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MODELO BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ..... ....., vem, muito respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada infra-assinada, que recebe intimações no
endereço indicado no rodapé da presente, e com endereço eletrônico: ...., com fundamento na
Constituição Federal, em seu artigo 201, §1º e na Lei 8.213/91, especialmente em seu artigo
57, caput, propor a presente AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO –
APOSENTADORIA ESPECIAL c.c. PAGAMENTO DE ATRASADOS ação esta de natureza
declaratória-obrigacional, em face do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, na pessoa de
seu representante legal, com sede regional situada à Rua Barão de Jundiaí, n.º 1.150, piso 02,
centro, na cidade de Jundiaí, estado de São Paulo, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos: DA COMPETÊNCIA MATERIAL E TERRITORIAL: 1. Primeiramente, é de se esclarecer
que, segundo o artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Federal, por delegação, a
competência material e territorial para a presente ação é desta justiça comum estadual e
desta comarca de Nazaré Paulista, sendo este o foro do domicílio da beneficiária (requerente),
em razão desta comarca não possuir seção judiciária federal. DO PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO-INTERESSE DE AGIR: 2. Consoante se verifica no documento em anexo, a
autora ingressou com pedido administrativo, pleiteando a concessão de aposentadoria
especial, em 12/05/2016, protocolado sob o NB nº ....., o qual foi INDEFERIDO pelo requerido,
por ausência de tempo de contribuição para tanto. 2.1 Na ocasião foi apurado apenas 06 anos,
7 meses e 10 dias de tempo de contribuição na forma especial. 2.2 Não foram reconhecidos os
períodos de 03/08/1999 a 03/08/2005 e de 04/08/2005 a 20/01/2016 como especial. Em
contrapartida, o requerido reconheceu os períodos de 02/03/88 a 11/10/94 e de 03/04/95 a
04/01/99, eis que exibido ao mesmo PPP de todos estes períodos citados. 2.3 Assim sendo,
requer, a priori, a declaração judicial do reconhecimento como especial dos períodos citados,
quais sejam: 02/03/88 a 11/10/94 e de 03/04/95 a 04/01/99, eis que a lide se resume apenas
aos períodos não reconhecidos, quais sejam: 03/08/1999 a 03/08/2005 e de 04/08/2005 a
20/01/2016. 2.4 No mais, importante frisar que no período de 31/03/2011 a 30/06/2011 e de
21/01/2016 até os dias atuais, a autora afastou-se do trabalho, passando a receber auxílio-
doença. A importância disto, com a devida venia, se deve ao fato de tais períodos serem
desconsiderados, eis que a legislação previdenciária vigente, em seu decreto 3048, artigo 65,
parágrafo único, ordena seu cômputo como tempo comum. 2.5 Assim sendo, na DER, a autora
possuía mais que 25 anos de tempo de trabalho especial (sendo apurado 26 anos e 11 meses),
de forma que seu pedido administrativo jamais poderia ser indeferido. 2.6 Desta forma,
caracterizado está o interesse de agir para a presente demanda. DOS FATOS: 3. Quanto aos
fatos, a requerente trata-se atualmente de empregada, pois labora como técnica de raio-x,
segundo demonstra sua CTPS em anexo. Seu último contrato de trabalho data de 26/07/2005,
estando vigente até os dias atuais. 3.1 Sua vida profissional se resumiu às funções de
atendente de enfermagem e técnica de raio-x, todas elas desenvolvidas dentro de hospitais.
3.2 Em referidas funções, a autora laborou nos seguintes períodos e locais de trabalho: a) .... –
02/03/88 a 11/10/94: funções de atendente de enfermagem (de 02/03/88 a 31/12/89) e
técnica de raio-x, (de 01/01/90 a 11/10/94)  período reconhecido administrativamente como
especial; b) .... – 03/04/95 a 04/01/99: função de técnica de raio-x  período reconhecido
administrativamente como especial; c) ..... – 03/05/99 a 03/08/05: função de técnica de raio-x
 período não reconhecido administrativamente; d) .... – 26/07/2005 a 20/01/2016: função de
técnica de raio-x  período não reconhecido administrativamente. 4. Segundo os holerites em
anexos, verifica-se que todos os períodos acima eram considerados insalubres, eis que a
autora recebia adicional de insalubridade, comprovando, além da atividade nociva à saúde, a
exposição habitual e permanente aos agentes nocivos. 4.1 No mais, quanto às funções
laborativas da autora, as mesmas possuíam os seguintes enquadramento legais: - atendente
de enfermagem: categoria profissional: item 2.1.3 do anexo II do Decreto 83.080/79; - técnica
de raio-x / radiação ionizante / radiação X: categoria profissional: item 2.1.3, do anexo II do
Decreto 83080/79 e exposição à agentes nocivos: radiação: item 1.1.4 do quadro anexo do
Decreto 53.831/64; item 2.0.3, “e” do Decreto 2.172/97 e item 2.0.3, do anexo IV, do Decreto
3.048/99. 4.1 Veja-se que TODAS as funções exercidas pela autora possuem enquadramento
legal, pelos decretos então vigentes ao longo da sua vida laborativa, não havendo motivo
plausível para o indeferimento administrativo realizado. Ademais, tratam-se todos de agentes
com análise qualitativa, sendo que a autora sempre recebeu adicional de insalubridade. 4.2 No
mais, pelos PPPs e laudo individual, em anexos, verifica-se que em TODOS os contratos de
trabalho a autora esteve exposta à radiação ionizante e raio-X, ambos considerados como
agentes cancerígenos pela LINACH – lista nacional de agentes cancerígenos para humanos –
em seu grupo I: agentes confirmados como carcinogênicos para humanos. 4.2.1 Referida
LINACH foi criada pela Portaria Interministerial dos Ministérios do Emprego, Saúde, Trabalho e
Previdência, de n. 9, de 07/10/2014 e foi incluída no Decreto 3.048/99, pelo Decreto
8.123/2013, considerando TODOS os agentes listados na mesma como determinantes para o
reconhecimento da atividade especial. Veja-se pelo §4º, do art. 68: “4o A presença no
ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser apurada na forma dos §§ 2o e 3o,
de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador.”
