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Aula 02

Direito Processual Penal p/ Polícia


Federal (Agente) Pós-Edital

Autor:
Renan Araujo
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29 de Janeiro de 2021

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Sumário

TEORIA GERAL DA PROVA NO PROCESSO PENAL .......................................................................4

1 Introdução. Classificações ......................................................................................................4

1.1 Introdução .......................................................................................................................4

1.2 Classificação das provas ..................................................................................................8

2 Princípios que regem o sistema probatório .........................................................................10

3 Etapas de produção da prova ..............................................................................................11


1405111
4 Ônus da prova ......................................................................................................................11

4.1 Produção probatória pelo Juiz ......................................................................................12

5 Provas ilegais ........................................................................................................................15

5.1 Provas ilícitas .................................................................................................................15

5.2 Provas ilícitas por derivação ..........................................................................................16

5.3 Provas ilegítimas ............................................................................................................18

5.4 Consequências processuais no caso de reconhecimento da ilegalidade da prova ......19

5.5 Consequências processuais do reconhecimento da ilicitude da prova ........................19

5.6 Consequências processuais do reconhecimento da ilegitimidade da prova ................22

PROVAS EM ESPÉCIE .....................................................................................................................23

1 Reconhecimento de pessoas e coisas ..................................................................................23

2 Da acareação ........................................................................................................................25

3 Da prova documental ...........................................................................................................26

3.1 Valor probante dos documentos ...................................................................................27

3.2 Vícios dos documentos .................................................................................................27

4 Indícios .................................................................................................................................28

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5 Da busca e apreensão ..........................................................................................................29

5.1 Busca e apreensão domiciliar ........................................................................................29

5.2 Busca pessoal ................................................................................................................34

PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME .........................................................................................35

DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ..........................................................................................37

SÚMULAS PERTINENTES ................................................................................................................43

1 Súmulas do STJ ....................................................................................................................43

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .....................................................................................................44

EXERCÍCIOS COMENTADOS .........................................................................................................45

EXERCÍCIOS PARA PRATICAR ........................................................................................................64

GABARITO ......................................................................................................................................70

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Olá, meus amigos!

Hoje vamos estudar um tema bastante interessante, que é o tema de PROVAS. Veremos,

inicialmente, a teoria geral da prova no Direito Processual Penal brasileiro. Posteriormente,

passaremos à análise dos meios de prova exigidos pelo edital que estamos seguindo.

Bons estudos!

Prof. Renan Araujo

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TEORIA GERAL DA PROVA NO PROCESSO


PENAL

1 Introdução. Classificações

1.1 Introdução

A Teoria Geral da Prova no Processo Penal está regulada no Título VII CPP, a partir do art.
155, que assim dispõe:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)

A expressão “livre apreciação da prova produzida” consagra a adoção do sistema do livre


convencimento motivado da prova1. O que isso significa? O princípio ou sistema do livre
convencimento motivado, ou livre convencimento regrado, diz que o Juiz deve valorar a prova
produzida da maneira que entender mais conveniente, de acordo com sua análise dos fatos
comprovados nos autos.

Assim, o Juiz não está obrigado a conferir determinado “peso” a alguma prova. Por
exemplo: num processo criminal, mesmo que o acusado confesse o crime, o Juiz não está obrigado
a dar a esta prova (confissão) valor absoluto, devendo avaliá-la em conjunto com as demais provas
produzidas no processo, de forma a atribuir a esta prova o valor que reputar pertinentes.

Entretanto, esta liberdade do Magistrado (Juiz) não é absoluta, pois:

• O Magistrado deve fundamentar suas decisões;


• As provas devem constar dos autos do processo;

1
Também chamado de princípio da PERSUASÃO RACIONAL, CONVENCIMENTO RACIONAL ou APRECIAÇÃO
FUNDAMENTADA. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed.
Forense. Rio de Janeiro, 2015, p.345

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• As provas devem ter sido produzidas sob o crivo do contraditório judicial – Assim, as
provas exclusivamente produzidas em sede policial (Inquérito Policial) não podem,
por si sós, fundamentar a decisão do Juiz.2

Além disso, o CPP determina que as provas urgentes, que não podem esperar para serem
produzidas em outro momento (cautelares, provas não sujeitas à repetição, etc.), estão ressalvadas
da obrigatoriedade de serem produzidas necessariamente pelo crivo do contraditório judicial,
embora se deva sempre procurar estabelecer o contraditório em sede policial quando da
realização destas diligências.

Ao sistema do livre convencimento regrado ou motivado, contrapõem-se:

• Sistema da prova tarifada (ou certeza moral do legislador, sistema das regras legais ou da
prova legal) - o sistema da prova tarifada, ou sistema tarifário da prova, estabelece, diretamente
pela lei, determinados “pesos” que cada prova possui, num sistema de apreciação bastante rígido
para o Juiz3. De acordo com este sistema, cabe ao Juiz apenas fazer a soma aritmética dos “pesos”
de cada prova, a fim de decidir se o somatório das provas em determinado sentido é superior ao
somatório das provas em sentido contrário.

Neste sistema, a título de exemplo, a confissão deveria possuir valor máximo


(rainha das provas), de forma que sendo o réu confesso, o Juiz deveria condená-
lo, ainda que todas as outras provas indicassem o contrário.

O Brasil não adotou, como regra, o sistema da prova tarifada. No entanto, existem algumas
exceções no CPP. Exemplos: Necessidade de que, para a extinção da punibilidade pela morte do
acusado, a prova se dê única e exclusivamente pela certidão de óbito (art. 62); quando o Juiz
esteja obrigado a suspender o curso do processo penal para que seja decidida, no Juízo Cível,
questão sobre o estado das pessoas. Nesse caso, o único meio de prova que se admite para a
comprovação do estado da pessoa (filiação, etc.), é a sentença produzida no Juízo Cível (art. 92
do CPP).

Essa tarifação exemplificada acima, é o que se chama de tarifação absoluta, ou seja, somente
se admite aquela prova expressamente prevista. Existe, entretanto, a chamada tarifação relativa,

2
À exceção das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Além disso, PACELLI sustenta que a
impossibilidade de utilização dos elementos colhidos na investigação como únicos para fundamentar a decisão
somente se aplicaria à decisão condenatória, pois o intuito da norma e evitar que sejam violados o contraditório
e a ampla defesa. E, se tratando de decisão absolutória, não haveria qualquer razão para não se admitir.
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 16º edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2012, p. 331.

3
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 330

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que é aquela na qual a lei estabelece determinado critério de valoração do meio de prova, mas
confere alguma liberdade ao Juiz.

EXEMPLO: o art. 158 do CPP prevê a obrigatoriedade do exame de delito para


se provar a existência dos crimes que deixarem vestígios. No entanto, o art. 167
relativiza esta disposição, afirmando que se os vestígios tiverem desaparecido,
poderá o Magistrado suprir o exame de corpo de delito pela prova testemunhal.

• Sistema da íntima convicção (ou certeza moral do Juiz) – É um sistema no qual não há
necessidade de fundamentação por parte do julgador, podendo ele decidir da maneira que a sua
“sensação de Justiça” indicar. Também não é adotado como regra no Processo Penal pátrio,
tendo sido adotado, porém, como exceção, nos processos cujo julgamento seja afeto ao Tribunal
do Júri, pois os jurados, pessoas leigas que são, julgam conforme o seu sentimento interior de
Justiça, não tendo que fundamentar o porquê de sua decisão.

Vale mencionar a vocês que o Brasil não adotou, como regra, o sistema taxativo da prova.
O sistema taxativo implica a impossibilidade de produção de outros meios de prova que não sejam
aqueles expressamente previstos na Lei Processual. No Brasil, é plenamente possível a utilização
de meios de prova inominados ou atípicos (não previstos expressamente na Lei). Não confundam
isto com sistema da prova tarifada. São coisas distintas!

Podemos definir prova como o elemento produzido pelas partes ou mesmo pelo Juiz,
visando à formação do convencimento deste (Juiz) acerca de determinado fato. Como o processo
criminal é um processo de “conhecimento” (pois se busca a certeza, já que reside incerteza quanto
à materialidade do delito e sua autoria), a produção probatória é um instrumento que conduz o
Juiz ao alcance da “certeza”, de forma que, de posse da certeza dos fatos, o Juiz possa aplicar o
Direito.

Por sua vez, o objeto de prova é o fato que precisa ser provado para que a causa seja
decidida, pois sobre ele existe incerteza4. Assim, num crime de homicídio, o exame de corpo de
delito é prova, enquanto o fato (existência ou não do homicídio – a materialidade do crime) é o
objeto de prova. NÃO CONFUNDAM ISSO!

Somente os fatos, em regra, podem ser objeto de prova, pois o Direto não precisa ser
provado, na medida em que o Juiz conhece o Direito (iura novit curia). No entanto, utilizando-se
por analogia o regramento processual civil, a parte que alegar direito5 municipal, estadual ou

4
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 341

5
Normas infralegais (portarias, resoluções, etc.) também devem ser provadas, exceto se forem complemento
para normas penais em branco, como, por exemplo, a Portaria da ANVISA nº 344, que regulamenta Lei
13.343/06 (Lei de Drogas), estabelecendo quais são as substâncias consideradas entorpecentes.

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estrangeiro, deve provar-lhes o teor e a vigência, pois o Juiz não está obrigado a conhecer estas
normas jurídicas.

No entanto, esta disposição fica muito enfraquecida no Direito Processual Penal,


considerando a competência privativa da União para legislar sobre Direito Penal e Processual, nos
termos do art. 22, I da CRFB/88.

Porém, existem determinados fatos que não necessitam serem provados6 (não sendo,
portanto, objeto de prova). São eles:

• Fatos evidentes (ou axiomáticos, ou intuitivos) – São fatos que decorrem de um


raciocínio lógico, intuitivo, decorrente de alguma situação que gera a lógica
conclusão de outro fato (ex.: o réu, nascido em junho de 1985, fato este conhecido
do Juízo, não precisa provar que em agosto de 2015 ele possuía 30 anos. É evidente
que se nasceu em junho de 1985, em agosto de 2015 já terá completado 30 anos).
• Fatos notórios – São aqueles que pertencem ao conhecimento comum de todas as
pessoas. Assim, ao mencionar, por exemplo, que um fato criminoso fora cometido
no dia 25 de dezembro, Natal, não tem a parte obrigação de provar que o dia 25 de
dezembro é Natal, pois isso é do conhecimento comum de qualquer pessoa.
• Presunções legais – São fatos que a lei presume tenham ocorrido. O exemplo mais
clássico é a inocência do réu. A Lei presume a inocência do réu, portanto, não cabe
ao réu provar que é inocente, pois este fato já é presumido. No entanto, este fato é
uma presunção relativa, ou seja, pode ser desconstituído se o titular da ação penal
(MP ou ofendido) provar que o acusado é culpado. Nessa hipótese, terá sido ilidida
a presunção de inocência. Por outro lado, a presunção pode ser também, absoluta,
ou seja, não admitir prova em contrário. Um exemplo clássico é a presunção de que
o menor de 14 anos não tem condições mentais de consentir na realização de um
ato sexual, sendo, portanto, crime de estupro a prática de ato sexual com pessoa
menor de 14 anos, consentido ou não a vítima (presunção absoluta de incapacidade
para consentir, ou presunção iure et de iure). Para parcela da Doutrina, no entanto,
trata-se de presunção meramente relativa (tese minoritária). Frise-se que embora o
fato presumido independa de prova, o fato que gera a presunção deve ser provado.
Assim, embora seja presumida a incapacidade para consentir do menor de 14 anos,
a condição de menor de 14 anos deve ser objeto de prova.
• Fatos inúteis – São aqueles que não possuem qualquer relevância para a causa,
sendo absolutamente dispensáveis e, até mesmo, podendo ser dispensada a sua
apreciação pelo Juiz.

6
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 342

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1.2 Classificação das provas

As provas podem ser classificadas em:

Quanto ao seu objeto:

a) Provas diretas – Aquelas que provam o próprio fato, de maneira direta. Exemplo:
Testemunha ocular de um delito, que, com seu depoimento, prova diretamente a
ocorrência do fato;
b) Provas indiretas – Aquelas que não provam diretamente o fato, mas por uma dedução
lógica, acabam por prová-lo. Exemplo: Imagine-se que o acusado comprove de maneira
cabal (absoluta) que se encontrava em outro país quando da ocorrência de um roubo na
cidade do Rio de Janeiro, do qual é acusado. Assim, comprovado este fato (que não é
o fato criminoso), deduz-se de maneira irrefutável, que o acusado não praticou o crime
(prova indireta).

Quanto ao valor:

a) Provas plenas – Aquelas que trazem a possibilidade de um juízo de certeza quanto ao


fato que buscam provar, possibilitando ao Juiz fundamentar sua decisão de mérito em
apenas uma delas, se for o caso. Exemplo: Prova documental, testemunhal, exame de
corpo de delito, etc.;
b) Provas não-plenas – Apenas ajudam a reforçar a convicção do Juiz, contribuindo na
formação de sua certeza, mas não possuem o poder de formar a convicção do Juiz, que
não pode fundamentar sua decisão de mérito apenas numa prova não-plena. Exemplos:
Indícios (art. 239 do CPP), fundada suspeita (art. 240, § 2° do CPP), etc.

Quanto ao sujeito:

a) Provas reais – Aquelas que se baseiam em algum objeto, e não derivam de uma pessoa.
Exemplo: Cadáver, documento, etc.
b) Provas pessoais – São aquelas que derivam de uma pessoa. Exemplo: Testemunho,
interrogatório do réu, etc.

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Existe, ainda, a figura da PROVA EMPRESTADA. A prova emprestada é aquela que, tendo sido
produzida em outro processo, vem a ser apresentada7 no processo corrente, de forma a também
neste produzir os seus efeitos.

A Doutrina e a Jurisprudência discutem sobre a necessidade de que a prova emprestada tenha


sido produzida em processo que envolveu as mesmas partes (identidade de partes).

O entendimento mais recente do STJ8 é no sentido de que não se exige que a prova emprestada
seja oriunda de processo que envolveu as mesmas partes, desde que essa prova emprestada seja,
no momento de sua inclusão no processo atual, submetida ao contraditório.

