata a existência do fator de risco no labor, podem ser considerados provas mais
substanciais das situações especiais do trabalho, suprindo, inclusive, os formulários próprios.
Portanto, da análise das provas constantes dos autos, verifica-se que, em tal lapso temporal (abril
de 1995 a março de 1997), igualmente houve realização de atividades em condições especiais,
haja vista que o Laudo Técnico Pericial igualmente atesta que
"O agente ruído medido no posto de trabalho do segurado era superior ao limite de tolerância
previsto na Norma Regulamentadora Nº 15 e seus Anexos." (Identificador 4058201.166454,
Página 5, grifos acrescidos)
Logo, diante do contexto probatório, existindo extensa lista de documentos que comprovam a
especialidade da atividade, mesmo com a ausência dos formulários SB-40 e DSS-8030, deve ser
reconhecido o caráter especial do trabalhado realizado entre abril de 1995 e março de 1997. Em
sentido semelhante, destaco o seguinte julgado:
2. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em
respeito ao direito adquirido, se o Trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época
permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe
assegurado.
4. Na hipótese, restou demonstrado através da vasta documentação acostada aos autos, ou seja,
Laudo de avaliação de insalubridade, fl. 47, Laudos Técnicos de fls. 52 a 69, Informações da
Previdência sobre Atividades com Exposição a que o autor trabalhava exposto Agentes
Agressivos fl. 70/71 e do Perfil Profissiográfico Previdenciário, fl 72, a nível de ruído acima dos
limites de tolerância e expostos a agentes agressivos de modo habitual e permanente, fazendo
jus, portanto, ao cômputo de serviço especial de forma majorada.
Por fim, quanto ao período posterior a 05/03/1997, cumpre destacar novamente que se passou a
exigir a elaboração de laudo técnico assinado por médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho. Tais laudos, no caso dos autos, encontram-se anexados sob o
Identificador 4058201.166454. Contudo, antes de analisá-los, cumpre-me destacar que, com a
entrada em vigor do Decreto 2.172/1997, a partir de 06 de março de 1997, para caracterização da
realização de atividade especial em decorrência do ruído, passou-se a exigir uma exposição
permanente a níveis de ruído acima de 90 (noventa) decibéis, e não mais de 80 (oitenta),
conforme previa o Decreto 53.831/1964. Tal exigência permaneceu até a entrada em vigor de um
novo Decreto, o 4.882, de 19 de novembro de 2003, que reduziu tal limite para 85 (oitenta e
cinco) decibéis.
Feitas tais considerações, e passando-se a analisar os laudos técnico-periciais, observa-se que,
de acordo com os laudos anexados, entre 06 de março de 1997 e 19 de novembro de 2003 o
ruído ao qual o demandante estava submetido equivale a 91 (noventa e um) dB(A), superior,
portanto, ao previsto no Decreto 2.172/1997 (Identificador 4058201.166454, Página 7). Por sua
vez, após novembro de 2003 até 2009, o limite de ruído ao qual estava o autor submetido
igualmente atende aos limites impostos, desta vez pelo Decreto 4.882/2003 (85 decibéis),
conforme se vê do supracitado laudo:
Riscos Físicos = Ruído - Anos 2004 94,00 dB(A), 2005 89,05 dB(A), 2006 89,52 dB(A), 2007
89,51 dB(A), 2008 89,46 dB(A) E 2009 94,40 dB(A).
1. Este Tribunal Superior posiciona-se no sentido de que o simples fornecimento de EPI, ainda
que tal equipamento seja efetivamente utilizado, não afasta, por si só, a caracterização da
atividade especial. Também está assentado que, se a eficácia do Equipamento de Proteção
Individual implicar revolvimento da matéria fático-probatória, como é o presente caso, o
conhecimento do Recurso Especial esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
1. Versa a matéria dos presentes autos acerca da possibilidade (ou não) do reconhecimento do
tempo de serviço exercido em condições especiais pelo autor nas funções de cobrador de ônibus,
aprendiz de tecelagem, ajudante de cilindrista, serrador, ajudante de eletricista e eletricista, nos
períodos de 15.06.73 a 25.09.73, de 08.01.74 a 21.01.75, de 23.04.75 a 03.11.75, de 28.11.77 a
11.10.78, de 08.01.79 a 08.01.86, de 01.06.89 a 18.11.90, de 26.02.91 a 31.03.91, de 01.04.91 a
09.11.92, de 03.05.93 a 08.08.94, 08.11.94 a 05.06.96, de 08.09.97 a 28.11.97, de 08.01.02 a
30.07.03, de 01.08.03 a 02.11.05 e de 01.04.08 a 25.08.10, respectivamente, objetivando-se a
concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, a partir do requerimento administrativo
(25.08.2010).