(grifos nossos). 4. Com base nestas premissas, nos termos do requerimento em anexo, verifica-
se que, na DER, a autora possuía 26 anos, 11 meses de atividade especial, cumprindo,
portanto, o tempo necessário para aposentar-se nesta modalidade. DO DIREITO: DO
RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE ESPECIAL: 5. O artigo 57, da Lei 8.213/91 (LB), estabelece
que: “Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta
lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito à condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei.” (grifos nossos). 5.2. Referido artigo foi regulamento por decretos, cuja atividade
da autora sempre deu direito à aposentação aos 25 anos de trabalho. 5.3 Todavia,
primeiramente, para reconhecer a atividade especial, primeiramente, deverão ser observadas
as regras vigentes em cada época do trabalho a ser convertido, posto que, segundo o §1º, do
citado artigo 70: “§1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições
especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.” A
jurisprudência pátria também se posiciona neste sentido: “O tempo de serviço é regido
sempre pela lei vigente ao tempo de sua prestação. Dessa forma, em respeito ao direito
adquirido, se o trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época permitia a
contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado.” (RESP
461800, STJ, 6ª Turma, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJU 25/02/2004, p. 225).
“MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE ESPECIAL.
O tempo de serviço prestado em condições especiais, consoante a legislação da época,
configura direito adquirido, fazendo jus o segurado à conversão do tempo de serviço
considerado como em condições especiais, ainda que atualmente seja outro o regime jurídico
aplicável. A partir da Lei nº 9.032/95 passou a ser necessária a demonstração efetiva de
exposição aos agentes nocivos através da apresentação de laudo pericial para o período
posterior à referida Lei. Apelação e remessa oficial conhecidas e improvidas.” (TRF 4ª R., MAS
2000.72.00.0081780/SC, 6ª T., Rel. Juiz Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, DJU:
19.09.2001) (grifos nossos). 6. Diante destas disposições legais, e para regulamentação da
atividade especial, inicialmente foi editado o Decreto 53.831/64, que trazia um rol de
categorias profissionais listadas como atividade especial, além dos agentes nocivos à saúde.
Foi editado, posteriormente, o Decreto 83.080/79, que também trazia este rol de atividades
consideradas especiais e de agentes nocivos. Ambos decretos possuíram aplicação conjunta
até a edição do Decreto 2.172/97, que os revogou. 7. Quanto ao meio de prova, o Decreto
4.032/2001 passou a determinar, para caracterização da atividade especial, a comprovação da
efetiva exposição aos agentes nocivos mediante a apresentação de um formulário
denominado perfil profissiográfico previdenciário (PPP), a ser emitido pela empresa
empregadora, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por
médico do trabalho e engenheiro de segurança do trabalho. Referida regra encontra-se
vigente até os dias atuais. A IN 95/03 tornou facultativo o PPP até 31/12/2003, quando o
mesmo passou a ser obrigatório e substituiu os antigos formulários previdenciários. 7.1
Todavia, para comprovação judicial da atividade especial, diante do princípio do livre
convencimento motivado, quando o segurado não possui referidos documentos, poderá ser
provada a atividade especial por outros meios de prova, principalmente a documental, a
testemunhal e a pericial. 8. No caso dos autos, a autora apresenta: CTPS, formulário de
atividade especial – PPP - , laudo individual e holerites com recebimento de adicional de
insalubridade, todos eles comprovando a atividade especial exercida pela mesma. 8.1 No mais,
o recebimento de adicional de insalubridade em todos os contratos de trabalho, igualmente
demonstra a habitualidade e permanência da atividade nociva à saúde, preenchendo-se,
assim, os requisitos da lei 9.032/95, neste tocante. 9 Por fim, verifica-se que nos dois contratos
de trabalho que o requerido não reconheceu a especialidade da atividade de forma
administrativa, quais sejam: Promed e Beneficiência Nipo, o próprio CNIS – cadastro nacional
de informações sociais – comprova o direito à aposentadoria aos 25 anos de trabalho, pois traz
a indicação “agentes nocivos 25”, ou seja, demonstrando-se que houve recolhimento da
alíquota legal de contribuição social para o financiamento da aposentadoria especial, sendo
totalmente ilegal o não reconhecimento. DO CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA: 10. O período de