Presentes os requisitos, a prova emprestada terá o mesmo valor das demais provas. Ausente
qualquer dos requisitos, será considerada como mero indício, tendo o valor de prova não-plena.9

Quanto ao procedimento:

a) prova típica – Seu procedimento está previsto na Lei.

b) prova atípica – Duas correntes: a.1) É somente aquela que não está prevista na Legislação
(este conceito se confunde com o de prova inominada); a.2) É tanto aquela que está prevista
na Lei, mas seu procedimento não, quanto aquela em que nem ela nem seu procedimento
estão previstos na Legislação.

Outras classificações:

a) prova anômala – É a prova típica, só que utilizada para fim diverso daquele para o qual
foi originalmente prevista.

b) prova irritual – É aquela em que há procedimento previsto na Lei, só que este


procedimento não é respeitado quando da colheita da prova.

c) prova “fora da terra” – É aquela realizada perante juízo distinto daquele perante o qual
tramita o processo (realizada por carta precatória, por exemplo).

7
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 339

8
REsp 1340069/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 28/08/2017

9
Temos, ainda, a chamada “serendipidade”, que é o encontro fortuito de provas. Ocorre quando um elemento
de prova relativo ao fato objeto de um processo é encontrado fortuitamente, ou seja, por acaso, em outro
processo. Neste caso, a decisão judicial pode ser fundamentada em elementos de prova surgidos, de forma
fortuita, durante a investigação de outros crimes.

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d) prova crítica – É utilizada como sinônimo de “prova pericial”.

2 Princípios que regem o sistema probatório

A) Princípio do contraditório – Todas as provas produzidas por uma das partes podem ser
contraditadas (contraprova) pela outra parte;

B) Princípio da comunhão da prova (ou da aquisição da prova) – A prova é produzida por


uma das partes ou determinada pelo Juiz, mas uma vez integrada aos autos, deixa de pertencer
àquele que a produziu, passando a ser parte integrante do processo, podendo ser utilizada em
benefício de qualquer das partes. Exemplo: Imagine que o réu arrole uma testemunha,
acreditando que seu depoimento será favorável a ele. No entanto, eu seu depoimento a
testemunha afirma que viu o acusado praticar o crime. Assim, nada impede que o Juiz se valha da
própria prova produzida pelo réu para condená-lo, pois a prova não é mais do réu, e sim comum
ao processo (comunhão da prova). Isso é muito importante! Guardem isso!

C) Princípio da oralidade – Sempre que for possível, as provas devem ser produzidas
oralmente na presença do Juiz. Assim, mais valor tem uma prova testemunhal produzida em
audiência que um mero documento juntado aos autos contendo algumas declarações de uma
suposta testemunha. Desse princípio decorrem:

c.1) Subprincípio da concentração – Sempre que possível as provas devem ser concentradas
na audiência. Tanto o é que, com as alterações promovidas pela Lei 11.719/08, as alegações
finais, que antes eram realizadas mediante a apresentação de memoriais (escritos),
atualmente serão, em regra, apresentadas oralmente ao final da audiência (podendo, em
casos complexos, serem apresentadas por escrito, através de memoriais);

c.2) Subprincípio da publicidade – Os atos processuais não devem ser praticados de maneira
secreta, sendo vedado ao Juiz apresentar obstáculos à publicidade dos atos processuais.
Isto deriva da própria Constituição, em seus arts. 5°, LX e 93, IX. Porém, esta publicidade
não é absoluta, podendo ser restringida em alguns casos, apenas às partes e seus
procuradores, ou somente a estes. Percebam, portanto, que existe a possibilidade, até
mesmo, de um ato processual não ser público para uma das partes, MAS NUNCA PODERÁ
SER RESTRINGIDA A PUBLICIDADE AOS PROCURADORES DAS PARTES;

c.3) Subprincípio da imediação – o Juiz, sempre que possível, deve ter contato físico com a
prova, no ato de sua produção, a fim de que melhor possa formar sua convicção;

D) Princípio da autorresponsabilidade das partes – As partes respondem pelo ônus da


produção da prova acerca do fato que tenham de provar. Assim, se o titular da ação penal não
provar a autoria e a materialidade do fato, terá uma consequência adversa para si, que é a
absolvição do acusado;

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E) Princípio da não auto-incriminação (ou Nemo tenetur se detegere) – Por este princípio
entende-se a não obrigatoriedade que a parte tem de produzir prova contra si mesma. Assim, não
está o acusado obrigado a responder às perguntas que lhe forem feitas, nem a participar da
reconstituição simulada, nem fornecer material gráfico para exame grafotécnico, etc.

3 Etapas de produção da prova

Esclareço a vocês, ainda, que quatro são as etapas do processo de produção da prova:

1. Proposição – A produção da prova é requerida ao Juiz, podendo ocorrer em momento


ordinário ou extraordinário. O momento ordinário é aquele no qual a lei estabelece que
devam ser requeridas. Assim, o momento para a proposição de meios de prova é a
denúncia, para o MP, e a resposta à acusação, para a defesa. O momento extraordinário,
por sua vez, é todo momento em que a parte requeira a produção de uma prova fora
da época correta (momento ordinário);
2. Admissão – É o ato mediante o qual o Juiz defere ou não a produção de uma prova. As
provas propostas no momento ordinário só podem ser indeferidas quando
impertinentes ao processo (não guardam relação com o processo). Já as provas
propostas em momento extraordinário podem ser indeferidas pela simples análise, pelo
Juiz, de sua desnecessidade para a formação de sua convicção;
3. Produção – É o momento em que a prova é trazida para dentro do processo, seja através
da juntada de um documento ou laudo pericial, ou através da oitiva de uma testemunha,
etc.;
4. Valoração – É o momento no qual o Juiz aprecia cada prova produzida e lhe atribui o
valor que julgar pertinente, de acordo com todo o conteúdo probatório existente,
fundamentando sua decisão.

4 Ônus da prova

O ônus da prova pode ser definido como o encargo conferido a uma das partes referente à
produção probatória relativa ao fato por ela alegado.10

Assim, nos termos do art. 156, 1° parte, do CPP:

10
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 342

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Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Desta forma, fica claro que a parte que alega algum fato, deve fazer prova dele. Portanto,
cabe ao acusador fazer prova da materialidade e da autoria do delito.11 Cabe ao réu, por sua vez,
provar os fatos que alegar (algum álibi) ou desconstituir a prova feita pelo acusador (um excludente
de ilicitude, uma excludente de culpabilidade, etc.).

Um ônus não é uma obrigação, pois uma obrigação descumprida é um ato contrário ao
Direito. Um ônus, por sua vez, quando descumprido, não gera um ato contrário ao Direito, mas
representa uma perda de oportunidade à parte que lhe der causa.

4.1 Produção probatória pelo Juiz

Pode se dar de duas formas distintas:

(i) Na produção antecipada de provas – Regra geral, as provas devem ser produzidas
pelas partes. No entanto, em alguns casos, o Juiz pode determinar a produção de algumas provas.
Essa faculdade está prevista no art. 156, segunda parte, e incisos I e II do CPP. O primeiro deles
trata da produção de provas urgentes:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de


provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação
e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Muito se discutiu na Doutrina acerca da constitucionalidade desta faculdade, tendo em conta


a adoção, no Brasil, de um sistema processual acusatório, ou seja, cabe às partes agirem para
formar a convicção do Magistrado, que apenas recebe os elementos de prova e os valora.

No entanto, o STJ e o STF entenderam que a produção de provas pelo Juiz É


CONSTITUCIONAL, sendo, porém, medida excepcional, pois embora se adote o sistema
acusatório, também se adota o princípio da verdade real12, de forma que o Juiz deve buscar
sempre a verdade dos fatos, e não se contentar com a “verdade” que consta no processo (verdade
formal).

11
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 325

12
Tal princípio não está imune a críticas, notadamente aquelas que o consideram como uma brecha inquisitiva para o
exercício arbitrário de poder por parte do Estado. PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 322/323

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Deve, ainda, o Magistrado quando determinar a produção de prova antecipada, fazer isto
obedecendo:

⇒ A necessidade da prova – A prova determinada deve ser indispensável à elucidação


dos fatos.
⇒ Adequação da prova – A prova da adequação se dá mediante uma análise da urgência
de sua realização. Se determinada a realização de uma prova que não é urgente, não
haverá adequação da medida.
⇒ Proporcionalidade – Está relacionada à ponderação de valores em conflito. Assim, a
proporcionalidade deve ser extraída mediante um balanço entre a busca da verdade
real e a imparcialidade do Juiz, mediante a análise de fatores como a existência de
outras provas acerca do mesmo fato, gravidade do delito, grau de urgência, etc.

Ressalto a vocês, por fim, que a determinação de produção antecipada de provas urgentes
e relevantes é uma espécie de medida cautelar (busca evitar o perecimento da prova), de forma
que devem estar presentes os requisitos da cautelaridade, que são o fumus comissi delicti
(existência de indícios da materialidade e da autoria do delito) e o periculum in mora (Perigo de
que a demora na produção da prova torne impossível a sua realização).

(ii) Na produção de provas após iniciada a fase de instrução do processo – Esta


possibilidade está prevista no art. 156, II do CPP:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

(...) II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a


realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela
Lei nº 11.690, de 2008)

Um exemplo de exercício desta faculdade está no art. 196 do CPP, que permite ao Juiz
proceder, de ofício (ou seja, sem requerimento das partes), a novo interrogatório do réu. Ou,
ainda, nos termos do art. 209 do CPP, ouvir testemunhas não arroladas pelas partes, dentre outros
exemplos.

O mesmo que foi dito quanto à constitucionalidade da produção antecipada de provas ex


officio se aplica a esta hipótese de produção de provas pelo Juiz. O objetivo é conciliar o princípio
da verdade real com o modelo acusatório.

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A diferença entre ambas as hipóteses reside, primordialmente, no fato de que no primeiro


caso se exige a cautelaridade da medida (urgência de sua realização). No segundo caso, basta que
o Magistrado tenha dúvida sobre ponto relevante, o que autoriza a produção de provas ex officio.

4.1.1 Produção probatória pelo Juiz e Lei 13.964/19

A Lei 13.964/19 (chamado “pacote anticrime”) provocou mudanças sensíveis no processo


penal brasileiro. Dentre estas mudanças, está o art. 3º-A do CPP:

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz
na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação. (eficácia suspensa por força de decisão liminar proferida pelo STF na
ADI 6298)

Como se vê, hoje, o sistema acusatório no nosso processo penal não é mais uma
interpretação doutrinária dos contornos da nossa legislação. Trata-se de um sistema que foi
expressamente adotado, nos termos da Lei.

Mais que isso: ao adotar expressamente o sistema acusatório, o legislador ainda trouxe duas
vedações ao Juiz (reforçando o caráter acusatório de nosso sistema):

⇒ Vedação da iniciativa do juiz na fase de investigação


⇒ Vedação da substituição da atuação probatória do órgão de acusação

Ou seja, ao Juiz é vedado agir “de ofício” no curso da investigação, bem como atuar de
maneira proativa na produção probatória, exercendo a função conferida ao acusador (o que
configuraria resquício inquisitivo).

Assim, diante da nova sistemática, cremos que a possibilidade de o Juiz determinar “ex
officio” (sem provocação) a produção antecipada de provas na fase pré-processual estaria
tacitamente revogada. Para reforçar tal compreensão, o art. 3º-B (também criado pela Lei
13.964/19) assim estabelece:

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da


investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia
tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe
especialmente: (eficácia suspensa por força de decisão liminar proferida pelo STF
na ADI 6298)

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(...) VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas


consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
defesa em audiência pública e oral;

Como se vê claramente, o art. 3º-B, VIII do CPP estabelece que incumbe ao Juiz das Garantias
(Juiz que atua na fase pré-processual, supervisionando a investigação criminal) decidir sobre o
REQUERIMENTO de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis. Ou
seja: hoje deve haver requerimento, não se admitindo que o Juiz assim proceda de ofício.

ATENÇÃO!!! Vale ressaltar que estes dispositivos (arts. 3º-A e 3º-B do CPP) estão
com eficácia suspensa, por força de decisão liminar proferida pelo STF no bojo da
ADI 6298.

Professor, mas por qual razão nós vimos esta parte então? Para que vocês entendam que
hoje há na Lei (embora com eficácia suspensa) um regramento que restringe a atuação “de ofício”
do Juiz. Ou seja, é mais produtivo saber que o legislador optou pela inclusão de tais dispositivos
e o STF suspendeu temporariamente do que simplesmente ignorar a alteração legislativa.

5 Provas ilegais

As provas ilegais são um gênero do qual derivam três espécies: provas ilícitas, provas ilícitas
por derivação e provas ilegítimas.

5.1 Provas ilícitas

São consideradas provas ilícitas aquelas produzidas mediante violação de normas de direito
material (normas constitucionais ou legais)13. A Constituição Federal expressamente prevê a
vedação da utilização de provas obtidas por meios ilícitos. Nos termos do seu art. 5°, LVI:

Art. 5º (...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

O art. 157 do CPP, por sua vez, diz:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

13
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 340

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São exemplos de prova ilícita:

• Interceptação telefônica realizada sem ordem judicial, por violar o art. 5°, XII da
Constituição Federal.
• Busca e apreensão domiciliar sem ordem judicial, por violação ao art. 5°, XI da
Constituição.
• Prova obtida mediante violação de correspondência, pois viola o art. 5°, XII da
Constituição Federal.

Muitos outros existem, e ficaríamos dias e dias a enumerá-los. No entanto, o que vocês
devem saber é que qualquer prova obtida por meio ilícito é uma prova ilegal, e que por meio
ilícito deve-se entender aquele que importa em violação a algum direito material,
constitucionalmente protegido, de maneira direta ou indireta.

A prova pode ser ilícita por afrontar direta ou indiretamente a Constituição. Todos os
exemplos citados acima são hipóteses de prova ilícita por afrontamento direto à Constituição. No
entanto, pode ocorrer de a prova ser ilícita por ofender uma norma prevista em Lei (não na
Constituição), mas essa Lei retira seu fundamento diretamente da Constituição.

EXEMPLO: Imagine um interrogatório do réu em sede judicial realizado sem a


presença do advogado. A norma que diz que a presença do advogado é
indispensável não está na Constituição, mas no art. 185 do CPP. No entanto, este
art. 185 do CPP nada mais faz que observar o princípio da ampla defesa. Assim,
pode-se dizer que quando se afronta o art. 185 do CPP, está a ser violado,
também, o princípio da ampla defesa, consagrado no art. 5°, LV da Constituição.

