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Exercícios para 2ª Fase Analista MP-SP

ARQUIVO DE ESTUDOS DE 2015!!!! ATENCÃO ÀS


ATUALIZAÇÕES!!!

Sumário
Matérias 1 ..................................................................................................................................... 2
- Direito Penal ........................................................................................................................... 2
- Direito Processual Penal......................................................................................................... 5
- TDDC (Ambiental) ................................................................................................................... 6
- TDDC (Consumidor) ................................................................................................................ 8
- TDDC (Ações Coletivas) ........................................................................................................ 12
- TDDC (Patrimônio Público) .................................................................................................. 15
- TDDC (Idoso/Deficientes/Racial) ......................................................................................... 16
- Direito Processual Civil ......................................................................................................... 17
Matérias 2 ................................................................................................................................... 18
- Constitucional ....................................................................................................................... 18
- Administrativo ...................................................................................................................... 22
- Civil........................................................................................................................................ 24
- ECA ........................................................................................................................................ 26
- Comercial .............................................................................................................................. 27
- Direitos Humanos ................................................................................................................. 28
- Eleitoral ................................................................................................................................. 28
Matérias 1
- Direito Penal
Questão 1
1. No que tange aos requisitos necessários para o reconhecimento da continuidade delitiva, qual
é o atual posicionamento do STF e do STJ? Tanto o STF quanto o STJ reconhecem que são
necessários os requisitos objetivos e subjetivos? Independente do posicionamento das duas
Cortes, quais seriam os requisitos objetivos e subjetivos para fins de reconhecimento de
continuidade delitiva? Comente e justifique.

João Luiz Salvo: engano, tanto STF quanto STJ exigem o elemento subjetivo, qual seja a unidade
de desígnios. Os requisitos objetivos previstos em lei são: crimes de mesma espécie (mesmo tipo
e bem jurídico tutelado) e semelhantes condições de tempo, lugar e modo de execução. Ainda,
cumpre ressaltar que os tribunais superiores não vêm reconhecendo a continuidade delitiva nos
casos de criminosos habituais.

Rafael Toledo: Correto João. Seguem decisões que convalidam a sua resposta:

"Entendeu, portanto, o Tribunal a quo pela aplicação da continuidade delitiva fundado


estritamente no preenchimento dos elementos objetivos. Segundo a jurisprudência desta Corte,
o reconhecimento da continuidade delitiva exige, além das condições objetivas, a presença do
vínculo subjetivo ou a unidade de desígnios entre as condutas (HC n. 245.029/SP, Ministra
Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 25/4/2013; HC n. 193.337/SP, Ministra Maria Thereza de Assis
Moura, Sexta Turma, DJe 13/3/2013)." (STJ - REsp: 1465094 RS 2014/0163984-3, Relator:
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Publicação: DJ 26/06/2015)”

"A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido da aplicação da teoria objetiva-subjetiva,


pela qual o reconhecimento da continuidade delitiva depende tanto do preenchimento dos
requisitos objetivos (tempo, modus operandi, lugar, etc.), como do elemento subjetivo, qual
seja, a unidade de desígnios. III. Não há como ser reconhecida a continuidade delitiva entre os
delitos pelos quais o paciente foi condenado, pois, nos termos do consignado pelas instâncias
ordinárias, trata-se de criminoso habitual, sem que se verifique a unidade de desígnios." (STF -
HC: 126675 SP - SÃO PAULO 8621367-78.2015.1.00.0000, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de
Julgamento: 18/02/2015, Data de Publicação: DJe-035 24/02/2015).”

Questão 2
2. Sobre o Crime impossível: A) Qual substrato do conceito de crime é afastado pela ocorrência
do crime impossível? Comente e Justifique! B) Qual a teoria adotada pelo código penal? Comente
e Justifique! C) O Flagrante preparado é hipótese de crime impossível? Comente e Justifique! D)
O delito putativo por erro de proibição (erro de proibição invertido) é hipótese de crime
impossível? Comente e justifique!

