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Previdenciário. Mandado de Segurança. Aposentadoria Especial.

Exposição a agentes insalubres. Equipamentos de proteção.


Reconhecimento do tempo de serviço prestado em atividade especial.
Possibilidade. EC 20/98. Apelação e remessa oficial não providas.
1. Estando comprovado o exercício de atividade profissional considerada
prejudicial à saúde, com a apresentação de formulários e laudos periciais
fornecidos pelas empresas empregadoras, o segurado tem direito ao
reconhecimento do tempo de atividade especial para fins previdenciários.
2. É considerada insalubre, para fins de contagem de tempo especial, a
atividade desenvolvida com exposição a ruídos acima de 80 dB, conforme o
item 1.1.6 do Anexo ao Dec. 53.831/64. A partir de 05/03/97, passou-se a exigir
a exposição a nível superior a 90 dB, nos termos do seu Anexo IV. Após
18/11/2003, data da edição do Dec. 4.882, passou-se a exigir a exposição a
ruídos acima de 85,0 dB.
3. Diante do resultado que leva a interpretação restritiva e literal das normas
regulamentares do Dec. 4.882/2003, bem como diante do caráter social e
protetivo de tal norma, a melhor exegese para o caso concreto é a
interpretação ampliativa em que se concede efeitos pretéritos ao referido
dispositivo regulamentar, considerando insalubre toda a atividade exercida em
nível de ruído superior a 85 dB a partir de 06/03/97.
4. O uso de equipamentos de proteção não descaracteriza a situação de
agressividade ou nocividade à saúde ou à integridade física no ambiente de
trabalho.
5. As regras de transição dos arts. 3º e 9º da Emenda Constitucional 20/98
restaram sem efeito para a aposentadoria integral, seja por tempo de
contribuição seja aposentadoria especial.
6. A correção monetária deve ser calculada de acordo com a Lei 6.899/81, a
partir do vencimento de cada parcela, nos termos das Súms. 43 e 148 do STJ.
7. Os juros moratórios nos benefícios previdenciários em atraso são devidos no
percentual de 1% (um por cento) ao mês, em face de sua natureza alimentar
(STJ, 5ª Turma, REsp. 823.228/SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ 01/08/2006,
p. 539).
8. Apelação e remessa oficial a que se nega provimento.
(TRF da 1ª Região, Ap. em Mandado de Seg. 2007.38.13.005464-6/MG, 1ª
Turma, Rel.: Juiz Fed. ANTÔNIO FRANCISCO DO NASCIMENTO (CONV.), J.
em 24/08/2009, DJF1 20/10/2009, p. 214)

JEFs. TNU. Aposentadoria especial. Insalubridade. Comprovação. Perfil


Profissiográfico Previdenciário-PPP. Suficiência. Laudo técnico.
Ausência. Irrelevância. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais (TNU) reconheceu, por unanimidade, que é suficiente a
apresentação do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), ainda que
desacompanhado de laudo técnico, para comprovar a exposição a agentes
nocivos à saúde nos casos em que o trabalhador pretenda computar os anos
trabalhados nessa condição como tempo de serviço especial. A decisão foi
dada no julgamento de pedido de aposentadoria especial no qual, segundo o
PPP juntado ao processo, o segurado trabalhou exposto ao agente agressivo
«ruído». A princípio, o caso demandaria a apresentação de laudo técnico, em
virtude de ser indispensável aferir a intensidade do ruído, que somente pode
ser feita com o aparato técnico adequado. Mas, em seu voto, o relator do
processo na TNU, Juiz Fed. OTÁVIO PORT, explica que levou em
conta a IN 27/2008, do próprio INSS, que, em seu art. 161, § 1º, dispensa a
apresentação do laudo técnico quando apresentado o PPP, uma vez que o
documento é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização
continua sendo obrigatória. (Proc. 2006.51.63.00.0174-1)

