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AO JUIZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE CIDADE/ESTADO

XXXXXXXXXXXX, empacotador, já cadastrado eletronicamente, vem, com o devido


respeito, por meio de seus procuradores, perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes


fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

I - DOS FATOS E FUNDAMENTOS

O Demandante, contando atualmente com XX anos, celebrou seu primeiro contrato de


trabalho em XX/XX/XXXX, sendo que até a presente data firmou diversos vínculos
empregatícios. O quadro abaixo demonstra de forma objetiva as profissões desenvolvidas e o
tempo de duração de cada contrato:

Período Empresa/ Órgão Atividade Tempo de contribuição


XX/XX/XXXX
a xxxxxxxxx xxxxxxxx Xx anos xx meses e xx dias
XX/XX/XXXX
xx anos, xx meses e xx dias. Agente
XX/XX/XXXX
considerado insalubre, com base no quadro
a xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxx
a que se refere o art. 2º do Decreto nº
XX/XX/XXXX
53.831/64, item 1.1.6 e 1.2.10.
XX/XX/XXXX xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxx
a

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AJURÍDICA
XX/XX/XXXX
XX/XX/XXXX xx anos, xx meses e xx dias. Atividade
a xxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxx considerada insalubre, com base no
XX/XX/XXXX Decreto 3.048/99, item 2.0.1.

Tempo de Atividade Insalubre xx anos, xx meses e xx dias

Carência xx anos, xx meses e xx dias

Tempo de Contribuição Total xx anos e xx dias

No dia XX de setembro de XXXX, o Demandante pleiteou junto a Autarquia Ré o


benefício de Aposentadoria Especial, o qual foi indeferido com a justificativa de falta de tempo de
serviço.

Tal decisão indevida motiva a presente demanda.

A Constituição Federal de 1988, no art. 201, § 1º, determinou a contagem diferenciada do


período de atividade especial. Com isso, os artigos 57 e 58 da lei 8.213/91 estabeleceram a
necessidade de contribuição durante 15, 20 ou 25 anos, dependendo da profissão e /ou agentes
especiais.

A comprovação da atividade especial até 28 de abril de 1995 era feita com o


enquadramento por atividade profissional (situação em que havia presunção de submissão a
agentes nocivos) ou por agente nocivo, cuja comprovação demandava preenchimento pela empresa
de formulários SB40 ou DSS-8030, indicando qual o agente nocivo a que estava submetido.

Todavia, com a nova redação do art. 57 da lei 8.213/91, dada pela lei 9.032/95, passou a ser
necessária a comprovação real da exposição aos agentes nocivos, sendo indispensável a
apresentação de laudo pericial. No entanto, aqueles segurados que desempenharam atividade
considerada especial até o advento da Lei 9.032/95 podem comprovar tal aspecto observando a
legislação vigente à data do labor desenvolvido. No caso em tela, o Autor junta PPP de todo o
período de suas atividades insalubres.

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Assim, apesar do decreto 2.172/97 estabelecer o máximo tolerado em 90 dB, é certo que
este regramento se mostrou incompatível com um grande princípio da Previdência Social, qual
seja, proteger o trabalhador contra a perda da capacidade laborativa. Assim, novos estudos
apontaram que este limite estava demasiadamente elevado, fato que demonstrava a necessidade da
alteração deste parâmetro. Com isso, foi editado o decreto 4.882/2003, modificando a redação do
Decreto 3.048/99, onde ficou determinado o limite de 85 dB para a configuração da insalubridade.

Assim sendo, está comprovado que podem ocorrer perdas auditivas a partir do marco de 85
dB. Dessa forma, não há como dar eficácia aos decretos 2.172/97 e 3.048/99 (este último até a
alteração realizada pelo decreto 4.882/2003). Em suma: se está provado que há insalubridade a
partir de 85 dB, é óbvio que este fato também ocorria entre os anos de 1997 e 2003. Ademais,
a jurisprudência é pacífica no sentido de que o rol de agentes nocivos não é taxativo.
Comprovado a existência da insalubridade, deve haver a configuração.

Desse modo, consolidando o entendimento coerente demonstrado nesta peça, que é o único
que não causa prejuízos injustificados ao trabalhador, a jurisprudência tem se modificado. Vale
conferir:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO.


APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. PROPORCIONALIDADE.
CONCESSÃO. LABOR RURAL. PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL.
REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. IDADE MÍNIMA. DOCUMENTOS EM
NOME DE TERCEIROS. POSSIBILIDADE. CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS. INEXIGÊNCIA. ATIVIDADE ESPECIAL. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL. CATEGORIA PROFISSIONAL. AJUDANTE E MOTORISTA DE
CAMINHÃO. AGENTE NOCIVO. RUÍDO. EPI. RECONHECIMENTO.
CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM. POSSIBILIDADE ATÉ 28-
5-1998. LEI 9.711/98. REQUISITOS. PREENCHIMENTO APENAS PELAS
REGRAS ANTIGAS. LEI 8.213/91. CARÊNCIA E TEMPO DE SERVIÇO.
LIMITAÇÃO A 16-12-1998. DIREITO ADQUIRIDO. INAPLICABILIDADE DAS
REGRAS DA EMENDA CONSTITUCIONAL 20/98 E DA LEI DO FATOR
PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS MORATÓRIOS.
HONORÁRIOS PERICIAIS. OMISSÃO. SUPRIMENTO DE OFÍCIO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. (...) 8. A exposição a ruídos é nociva quando

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em níveis superiores a 80 decibéis até 05-03-97, por força da aplicação
concomitante dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, vigentes até então, e a 85
decibéis a partir de 06-03-97, POR FORÇA DA APLICAÇÃO RETROATIVA
do Decreto 3.048/99 com a alteração introduzida pelo Decreto 4.882/2003, desde
que aferidos esses patamares de pressão sonora por meio de perícia técnica, trazida
aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido pelo empregador. 9.
O uso de equipamentos de proteção individual não é suficiente para descaracterizar a
especialidade da atividade, a não ser que provada a sua real efetividade por meio de
perícia técnica especializada e desde que devidamente demonstrado o uso
permanente pelo empregado durante a jornada de trabalho. Precedente do STJ.(...).
Decisão mantida, sob pena de reformatio in pejus. (TRF4, AC 2001.72.09.003124-5,
Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 21/06/2007). Sem girfo no
original.

DECISÃO: Cuida-se de agravo de instrumento interposto da decisão que


indeferiu o pedido de antecipação de tutela formulado pela parte autora, entendendo
ausente o requisito do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (...).
Especificamente quanto ao agente nocivo ruído, o Quadro Anexo do Decreto nº
53.831, de 25-03-1964, o Anexo I do Decreto nº 83.080, de 24-01-1979, o Anexo IV
do Decreto nº 2.172, de 05-03-1997, e o Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 06-05-
1999, alterado pelo Decreto nº 4.882, de 18-11-2003, consideram insalubres as
atividades que expõem o segurado a níveis de pressão sonora superiores a 80, 85 e
90 decibéis, de acordo com os Códigos 1.1.6, 1.1.5, 2.0.1 e 2.0.1: Período
Trabalhado Enquadramento Limites de tolerância Até 05-03-97 1. Anexo do Decreto
nº 53.831/64; 2. Anexo I do Decreto nº 83.080/79. 1. Superior a 80 dB; 2. Superior a
90 dB. De 06-03-97 a 06-05-99 Anexo IV do Decreto nº 2.172/97. Superior a 90 dB.
De 07-05-99 a 18-11-2003 Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, na redação original.
Superior a 90 dB. A partir de 19-11-2003 Anexo IV do Decreto nº 3.048/99 com a
alteração introduzida pelo Decreto nº 4.882/2003. Superior a 85 dB. Quanto ao
período anterior a 05-03-97, já foi pacificado na Seção Previdenciária desta Corte
(EIAC 2000.04.01.134834-3/RS, Rel. Desembargador Federal Paulo Afonso Brum
Vaz, DJU, Seção 2, de 19-02-2003) e também do INSS na esfera administrativa
(Instrução Normativa nº 57/2001 e posteriores), que são aplicáveis
concomitantemente, para fins de enquadramento, os Decretos nºs 53.831/64 e
83.080/79 até 05-03-97, data imediatamente anterior à publicação do Decreto nº
2.172/97. Desse modo, até então, é considerada nociva à saúde a atividade sujeita a