5.2 Provas ilícitas por derivação

São aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua essência, derivam de uma prova ilícita,
daí o nome “provas ilícitas por derivação”. Trata-se da aplicação da Teoria dos frutos da árvore
envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual, o fato de a árvore estar envenenada
necessariamente contamina os seus frutos. Trazendo para o mundo jurídico, significa que o defeito
(vício, ilegalidade) de um ato contamina todos os outros atos que a ele estão vinculados.

Antes do advento da Lei 11.690 (que alterou alguns dispositivos do CPP), a utilização desta
teoria era fundamentada com base no art. 573, § 1° do CPP, que diz:

Art. 573 (...) § 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que
dele diretamente dependam ou sejam consequência.

No entanto, com o advento da Lei citada, o art. 157, § 1° do CPP passou a tratar
expressamente da prova ilícita por derivação. Vejamos:

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§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

Perceba, caro aluno, que a primeira parte do dispositivo transcrito trata da regra, qual seja:
Toda prova derivada de prova ilícita é inadmissível no processo. Entretanto, a segunda parte do
artigo excepciona a regra, ou seja, existem casos em que a prova, mesmo derivando de outra
prova, esta sim ilícita, poderá ser utilizada.

Exige-se, primeiramente, que a prova ilícita por derivação possua uma relação de causalidade
exclusiva com a prova originalmente ilícita. Assim, se uma prova B (lícita) só pode ser obtida
porque se originou de uma prova ilícita (A), a prova B será inadmissível. Entretanto, se a prova B
não foi obtida exclusivamente em razão da prova A, a prova B não será inadmissível.

EXEMPLO: Imagine que Paulo fora arrolado pelo MP como testemunha em um


processo criminal, tendo prestado seu depoimento de maneira válida durante a
instrução processual. O que esta prova tem de ilícita? Nada. Porém, imagine que
a testemunha Paulo só tenha sido descoberta em razão de um depoimento
testemunhal ocorrido em sede policial, na qual a testemunha Carlos foi torturada.
Assim, o depoimento de Carlos é prova ilícita, de formar que contamina o
depoimento (válido) de Paulo, pois somente através do depoimento mediante
tortura de Carlos é que se chegou até a testemunha Paulo.

Imagine, agora, que além de ter sido mencionado como testemunha do crime por
Carlos (que estava sob tortura), Paulo tenha sido apontado como testemunha
ocular do crime por outra testemunha, Ricardo, que prestou depoimento válido e
de maneira livre em sede policial. Ora, estamos aqui diante do que se chama de
fonte independente capaz de conduzir ao objeto de prova.14 Assim, se a prova
ilícita por derivação (depoimento de Paulo) tenha sido obtida também por uma
fonte independente (depoimento de Ricardo) da fonte contaminada (depoimento
de Carlos, sob tortura), a prova deixará de ser ilícita por derivação e poderá ser
utilizada no processo. Nos termos do § 2° do art. 157 do CPP:

14
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 341

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Art. 157 (...) § 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Por fim, há ainda o que a Doutrina chama de “Teoria da descoberta inevitável”15 (inevitable
discovery), segundo a qual também poderá ser utilizada a prova que, embora obtida através de
uma outra prova, ilícita, teria sido obtida inevitavelmente pela autoridade.

EXEMPLO: Imagine que o Juiz tenha determinado a Busca e apreensão de


documentos e objetos na casa do suspeito José. Antes de realizada a diligência,
José, que estava preso, afirma, mediante tortura, que a arma do crime está em sua
residência, dentro do armário. Chegando no local, a autoridade policial constata
que de fato a arma está no armário, mas simultaneamente chega ao local outra
equipe, para cumprimento do Mandado de Busca e Apreensão determinado
anteriormente. Ora, a arma seria localizada inevitavelmente pela equipe que fora
realizar a busca e apreensão (diligência válida e regular).

Portanto, a prova ilícita por derivação (arma do crime, à qual se chegou através de
interrogatório mediante tortura) teria sido inevitavelmente descoberta de forma
lícita, ainda que não houvesse a prova ilícita que lhe deu origem.

Assim, a prova foi obtida de forma ilícita, pois decorreu do interrogatório


mediante tortura. Todavia, analisando-se as circunstâncias, é perfeitamente
possível concluir que esta mesma prova acabaria sendo obtida de qualquer modo,
licitamente.

Desta forma, a prova poderá ser usada no processo.

5.3 Provas ilegítimas

São provas obtidas mediante violação a normas de caráter eminentemente processual, sem
que haja nenhum reflexo de violação a normas constitucionais.

EXEMPLO: Imagine que num determinado processo criminal em uma comarca do


interior, não havendo perito oficial, o Juiz tenha determinado a produção de prova
pericial por um perito não oficial. Esta prova pericial produzida será ilegítima, pois
viola uma norma processual, prevista no art. 159, § 1° do CPP:

Art. 159 (...)

15
Também chamada de “exceção da fonte HIPOTÉTICA independente”.

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§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Neste caso, não há qualquer violação à Constituição, pois a realização de uma


prova pericial por apenas um perito não-oficial, ao invés de dois, em nada
prejudica algum direito fundamental. No entanto, trata-se de violação a uma
norma processual, de forma que esta prova é considerada ilegítima.

Não se pode esquecer que o termo “ilegítimas” só se aplica às provas obtidas com violação
às normas de direito PROCESSUAL. Já o termo “ilícitas” se aplica apenas às provas obtidas com
violação às normas de direito material.

Assim:

ILÍCITAS (08 LETRAS) – MATERIAL (08 LETRAS)

ILEGÍTIMAS (10 LETRAS) – PROCESSUAL (10 LETRAS)

5.4 Consequências processuais no caso de reconhecimento da


ilegalidade da prova

Reconhecida a ilegalidade da prova, este reconhecimento gera algumas consequências


práticas no processo criminal. Entretanto, estas consequências são diferentes no caso de provas
ilícitas (ilícitas e ilícitas por derivação) e provas ilegítimas.

5.5 Consequências processuais do reconhecimento da ilicitude da prova

No caso das provas ilícitas e ilícitas por derivação, declarada sua ilicitude, elas deverão ser
desentranhadas do processo16 e, após estar preclusa a decisão que determinou o
desentranhamento (não couber mais recurso desta decisão), esta prova será inutilizada pelo Juiz.
É o que preconiza o § 3° do art. 157 do CPP:

16
Sobre os efeitos do reconhecimento da ilicitude da prova, vale destacar que o mero reconhecimento da
ilicitude da prova não é capaz de ensejar o trancamento da ação penal ou a prolação de uma sentença
condenatória. A ação penal pode possuir justa causa (elementos mínimos de prova) calcada em outras provas,
não declarada ilícitas, bem como a condenação pode sobrevir condenação, também fundada em outras provas,
não vinculadas à prova considerada ilícita (Informativo 776 do STF).

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Art. 157 (...) § 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada


inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes
acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Trata-se, portanto, de valoração da ilicitude da prova ANTES DA SENTENÇA. Entretanto,


em relação à simetria de tratamento que se dá às provas ilícitas e às nulidades absolutas, a ilicitude
destas provas poderá ser arguida a qualquer momento, inclusive após a sentença.

CUIDADO! Há parcela da Doutrina, no entanto, vem entendendo que, desentranhada prova


declarada inadmissível, a sua inutilização não é obrigatória, podendo o Magistrado declarar a
inadmissibilidade da prova, mas não decretar seu desentranhamento e inutilização.

Isto se deve em razão da existência de forte entendimento17 no sentido de que a prova, ainda que
seja ilícita, se for a única prova que possa conduzir à absolvição do réu, ou comprovar fato
importante para sua defesa, em razão do princípio da proporcionalidade, deverá ser utilizada no
processo. Assim, a inutilização da prova inviabilizaria sua utilização pro reo.

EXEMPLO: Imagine que Marcelo, acusado de homicídio, saiba que, na verdade, Bruno é o
verdadeiro homicida, mas não possui provas acerca disso. No entanto, Marcelo adentra à casa de
Bruno pela madrugada e acopla um dispositivo para realização de escutas. Durante a utilização do
dispositivo, Bruno comenta diversas vezes com sua esposa acerca da autoria do homicídio,
confessando-o. Esta prova, obtida ilicitamente (violação ao Direito à privacidade, art. 5°, X da
Constituição), por ser a única capaz de provar a inocência de Marcelo, apesar de ilícita, poderá ser
utilizada para sua absolvição.

Entretanto, a prova não passa a ser considerada lícita. Ela continua sendo ilícita, mas
excepcionalmente será utilizada, apenas para beneficiar o acusado (Marcelo). Isso é extremamente
importante, pois se a prova passasse a ser considerada lícita, poderia ser utilizada para incriminar
o verdadeiro autor do crime (Bruno). Entretanto, como ela continua sendo prova ilícita, poderá ser
utilizada para inocentar Marcelo, mas não poderá ser utilizada para incriminar Bruno, pois a

17
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 320

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Doutrina e Jurisprudência dominantes só admitem a utilização da prova ilícita pro reo, e não pro
societate. MUITO CUIDADO COM ISSO!

Outra questão interessante diz respeito à IMPOSSIBILIDADE de o Juiz que conhecer do


conteúdo da prova declarada inadmissível vir a proferir posteriormente a sentença ou acórdão.
Tal previsão havia sido incluída no art. 157, §4º (na reforma de 2008), mas foi vetada à época, e a
Doutrina entendia equivocado o veto. A Lei 13.964/19, enfim, 11 anos depois, efetivamente incluiu
tal previsão no CPP (art. 157, §5º do CPP):

Art. 157 (...) § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível
não poderá proferir a sentença ou acórdão

Assim, caso o Juiz reconheça que determinada prova é ilícita e, portanto, inadmissível, este
mesmo Juiz não poderá posteriormente proferir a sentença, devendo ser designado outro Juiz
(conforme as regras de substituição previstas pelo Tribunal) para proferir sentença.

Qual a razão de tal vedação, professor? A razão é simples. Quando o Juiz declara inadmissível
uma prova, dada sua ilicitude, aquela prova passa a não fazer mais parte dos autos do processo e,
portanto, não pode ser utilizada para formar o convencimento do Juiz. Todavia, na prática,
nenhum ser humano é absolutamente isento e capaz de fazer tal separação. Imagine que um Juiz
tomou conhecimento de uma confissão realizada pelo réu, mas tal confissão foi obtida mediante
interceptação telefônica clandestina. Ainda que o referido Juiz não possa fundamentar sua decisão
com base naquela confissão (prova ilícita), é inegável que aquilo está na cabeça do Juiz e vai fazer
com que o mesmo olhe para as demais provas dos autos já com a imagem de um culpado em sua
cabeça.

ATENÇÃO! Este dispositivo teve sua eficácia SUSPENSA cautelarmente pelo STF
na ADI 6298. Assim, até a análise definitiva do mérito da ADI, a eficácia do §5º do
art. 157 está suspensa.

Qual é o recurso cabível em face da decisão referente à ilicitude da prova? A Doutrina entende
que:

• Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova – Cabe RESE, nos termos do art.
581, XIII do CPP.
• Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova apenas na sentença – Cabe
APELAÇÃO.

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• Decisão que NÃO RECONHECE a ilicitude da prova – Não cabe recurso (seria possível
o manejo de HC ou MS).

5.6 Consequências processuais do reconhecimento da ilegitimidade da


prova

Diferentemente do que ocorre com as provas ilícitas, em que a natureza e a gravidade dos
crimes podem implicar a sua utilização, no que tange às provas ilegítimas, o critério para definição
de sua utilização ou não será outro.

Para que se defina se a prova ilegítima (obtida ou produzida mediante violação à norma de
caráter processual) será utilizada ou não, devemos distingui-las em dois grupos: provas ilegítimas
por violação a norma processual de caráter absoluto (que importam nulidade absoluta) e provas
ilegítimas por violação a norma processual de caráter relativo (que importam em nulidade relativa).

A prova decorrente de violação à norma processual de caráter absoluto (nulidade absoluta)


jamais poderá ser utilizada no processo, pois as nulidades absolutas, são questões de ordem
pública e são insanáveis. O STF e o STJ estão relativizando isso, ao fundamento de que não pode
ser declarada qualquer nulidade sem comprovação da ocorrência de prejuízo).

Já a prova decorrente de violação à norma processual de caráter relativo (nulidade relativa),


poderá ser utilizada, desde que não haja impugnação à sua ilegalidade (essa ilegalidade deve ser
arguida por alguma das partes, não podendo o Juiz suscitá-la de ofício), ou tenha sido sanada a
irregularidade em tempo oportuno.

Seja como for, de acordo com a Doutrina majoritária, às provas ilegítimas deve ser aplicado
o regime jurídico das nulidades, e não as regras atinentes às provas ilícitas, que vimos
anteriormente.

Quadro esquemático:

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Provas ilícitas
propriamente Tenham sido
Violação a ditas obtidas por
normas de fonte
Provas ilícitas Podem ser independente
direito
material Provas ilícitas utilizadas,
por excepcional
PROVAS derivação mente,
Quando seriam
ILEGAIS inevitavelmente
quando: descobertas
Violação a Aplica-se o por fonte
Provas normas de regime independente
ilegítimas direito jurídico das
processual nulidades

PROVAS EM ESPÉCIE

1 Reconhecimento de pessoas e coisas

Está previsto nos arts. 226 a 228 do CPP:

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,


proceder-se-á pela seguinte forma:

I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a


pessoa que deva ser reconhecida;

II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao


lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;

III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento,
por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da
pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não
veja aquela;

IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela


autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.

Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da
instrução criminal ou em plenário de julgamento.

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Uma observação é importante: o § único do art. 226 não vem sendo aplicado pela
Jurisprudência, que admite o reconhecimento de pessoa, pelo reconhecedor, de forma que seja
preservada a identidade desta última, AINDA QUE NA FASE DE INSTRUÇÃO CRIMINAL OU EM
PLENÁRIO DE JULGAMENTO.

No reconhecimento de coisas, aplicam-se as mesmas regras, no que for cabível. Assim, não
se aplica, portanto, o inciso III do art. 226, por questões de lógica.

Tanto no reconhecimento de pessoas como no de coisas, se houver mais de uma pessoa


para fazer o reconhecimento, cada uma delas realizará o ato em separado, de forma a que uma
não influencie a outra. Trata-se do princípio da individualidade aqui também presente (art. 228 do
CPP).

Apesar de não estarem expressamente previstos na Lei, a Doutrina e a jurisprudência admitem o


reconhecimento fotográfico e o reconhecimento fonográfico. No primeiro, o reconhecedor é
chamado a dizer se reconhece a pessoa ou coisa que aparece em determinada imagem. No
reconhecimento fonográfico o reconhecedor (a vítima ou outra pessoa) é chamado a dizer se
reconhece determinada voz como sendo a da pessoa investigada/acusada.

