Você está na página 1de 6

ILUSTRÍSSIMOS SENHORES CONSELHEIROS DA JUNTA DE RECURSOS DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL.

Ref. Benefício n.º 42/193.921.426-0


Recorrente: IVANILTON PALMEIRA BRITO

IVANILTON PALMEIRA BRITO, já qualificado nos autos, por seu procurador que esta
subscreve, conforme procuração anexa ao processo, inconformado com a decisão fls. do Órgão
Competente do Instituto Nacional de Seguro Social, que negou o pedido de aposentadoria no
pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, vem respeitosamente, com amparo no
artigo 305 e parágrafos, do Decreto 3.048/99, interpor RECURSO, expondo, para tanto, as
seguintes razões:

PRELIMINARMETE

Requer a possibilidade de reafirmação de DER, para quando o segurado


atingiu o tempo para a concessão da aposentadoria, nos termos da Instrução Normativa 77, que
dispõe sobre a administração de informações dos segurados e reconhecimento, a manutenção e
a revisão de direitos e beneficiários a Previdência Social e disciplina o processo administrativo
previdenciário no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS:

“Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que o


segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito,
mas que os implementou em momento posterior, deverá o servidor
informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER,
exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que
resultem em benefício mais vantajoso ao interessado”
I - BREVE RESUMO DOS FATOS

O autor, apresentou formulou seu pedido de aposentadoria por tempo de


contribuição, na data de 11/11/2019, apresentou toda a documentação pertinente para a
concessão do benefício, como as Carteiras de Trabalho e os PPP das empresas em que laborou
em condições especiais, assim após análise o pedido fora indeferido por não possuir o tempo
mínimo necessário na data do requerimento, tendo sido apurado um tempo de 29 anos, e 09
meses até a DER.
Ocorre que há períodos que o INSS deveria ter efetuado enquadramento e não
o fez, deste modo, necessária tal procedimento, para reconhecimento das atividades não
convertidas como especiais.

II – DOS PERÍODOS NÃO ANALISADOS

O requerente, apresenta novo documento para análise, qual seja para apuração
da possibilidade de reconhecimento para o período especial de:

Para à Empresa CIA INDUSTRIAL E AGRÍCOLA SÃO JOÃO, laborado


no período de 14/05/1990 à 31/10/1990, o segurado esteve exposto de forma habitual e
permanente, ao agente nocivo ruído, de 84,00 dB(A), acima do limite de tolerância
permitido, conforme determina o art. 280 da IN 77/2015, devendo assim, tal período ser
enquadrado.

Deste modo, o enquadramento, conforme dispõe a IN 77/2015 em seu


artigo 280, se dá da seguinte forma:

“Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de


atividade exercida em condições especiais quando os níveis de pressão sonora
estiverem acima de oitenta dB (A), noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB
(A), conforme o caso, observado o seguinte:

I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 5


de março de 1997, será efetuado o enquadramento quando a exposição for
superior a oitenta dB (A), devendo ser informados os valores medidos;

2
II - de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de
março de 1997, até 10 de outubro de 2001, véspera da publicação da
Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, será efetuado
o enquadramento quando a exposição for superior a noventa dB (A), devendo
ser informados os valores medidos;

III - de 11 de outubro de 2001, data da publicação da Instrução Normativa


INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, véspera da publicação do Decreto
nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, será efetuado o enquadramento quando
a exposição for superior a noventa dB (A), devendo ser anexado o histograma
ou memória de cálculos; e

IV - a partir de 01 de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento quando


o Nível de Exposição Normalizado - NEN se situar acima de 85 (oitenta e
cinco) dB (A) ou for ultrapassada a dose unitária, conforme NHO 1 da
FUNDACENTRO, sendo facultado à empresa a sua utilização a partir de 19
de novembro de 2003, data da publicação do Decreto nº 4.882, de 2003,
aplicando:

a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do


MTE; e

b) as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO-01 da


FUNDACENTRO.”

DOS DEMAIS PERÍODOS ESPECIAIS

 CITROSUCO AGRÍCOLA SERV. RURAIS SC/ LTDA,


laborado no período de 29/06/1992 à 09/02/1993; cabível enquadramento com base no
Código 2.2.2 do Decreto nº 83.080/79, bem como no enunciado 33 da CRPS;
 COM. E IND. BRAS. COINBRA S.A laborado no período de
24/05/1993 à 03/01/1994; cabível enquadramento com base no Código 2.2.2 do Decreto nº
83.080/79, bem como no enunciado 33 da CRPS;
 SERCOL PORTO FERREIRA SERV. ADM. LTDA, laborado
no período de 19/05/1994 à 15/01/1995; cabível enquadramento com base no Código 2.2.2
do Decreto nº 83.080/79, bem como no enunciado 33 da CRPS;

Veja-se a jurisprudência do Egrégio TRF da 3ª Região a respeito:


“DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUALCIVIL. AGRAVO
LEGAL. APOSENTADORIA PORTEMPODESERVIÇO.
JULGAMENTODEAPELAÇÃOPELOART.557DOCPC.:POSSIBILIDA
DE. PREENCHIMENTODOREQUISITO ETÁRIO.TEMPO ESPECIAL
3
- RECONHECIMENTO - CORTADOR DE CANA - PREVISÃOLEGAL-
PRECEDENTEDEJURISPRUDÊNCIA.AGRAVO DESPROVIDO. 1. O
ordenamento jurídico pátrio prevê expressamente a possibilidade de
julgamento da apelação pelo permissivo do Art. 557, caput e § 1º-A do
CPC, nas hipóteses previstas pelo legislador. O recurso pode ser
manifestamente improcedente ou inadmissível mesmo sem estar em
confronto com súmula ou jurisprudência dominante, a teor do disposto
no caput, do Art. 557 do CPC, sendo pacífica a jurisprudência do STJ a
esse respeito. 2. A atividade de cortador de cana merece ser
reconhecida como de natureza especial, pela presença dos agentes
agressivos descritos pelos formulários e laudos anexados, enquadrada
no Código 2.2.2 do Decreto nº 83.080/79. 3. Precedentes da
Jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça e desta Corte. 4.
Agravos do INSS e da parte autora desprovidos. (TRF3ª Região
Apelação 483596 8ª Turma Relª Juíza Convocada Giselle França j.
16/02/2012 DJF301/03/2012)”

Ainda a este respeito O Enunciado 33 do CRPS de 29/06/2012, dispõe sobre a


possibilidade de enquadramento como especial da atividade exercida pelo trabalhador rural,
quando o regime de vinculação for o da Previdência Urbana, independente, de ter sido prestado
exclusivamente na lavoura ou na pecuária.
“Enunciado 33 do CRPS: Para os efeitos de reconhecimento de tempo
especial, o enquadramento do tempo de atividade do trabalhador rural,
segurado empregado, sob o código 2.2.1 do Quadro anexo ao Decreto
nº 53.831, de 25 de março de 1964, é possível quando o regime de
vinculação for o da Previdência Social Urbana, e não o da Previdência
Rural (PRORURAL), para os períodos anteriores à unificação de
ambos os regimes pela Lei nº 8.213, de 1991, e aplica-se ao tempo de
atividade rural exercido até 28 de abril de 1995, independentemente de
ter sido prestado exclusivamente na lavoura ou na pecuária.”
Além disso, tal questão já foi tratada profundamente na Resolução nº. 12/2011
do Conselho Pleno de Recursos da Previdência Social, que dirimiu qualquer controvérsia
existência sobre o direito tratado, a saber:

4
Resolução nº. 12/2011"Estes pontos, todos indispensáveis ao perfeito
equacionamento da matéria, foram omitidos no Parecer nº 32/2009,
emitido pela Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social,
daí a sua inaplicabilidade ao caso, especialmente após a promulgação
da Constituição de 1988.
De fato, a conclusão do Parecer CONJUR/MPS no sentido de que, para efeito
de enquadramento do trabalho rural haveria necessidade de que o labor tenha sido prestado na
lavoura e na pecuária está equivocada e não se coaduna com os princípios existentes na
Constituição Federal de 1988.
Isso porque o art. 7º, inc. XXIV, da Carta Política preceituou como direito dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros, a "aposentadoria. Uma atenta leitura da norma
permite concluir que o legislador erigiu como garantia constitucional o direito a aposentadoria
aos urbanos e ruralistas, não estabelecendo qualquer distinção entre a natureza do trabalho do
empregado, o que foi reforçado pela regra do artigo 201 da Constituição, segundo o qual "A
Previdência Social será organizada sob forma de regime geral".
De forma que, em consulta ao CNIS - Cadastro Nacional de Informações
Sociais do requerente, para todos os períodos pretendidos, consta o registro do segurado na
Categoria "Empregado", portanto, sendo claro que houve contribuições vertidas ao RGPS -
Regime Geral da Previdência Social. Não há porque não enquadrar.

III – DOS PEDIDOS

Deste modo, requer que seja dado provimento ao presente recurso, acolhendo
os pedidos feitos pela parte autora, com o devido reconhecimento dos períodos laborados em
condições especiais, nas empresas:

- CIA INDUSTRIAL E AGRÍCOLA SÃO JOÃO;


- CITROSUCO AGRÍCOLA SERV. RURAIS SC/ LTDA;
- COM. E IND. BRAS. COINBRA S.A;
- SERCOL PORTO FERREIRA SERV. ADM. LTDA;

Ainda, por se tratar de direitos e garantias do próprio recorrente, em


conformidade com a lei vigente a época, subsidiariamente, se necessária a reafirmação da DER,

5
tendo em vista o segurado continuar vertendo contribuições à previdência, ensejando direito a
concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

Termos em que
Pede Deferimento

Leme (SP), 25 de junho de 2020.

MATHEUS FIGUEIREDO DE SOUZA


CPF/MF: 429.010.778-89

Você também pode gostar