carência já se encontra devidamente cumprido, conforme demonstra a CTPS da autora, bem
como segundo o CNIS, nos termos da tabela do artigo 25, II, da LB. DA DATA DE INÍCIO DO
BENEFÍCIO (DIB): 11. Com relação à data do início do benefício (DIB), esta deverá corresponder
à DER do NB ....., ocorrida em 12/05/2016, tendo em vista que a autora já havia cumprido
todos os requisitos para implementação do benefício naquela ocasião. 11.1 Como a autora
está em gozo de auxílio-doença desde 21/01/2016, deverá ser descontado eventuais valores
recebidos à este título em período concomitante. DO VALOR DA RMI: 12. O valor da
aposentadoria especial deverá ser de 100% (cem por cento) do salário-debenefício da autora,
sem incidência do fator previdenciário, nos termos do artigo 29, II, da LB. DO PEDIDO DE
APLICAÇÃO DO ARTIGO 493, DO CPC: 13. Por fim, subsidiariamente, nos termos do artigo 493,
do CPC, considerando-se que a autora continua a exercer atividade remunerada de forma
especial, e, assim, a verter contribuições sociais ao requerido como segurada obrigatória
empregada, requer-se a alteração da data do benefício – DIB - para aquela na qual a mesma
implementou os requisitos da aposentação especial, CASO SEJA NECESSÁRIO, quitando-se as
parcelas vencidas desde então, ou seja, que haja reafirmação da DER, evitando-se, assim,
prejuízos financeiros à autora, quanto ao benefício que deve substituir sua renda oriunda do
trabalho, considerando-se o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, assim como da
dignidade da pessoa humana, agora elencados como princípios processuais, nos termos do
artigo 8º do CPC. DOS PEDIDOS: 14. Diante de todo o acima exposto, requer: b)
Primeiramente, requer a concessão do prazo de 10 dias para recolhimento das custas devidas;
b) a citação do instituto requerido, na forma do artigo 247, c, do Código de Processo Civil, ou
seja, via Oficial de Justiça, para que apresente defesa, se assim desejar, dentro do prazo legal,
sob pena de confissão e revelia quanto à matéria de fato; d) a dispensa da audiência de
tentativa de conciliação, nos termos do artigo 334, § 5º, do CPC; e) que , ao final , seja a
presente ação julgada inteiramente procedente, para: -confirmar a tutela de urgência
concedida, ou reconhecer, por sentença como tempo especial os períodos indicados na
presente, determinando-se sua averbação no CNIS da autora, no prazo de 10 dias, sob pena de
fixação de astreinte, e; - em consequência, a conceder-lhe APOSENTADORIA ESPECIAL, com
início na DER do NB ..., ocorrida em 12/05/2016, e no valor indicado na presente (100% do
saláriode-benefício, sem aplicação do fator previdenciário); - que as parcelas vencidas – desde
12/05/2016 – sejam quitadas mediante RPV ou precatório judicial, acrescidas de correção
monetária, segundo o entendimento atual do STF, ou seja, pelo IPC-A, além de juros de mora,
de 0,5%, a contar da citação. Que eventuais quantias recebidas à título de auxílio-doença neste
período sejam compensadas no valor a receber; -Em pedido subsidiário, caso algum período
laborado em atividade especial, descrito na presente, assim não seja reconhecido em
sentença, nos termos do artigo 593 do CPC, considerando-se que a autora continua em
atividade remunerada, de foram especial, eis que exercida na mesma função, e, portanto,
vertendo contribuições previdenciárias ao requerido, que seja alterada a DER, para a data de
implementação dos requisitos legais; -Em sentença, por se tratar de obrigação de conceder
(ação obrigacional), que seja concedida a tutela específica da obrigação, com base nos art. 497
e 536, § 1º, do CPC, para a implantação do benefício, também no prazo máximo de 30 dias, a
contar do decisum, independentemente de recurso por parte do requerido, sob pena de
fixação de astreinte; -que seja, ainda, o instituto-requerido condenado em honorários de
sucumbência a serem fixados em 20% (vinte por cento) das parcelas vencidas até a sentença
de primeiro grau, nos termos da sumula 111 do STF e do artigo 85 do CPC. DAS PROVAS: 17.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente
pela prova documental que acompanha a presente, prova testemunhal e prova pericial, caso
seja necessária para comprovar a alegada atividade especial nos contratos de trabalho, nos
termos da Súmula 198 do extinto TFR, as quais desde já requer, sem exclusão de nenhum meio
de prova que se faça necessário à verdadeira elucidação dos fatos. DO VALOR DA CAUSA: 18.
Dá-se a causa o valor de R$ .... (....). Termos em que, Pede e Espera Deferimento. Atibaia,
em ....

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