EXEMPLO: Maria foi vítima de um crime de roubo, praticado por dois criminosos
encapuzados. Maria, todavia, apesar de não ter visto o rosto de nenhum deles,
ouviu a voz de um dos criminosos, que era quem conduzia a empreitada criminosa.
A autoridade policial, durante as investigações, conclui que José pode ter sido um
dos autores do crime, e mediante autorização judicial, tem acesso a vários áudios
enviados por José a outras pessoas por meio de um aplicativo para smartphones.
Maria, então, é chamada para dizer se reconhece a voz contida naqueles áudios
(voz de José) como sendo a voz do criminoso.

Importante esclarecer que o acusado não está obrigado a fornecer material fonográfico para que
haja o reconhecimento de voz (princípio do nemo tenetur se detegere).

Ademais, é também importante destacar que este reconhecimento fonográfico não deve ser
confundido com a perícia para verificação de locutor, que é um exame pericial por meio do qual
um PERITO analisa se determinada voz gravada (interceptação telefônica, p. ex.) provém, ou não,
de determinada pessoa.

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2 Da acareação

A acareação é o chamado “colocar frente a frente” duas pessoas que prestaram informações
divergentes. Fundamenta-se no constrangimento, ou seja, busca-se que o “mentiroso” se retrate
da informação errada que forneceu.

Pode ser realizada tanto na fase de investigação quanto na fase processual.

• Mas quem pode ser acareado? Nos termos do art. 229 do CPP:

Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha,
entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
circunstâncias relevantes.

Assim, podem ser acareados testemunhas, acusados e ofendidos, entre si (acusado x


acusado) ou uns com os outros (ofendido x testemunha). Embora o CPP fale em “acusado” o termo
está errado, pois pode ocorrer a acareação também em sede policial.

OS PERITOS NÃO ESTÃO SUJEITOS À ACAREAÇÃO! O STJ, contudo, já se manifestou pela


possibilidade dessa acareação, quando houver suspeita de que um dos peritos (ou ambos)
deliberadamente elaborou falsa perícia.

A acareação também pode ser feita mediante carta precatória, quando encontrarem-se em
localidades distintas. Nos termos do art. 230 do CPP:

Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra,
que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância,
expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos
em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete
a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida
para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe
demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

Na verdade, essa hipótese descaracteriza a natureza da acareação, que é a de colocar “frente


a frente” duas pessoas, de forma a, mediante constrangimento, fazer emergir a verdade.

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3 Da prova documental

A definição de documento se encontra no art. 232 do CPP:

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,


públicos ou particulares.

Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o


mesmo valor do original.

A prova documental pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo nos casos em
que a lei expressamente veda sua produção fora de um determinado momento18. Nos termos do
art. 231 do CPP:

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar


documentos em qualquer fase do processo.

As cartas e demais documentos interceptados ilegalmente, por óbvio, não poderão ser
juntados aos autos:

Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos,


não serão admitidas em juízo.

Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo


destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do
signatário.

O Juiz também pode determinar a produção de prova documental, se tiver notícia de algum
documento importante:

Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto


relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.

18
Uma exceção a esta regra está no art. 479 do CPP, que veda a exibição de documentos, aos jurados, que não tenham
sido juntados aos autos com antecedência mínima de TRÊS DIAS ÚTEIS:
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008)

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A Doutrina classifica os documentos como:

• Instrumentos – Aqueles que foram produzidos com a específica finalidade de


produzir prova. Dividem-se em públicos e privados;
• Documento stricto sensu – Todo escrito que não foi produzido com a finalidade de
produzir prova, mas possa, eventualmente, ter essa função. Também se dividem em
públicos e privados.

3.1 Valor probante dos documentos

Os documentos, como qualquer prova, possuem o valor que o Juiz lhes atribuir. Entretanto,
alguns documentos, em razão da pessoa que os confeccionou, possuem, inegavelmente, maior
valor.

O valor dos documentos não se refere, apenas, ao poder para formar o convencimento do
Juiz, mas também à EXTENSÃO DE SUA FORÇA PROBANTE.

Como assim, professor? Explico!

Os instrumentos públicos (produzidos pela autoridade pública competente) fazem prova:

⇒ Dos fatos ocorridos na presença da autoridade que o elaborou;


⇒ Das declarações de vontade emitidas na presença da autoridade que lavrou o
documento;
⇒ Dos fatos e atos nele documentados;

Já os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas testemunhas, provam as


obrigações firmadas entre elas. No entanto, essa eficácia não alcança terceiros.

3.2 Vícios dos documentos

Pode ocorrer de o documento apresentado possuir algum vício, que pode ser:

⇒ Extrínseco – relacionado à inobservância de determinada formalidade para a elaboração


do documento;
⇒ Intrínseco – relacionado à essência, ao conteúdo do próprio ato;

O documento, embora não viciado, pode ser falso. A falsidade pode ser:

⇒ Material – relativa à criação de um documento falso, fruto da adulteração de um


documento existente ou da criação de um completamente falso;
⇒ Ideológica – refere-se à substância, ao conteúdo do fato documentado.

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A diferença entre o vício e a falsidade consiste no dolo do agente. No vício não há


propriamente dolo, mas apenas uma irregularidade. Já na falsidade o documento foi
deliberadamente adulterado ou produzido de maneira errada.

Se alguma das partes alegar a falsidade do documento, deverá ser instaurado incidente de
falsidade documental, nos termos do art. 145 do CPP.

4 Indícios

Os indícios são elementos de convicção cujo valor é inferior, pois NÃO PROVAM o fato que
se discute, mas provam outro fato, a ele relacionado, que faz INDUZIR que o fato discutido ocorreu
ou não.

Nos termos do art. 239 do CPP:

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo


relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias.

Parte da Doutrina, no entanto, admite que se o indício for muito relevante, será considerado
prova indiciária, podendo embasar uma sentença condenatória19 (é bem discutível).

Os indícios, porém, são diferentes das presunções legais, pois os indícios apenas induzem
uma conclusão mais ou menos lógica (exemplo: Meu carro foi encontrado estacionado próximo
ao local do crime, o que leva à conclusão de que provavelmente eu estaria ali). Já as presunções
legais são situações nas quais a lei estabelece que são verdadeiros determinados fatos, se outros
forem verdadeiros.

EXEMPLO: Se A é menor de 14 anos (fato provado), é incapaz de consentir na


relação sexual (fato presumido). A presunção pode ser absoluta ou relativa,
conforme possa admitir prova em contrário (desconstituição da presunção) ou não.

Lembrando que a presunção isenta a parte de provar o fato presumido, mas não de provar
o fato que gera a presunção. J

As presunções, POR SI SÓS, podem fundamentar uma condenação!

19
Para NUCCI os indícios são aptos a sustentar uma condenação. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 455/456

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5 Da busca e apreensão

Em regra, a “busca e apreensão” é um meio de obtenção de prova. Entretanto, pode ser um


meio de assegurar direitos (quando se determina o arresto de um bem para garantir a reparação
civil, por exemplo).20 Tecnicamente, busca e apreensão são duas coisas distintas, pois pode haver
busca sem que se consiga apreender pessoa ou coisa, bem como pode haver apreensão sem que
tenha havido busca (entrega voluntária, por exemplo).

A Busca e apreensão pode ocorrer na fase judicial ou na fase de investigação policial. Pode
ser determinada a requerimento do MP, do defensor do réu, ou representação da autoridade
policial. Vejamos:

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de


qualquer das partes.

Por fim, a busca pode ser domiciliar ou pessoal (art. 240 do CPP). Veremos a seguir.

5.1 Busca e apreensão domiciliar

Nos termos do art. 240, § 1° do CPP:

Art. 240 (...) § 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a


autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados


ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou


destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,


quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;

20
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 460/461

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g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

Este rol é considerado pela Doutrina e Jurisprudência predominantes como um ROL


TAXATIVO, ou seja, não admite ampliação.

Parte da Doutrina entende, ainda, que previsão do inciso f (“cartas abertas ou não...”) não
foi recepcionada pela Constituição, que tutelou, sem qualquer ressalva, o sigilo da
correspondência. Nos termos do art. 5°, XII da Constituição:

Art. 5º (...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)

ATENÇÃO! A Doutrina majoritária sustenta que a carta aberta pode ser objeto de busca e
apreensão (a carta, uma vez aberta, torna-se um documento como outro qualquer).21

A busca domiciliar só pode ser determinada pela autoridade judiciária (Juiz)22, em razão do
princípio constitucional da inviolabilidade de domicílio, previsto no art. 5°, XI da Constituição:

Art. 5º (...) XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo


penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Percebam, assim, que mesmo com autorização judicial, a diligência só poderá ser realizada
durante o dia. Esta norma, inclusive, é regulamentada pelo art. 245 do CPP:

Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador


consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
em seguida, a abrir a porta.

21
O STF entende que a Administração Penitenciária pode abrir correspondência remetida pelos condenados, de forma
EXCEPCIONAL e fundamentada, quando envolver questão de segurança pública, disciplina prisional ou preservação
da ordem jurídica. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015,
p. 712
22
Jurisdicionalidade da medida.

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Vejam, portanto, que a busca domiciliar deverá ser realizada de dia, EXCETO se o
morador consentir que seja realizada à noite. Ou seja: sem o consentimento do
morador, só durante o dia; todavia, se o morador autorizar, pode ser realizada à
noite.

• Mas, qual o conceito de dia? Há divergência doutrinária23 e jurisprudencial. Na


jurisprudência prevalece o conceito físico-astronômico: dia é o lapso de tempo entre o
nascer (aurora) e o pôr-do-sol (crepúsculo).
• Qual é o conceito de casa? Casa, para estes fins, possui um conceito muito amplo,
considerando-se, como norte interpretativo o conceito previsto no art. 246 do CPP:

Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de


proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de
==1570b7==

habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém


exercer profissão ou atividade.

Assim, podemos entender “casa” como qualquer:

• Compartimento habitado
• Aposento ocupado de habitação coletiva
• Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.

Assim, não é necessário que se trate de local destinado à moradia, podendo ser, por
exemplo, um escritório ou consultório particular. A inexistência de obstáculos (ausência de cerca
ou muro, por exemplo), não descaracteriza o conceito.

CUIDADO! Os veículos, em regra, não são considerados domicílio, salvo se representarem a


habitação de alguém (Boleia do caminhão, trailer, etc.), de acordo com a Doutrina majoritária. O

23
Há quem sustente ser o período entre as 6:00h e as 18:00h (José Afonso da Silva) e quem sustente que deve haver
uma combinação de ambos os critérios (Alexandre de Moraes). LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal.
3º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 713

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STJ, porém, em decisão mais recente, considerou que a boleia, por exemplo, não seria casa para
fins penais. 24

CUIDADO! Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., são considerados CASA para estes efeitos,
quando estiverem ocupados.

A ordem judicial de busca e apreensão deve ser devidamente fundamentada, esclarecendo


as FUNDADAS RAZÕES nas quais se baseia. Caso a própria autoridade que proferir a ordem
realize a diligência, não há necessidade de mandado escrito, bastando que se qualifique e explicite
o objeto da diligência (art. 241 e 245 § 1° do CPP).

Art. 241. Quando a própria autoridade policial25 ou judiciária não a realizar


pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

§ 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e


o objeto da diligência.

⇒ Mas e se não houver ninguém em casa? O CPP determina que seja intimado algum
vizinho para que presencie o ato. Nos termos do § 4° do art. 245 do CPP:

§ 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores,


devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.

De qualquer forma, a diligência, por si só vexatória e constrangedora, deve violar o mínimo


possível da intimidade da pessoa que sofre a busca domiciliar. Nos termos do art. 248 do CPP:

Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Além disso, a autoridade que irá cumprir a diligência deve se ater ao objeto da busca e
apreensão. Assim, se a pessoa indica onde está a coisa que se foi buscar, e sendo esta encontrada,
não pode a autoridade simplesmente resolver continuar vasculhando o local, por achar que pode
encontrar mais objetos.

24
A decisão considerou que o transporte de arma de fogo ilegalmente na boleia configurava PORTE ilegal de arma
de fogo, não POSSE. Assim, entendeu-se que a boleia não seria casa para fins penais.
25
O termo “policial” não foi recepcionado pela nossa Constituição de 1988, pois a busca domiciliar depende de
ORDEM JUDICIAL, de maneira que o fato de a autoridade policial realizar pessoalmente a busca não dispensa a
obrigatoriedade do MANDADO JUDICIAL. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 472

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O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso possível, de forma a limitar ao
estritamente necessário a ação da autoridade que realizará a diligência, devendo especificar
claramente o local, os motivos e fins da diligência. Deverá, ainda, ser assinado pelo escrivão e pela
autoridade que a determinar:

Art. 243. O mandado de busca deverá:

I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência


e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II - mencionar o motivo e os fins da diligência;

III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do


acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

E no caso de a diligência ter de ser realizada no escritório de advogado? Nos termos do art. 7°,
§6° do Estatuto da OAB, alguns requisitos devem ser observados:

• Deve haver indícios de autoria e materialidade de crime praticado PELO PRÓPRIO


ADVOGADO;
• Decretação da quebra da inviolabilidade pela autoridade Judiciária competente;
• Decisão fundamentada;
• Acompanhamento da diligência por um representante da OAB;

Na verdade, as únicas diferenças em relação à regra geral são a necessidade de que o crime
tenha sido praticado pelo PRÓPRIO ADVOGADO e que acompanhe a diligência um representante
da OAB.

Podemos sintetizar o procedimento da busca domiciliar da seguinte forma:

⇒ Apresentação e leitura do mandado

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⇒ Intimação para abertura da porta


• Recalcitrando o morador, admite-se o uso da força
• Sendo específica a coisa ou pessoa objeto da busca e apreensão, será o morador
intimado a mostrá-la
⇒ Encontrada a pessoa ou coisa, será imediatamente apreendida e posta sob custódia
da autoridade ou de seus agentes
⇒ Finalizada a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com
duas testemunhas presenciais

5.2 Busca pessoal

A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a finalidade de encontrar arma proibida
ou determinados objetos. Nos termos do § 2° do art. 240 do CPP:

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que


alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e
letra h do parágrafo anterior.

Ao contrário da busca domiciliar, poderá ser feita de maneira menos formal, podendo ser
decretada pela autoridade policial e seus agentes, ou pela autoridade judicial.