Marília Boschezi: Vou arriscar responder, mas espero o gabarito. Rs

A) O substrato do conceito de crime afastado pela ocorrência do crime impossível é a tipicidade,


considerando que o fato será considerado atípico.

B) A teoria adotada pelo código penal é a objetivo formal temperada, tendo em vista que a
impropriedade do objeto ou ineficácia do meio deve ser absoluta (completa) para a ocorrência
do crime impossível e, consequentemente, afastar a punição.
C) Sim, o flagrante preparado é hipótese de crime impossível tendo em vista que a preparação
do flagrante torna impossível a consumação do crime, inclusive há entendimento sumulado
nesse sentido (não lembro a súmula).

D) Delito putativo por erro de proibição não se confunde com crime impossível, porque naquele
o agente imagina que cometeu um fato típico, quando na verdade é atípico (exemplo: incesto),
e este último há atipicidade pela ausência de eficácia do meio ou propriedade do objeto.

Rafael Toledo: Mari, você praticamente fez o gabarito rsrs... Só acrescentarei alguns pontos:

A) Doutrina e Jurisprudência majoritárias entendem que exclui a tipicidade, visto que a conduta
praticada não causa lesão a bem jurídico alheio (princípio da lesividade).

B) OK.

C) Súmula 145 do STF, “não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação”, ou seja, “não há crime quando o fato é preparado mediante
provocação ou induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de
aprontar ou arranjar o flagrante” (STF, RTJ, 98/136)

D) OK.

Questão 3
3. Portar ilegalmente arma desmuniciada de uso permitido configura algum dos crimes previstos
no Estatuto do Desarmamento (lei 10.826/2003)? Independente da primeira resposta,
considerando que a arma está quebrada e inapta a efetuar disparos, há a configuração de algum
crime? Responda e justifique sua resposta.

Karol Lessa: Segundo entendimento do STJ configura o crime porque o crime de porte é de
perigo. Se a arma esta quebrada e inapta a efetuar disparo nao configura o crime porque não
há o potencial lesivo. Acho que é mais ou menos isso. Me corrijam se eu estiver errada.

Renato Paula: Olha, no tocante a primeira pergunta, mesmo se a arma estiver desmuniciada há
crime de porte ilegal de arma de fogo, pois trata-se de crime de perigo abstrato, ou seja, há uma
presunção de lesão ao bem jurídico tutelado. Agora, se a arma de fogo está quebrada e inapta
ao disparo, aí temos fato atípico, porque a lesividade da arma está desfigurada.

Renato Paula: AgRg noAREsp 397.473-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
19/8/2011.

Questão 4
4. Disserte sobre o feminicidio, trazendo a baila as razões jurídicas para sua inclusão no sistema
jurídico. Aponte qual sua posição topográfica, e se há diferenciação com o feminicidio.

Marília Boschezi: Inicialmente falaria a respeito dos diferentes tipos de homicídio (simples,
qualificado, culposo, privilegiado). O principal ponto motivador para a inclusão do feminicídio
no ordenamento jurídico é o alto número de assassinatos de mulheres em razão do gênero. O
feminicídio é uma forma qualificada de homicídio e tem 3 causas específicas de aumento de
pena: se praticado contra vítima menor de 14 anos, maior de 60 anos ou deficiente; na presença
de ascendente ou descendente, ou contra mulher grávida ou 3 meses após o parto. Há ainda
situações em que o feminicídio incidirá de forma presumida, nos seguintes casos: se praticado
no âmbito da violência doméstica e familiar ou com menosprezo ou discriminação à condição
de mulher. No mais, importante consignar que há diferença entre feminicídio e femicídio, tendo
em vista que este significa praticar homicídio contra mulher, independentemente dos motivos
para tanto, ao passo que feminicídio quer dizer que a prática do homicídio foi motivada por
condições do sexo feminino.