Previdenciário. Revisão. Renda Mensal Inicial. Súmula 02 do TRF da 4ª


Região. Índices de reajuste dos benefícios previdenciários. Conversão
para URV. IRSM de fevereiro de 1994. Súmula 260 do TRF. Art. 58 do
ADCT. Reconhecimento de atividades especiais. Conversão. Lei 9.711/98.
Decreto 3.048/99. Consectários legais.
1. Assim, tendo o benefício do autor DIB em 29/06/82, aplicável as disposições
contidas na Súm. 02 deste Regional na revisão do seu benefício com os
reflexos pertinentes.
2. A manutenção do valor real do benefício tem de ser feita nos termos da lei,
não havendo de se cogitar de vulneração ao art. 201, § 2º (atual § 4º), da Carta
Constitucional face à aplicação dos índices de reajuste adotados pelo INSS.
Precedentes do STF.
3. O STF entendeu que a sistemática utilizada pelo INSS para fins de
conversão dos benefícios em URV não violou qualquer princípio constitucional,
nem mesmo o que assegura o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes o valor real (art. 201, § 4º, CF) e o da intangibilidade do direito adquirido
(art. 5º, XXXVI, CF) (RE 313.382- 9/SC, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Maurício
Corrêa, DJU, Seção I, de 08/11/2002, p. 26).
4. Tendo em vista que a aposentadoria do segurado tem DIB em 29/06/82,
portanto, anterior a março de 1994, é inaplicável o IRSM de fevereiro de 1994
na composição do índice de atualização a ser empregado, por exclusão contida
no art. 21, «caput» e § 1º, da Lei 8.880/94.
5. Ajuizada a presente demanda em 09/10/2002, eventuais parcelas
decorrentes da aplicação da Súm. 260 do TFR foram atingidas pela prescrição
quinquenal.
6. A Suprema Corte firmou entendimento no sentido de que a manutenção do
valor real do benefício tem de ser feita nos termos da lei (Lei 8213/91), não
havendo de se cogitar de vulneração ao art. 201, § 2º (atual § 4º), da Carta
Constitucional face à aplicação dos índices de reajuste adotados pelo INSS
(AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 256103, Rel. Ministro SYDNEY
SANCHES, 1ª Turma, DJ 14/06/2002).
7. A revisão do art. 58 do ADCT deve levar em conta o piso nacional de
salários e não o salário mínimo de referência. Precedentes.
8. A Lei 9.711/98, e o Regulamento Geral da Previdência Social aprovado pelo
Dec. 3.048/99, resguardam o direito adquirido de os segurados terem
convertido o tempo de serviço especial em comum, até 28/05/98, observada,
para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da prestação do
serviço.
9. Até 28/04/95 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria
profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de
prova (exceto para ruído); a partir de 29/04/95 não mais é possível o
enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da
sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05/03/97 e, a partir
de então e até 28/05/98, pór meio de formulário embasado em laudo técnico,
ou por meio de perícia técnica.
10. Comprovado o exercício de atividades sob condições especiais, com a
devida conversão, tem a parte autora direito à majoração da renda mensal
inicial do benefício de aposentadoria de que é beneficiária, a contar da data da
concessão, ressalvada a prescrição quinquenal.
11. Atualização monetária das parcelas vencidas pelo IGP-DI (MP 1.415/96 e
Lei 9.711/98), desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas
anteriores ao ajuizamento da ação, em consonância com os enunciados 43 e
148 da Súmula do STJ.
12. A atualização monetária, incidindo a contar do vencimento de cada
prestação, deve ser calculada pelos índices oficiais, e jurisprudencialmente
aceitos, quais sejam: ORTN (10/64 a 02/86, Lei 4.257/64), OTN (03/86 a 01/89,
Dec.-Lei 2.284/86, de 03/86 a 01/89), BTN (02/89 a 02/91, Lei 7.777/89), INPC
(03/91 a 12/92, Lei 8.213/91), IRSM (01/93 a 02/94, Lei 8.542/92), URV (03 a
06/94, Lei 8.880/94), IPC-r (07/94 a 06/95, Lei 8.880/94), INPC (07/95 a 04/96,
MP 1.053/95), IGP-DI (05/96 a 03/2006, art. 10 da Lei 9.711/98, combinado
com o art. 20, §§ 5º e 6.º, da Le 8.880/94) e INPC (04/2006 a 06/2009,
conforme o art. 31 da Lei 10.741/03, combinado com a Lei 11.430/06,
precedida da MP 316, de 11/08/2006, que acrescentou o art. 41-A à Lei
8.213/91, e REsp. 1.103.122/PR). Nesses períodos, os juros de mora devem
ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do
Dec.-Lei 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso,
tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante firme
entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súm. 75 deste
Tribunal.
13. Caracterizada a sucumbência mínima do autor, deverá o INSS responder
integralmente pelos honorários advocatícios, nos termos fixados na sentença,
em consonância com o entendimento da 3ª Seção desta Corte.
14. No Foro Federal, é a Autarquia isenta do pagamento de custas processuais
, a teor do disposto no art. 4º da Lei 9.289, de 04/07/96, sequer adiantadas pela
parte autora em razão da concessão do benefício da AJG.
15. Apelação do INSS e remessa oficial parcialmente providas. Recurso
adesivo do autor improvido.
(TRF da 4ª Região, Ap. Reex. 2002.72.03.001413-2/SC, Turma Suplementar,
Rel.:Des. Fed. EDUARDO TONETTO PICARELLI, Rev. LUÍS ALBERTO
D'AZEVEDO AURVALLE, J. em 14/10/2009, D.J. 26/10/2009)

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