Entretanto, mesmo nesse caso, a realização da busca deve se basear em FUNDADAS


SUSPEITAS de que o indivíduo se encontre em alguma das hipóteses previstas no CPP.

A Doutrina entende que o termo “fundadas suspeitas” denota uma situação mais frágil que
o termo “fundadas razões”, que devem ser bastante claras e robustas.

CUIDADO! Apesar da expressão “busca pessoal”, tal diligência não será necessariamente
realizada no corpo ou nas vestes da pessoa. A expressão “oculte consigo” autoriza que a busca
pessoal seja realizada em objetos pessoais da pessoa alvo da busca (malas, mochilas, bolsas, etc.),
inclusive veículos (busca veicular), desde que o veículo não se insira naquele momento no conceito
de casa, pois nesta hipótese devem ser aplicadas as regras de busca domiciliar (doutrina
majoritária).

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O CPP, de forma a compatibilizar a medida com os princípios da dignidade da pessoa


humana, determina que a busca pessoal em mulher será realizada por outra mulher, se não
prejudicar a diligência:

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.

Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa daquela na qual a autoridade
exerce seu poder? Em regra, não. Contudo, o CPP admite essa possibilidade no caso de haver
perseguição, tendo esta se iniciado no local onde a autoridade possui “Jurisdição”.

Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de


jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão,
forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.

O § 1° do CPP explica o que se entende por situação de perseguição:

§ 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da


pessoa ou coisa, quando:

a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem


interrupção, embora depois a percam de vista;

b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em
determinada direção, forem ao seu encalço.

Assim, em resumo, a busca e a consequente apreensão podem ser realizadas em outra


localidade, diversa daquela em que a autoridade exerce sua atribuição, quando ocorrer
perseguição iniciada em território no qual a autoridade exerce sua “jurisdição”.

PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME


Para que o exame de corpo de delito possa ser realizado com sucesso, obtendo-se a maior
fidelidade possível àquilo que efetivamente ocorreu, é indispensável que seja preservada a “cena
do crime”.

O art. 169 do CPP nos esclarece melhor:

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração,
a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das

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coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)

Percebam que é um dever da autoridade a preservação da cena do crime (não permitir a


alteração do estado das coisas), a fim de que os peritos não tenham seu trabalho prejudicado (já
que uma cena desconfigurada pode conduzir a um exame de corpo de delito inútil ou de pouca
utilidade).

Inclusive, tal dever está previsto no art. 6º, I do CPP, que estabelece que a autoridade policial
deve assim proceder logo que tiver conhecimento da ocorrência da infração penal:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Nem mesmo os objetos que sejam relevantes à elucidação do fato podem ser apreendidos
pela autoridade antes da liberação pelos peritos. Vejamos:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:

(...)

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Mas, e se por acaso não tiver sido preservada a cena do crime (local do crime)? Neste caso, os
peritos deverão registrar, no próprio laudo, as alterações ocorridas e discutirão, no relatório, as
consequências que essas alterações provocaram na dinâmica dos fatos, nos termos do art. 169, §
único do CPP.

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DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES


CÓDIGO DE PROCESSSO PENAL

Ä Arts. 155 a 157, 226 a 250 do CPP – Regulamentam a teoria geral da prova no CPP, bem como
os documentos, o reconhecimento de pessoas e coisas, a acareação, os indícios e a busca e
apreensão:

TÍTULO VII

DA PROVA

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)

Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as


restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008)

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de


provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação
e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização


de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas

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puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites


típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível,


esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá


proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei 13.964/19) – Exigibilidade
suspensa pelo STF (ADI 6298)

(...)

CAPÍTULO VII

DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,


proceder-se-á pela seguinte forma:

I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a


pessoa que deva ser reconhecida;

Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado


de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver
de fazer o reconhecimento a apontá-la;

III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento,
por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da
pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não
veja aquela;

IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela


autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.

Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na fase da
instrução criminal ou em plenário de julgamento.

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Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas


estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.

Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de


pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer
comunicação entre elas.

CAPÍTULO VIII

DA ACAREAÇÃO

Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha,
entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
circunstâncias relevantes.

Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os


pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.

Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra,
que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância,
expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos
em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete
a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida
para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe
demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

CAPÍTULO IX

DOS DOCUMENTOS

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar


documentos em qualquer fase do processo.

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,


públicos ou particulares.

Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o


mesmo valor do original.

Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos,


não serão admitidas em juízo.

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Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo


destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do
signatário.

Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto


relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.

Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame
pericial, quando contestada a sua autenticidade.

Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada


imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por
pessoa idônea nomeada pela autoridade.

Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em


presença da autoridade.

Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante
requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os
produziu, ficando traslado nos autos.

CAPÍTULO X

DOS INDÍCIOS

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo


relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias.

CAPÍTULO XI

DA BUSCA E DA APREENSÃO

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,


para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

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c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados


ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou


destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,


quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que


alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e
letra h do parágrafo anterior.

Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar


pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de


qualquer das partes.

Art. 243. O mandado de busca deverá:

I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência


e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II - mencionar o motivo e os fins da diligência;

III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do


acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando


houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de

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objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for


determinada no curso de busca domiciliar.

Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador


consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
em seguida, a abrir a porta.

§ 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e


o objeto da diligência.

§ 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.

§ 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas


existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.

§ 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores,


devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.

§ 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será


intimado a mostrá-la.

§ 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida


e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o


com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.

Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de


proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém
exercer profissão ou atividade.

Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da


diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.

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Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de


jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão,
forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.

§ 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da


pessoa ou coisa, quando:

a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem


interrupção, embora depois a percam de vista;

b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em
determinada direção, forem ao seu encalço.

§ 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade


das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da
legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa
legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.

SÚMULAS PERTINENTES

1 Súmulas do STJ

Ä Súmula 455 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que a produção antecipada
de provas, em razão da suspensão do processo decorrente da aplicação do art. 366 do CPP (réu
revel citado por edital), deve ser fundamentada em elementos concretos (risco de perda da prova),
não podendo o Juiz determina-la com base apenas na alegação de que o decurso do tempo
poderia prejudicar a colheita da prova:

Súmula 455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas


com base no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a
justificando unicamente o mero decurso do tempo”.

Ä Súmula 74 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que a prova da MENORIDADE


penal somente pode se dar mediante a apresentação de documento hábil, não sendo possível a
prova de tal fato por outros meios (testemunhal, etc.). Tal entendimento configura exceção ao
sistema do livre convencimento do Juiz, já que, neste caso, temos um exemplo de prova tarifada:

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Súmula 74 do STJ - PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA


MENORIDADE DO REU REQUER PROVA POR DOCUMENTO HABIL.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
Ä STJ - REsp 1111566/DF: O STJ decidiu no sentido de o direito à não autoincriminação
pressupõe a impossibilidade de se obrigar o acusado a realizar o teste do bafômetro, já que isso
constituiria obrigação de produção de prova contra si próprio:

(...) 1. O entendimento adotado pelo Excelso Pretório, e encampado pela


doutrina, reconhece que o indivíduo não pode ser compelido a colaborar com os
referidos testes do 'bafômetro' ou do exame de sangue, em respeito ao princípio
segundo o qual ninguém é obrigado a se autoincriminar (nemo tenetur se
detegere). Em todas essas situações prevaleceu, para o STF, o direito fundamental
sobre a necessidade da persecução estatal.

(...) (REsp 1111566/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Rel. p/ Acórdão
Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RJ), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/03/2012, DJe 04/09/2012)

Ä STF - HC 116931/RJ: O STF decidiu que o mero reconhecimento da ilicitude da prova não é
capaz de ensejar o trancamento da ação penal ou a prolação de uma sentença condenatória, pois
a ação penal pode possuir justa causa (elementos mínimos de prova) calcada em outras provas,
não declarada ilícitas, bem como a condenação pode sobrevir condenação, também fundada em
outras provas, não vinculadas à prova considerada ilícita.

(...) A defesa sustentava que a peça acusatória embasara-se em prova ilícita,


constituída por elementos colhidos mediante quebra de sigilo bancário
requisitado diretamente pela Receita Federal às instituições financeiras. A Turma
consignou que o STJ, ao conceder parcialmente a ordem em “habeas corpus” lá
apreciado, reconhecera a nulidade da prova colhida ilicitamente, mas deixara de
trancar a ação penal, tendo em conta remanescerem outros elementos de prova,
regularmente colhidos, que seriam suficientes para atestar a materialidade e
autoria dos delitos. Ademais, tendo em conta essa decisão proferida pelo STJ, o
juízo de 1º grau reanalisara a viabilidade da ação penal, a despeito das provas
então consideradas nulas, e concluíra pela existência de justa causa amparada por
outras provas. Na ocasião, não apenas as provas ilícitas foram retiradas dos autos,
como os fatos a ela relacionados também foram desconsiderados. Posteriormente
à impetração perante o STF, fora prolatada sentença condenatória, na qual
nenhuma prova produzida ilegalmente fora utilizada para a condenação. O juízo
natural da ação penal, com observância do contraditório, procedera ao exame do

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suporte probatório produzido, e afastara dele o que lhe poderia contaminar pela
ilicitude declarada pelo STJ, para concluir pela existência de elementos
probatórios idôneos para justificar a condenação. Apenas parte da apuração teria
sido comprometida pelas provas obtidas a partir dos dados bancários
encaminhados ilegalmente à Receita Federal. Evidenciada, pela instância
ordinária, a ausência de nexo causal entre os elementos de prova efetivamente
utilizados e os considerados ilícitos, não se poderia dizer que o suporte
probatório ilegal contaminara todas as demais diligências. HC 116931/RJ, rel. Min.
Teori Zavascki, 3.3.2015. (HC-116931)

EXERCÍCIOS COMENTADOS
01. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)
Quanto aos princípios, meios e conceitos da investigação criminal, julgue o item a seguir.
Documento público que comprove determinado fato delituoso sob investigação e que seja
apreendido no cumprimento de mandado de prisão funcionará como meio de prova, enquanto o
mandado de busca será caracterizado como meio de obtenção de fontes materiais de prova.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois o documento (público ou particular) é um meio de prova, na forma do art. 232
do CPP. Ademais, a diligência de busca (com a consequente apreensão), nesse contexto, funciona
como meio de obtenção de prova, já que o instrumento utilizado pelo Estado para alcançar o meio
de prova.
Vale frisar que a diligência de busca pode ter outras finalidades, como, por exemplo, prender
criminosos, apreender pessoas vítimas de crimes, apreender coisas obtidas por meios criminosos,
etc.
GABARITO: CORRETA
02. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)
Acerca dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
O juiz detém discricionariedade quanto à valoração dos elementos probatórios, porém é limitado
à obrigatoriedade de motivação de sua decisão, com base em dados e critérios objetivos.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois o art. 155 do CPP assim estabelece:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)

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Como se vê, pelo sistema da persuasão racional, adotado como regra pelo CPP, o Juiz tem
liberdade para apreciar e valorar a prova, não sendo obrigar a conferir maior valor a este ou àquele
elemento de prova.
Todavia, o Juiz deve fundamentar sua decisão nos elementos colhidos sob o crivo do contraditório,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
durante a fase de investigação (ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas).
Assim, apesar de ter liberdade para apreciar e valorar os elementos de prova constantes nos autos,
o Juiz não pode simplesmente usar da subjetividade para decidir, devendo apontar objetivamente
os motivos que o levaram a concluir que este ou aquele elemento de prova é indicativo de culpa
ou inocência do acusado.
GABARITO: CORRETA
03. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)
Acerca dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
No curso da instrução criminal, é vedado ao juiz determinar, de ofício, a realização de diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante, devendo-se limitar às provas apresentadas pelas partes.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o Juiz pode, durante a instrução processual ou antes de proferir sentença,
determinar, de ofício, a realização de diligência para dirimir dúvida sobre ponto relevante do
processo, na forma do art. 156, II do CPP:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

(...)

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização


de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)

Essa iniciativa probatória pelo Juiz é medida excepcional e foge à regra que estabelece incumbir
às partes a iniciativa da produção de provas no processo penal.
GABARITO: ERRADA

04. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A boleia de um caminhão,


utilizada pelo motorista, ainda que provisoriamente, como dormitório e local de guarda de seus
objetos pessoais em longas viagens, não poderá ser objeto de busca e apreensão sem a
competente ordem judicial na hipótese de fiscalização policial com a finalidade de revista
específica àquele veículo.

COMENTÁRIOS

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Há polêmica nesta questão. A maioria da Doutrina considera a boleia de caminhão como casa para
fins de busca (Ver, por todos, Nestor Távora). Todavia, em decisão mais recente, o STJ entendeu
que a boleia não seria casa para fins penais. Não se tratava de questão envolvendo diligência de
busca, mas porte ilegal de arma de fogo. O STJ entendeu que o transporte da arma na boleia
configurava PORTE e não POSSE, já que a boleia não seria casa para estes fins.

Questão polêmica, motivo pelo qual a questão foi anulada.

GABARITO: ANULADA

05. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A entrada forçada em


determinado domicílio é lícita, mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso
esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas modalidades próprio, impróprio
ou ficto.

COMENTÁRIOS

Há polêmica nesta questão. Uma parte da Doutrina entende que somente o flagrante próprio
admitiria a violação do domicílio. Outros, porém, entendem que qualquer modalidade de flagrante
admitiria a violação do domicílio, até por não haver qualquer limitação legal quanto à modalidade
de flagrante (ou seja, qualquer hipótese de flagrante admitiria a violação do domicílio).

O CESPE, seguindo a linha majoritária, entendeu estar correta.

GABARITO: Correta

06. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO) João integra uma organização criminosa
que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem
estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira.
A partir dessa situação hipotética, julgue os itens subsequentes.
A busca no depósito onde estão armazenados os cigarros contrabandeados será precedida da
expedição de um mandado de busca e apreensão, que deverá incluir vários itens, sendo
imprescindíveis apenas a indicação precisa do local da diligência e a assinatura da autoridade que
expedir esse documento.

COMENTÁRIOS

Item errado, pois não basta apenas a indicação do local preciso em que será realizada a diligência
e a assinatura da autoridade, sendo necessárias as demais informações elencadas no art. 243 do
CPP (como os fins da diligência, por exemplo):

Art. 243. O mandado de busca deverá:

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I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência


e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II - mencionar o motivo e os fins da diligência;

III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

GABARITO: Errada

07. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE) Depois de adquirir um revólver calibre 38,
que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em
desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado
em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido
à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue os itens seguintes.
Caso declarações de José sejam divergentes de declarações de testemunhas da receptação
praticada, poderá ser realizada a acareação, que é uma medida cabível exclusivamente na fase
investigatória.