Questão 5
5. Qual o entendimento atual do STJ sobre o uso de arma de brinquedo e arma desmuniciada?

Laís N. Macedo: Gente, a Patrícia Vanzolini falou o seguinte. No caso da arma de brinquedo não
incide a causa de aumento de pena pela absoluta ineficácia do instrumento e tal entendimento
decorre do cancelamento da súmula 174, STJ. Quanto à arma desmuniciada há controvérsias.
Para o STF e parte da jurisprudência do STJ, aplica-se a majorante, pois a arma tem
potencialidade lesiva, bastando municiá-la. Por outro lado, a outra parte da jurisprudência do
STJ entende que não se aplica a majorante, uma vez que a arma não põe em risco imediato a
integridade física da vítima. Então, eu colocaria esses dois posicionamentos na minha
dissertação.

Rafael Toledo: Exato, é bom colocar as duas posições, mas se alguém encontrar algum julgado
recente do STJ (2013/14/15) que seja contrário aos julgados que eu indiquei, favor postar aqui,
pois eu me esforcei muito para encontrar, mas não consegui rs

Luciana Amstalden Bertoncini: Um ponto importante...isso tudo não significa que é preciso
periciar a arma. Stj aceita que, mesmo que a arma não seja encontrada, se houver outras provas
de que foi usada, incide o aumento. Então, se a arma não foi encontrada mas a vítima confirmar
a utilização, incide aumento. Mas se a arma foi encontrada e se verifica que estava desmuniciada
ou que não funcionava, não incide aumento, por faltar potencialidade lesiva.

Questão 6
6. Disserte sobre a relação de causalidade entre a conduta e o resultado na teoria geral do
crime, inclusive mencionando os artigos de lei correspondentes.

Rafael Toledo: O Código Penal Brasileiro adotou, em sua parte geral, a teoria da equivalência
das condições, isto é, toda ação ou omissão, dolosa ou culposa, que de alguma contribuiu para
que ocorresse o resultado criminoso.

Cumpre consignar que a referida teoria da equivalência das condições foi adota de forma
mitigada pelo sistema penal pátrio, visto que esta teoria poderia levar a análise nexo causal ao
infinito, tornado-a inaplicável. Destarte, a conduta do agente só será considerada criminosa se
de alguma forma contribuiu para que o resultado ocorresse. Para tanto, expoentes da
dogmática penal criaram um técnica para analisar se a conduta do agente pode ou não ser
considerada como criminosa, conhecida fórmula de eliminação hipotética.

Se eliminada a conduta do possível agente criminoso e, por conseguinte, sumir o resultado


danoso, há a constatação da relação de causalidade. No entanto, se, mesmo eliminada a
conduta do possível autor do crime, permanecer o resultado, não há que se falar em relação
de causalidade.

Por fim, é importante salientar que as causas preexistentes, concomitantes ou supervenientes


absolutamente independentes, que também estão na parte geral do Código Penal, são
exemplos de afastamento do nexo causal entre a conduta praticada pelo autor e o resultado
ocorrido.
- Direito Processual Penal
Questão 1
1. O que entende sobre o princípio do promotor natural? Qual a sua relação com as garantias
institucionais do órgão ministerial?

Joicy Romano: É um princípio implícito defendido por boa parte da jurisprudência e doutrina,
derivado do principio do devido processo legal, que asseguraria a imparcialidade do membro do
MP em sua atuação. Está em consonância com a garantia de inamovibilidade, tendo em vista
que não poderá o promotor ser transferido compulsoriamente sem interesse público e
aprovação pela maioria absoluta do órgão colegiado, preservando assim seu âmbito de
atribuição independente dos casos concretos em que deva ele intervir.