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ruídos superiores a 80 decibéis, conforme previsão mais benéfica do Decreto nº
53.831/64. No que tange ao período posterior, caso aplicados literalmente os
Decretos vigentes, ter-se-ia a exigência de ruídos superiores a 90 decibéis até 18-
11-2003 (Anexo IV dos Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/99, este na redação
original) e, somente então, de ruídos superiores a 85 decibéis, conforme a
alteração trazida pelo Decreto nº 4.882/2003 ao Decreto nº 3.048/99, que
unificou a legislação trabalhista e previdenciária no tocante. Todavia,
considerando que esse novo critério de enquadramento da atividade especial
veio a beneficiar os segurados expostos a ruídos no ambiente de trabalho, bem
como tendo em vista o caráter social do direito previdenciário, é cabível a
aplicação retroativa da disposição regulamentar mais benéfica, considerando-se
especial a atividade quando sujeita a ruídos superiores a 85 decibéis desde 06-
03-97, data da vigência do Decreto nº 2.172/97. Em resumo, é admitida como
especial a atividade em que o segurado ficou exposto a ruídos superiores a 80
decibéis até 05-03-97 e, a partir de então, acima de 85 decibéis, desde que
aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de perícia técnica, trazida aos autos
ou noticiada no preenchimento de formulário expedidopelo empregador. (...).
Publique-se. Intimem-se. Porto Alegre, 30 de novembro de 2006. (TRF4, AG
2006.04.00.011822-0, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E.
15/12/2006). Sem grifos no original.

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO.


TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTES NOCIVOS. RUÍDO.
COMPROVAÇÃO. AUTÔNOMO. NECESSIDADE DO RECOLHIMENTO DAS
RESPECTIVAS CONTRIBUIÇÕES. 1. Uma vez exercida atividade enquadrável
como especial, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito
ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em comum.
2. Conforme pacificado pela Seção Previdenciária deste Tribunal, nos Embargos
Infringentes em Apelação Cível nº 2000.04.01.134834- 3/RS (Rel. Des. Federal
Paulo Afonso Brum Vaz, DJU: 19-02-2003, Seção 2, p. 485), o nível de ruído
superior a 80 dB é aceito para fins de insalubridade até 05-03-97, a teor dos
Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79. A partir de 06-03-97, inclusive, é exigível que
o ruído seja superior a 85 dB. 3. Constando dos autos a prova necessária a
demonstrar o exercício de atividade sujeita a condições especiais, conforme a
legislação vigente na data da prestação do trabalho, deve ser reconhecido o
respectivo tempo de serviço. 4. Para o reconhecimento da atividade na condição de
autônomo é exigido o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias,

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consoante a Lei 8.212/91, art. 21. (TRF4, AC 2003.04.01.009608-6, Quinta Turma,
Relator Victor Luiz dos Santos Laus, DJ 13/10/2005). Sem girfos no original.

Ademais, a audiometria realizada em XX/XX/XXXX mostrou alteração no quadro clínico


do Autor. Esse dado não pode ser considerado de forma isolada, uma vez que a perda da
capacidade auditiva não ocorre de um dia para outro, mas devido a anos de labor submetido a altos
níveis de ruído. De fato, o PPP comprova que durante todos os anos de atividade o Autor esteve
exposto ao mesmo equipamento, com os mesmos níveis de ruído. Dessa forma, houve uma lenta
perda auditiva desde XX/XX/XXXX até os dias atuais, independentemente dos decretos que
estiveram em vigor.

Assim, pela análise do caso em tela, percebe-se que o Autor adquiriu o direito ao benefício,
uma vez que o tempo de serviço a ser implementado corresponde a 25 anos, de acordo com os
decretos referidos na tabela acima. Assim, conforme a Carteira de Trabalho e o PPP em anexo,
esteve exposto a agentes insalubres durante XXanos, XX meses e XX dias.

IV - DO PEDIDO

ISSO POSTO, requer:

a) a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista que o Autor


não tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;

b) o recebimento e deferimento da presente peça inaugural;

c) a citação da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo, conteste;

d) a produção de todos os meios de provas em direito admitidos, em especial a documental e


se for o caso, a pericial;

e) o deferimento da antecipação de tutela, com a apreciação do pedido de implantação do


benefício em sentença;

f) o julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

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1) reconhecer integralmente o período contributivo de XX/XX/XXXX a
XX/XX/XXXX.

2) efetuar o enquadramento dos agentes nocivos existentes nos períodos de


XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX e de XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX;

3) conceder ao Autor o BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA


ESPECIAL, a partir do requerimento administrativo (XX/XX/XXXX)
com a condenação do pagamento das prestações em atraso, corrigidas na
forma da lei, acrescidas de juros de mora desde quando se tornaram
devidas as prestações.

4) no caso de não serem reconhecidos os 25 anos de atividades especiais


necessários para a aposentadoria especial, o que só se admite
hipoteticamente, efetuar a averbação e conversão do tempo de serviço
especial em comum de todos os períodos submetidos a agentes insalubres.

Nestes Termos.
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor de R$ XXXXXXX.

Local e data.

XXXXXXXXXXXXXX

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