COMENTÁRIOS

Item errado, pois a acareação não é admitida apenas na fase de investigação, sendo admitida
também durante o processo, na forma do art. 229 do CPP.

GABARITO: Errada

08. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTIÇA) A respeito de prova criminal, de medidas
cautelares e de prisão processual, julgue os itens que se seguem.
No caso de haver resistência do morador, permite-se o uso da força na busca domiciliar iniciada
de dia e continuada à noite, com a exibição de mandado judicial, devendo a diligência ser
presenciada por duas testemunhas que poderão atestar a sua regularidade.

COMENTÁRIOS

Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 245, caput e §§ 3º e 7º do CPP.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

09. (CESPE – 2018 – PC-MA – DELEGADO – ADAPTADA) Em atendimento ao princípio da


legalidade, no processo penal brasileiro são inadmissíveis provas não previstas expressamente
no CPP.

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COMENTÁRIOS

Item errado, pois o Brasil não adotou o sistema taxativo da prova. O sistema taxativo implica a
impossibilidade de produção de outros meios de prova que não sejam aqueles expressamente
previstos na Lei Processual. No Brasil, é plenamente possível a utilização de meios de prova
inominados ou atípicos (não previstos expressamente na Lei).

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

10. (CESPE – 2017 – PC-MT – DELEGADO – ADAPTADA) De acordo com o princípio do livre
convencimento motivado, a decisão judicial condenatória poderá ser fundamentada
exclusivamente nos elementos probatórios coletados durante o inquérito policial.

COMENTÁRIOS

Item errado, pois o art. 155 do CPP expressamente veda que a decisão seja fundamentada apenas
em elementos de convicção colhidos durante a fase pré-processual:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

11. (CESPE – 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Acerca dos sistemas de
apreciação de provas e da licitude dos meios de prova, julgue o item subsequente.
Embora o ordenamento jurídico brasileiro tenha adotado o sistema da persuasão racional para a
apreciação de provas judiciais, o CPP remete ao sistema da prova tarifada, como, por exemplo,
quando da necessidade de se provar o estado das pessoas por meio de documentos indicados
pela lei civil.

COMENTÁRIOS

Item correto, pois o CPP adota, como regra geral, o sistema da persuasão racional, ou sistema do
livre convencimento baseado em provas, na forma do art. 155 do CPP.

Todavia, em alguns casos, o CPP se remete ao sistema da prova tarifada, quando, por exemplo,
exige a certidão de óbito para a prova da morte com vistas à extinção da punibilidade (art. 62 do
CPP).

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O mesmo se dá com relação à prova do estado civil das pessoas, que exige o cumprimento das
restrições impostas pela lei civil, na forma do art. 155, § único do CPP.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

12. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE DE POLÍCIA – ADAPTADA) Conforme a teoria dos frutos
da árvore envenenada, são inadmissíveis provas ilícitas no processo penal, restringindo-se o seu
aproveitamento a casos excepcionais, mediante decisão fundamentada do juiz.

COMENTÁRIOS

Item errado, pois as provas derivadas das ilícitas são também inadmissíveis, sendo consideradas
contaminadas pela prova originariamente ilícita, devendo ser desentranhadas do processo, “salvo
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”, na forma do art. 157, §1º do
CPP.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

13. (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A prova declarada inadmissível
pela autoridade judicial por ter sido obtida por meios ilícitos deve ser juntada em autos apartados
dos principais, não podendo servir de fundamento à condenação do réu.

COMENTÁRIOS

Pela redação do art. 157 §3º do CPP, a prova, neste caso, deverá ser inutilizada, e não juntada em
autos apartados. Vejamos:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

(...)

§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível,


esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

14. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO) A respeito da prova no processo penal,
julgue os itens subsequentes.

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A consequência processual da declaração de ilegalidade de determinada prova obtida com


violação às normas constitucionais ou legais é a nulidade do processo com a absolvição do réu.

COMENTÁRIOS

O item está errado. A consequência será o seu desentranhamento com posterior inutilização,
sendo desconsiderada para os fins do processo, não havendo que se falar em obrigatoriedade de
absolvição do réu, nos termos do art. 157, §3º do CPP.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

15. (CESPE – 2013 – TJDF – ANALISTA JUDICIÁRIO) Consideram-se ilícitas, inadmissíveis no


processo penal, as provas que importem em violação de normas de direito material (Constituição
ou leis), mas não de normas de direito processual.

COMENTÁRIOS

O item está correto. Na tradicional classificação das provas, as provas ILEGAIS se dividem em
provas ILÍCITAS e provas ILEGÍTIMAS. As primeiras são violações a normas de direito material (e
ainda se dividem em ilícitas propriamente ditas e ilícitas por derivação). As segundas são obtidas
com violação a normas de direito processual.

Embora todas sejam consideradas ILEGAIS, o termo “ilícitas”, de fato, não se aplica às provas
obtidas com violação às normas de direito processual.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

16. (CESPE – 2013 – TJDF – ANALISTA JUDICIÁRIO) Se o teste em etilômetro (teste do


bafômetro) for realizado voluntariamente, sem qualquer irregularidade, não haverá violação do
princípio do nemo tenetur se detegere (direito de não produzir prova contra si mesmo), ainda
que o policial não tenha feito advertência ao examinado sobre o direito de se recusar a realizar
ao exame.

COMENTÁRIOS

O acusado não está obrigado a produzir prova contra si mesmo, pelo princípio do nemo tenetur
se detegere. Contudo, nada impede que ele, voluntariamente, decida produzir determinada
prova, como realizar o teste do bafômetro.

A jurisprudência possui decisões em ambos os sentidos, mas prevalece o entendimento de que,


neste caso, ainda que o policial não tenha feito advertência ao examinado sobre o direito de se
recusar a realizar ao exame, não haverá violação ao princípio que veda a auto-incriminação.

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Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

17. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO - ADAPTADA) Com base no disposto na Constituição
Federal de 1988 acerca do processo penal, assinale a opção correta.
As provas obtidas por meios ilícitos, desde que produzidas durante inquérito policial, poderão ser
admitidas no processo.

COMENTÁRIOS

São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos, independentemente da fase
em que tenham sido produzidas. Vejamos:

Art. 5º (...)

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

18. (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ – ADAPTADA) Em respeito ao princípio acusatório, é vedado
ao magistrado ordenar de ofício a produção antecipada de provas.

COMENTÁRIOS

Item errado, pois o CPP permite ao Juiz determinar a produção antecipada de provas, desde que
se trate de situação de urgência e que a medida seja absolutamente necessária, proporcional e
adequada, nos termos do art. 156, I do CPP.

GABARITO – ERRADA

19. (CESPE – 2015 – DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO) Pedro, sem autorização judicial,
interceptou uma ligação telefônica entre Marcelo e Ricardo. O conteúdo da conversa
interceptada constitui prova de que Pedro é inocente do delito de latrocínio do qual está sendo
processado. Nessa situação, embora a prova produzida seja manifestamente ilícita, em um juízo
de proporcionalidade, destinando-se esta a absolver o réu, deve ser ela admitida, haja vista que
o erro judiciário deve ser a todo custo evitado.

COMENTÁRIOS

Embora a prova seja, neste caso, ilícita, pelo princípio da proporcionalidade, deverá ser admitida
sua utilização em favor do réu, já que o direito à liberdade (decorrente da inocência comprovada)
se sobrepõe à violação da privacidade realizada pela interceptação clandestina.

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A questão poderia ter sido mais específica e ter deixado claro que se tratava da única forma de se
provar a inocência do acusado, mas não acredito que a ausência desta menção seja suficiente para
anular a questão.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

20. (CESPE – 2008 – PGE/ES – PROCURADOR DO ESTADO) Joaquim, indiciado em inquérito


policial, em seu interrogatório na esfera policial, foi constrangido ilegalmente a indicar uma
testemunha presencial do crime de que era acusado. A testemunha foi regularmente ouvida e em
seu depoimento apontou Joaquim como autor do delito. Nessa situação, o depoimento da
testemunha, apesar de lícito em si mesmo, é considerado ilícito por derivação, uma vez que foi
produzido a partir de uma prova ilícita.

COMENTÁRIOS

As provas ilegais são um gênero do qual derivam três espécies: provas ilícitas, provas ilícitas por
derivação e provas ilegítimas.

Provas ilícitas por derivação são aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua essência,
derivam de uma prova ilícita, daí o nome “provas ilícitas por derivação”. Trata-se da aplicação da
Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual, o fato de a
árvore estar envenenada, necessariamente contamina os seus frutos. Trazendo para o mundo
jurídico, significa que o defeito (vício, ilegalidade) de um ato contamina todos os outros atos que
a ele estão vinculados.

No caso em tela, o depoimento da testemunha foi realizado de maneira válida, sendo uma prova
lícita. No entanto, como deriva do depoimento de Joaquim, colhido mediante coação, a prova
testemunhal torna-se ilícita por derivação, já que se originou de prova ilícita.

Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

21. (CESPE – 2008 – PC/TO – DELEGADO DE POLÍCIA) Não se faz distinção entre corpo de
delito e exame de corpo de delito, pois ambos representam o próprio crime em sua
materialidade.

COMENTÁRIOS

Prova é o elemento produzido pelas partes ou mesmo pelo Juiz, visando à formação do
convencimento deste (Juiz) acerca de determinado fato. Como o processo criminal é um processo
de “conhecimento” (pois se busca a certeza, já que reside incerteza quanto à materialidade do
delito e sua autoria), a produção probatória é um instrumento que conduz o Juiz ao alcance da
“certeza”, de forma que, de posse da certeza dos fatos, o Juiz possa aplicar o Direito.

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Por sua vez, o objeto de prova é o fato que precisa ser provado para que a causa seja decidida,
pois sobre ele existe incerteza. Assim, num crime de homicídio, o exame de corpo de delito é
prova, enquanto o fato (existência ou não do homicídio – a materialidade do crime) é o objeto de
prova.

No caso de exame de corpo de delito, o exame é o meio de prova (instrumento processual


mediante o qual a parte busca formar o convencimento do Juiz), sendo o corpo de delito o objeto
material da prova. O objeto da prova é o fato a ser provado (homicídio), sendo o objeto material
da prova a coisa sobre a qual recai o exame (cadáver, etc).

Além disso, o exame de corpo de delito é uma prova pessoal (pois é elaborada por pessoa),
enquanto o corpo de delito é uma prova real (coisa).

Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

22. (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA) É prova lícita


A) a interceptação telefônica determinada pela autoridade policial.
B) a apreensão de carta particular no domicílio do indiciado, sem consentimento do morador.
C) a confissão do indiciado obtida mediante grave ameaça por parte dos policiais.
D) a busca pessoal, realizada sem mandado judicial, quando houver fundada suspeita de flagrante.
E) a declaração do advogado do indiciado acerca de fatos de que teve ciência profissionalmente.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: A interceptação telefônica realizada sem autorização JUDICIAL é considerada prova


ilícita, nos termos do art. 5°, XII da Constituição;

B) ERRADA: Trata-se de prova ilícita, pois decorre de violação à norma, contida no art. 5°, XI e XII
da Constituição Federal, que asseguram a inviolabilidade do domicílio e o sigilo das
correspondências;

C) ERRADA: Trata-se de prova ilícita pois fora obtida mediante coação, ou seja, o indiciado não
era livre para se manifestar quando da colheita da prova.

D) CORRETA: Neste caso, embora não haja autorização judicial, esta é dispensável, pois a
autoridade policial pode proceder à busca pessoal, à busca e apreensão, etc, toda vez que estiver
diante de uma situação de flagrante;

E) ERRADA: O advogado está impedido de prestar depoimento acerca de fato que teve ciência
profissionalmente, sendo a prova obtida através da violação a este dever de sigilo, uma prova
ilícita.

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Assim, a AFIRMATIVA CORRETA É A LETRA D.

23. (CESPE – 2009 – PC/RN – DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca do objeto da prova, assinale a
opção correta.
A) Os fatos são objeto de prova, e nunca o direito, pois o juiz é obrigado a conhecê-lo.
B) Os fatos axiomáticos dependem de prova.
C) Presunção legal é a afirmação da lei de que um fato é existente ou verdadeiro,
independentemente de prova. Entretanto, o fato objeto da presunção legal pode precisar de
prova indireta, ou seja, pode ser necessário demonstrar o fato que serve de base à presunção,
que, uma vez demonstrado, implica que o fato probando (objeto da presunção) considera-se
provado.
D) No processo penal, os fatos não-impugnados pelo réu (fatos incontroversos) são considerados
verdadeiros.
E) As verdades sabidas dependem de prova.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Via de regra, somente os fatos podem ser objeto de prova. No entanto, quando a
parte alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, deverá provar-lhes o teor e a vigência, pois
o Juiz não é obrigado a conhecê-los. No entanto, como a competência para legislar sobre Direito
Penal e Processual Penal é privativa da União, esta norma pouco se aplica ao Direito Processual
Penal, tendo maior aplicação no Direito Civil;

B) ERRADA: Os fatos axiomáticos, ou evidentes, são fatos que decorrem de um raciocínio lógico,
intuitivo, decorrente de alguma situação que gera a lógica conclusão de outro fato. Não
dependem de prova;

C) CORRETA: Embora os fatos presumidos pela lei como verdadeiros não dependam de prova, é
óbvio que a parte deve provar o fato que gera a presunção do outro fato. Assim, no caso de
estupro contra menor de 14 anos, embora seja presumida a incapacidade do menor de 14 anos
para externar sua vontade no que tange à realização do ato sexual (presunção absoluta), a
condição de menor de 14 anos (fato que gera a presunção) deve ser provada;

D) ERRADA: Em razão da adoção do princípio da verdade real, não existe o fenômeno que ocorre
no processo civil, consistente na presunção de veracidade dos fatos não impugnados, pois no
processo civil vigora o princípio da verdade formal.

E) ERRADA: As verdades sabidas, ou fatos notórios, não dependem de prova, exatamente porque
são do conhecimento comum de todas as pessoas.

Assim, a AFIRMATIVA CORRETA É A LETRA C.