Nati Fernandes: De acordo com o artigo 127 § 1º da CF, são princípios institucionais do
Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. A instituição do
Ministério Público é una e indivisível, tendo em vista que cada um de seus membros a representa
como um todo, sendo, portanto, reciprocamente substituíveis em suas atribuições. Ademais, o
MP tem independência funcional, pois tem total liberdade de expressar suas opiniões. Tem
autonomia de convicção. No entanto, é necessário observar o princípio do promotor natural.
Este princípio consiste na existência de um órgão do MP investido nas suas atribuições por
critérios legais previamente estabelecidos, ou seja, este princípio visa evitar nomeações
casuísticas, oportunas e arbitrárias de membros do MP pelo Procurador Geral. Nos casos do art.
28 do CPP, o membro do MP designado para propor a ação cabível não pode invocar a
independência funcional para recusar-se a designação, pois age por delegação do Procurador
Geral e este sim age com total independência funcional. Cumpre acrescentar ainda que o STF
reconhece a existência e a importância deste princípio. Por fim, cabe salientar que este princípio
foi relativizado em dois momentos (dois artigos da Lei Orgânica do MP – Lei 8.625/1993), quais
sejam: arts. 10, IX, f e art. 24.

Questão 2
2. O que é exortação?

Karine de Luca É o compromisso que os jurados prestam, do art. 472, CPP

Questão 3
3. O princípio da indivisibilidade é aplicável para a ação penal pública? Justifique a resposta com
base no entendimento jurisprudencial e doutrinário.

Rafael Toledo: Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o princípio da


indivisibilidade somente é aplicável a ação penal privada. Portanto, pode o MP, por exemplo,
aditar a denúncia até a sentença condenatória, para inclusão de novos réus.

Marília Boschezi: Alguns doutrinadores entendem que também é aplicável para a ação penal
pública: Renato Brasileiro, Tourinho Filho, Aury Lopes Jr.

Thiago Bovi: O princípio da indivisibilidade é aplicável à ação penal privada tendo em vista que,
embora exercida a oportunidade da ação penal, não terá essa mesma opção quando houver
mais de um acusado para ver quem irá processar. Com efeito, a renúncia ao direito de queixa
em relação a um, implica aos demais. Situação diferente ocorre com a ação penal pública,
especialmente porque cabe ao membro do MP formar sua livre convicção durante a colheita de
informações acerca do fato delituoso. Evidente, pois, que o MP pode denunciar um acusado,
por se concentrar nele todos os elementos delitivos, e deixar de denunciar outro, em razão de
não ter formado sua livre convicção, nada impedindo que logo depois, venha a obter prova
robusta para promover a denúncia daquele que não foi denunciado inicialmente... Enfim, é
inaplicável a indivisibilidade em ação penal pública, dada a especial característica do órgão
acusador. No mesmo sentido entende o STJ: "DIREITO PROCESSUAL PENAL. INAPLICABILIDADE
DO PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE EM AÇÃO PÚBLICA.

Na ação penal pública, o MP não está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por
delituoso, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi
denunciado. Isso porque, nessas demandas, não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o
Parquet é livre para formar sua convicção incluindo na increpação as pessoas que entenda terem
praticados ilícitos penais, mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade.
Ademais, há possibilidade de se aditar a denúncia até a sentença. Precedentes citados: REsp
1.255.224-RJ, Quinta Turma, DJe 7/3/2014; APn 382-RR, Corte Especial, DJe 5/10/2011; e RHC
15.764-SP, Sexta Turma, DJ 6/2/2006. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 6/5/2014"

Questão 4
4. Todas as decisões do juiz devem ser fundamentadas. C/E?

Rafael Toledo: C, despachos de mero expediente e atos ordinatórios, como bem observado pelo
colega acima, não possuem conteúdo decisório, logo não precisam de fundamentação. Todas as
decisões judiciais devem ser fundamentadas, por ordem expressa da Cf de 88, art. 93, IX.

Adalgisa Fernandes: C. Princípio do Livre Convencimento Motivado.

- TDDC (Ambiental)
Questão 1
1. Ambiental - Quais as 3 principais espécies de políticas públicas existentes que permitem que a
coletividade colabore na tutela do meio ambiente?