2. O douto juízo de primeiro grau apenas reconheceu como especial o período de contribuição
referente às atividades exercidas nos períodos de 23.04.1975 a 03.11.1975; 08.01.1979 a
08.01.1986; 01.06.1989 a 18.11.1990; 26.02.1991 a 31.03.1991; 01.04.1991 a 09.11.1992;
03.05.1993 a 08.08.1994; 08.11.1994 a 28.04.1995; e 01.04.08 a 25.08.10; concluiu que, após a
conversão do referido período em comum e somados os demais períodos trabalhados em
atividades comuns, o autor teria alcançado, na data do requerimento administrativo, 34 (trinta e
quatro) anos, 6 (seis) meses e 10(dez) dias, insuficientes para obtenção de aposentadoria que
exige do segurado homem trinta e cinco anos contribuição.
3. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em
respeito ao direito adquirido, se o Trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época
permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe
assegurado.
4. Na hipótese dos autos, restou demonstrado, através de cópia da CTPS (fls. 32/46), formulários
DSS-8030 (fls. 63, 64, 87, 91, 92, 93, 94), PERFIL PROSISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO -
PPP (fls. 95), RELATÓRIO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO (fls.
65/86) e PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (fls. 103/130), que o autor
efetivamente exerceu suas funções de aprendiz de tecelagem, ajudante de cilindrista, serrador,
ajudante de eletricista e eletricista, sujeito a condições especiais de modo habitual e permanente,
expondo-se aos agentes nocivos à saúde e à integridade física, fazendo jus, portanto, ao
cômputo de serviço especial de forma majorada.
5. O uso eficaz de EPI (equipamento de proteção individual), por parte do segurado, embora
reduza os efeitos do agente agressor à saúde e integridade física, não descaracteriza a
periculosidade e/ou insalubridade da atividade desenvolvida. Precedentes desta Corte.
6. A profissão de Cobrador de ônibus urbano era tida como insalubre no Decreto n.º 53.831/64;
dessa forma, impõe-se reconhecer como insalubre por presunção legal, o tempo de serviço
prestado pelo autor no período de 15.06.1973 a 25.09.1973 (CTPS fls. 33), na condição de
Cobrador, não se cogitando de necessidade de efetiva demonstração dos agentes nocivos, por se
cuidar de interstício anterior à Lei 9.032/95.
9. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação imposta
ao INSS, observados os limites da Súmula 111 do STJ. (APELREEX 00062812320124058100,
Desembargador Federal Joaquim Lustosa Filho, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 05/06/2014 -
Página: 65. grifos acrescidos)
2. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a
ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal.
1. O agravo previsto no art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil tem o propósito de submeter
ao órgão colegiado o controle da extensão dos poderes do relator, bem como a legalidade da
decisão monocrática proferida, não se prestando à rediscussão de matéria já decidida.
- O autor comprovou a efetiva exposição ao agente nocivo (tensões elétricas superiores a 250
volts, nos termos do Decreto 53.831/64, Código 1.1.8) de forma habitual e permanente, mediante
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), emitido pela empresa, subscrito pela gerente de
segurança e medicina ocupacional, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho, expedido pelo engenheiro de segurança do trabalho, relativamente à empresa Light
- A circunstância de o laudo não ser contemporâneo à atividade avaliada não lhe retira
absolutamente a força probatória, em face de inexistência de previsão legal para tanto e desde
que não haja mudanças significativas no cenário laboral. Até porque, como as condições do
ambiente de trabalho tendem a aprimorar-se com a evolução tecnológica, supõe-se que em
tempos pretéritos a situação era pior ou quando menos igual à constatada na data da elaboração
(Precedentes TRF 2ª Região, 2ª Turma Especializada, APELREEX 201051018032270, Rel. Des.
Fed. LILIANE RORIZ, DJE de 06/12/2012 e 1ª Turma Especializada, APELRE 200951040021635,
Rel. Des. Fed. ABEL GOMES, DJE de 15/06/2012).
- "O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso
de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado" (Enunciado 9 da
Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais).
- Os honorários advocatícios fixados em 5% (cinco por cento) sobre o valor da condenação estão
em consonância com o artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil. - Aplicabilidade da Lei nº
11.960/09.