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24. (CESPE – 2005 – TRE/MT – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Sabendo-se que
a busca da verdade real e o sistema do livre convencimento do juiz, que conduzem ao princípio
da liberdade probatória, levam a doutrina a concluir que não se esgotam nos artigos 158 e 250
do Código de Processo Penal os meios de prova permitidos na legislação brasileira, conclui-se
que a previsão legal não é exaustiva, mas exemplificativa, sendo admitidas as chamadas provas
inominadas. A respeito desse assunto, assinale a opção correta.
A) Ilícitas são as provas que contrariam normas de direito processual.
B) Ilegítimas são as provas que contrariam normas de direito material.
C) Admite-se, no ordenamento jurídico pátrio, a obtenção de provas por meios ilícitos, mas não
ilegítimos.
D) Admite-se, no ordenamento jurídico pátrio, a obtenção de provas por meios ilegítimos, mas
não ilícitos.
E) Ilícitas são as provas que afrontam norma de direito material.

COMENTÁRIOS

São consideradas provas ilícitas aquelas produzidas mediante violação de normas de direito
material (normas constitucionais ou legais).

Provas ilícitas por derivação são aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua essência,
derivam de uma prova ilícita, daí o nome “provas ilícitas por derivação”. Trata-se da aplicação da
Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual, o fato de a
árvore estar envenenada, necessariamente contamina os seus frutos. Trazendo para o mundo
jurídico, significa que o defeito (vício, ilegalidade) de um ato contamina todos os outros atos que
a ele estão vinculados.

Provas ilegítimas são provas obtidas mediante violação a normas de caráter eminentemente
processual, sem que haja nenhum reflexo de violação a normas constitucionais.

Não se admite no direito processual pátrio a obtenção de provas ilícitas nem ilegítimas, embora a
Jurisprudência venha se firmando no sentido de que, com relação às provas ilícitas e ilícitas por
derivação, elas possam ser utilizadas quando forem o único meio de absolver o acusado.

Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

25. (CESPE – 2011 – PC/ES – PERITO PAPILOSCÓPICO) Se a interceptação telefônica que


permitiu a ação policial for considerada ilícita por decisão judicial posterior, todas as provas
colhidas durante o flagrante serão inadmissíveis no processo, a não ser que provem os
responsáveis pela persecução criminal que tais provas poderiam ser obtidas por fonte diversa e
independente da interceptação impugnada.

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COMENTÁRIOS

Com o advento da Lei 11.690/08, o art. 157, § 1° do CPP passou a tratar expressamente da prova
ilícita por derivação. Vejamos:

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

A primeira parte do dispositivo transcrito trata da regra, qual seja: Toda prova derivada de prova
ilícita é inadmissível no processo. Entretanto, a segunda parte do artigo excepciona a regra, ou
seja, existem casos em que a prova, mesmo derivando de outra prova, esta sim ilícita, poderá ser
utilizada.

Exige-se, portanto, que a prova ilícita por derivação possua uma relação de causalidade exclusiva
com a prova originalmente ilícita. Desta forma, se ficar comprovado que a prova ilícita por
derivação também poderia ter sido alcançada por outros meios, não havendo uma relação de
causalidade exclusiva, esta prova será admissível.

Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

26. (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Na CF,


constam, expressamente, dispositivos sobre a inadmissibilidade de provas ilícitas por derivação.

COMENTÁRIOS

A Constituição prevê, tão-somente, a inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos, sem
tratar expressamente das provas ilícitas por derivação. Essa vedação decorre do art. 157, § 1° do
CPP, que diz:

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

27. (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) São inadmissíveis
no processo provas derivadas de provas ilícitas, ainda que não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras.

COMENTÁRIOS

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Com o advento da Lei 11.690/08, o art. 157, § 1° do CPP passou a tratar expressamente da prova
ilícita por derivação. Vejamos:

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

A primeira parte do dispositivo transcrito trata da regra, qual seja: Toda prova derivada de prova
ilícita é inadmissível no processo. Entretanto, a segunda parte do artigo excepciona a regra, ou
seja, existem casos em que a prova, mesmo derivando de outra prova, esta sim ilícita, poderá ser
utilizada.

Exige-se, portanto, que a prova ilícita por derivação possua uma relação de causalidade exclusiva
com a prova originalmente ilícita. Desta forma, se ficar comprovado que a prova ilícita por
derivação também poderia ter sido alcançada por outros meios, não havendo uma relação de
causalidade exclusiva, esta prova será admissível.

Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

28. (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O juiz, ao reconhecer a ilicitude de prova
constante dos autos, declarará nulo o processo e ordenará o desentranhamento da prova viciada.

COMENTÁRIOS

Quando o Juiz reconhecer a ilicitude da prova, deverá declará-la inadmissível, determinar seu
desentranhamento e, após preclusa esta decisão, deverá inutilizar a prova (em que pese
respeitável posição Doutrinária em contrário). Esta é a redação do art. 157, § 3° do CPP: § 3º
Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por
decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Vejam, portanto, que não há que se falar em nulidade do processo, mas apenas da prova em si.

Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

29. (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) O dispositivo


constitucional que estabelece serem inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, bem como
as restrições à prova criminal existentes na legislação processual penal, são exemplos de
limitações ao alcance da verdade real.

COMENTÁRIOS

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A verdade real é o princípio, vigente em nosso ordenamento processual penal, segundo o qual o
Juiz deve buscar a verdade dos fatos, não se limitando à “verdade” formada pelas partes no
processo, que pode não ser correspondente ao que efetivamente ocorreu no mundo fático.
Entretanto, este princípio sofre limitações, pois a verdade real não pode ser buscada a qualquer
custo. Assim, tanto a Constituição quanto a legislação infraconstitucional estabelecem normas que
freiam a ação do Estado quando a produção probatória (busca da verdade material) possa violar
direitos fundamentais do indivíduo.

Neste sentido, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

30. (CESPE – 2011 – PC/ES – DELEGADO DE POLÍCIA) De acordo com a doutrina e a


jurisprudência pátrias, são inadmissíveis, em qualquer hipótese, provas ilícitas ou ilegítimas no
processo penal brasileiro.

COMENTÁRIOS

Existe forte Doutrina e jurisprudência no sentido de que a prova, ainda que seja ilícita, se for a
única prova que possa conduzir à absolvição do réu, ou comprovar fato importante para sua
defesa, em razão do princípio da proporcionalidade, deverá ser utilizada no processo.

Entretanto, a prova não passa a ser considerada lícita. Ela continua sendo ilícita, mas
excepcionalmente será utilizada, apenas para beneficiar o acusado. Isso é extremamente
importante, pois se a prova passasse a ser considerada lícita, poderia ser utilizada para incriminar
o verdadeiro autor do crime. Entretanto, como ela continua sendo prova ilícita, poderá ser utilizada
pra inocentar o acusado, mas não poderá ser utilizada para incriminar o verdadeiro infrator, pois
a Doutrina e Jurisprudência dominantes só admitem a utilização da prova ilícita pro reo, e não pro
societate.

Quanto às provas ilegítimas, estas podem ser utilizadas quando, ofendendo normas de caráter
meramente relativo (nulidade relativa), forem sanadas as irregularidades, ou ainda que não sejam
sanadas as irregularidades, não tenha sido arguida a sua nulidade no tempo certo.

Desta maneira, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

31. (CESPE – 2010 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) O sistema normativo processual penal
e a jurisprudência vedam, de forma absoluta, expressa e enfática, a utilização, pelas partes, em
qualquer hipótese, de prova ilícita no processo penal.

COMENTÁRIOS

Existe forte Doutrina e jurisprudência no sentido de que a prova, ainda que seja ilícita, se for a
única prova que possa conduzir à absolvição do réu, ou comprovar fato importante para sua
defesa, em razão do princípio da proporcionalidade, deverá ser utilizada no processo.

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Entretanto, a prova não passa a ser considerada lícita. Ela continua sendo ilícita, mas
excepcionalmente será utilizada, apenas para beneficiar o acusado. Isso é extremamente
importante, pois se a prova passasse a ser considerada lícita, poderia ser utilizada para incriminar
o verdadeiro autor do crime. Entretanto, como ela continua sendo prova ilícita, poderá ser utilizada
pra inocentar o acusado, mas não poderá ser utilizada para incriminar o verdadeiro infrator, pois
a Doutrina e Jurisprudência dominantes só admitem a utilização da prova ilícita pro reo, e não pro
societate.

Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

32. (CESPE – 2010 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) No tocante aos sistemas de apreciação
das provas, é correto afirmar que ainda existe no ordenamento jurídico brasileiro procedimento
em que o julgador decide pelo sistema da íntima convicção, não se impondo o dever
constitucional de motivar a decisão proferida.

COMENTÁRIOS

Embora o nosso ordenamento processual penal tenha adotado, como regra, o sistema do livre
convencimento motivado (ou regrado) de valoração da prova, certo é que existem exceções,
tendo o sistema da íntima convicção sido adotado, como exceção, nos processos cujo julgamento
seja afeto ao Tribunal do Júri, pois os jurados, pessoas leigas que são, julgam conforme o seu
sentimento interior de Justiça, não tendo que fundamentar o porquê de sua decisão.

Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

33. (CESPE – 2010 – TRE/BA – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Cabe ao juiz
condutor da audiência e julgador da causa apreciar a validade ou não do depoimento de José,
por aplicação do princípio do livre convencimento motivado.

COMENTÁRIOS

O Brasil adotou o sistema de valoração da prova conhecido como o do “livre convencimento


motivado”, de maneira que o Juiz deve valorar a prova da maneira que reputar pertinente, sem
que a Lei tenha estabelecido previamente o valor de cada elemento de prova (sistema tarifário,
não adotado como regra). Entretanto, existem casos excepcionais nos quais o Direito Processual
Penal pátrio adotou o sistema da prova tarifada e o sistema da íntima convicção.

Assim, embora não se tenha o texto que deu origem à questão (dispensável), A AFIRMATIVA
ESTÁ CORRETA.

34. (CESPE – 2009 – PM/DF – SOLDADO) Em relação aos princípios do processo penal, julgue
o item a seguir.

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O juiz forma sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial e
não pode, em regra, fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na fase investigatória.

COMENTÁRIOS

O item está correto, eis que no sistema processual pátrio vigora o livre convencimento baseado
em provas, de forma que o Juiz pode formar seu convencimento a partir da livre apreciação das
provas produzidas em contraditório judicial, sendo inadmissível a fundamentação exclusivamente
baseada em elementos colhidos na investigação, com as ressalvas legais, nos termos do art. 155
do CPP:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

35. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) As provas obtidas por meios ilícitos são
inadmissíveis no processo.

COMENTÁRIOS

De fato, as provas obtidas por meios ilícitos não são admissíveis no processo, conforme consta no
art.157 do CPP:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

É de se lembrar, porém, que o STF vem entendendo que é possível a utilização de prova ilícita
quando esta for a única forma de provar a inocência do réu.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

36. (CESPE – 2012 – PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA) Segundo o princípio do ordenamento


jurídico brasileiro, ninguém está obrigado a produzir prova contra si. Entretanto, no interrogatório
realizado perante a autoridade judiciária, se o acusado confessar espontaneamente a prática de
um crime, o juiz deverá, independentemente das demais provas, condenar o acusado, já que a
confissão constitui prova verossímil em desfavor do réu.

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COMENTÁRIOS

O erro está na parte “o juiz deverá, independentemente das demais provas, condenar o acusado,
já que a confissão constitui prova verossímil em desfavor do réu.”. Isso está errado porque o nosso
sistema jurídico processual penal não adotou o sistema da prova tarifada, de forma que não foram
conferidos “pesos” pré-estabelecidos para as provas, não sendo a confissão a “rainha das provas”,
como já foi em alguns ordenamentos pretéritos.

Assim, mesmo que haja confissão, ela deve ser analisada em conjunto com as demais provas, não
havendo certeza da condenação pelo simples fato de ter havido confissão.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

37. (CESPE – 2012 – PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA) A responsabilidade criminal do acusado


deve ser confirmada por meio de provas legalmente admitidas pelo ordenamento jurídico em
vigor. Entretanto, embora o juiz possa se valer das provas colhidas na fase policial, ele deve
considerar as provas colhidas na fase judicial, mediante os auspícios do contraditório judicial, não
podendo fundamentar a sua decisão exclusivamente nos elementos probantes colhidos na fase
policial, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

COMENTÁRIOS

O item está correto, pois trata daquilo que dispõe o art. 155 do CPP:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)

Devo lembrar a vocês que a jurisprudência vem entendendo que é possível fundamentar sentença
ABSOLUTÓRIA tendo como base apenas os elementos colhidos durante a investigação.

Isso ocorre por uma razão simples: A vedação da utilização destes elementos em desfavor do réu
se fundamenta no fato de que tais elementos foram colhidos numa fase desprovida de
contraditório e ampla defesa, ou seja, sem que o réu tenha participado de sua produção. Logo,
nada impede que estes elementos sejam utilizados em seu favor (já que não haveria qualquer
prejuízo, neste caso).

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

38. (CESPE – 2012 – PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O CPP não admite as provas ilícitas,
determinando que devem ser desentranhadas do processo as obtidas com violação a normas

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constitucionais ou legais, inclusive as derivadas, salvo quando não evidenciado o nexo de


causalidade entre umas e outras ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente.

COMENTÁRIOS

O item está correto, pois traz a redação quase que literal do art. 157 e seu §1º do CPP:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

39. (CESPE – 2012 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE) Como o sistema processual penal brasileiro
assegura ao investigado o direito de não produzir provas contra si mesmo, a ele é conferida a
faculdade de não participar de alguns atos investigativos, como, por exemplo, da reprodução
simulada dos fatos e do procedimento de identificação datiloscópica e de reconhecimento, além
do direito de não fornecer material para comparação em exame pericial.

COMENTÁRIOS

Muito embora o réu tenha o direito de não ser obrigado a produzir prova contra si (nemo tenetur
se detegere), ele não pode se esquivar de realizar o exame datiloscópico e nem de ser submetido
ao reconhecimento de pessoa, diligências estas que poderão ser necessárias frente à ausência, em
determinados casos, da identificação civil.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

40. (CESPE – 2012 – PEFOCE – TODOS OS CARGOS) A confissão obtida mediante tortura e
as provas dela derivadas são ilegítimas e devem ser desentranhadas dos autos, ainda que não se
tenha evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, em estrita observância à garantia
do devido processo legal.