Diogo Vicente: Sanção punitiva por danos causados ao meio ambiente, educação ambiental,
sanção premio (baseada no princípio do protetor ou provedor recebedor).

Questão 2
2. Ambiental - Quais as medidas coercitivas para que proprietário de solo urbano subutilizado
promova seu adequado aproveitamento?

Bárbara art. 182, §4, CFº É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob
pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;


II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Questão 3
3. Ambiental - É reconhecida a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica por crime ambiental,
porém está é condicionada a dois fatores cumulativos. Quais são eles?

Jackeline Oliveira Infração cometida por representante legal ou contratual ou de seu órgão
colegiado e que seja cometida no benefício ou interesse da pessoa jurídica, e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Questão 4
4. Ambiental - As áreas de preservação permanente (APPS) podem ser computadas no cálculo
do percentual da instituição da Reserva Legal Florestal? Justifique.

Como regra não são computadas. No entanto, poderão ser computadas, desde que não resulte
em conversão de áreas para uso alternativo do solo, quando a soma da vegetação das áreas de
preservação permanente e de reserva legal exceder a 80% da propriedade localizada na
Amazônia Legal, ou a 50% da propriedade rural nas demais regiões ou a 25% da pequena
propriedade rural, nos termos art.16º, § 6º do Código Florestal. (Professora Vanessa Ferrari).

Questão 5
5. Ambiental - O dever de reparar o dano ecológico pode ser eximido pelas tradicionais cláusulas
excludentes da obrigação (caso fortuito, força maior, licitude da atividade)? Justifique.

Não. A responsabilidade civil ambiental é do tipo objetiva, nos termos do artigo 14, §1º da Lei
nº 6.938/81 e, em vista da natureza do bem tutelado, tratado pelo legislador constituinte como
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e direito das futuras gerações, é
adotada na modalidade do risco integral ou do risco da atividade, as quais não admitem
referidas excludentes, permitindo a adequada tutela deste bem. (Professora Vanessa Ferrari).

Questão 6
6. Ambiental - O licenciamento ambiental tem natureza jurídica de ato administrativo vinculado.
C/E?

João Luiz O tema é polêmico. No entanto, majoritariamente, considera-se que a licença


ambiental é ato administrativo sui generis, ou mesmo misto, uma vez que possui características
de ato vinculado, bem como discricionário.

Questão 7
7. Ambiental - Quais são as principais diferenças entre a licença do regime jurídico
administrativo e a licença ambiental que é regida pelo regime jurídico ambiental?

Mari Nanias: A licença no regime jurídico administrativo possui natureza vinculada, ou seja, se
o particular preencher todos os requisitos legais necessários terá direito à sua obtenção. Já a
licença ambiental não possui tal vinculação; o cumprimento de certas exigências legais apenas
autoriza o particular a requerer sua solicitação. A licença ambiental é concedida através de um
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, que abarca três fases distintas: licença prévia, licença de
instalação e de operação.

Rafael Souza: Resposta sem consulta: conforme o entendimento doutrinário dominante, a


licença ambiental é ato discricionário, pois o Poder Público não está compelido a permitir o
empreendimento que possa afetar o meio-ambiente, a despeito de todas as cautelas que
possam ser tomadas pelo interessado (há quem diga que nem se trata de licença propriamente
dita); já a licença administrativa é um ato vinculado, pois o Poder Público deve concedê-la a
quem preencher os respectivos requisitos.

Questão 8
8. O Código Florestal Brasileiro trouxe uma redução da proteção ambiental, especialmente no
tocante às APPs e RLs. Essa mudança tem apoio na legislação brasileira?

Não, pois na medida que o direito ao meio ambiente foi ampliado pela CF, sendo previsto como
direito fundamental, ocorrerá a aplicação do Princípio da Proibição ou Vedação ao Retrocesso
ecológico ou socioambiental, ou seja, nova lei não poderá reduzir as proteções e direitos
ambientais já previstos, mas tão somente amplia-los.