- Apelação e recurso adesivo desprovidos e remessa necessária parcialmente provida. (AC
201251010295367, Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO, TRF2 - SEGUNDA
TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 15/07/2014. grifos acrescidos)
3. Muito embora o art. 273, caput, do CPC, expressamente, disponha que os efeitos da tutela
pretendida na inicial poderão ser antecipados, a requerimento da parte, total ou parcialmente,
firmou-se nesta Primeira Turma a possibilidade de o órgão jurisdicional antecipá-la de ofício,
tendo em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário e em razão da verossimilhança
do direito material alegado. Precedentes desta Corte.
4. A petição inicial foi instruída com os documentos indispensáveis ao julgamento do feito, não
havendo que se falar em necessidade de dilação probatória e, por conseguinte, em inadequação
da via eleita.
7. Tratando-se de período anterior à vigência da Lei 9.032/95, que deu nova redação ao § 3º do
art. 57 da Lei 8.213/91, basta que a atividade exercida pelo segurado seja enquadrada nas
relações dos Decretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial, exceto a
atividade laborada com exposição a ruído superior ao previsto na legislação de regência.
8. Os formulários DIRBEN 8030 e DSS-8030 e os laudos técnicos fornecidos pela empresa têm
presunção de veracidade e constituem provas suficientes para comprovar o labor em atividade
especial. A exigência de laudo técnico-pericial de médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho só se tornou efetiva a partir do Decreto 2.172/97, que regulamentou a Lei
9.528/97. Precedentes deste Tribunal e do STJ.
11. Exercendo o segurado uma ou mais atividades sujeitas a condições prejudiciais à saúde sem
que tenha complementado o prazo mínimo para aposentadoria especial, ou quando tiver exercido
alternadamente essas atividades e atividades comuns, é permitida a conversão de tempo de
serviço prestado sob condições especiais em comum, para fins de concessão de aposentadoria.
12. A ausência de prévia fonte de custeio não impede o reconhecimento do tempo de serviço
especial laborado pelo segurado, nos termos dos artigos 30, I, c/c o § 4º do art. 43 da Lei
8.212/91, e § 6º do art. 57 da Lei 8.213/91. Não pode o trabalhador ser penalizado pela falta do
recolhimento ou por ele ter sido feito a menor, uma vez que a autarquia previdenciária possui
meios próprios para receber seus créditos.
13. No caso, tendo sido comprovado o exercício de atividade profissional considerada prejudicial
à saúde, por enquadramento profissional até a lei nº 9.032/1995, e/ou com a apresentação de
formulários e laudos periciais fornecidos pelas empresas empregadoras, o segurado tem direito
ao reconhecimento do tempo exercido em condições prejudiciais à saúde, bem como ao benefício
da aposentadoria especial.
14. Nas causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal (CF, art.
109, § 3º), o INSS está isento das custas somente quando lei estadual específica prevê a
isenção, o que ocorre nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Rondônia e Mato Grosso. Em se
tratando de causas ajuizadas perante a Justiça Federal, o INSS está isento de custas por força do
art. 4º, I, da Lei 9.289/1996.
15. Sem condenação em honorários advocatícios (Súmulas STF 512 e STJ 105).
16. A parte impetrante faz jus à aposentadoria especial, a partir do ajuizamento da ação, uma vez
que os efeitos da sentença no mandado de segurança retroagem à data de sua impetração e
nesses limites irradia efeitos patrimoniais.
17. O INSS não trouxe argumentos ou elementos, em suas razões de apelação, que pudessem
justificar a reforma da sentença recorrida, como restou bem fundamentado por ocasião da análise
do reexame necessário.
18. Implantação do benefício no prazo máximo de 30 dias (CPC, art. 273), com comunicação
imediata à autarquia previdenciária.
III - DISPOSITIVO
Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, apreciando a lide com resolução do mérito
(art. 269, inciso I, do CPC), reconhecendo o período de 01/06/1981 a 16/02/1982 e de 09/08/1985
a 30/06/2010 como laborado em condições especiais, condenando o INSS à concessão do
benefício previdenciário de aposentadoria especial ao autor, desde a data do requerimento
administrativo (18/11/2013).
Sobre o valor da condenação deverá incidir correção monetária e juros moratórios, desde quando
devida cada parcela, de acordo com os índices recomendados pelo Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal.
Sem condenação em custas processuais, de acordo com o disposto nas Leis n. 1.060/50 e
9.289/96.
Publique."
4. É como voto.
a tudo o que se disse até aqui sobre os fundamentos da própria decisão, c) a peça que contém a
fundamentação referida esteja nos autos e que a ela possam ter acesso as partes." (in Curso de
Processo Civil, vol. 02, Fredie Didier Junior e outros, p. 272).
EMENTA
ACÓRDÃO
LNC