COMENTÁRIOS

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O item está errado por dois motivos. 1) “A confissão obtida mediante tortura e as provas dela
derivadas são ilegítimas (...)”. Esta parte está errada porque nesse caso não são consideradas
provas ilegítimas, e sim provas ILÍCITAS (Há diferença!). 2) “(...) ainda que não se tenha evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras.”. A prova derivada da ilícita, neste caso, não deverá
ser desentranhada, por força do que dispõe o art. 157, §1º do CP:

Art. 157 (...)

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

41. (CESPE – 2012 – MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL) A jurisprudência tem acolhido a prova
emprestada no processo penal, desde que seja produzida em outro processo judicial, apenas, e
extraída por meio de documentos hábeis a comprovar a alegação da parte requerente, inserindo-
a em outro feito, ressalvado o contraditório e a ampla defesa.

COMENTÁRIOS

O item está errado porque não se exige, apenas, que a prova tenha sido produzida em outro
processo judicial. A jurisprudência entende, ainda, que esta prova deva ter sido submetida ao
contraditório. Quanto a ter sido produzida num processo judicial que envolveu as mesmas partes,
o STJ vem relativizando tal exigência.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

EXERCÍCIOS PARA PRATICAR

01. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)


Quanto aos princípios, meios e conceitos da investigação criminal, julgue o item a seguir.

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Documento público que comprove determinado fato delituoso sob investigação e que seja
apreendido no cumprimento de mandado de prisão funcionará como meio de prova, enquanto o
mandado de busca será caracterizado como meio de obtenção de fontes materiais de prova.
02. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)
Acerca dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
O juiz detém discricionariedade quanto à valoração dos elementos probatórios, porém é limitado
à obrigatoriedade de motivação de sua decisão, com base em dados e critérios objetivos.
03. (CESPE / 2020 / PCSE / DELEGADO)
Acerca dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
No curso da instrução criminal, é vedado ao juiz determinar, de ofício, a realização de diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante, devendo-se limitar às provas apresentadas pelas partes.
04. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A boleia de um caminhão,
utilizada pelo motorista, ainda que provisoriamente, como dormitório e local de guarda de seus
objetos pessoais em longas viagens, não poderá ser objeto de busca e apreensão sem a
competente ordem judicial na hipótese de fiscalização policial com a finalidade de revista
específica àquele veículo.

05. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A entrada forçada em


determinado domicílio é lícita, mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso
esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas modalidades próprio, impróprio
ou ficto.

06. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO) João integra uma organização criminosa
que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem
estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira.
A partir dessa situação hipotética, julgue os itens subsequentes.
A busca no depósito onde estão armazenados os cigarros contrabandeados será precedida da
expedição de um mandado de busca e apreensão, que deverá incluir vários itens, sendo
imprescindíveis apenas a indicação precisa do local da diligência e a assinatura da autoridade que
expedir esse documento.

07. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE) Depois de adquirir um revólver calibre 38,
que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em
desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado
em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido
à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue os itens seguintes.

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Caso declarações de José sejam divergentes de declarações de testemunhas da receptação


praticada, poderá ser realizada a acareação, que é uma medida cabível exclusivamente na fase
investigatória.
08. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTIÇA) A respeito de prova criminal, de medidas
cautelares e de prisão processual, julgue os itens que se seguem.
No caso de haver resistência do morador, permite-se o uso da força na busca domiciliar iniciada
de dia e continuada à noite, com a exibição de mandado judicial, devendo a diligência ser
presenciada por duas testemunhas que poderão atestar a sua regularidade.
09. (CESPE – 2018 – PC-MA – DELEGADO – ADAPTADA) Em atendimento ao princípio da
legalidade, no processo penal brasileiro são inadmissíveis provas não previstas expressamente
no CPP.

10. (CESPE – 2017 – PC-MT – DELEGADO – ADAPTADA) De acordo com o princípio do livre
convencimento motivado, a decisão judicial condenatória poderá ser fundamentada
exclusivamente nos elementos probatórios coletados durante o inquérito policial.

11. (CESPE – 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Acerca dos sistemas de
apreciação de provas e da licitude dos meios de prova, julgue o item subsequente.
Embora o ordenamento jurídico brasileiro tenha adotado o sistema da persuasão racional para a
apreciação de provas judiciais, o CPP remete ao sistema da prova tarifada, como, por exemplo,
quando da necessidade de se provar o estado das pessoas por meio de documentos indicados
pela lei civil.
12. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE DE POLÍCIA – ADAPTADA) Conforme a teoria dos frutos
da árvore envenenada, são inadmissíveis provas ilícitas no processo penal, restringindo-se o seu
aproveitamento a casos excepcionais, mediante decisão fundamentada do juiz.

13. (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A prova declarada inadmissível
pela autoridade judicial por ter sido obtida por meios ilícitos deve ser juntada em autos apartados
dos principais, não podendo servir de fundamento à condenação do réu.

14. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO) A respeito da prova no processo penal,
julgue os itens subsequentes.
A consequência processual da declaração de ilegalidade de determinada prova obtida com
violação às normas constitucionais ou legais é a nulidade do processo com a absolvição do réu.
15. (CESPE – 2013 – TJDF – ANALISTA JUDICIÁRIO) Consideram-se ilícitas, inadmissíveis no
processo penal, as provas que importem em violação de normas de direito material (Constituição
ou leis), mas não de normas de direito processual.

16. (CESPE – 2013 – TJDF – ANALISTA JUDICIÁRIO) Se o teste em etilômetro (teste do


bafômetro) for realizado voluntariamente, sem qualquer irregularidade, não haverá violação do

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princípio do nemo tenetur se detegere (direito de não produzir prova contra si mesmo), ainda
que o policial não tenha feito advertência ao examinado sobre o direito de se recusar a realizar
ao exame.

17. (CESPE – 2014 – TJ/CE – TÉCNICO - ADAPTADA) Com base no disposto na Constituição
Federal de 1988 acerca do processo penal, assinale a opção correta.
As provas obtidas por meios ilícitos, desde que produzidas durante inquérito policial, poderão ser
admitidas no processo.
18. (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ – ADAPTADA) Em respeito ao princípio acusatório, é vedado
ao magistrado ordenar de ofício a produção antecipada de provas.

19. (CESPE – 2015 – DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO) Pedro, sem autorização judicial,
interceptou uma ligação telefônica entre Marcelo e Ricardo. O conteúdo da conversa
interceptada constitui prova de que Pedro é inocente do delito de latrocínio do qual está sendo
processado. Nessa situação, embora a prova produzida seja manifestamente ilícita, em um juízo
de proporcionalidade, destinando-se esta a absolver o réu, deve ser ela admitida, haja vista que
o erro judiciário deve ser a todo custo evitado.

20. (CESPE – 2008 – PGE/ES – PROCURADOR DO ESTADO) Joaquim, indiciado em inquérito


policial, em seu interrogatório na esfera policial, foi constrangido ilegalmente a indicar uma
testemunha presencial do crime de que era acusado. A testemunha foi regularmente ouvida e em
seu depoimento apontou Joaquim como autor do delito. Nessa situação, o depoimento da
testemunha, apesar de lícito em si mesmo, é considerado ilícito por derivação, uma vez que foi
produzido a partir de uma prova ilícita.

21. (CESPE – 2008 – PC/TO – DELEGADO DE POLÍCIA) Não se faz distinção entre corpo de
delito e exame de corpo de delito, pois ambos representam o próprio crime em sua
materialidade.

22. (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA) É prova lícita


A) a interceptação telefônica determinada pela autoridade policial.
B) a apreensão de carta particular no domicílio do indiciado, sem consentimento do morador.
C) a confissão do indiciado obtida mediante grave ameaça por parte dos policiais.
D) a busca pessoal, realizada sem mandado judicial, quando houver fundada suspeita de flagrante.
E) a declaração do advogado do indiciado acerca de fatos de que teve ciência profissionalmente.

23. (CESPE – 2009 – PC/RN – DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca do objeto da prova, assinale a
opção correta.
A) Os fatos são objeto de prova, e nunca o direito, pois o juiz é obrigado a conhecê-lo.
B) Os fatos axiomáticos dependem de prova.

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C) Presunção legal é a afirmação da lei de que um fato é existente ou verdadeiro,


independentemente de prova. Entretanto, o fato objeto da presunção legal pode precisar de
prova indireta, ou seja, pode ser necessário demonstrar o fato que serve de base à presunção,
que, uma vez demonstrado, implica que o fato probando (objeto da presunção) considera-se
provado.
D) No processo penal, os fatos não-impugnados pelo réu (fatos incontroversos) são considerados
verdadeiros.
E) As verdades sabidas dependem de prova.
24. (CESPE – 2005 – TRE/MT – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Sabendo-se que
a busca da verdade real e o sistema do livre convencimento do juiz, que conduzem ao princípio
da liberdade probatória, levam a doutrina a concluir que não se esgotam nos artigos 158 e 250
do Código de Processo Penal os meios de prova permitidos na legislação brasileira, conclui-se
que a previsão legal não é exaustiva, mas exemplificativa, sendo admitidas as chamadas provas
inominadas. A respeito desse assunto, assinale a opção correta.
A) Ilícitas são as provas que contrariam normas de direito processual.
B) Ilegítimas são as provas que contrariam normas de direito material.
C) Admite-se, no ordenamento jurídico pátrio, a obtenção de provas por meios ilícitos, mas não
ilegítimos.
D) Admite-se, no ordenamento jurídico pátrio, a obtenção de provas por meios ilegítimos, mas
não ilícitos.
E) Ilícitas são as provas que afrontam norma de direito material.
25. (CESPE – 2011 – PC/ES – PERITO PAPILOSCÓPICO) Se a interceptação telefônica que
permitiu a ação policial for considerada ilícita por decisão judicial posterior, todas as provas
colhidas durante o flagrante serão inadmissíveis no processo, a não ser que provem os
responsáveis pela persecução criminal que tais provas poderiam ser obtidas por fonte diversa e
independente da interceptação impugnada.

26. (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Na CF,


constam, expressamente, dispositivos sobre a inadmissibilidade de provas ilícitas por derivação.

27. (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) São inadmissíveis
no processo provas derivadas de provas ilícitas, ainda que não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras.

28. (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O juiz, ao reconhecer a ilicitude de prova
constante dos autos, declarará nulo o processo e ordenará o desentranhamento da prova viciada.

29. (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) O dispositivo


constitucional que estabelece serem inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, bem como

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as restrições à prova criminal existentes na legislação processual penal, são exemplos de


limitações ao alcance da verdade real.

30. (CESPE – 2011 – PC/ES – DELEGADO DE POLÍCIA) De acordo com a doutrina e a


jurisprudência pátrias, são inadmissíveis, em qualquer hipótese, provas ilícitas ou ilegítimas no
processo penal brasileiro.

31. (CESPE – 2010 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) O sistema normativo processual penal
e a jurisprudência vedam, de forma absoluta, expressa e enfática, a utilização, pelas partes, em
qualquer hipótese, de prova ilícita no processo penal.

32. (CESPE – 2010 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) No tocante aos sistemas de apreciação
das provas, é correto afirmar que ainda existe no ordenamento jurídico brasileiro procedimento
em que o julgador decide pelo sistema da íntima convicção, não se impondo o dever
constitucional de motivar a decisão proferida.

33. (CESPE – 2010 – TRE/BA – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Cabe ao juiz
condutor da audiência e julgador da causa apreciar a validade ou não do depoimento de José,
por aplicação do princípio do livre convencimento motivado.

34. (CESPE – 2009 – PM/DF – SOLDADO) Em relação aos princípios do processo penal, julgue
o item a seguir.
O juiz forma sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial e
não pode, em regra, fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na fase investigatória.
35. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) As provas obtidas por meios ilícitos são
inadmissíveis no processo.

36. (CESPE – 2012 – PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA) Segundo o princípio do ordenamento


jurídico brasileiro, ninguém está obrigado a produzir prova contra si. Entretanto, no interrogatório
realizado perante a autoridade judiciária, se o acusado confessar espontaneamente a prática de
um crime, o juiz deverá, independentemente das demais provas, condenar o acusado, já que a
confissão constitui prova verossímil em desfavor do réu.

37. (CESPE – 2012 – PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA) A responsabilidade criminal do acusado


deve ser confirmada por meio de provas legalmente admitidas pelo ordenamento jurídico em
vigor. Entretanto, embora o juiz possa se valer das provas colhidas na fase policial, ele deve
considerar as provas colhidas na fase judicial, mediante os auspícios do contraditório judicial, não
podendo fundamentar a sua decisão exclusivamente nos elementos probantes colhidos na fase
policial, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

38. (CESPE – 2012 – PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O CPP não admite as provas ilícitas,
determinando que devem ser desentranhadas do processo as obtidas com violação a normas

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constitucionais ou legais, inclusive as derivadas, salvo quando não evidenciado o nexo de


causalidade entre umas e outras ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente.

39. (CESPE – 2012 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE) Como o sistema processual penal brasileiro
assegura ao investigado o direito de não produzir provas contra si mesmo, a ele é conferida a
faculdade de não participar de alguns atos investigativos, como, por exemplo, da reprodução
simulada dos fatos e do procedimento de identificação datiloscópica e de reconhecimento, além
do direito de não fornecer material para comparação em exame pericial.

40. (CESPE – 2012 – PEFOCE – TODOS OS CARGOS) A confissão obtida mediante tortura e
as provas dela derivadas são ilegítimas e devem ser desentranhadas dos autos, ainda que não se
tenha evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, em estrita observância à garantia
do devido processo legal.

41. (CESPE – 2012 – MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL) A jurisprudência tem acolhido a prova
emprestada no processo penal, desde que seja produzida em outro processo judicial, apenas, e
extraída por meio de documentos hábeis a comprovar a alegação da parte requerente, inserindo-
a em outro feito, ressalvado o contraditório e a ampla defesa.

GABARITO

12. ERRADA 24. ALTERNATIVA E


1. CORRETA
13. ERRADA 25. CORRETA
2. CORRETA
14. ERRADA 26. ERRADA
3. ERRADA
15. CORRETA 27. ERRADA
4. ANULADA
16. CORRETA 28. ERRADA
5. CORRETA
17. ERRADA 29. CORRETA
6. ERRADA
18. ERRADA 30. ERRADA
7. ERRADA
19. CORRETA 31. ERRADA
8. CORRETA
20. CORRETA 32. CORRETA
9. ERRADA
21. ERRADA 33. CORRETA
10. ERRADA
22. ALTERNATIVA D 34. CORRETA
11. CORRETA
23. ALTERNATIVA C 35. CORRETA

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36. ERRADA
37. CORRETA
38. CORRETA
39. ERRADA
40. ERRADA
41. ERRADA

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