Além de violar o princípio supramencionado, igualmente, conforme o Min. Benjamin Herman


nos ensina em seus julgados, fere o princípio da melhoria da qualidade ambiental disposto art.
2º, caput, da LPNMA- L.6938/81.

Se um dos objetivos estabelecidos é a melhoria da qualidade ambiental, não há que se admitir


nova legislação que a piore.

Questão 9
9. A CF determina ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações. Quais os princípios envolvidos e de que maneira
a coletividade pode participar desse processo?

Questão 10
10. Como está disciplinado os exercícios do poder fiscalizador estatal na legislação brasileira?
Nessa seara, todo empreendimento ou atividade deve ser objeto de licenciamento e exige-se a
elaboração do estudo ambiental denominado EIA/RIMA?

- TDDC (Consumidor)
Questão 1
1. Consumidor - A inversão do ônus da prova, prevista no CDC, pode ser aplicada à defesa de
qualquer interesse transindividual? Fundamente.

Vitor Santos: Sim, em razão do princípio da integratividade do micro sistema processual coletivo.
Art. 21 da LACP e 90, CDC.
Joicy Romano: Exatamente, valendo ressaltar que embora prevista fora do título III do CDC, a
norma sobre inversão do ônus da prova tem caráter processual e como tal pode ser aplicada nas
demais ações, ope judicis.

Questão 2
2. O que é relação de consumo e quais os elementos integrantes e caracterizadores dessas
relações jurídicas?

Relação de consumo é toda relação jurídica estabelecida entre o consumidor e fornecedor,


tendo como base a aquisição de produto e/ou utilização de serviço como destinatário final.

Os elementos integrantes na relação de consumo de ordem subjetiva são o consumidor e o


fornecedor, e os elementos de ordem objetiva são o produto e/ou serviço.

O CDC prevê 4 conceitos jurídicos de consumidor: consumidor em sentido estrito ou próprio


(art.2º, caput, CDC), consumidor por equiparação (art.2º,p.u, CDC), consumidor “bystander”
(art. 17, CDC) e consumidor em sentido amplo ou exposto à relação no sentido abstrato (art. 29,
CDC).

O consumidor em sentido estrito é toda pessoa física ou jurídica que adquire e/ ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

O consumidor por equiparação é toda a coletividade de pessoas determináveis ou não, que haja
intervindo nas relações de consumo. Nesse caso, o MP intervém na defesa do consumidor, em
prol da coletividade, por meio de Ação Civil Pública.

No entanto, excepcionalmente, o MP poderá intervir por meio de instauração de Inquérito Civil


e Ação Civil Pública para defesa de consumidor, de forma individual, como no caso do idoso,
conforme previsto no art. 74, I, do Estatuto do Idoso, compete ao MP a proteção dos direitos e
interesses difusos ou coletivos, INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS e individuais homogêneos do idoso,
pois o direito à defesa do consumidor é direito fundamental previsto constitucionalmente,
sendo este indisponível.

Além de intervir na defesa de direito individual indisponível do idoso, também cabe ao MP à


proteção aos direitos individuais indisponíveis quando se tratarem de pessoas portadoras de
deficiência, criança e adolescente.

Há também o consumidor “bystander”, que é toda vítima do evento decorrente de fato do


produto, como por exemplo, no caso de acidente de um veículo, ocasionado em razão de fato
do produto (que traz insegurança ou danos), e que atinge pedestre. Este, para fins jurídicos, é
considerado consumidor “bystander”.

Por fim, temos o consumidor em sentido amplo ou exposto à relação no sentido abstrato, que
são todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais previstas no CDC.

Como por exemplo, no caso de uma coletividade exposta a uma prática comercial abusiva, como
a publicidade enganosa, o MP deverá intervir na proteção dos consumidores por meio de Ação
Civil Pública, ainda que não tenha efetivamente ocorrido o estabelecimento da relação de
consumo, deverá atuar de forma preventiva.

O fornecedor figura na relação de consumo como elemento subjetivo e o CDC o define como
qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, desenvolvam atividades no mercado de consumo, exceto, nas de
caráter trabalhista (art. 3º, CDC).

O produto é elemento objetivo e é definido como qualquer móvel ou imóvel, material ou


imaterial, independentemente de remuneração. (art. 3º, p.1º, CDC)

Já o serviço, é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,


inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, exceto, as de caráter
trabalhista. (art. 3º, p.2º, CDC).

Por fim, temos o elemento caracterizador da relação de consumo, que é a vulnerabilidade do


consumidor.

Logo, a relação de jurídica somente se qualifica como de consumo quando presente a


vulnerabilidade de uma das partes em detrimento da outra. (MÔNICA CHANG)

Questão 3
3. Todo consumidor é vulnerável e hipossuficiente. Para inversão do ônus da prova basta a
demonstração da vulnerabilidade, não cabendo nas ACP’s consumeristas, em face da
legitimação ativa qualificada. C ou E, comente.

Errado, pois o elemento tipificador ou caracterizador da relação de consumo é a vulnerabilidade


do consumidor, ou seja, não há relação jurídica de consumo sem sua existência.

Por sua vez, a hipossuficiência é relativa, devendo-se observar se há a existência de


hipossuficiência técnica, que diz respeito ao conhecimento de como é feito o produto ou serviço;
jurídica, que estabelece o conhecimento do alcance jurídico da relação de consumo
estabelecida; fática ou socioeconômica, que é relacionada à pressão da vida cotidiana; ou
informacional, que são informações suficientes ao consumo do produto ou serviço.

Havendo a existência de uma destas, o consumidor será considerado hipossuficiente,


ocorrendo, assim, a inversão do ônus da prova, à critério do juiz, observado este requisito ou a
verossimilhança das alegações.

No que diz respeito ao cabimento de inversão do ônus da prova nas ACP’s é pacífico o
entendimento quanto sua possibilidade, pois não é observada a vulnerabilidade do legitimado
ativo, mas a vulnerabilidade da coletividade que este representa, pois nas ACP’s promovidas
pelo MP, este é legitimado extraordinário, ou seja, é substituto processual da coletividade,
apenas representando-a. (MÔNICA CHANG)

Questão 4
4. A responsabilidade no CDC é solidária e objetiva, não havendo diferença entre fato e vício
quanto à responsabilização do fornecedor. C ou E. Comente.

Errado, pois a responsabilidade será sempre solidária, conforme prevê o art.7º, p.u, do CDC,
quando tiver mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente para prevenção ou
reparação de dano causado em relação de consumo, mas nem sempre será objetiva.

Em regra, a responsabilidade será objetiva quanto ao fornecedor do produto ou serviço.

No entanto, a exceção prevista é nos casos de profissionais liberais, a qual a responsabilidade


será subjetiva, mas o procedimento do CDC seguirá normalmente, como exemplo, na inversão
do ônus da prova, a qual caso verificada a existência de um dos requisitos, verossimilhança das
alegações ou hipossuficiência do consumidor, a critério do juiz, deverá ser realizada.

DÚVIDA: HÁ DIFERENÇA ENTRE FATO E VÍCIO QUANTO À RESPONSABILIZAÇÃO??????

Além do que prevê a CF, conforme dispõe o art. 6º, VI, do CDC, é direito básico do consumidor,
entre outros, a efetiva prevenção e reparação de danos morais e patrimoniais, individuais,
coletivos e difusos.

O instrumento para assegurar tal reparação é a ACP, pois conforme o art. 1º da LACP, é por meio
deste que o MP é legitimado ativo para defesa e busca da responsabilização por danos morais e
patrimoniais causados ao consumidor.

O art. 21 do mesmo diploma legal (LACP), aplica o Título III do CDC, que dispõe sobre a
possibilidade de fazer o pedido individual homogêneo, possibilitando o requerimento de
indenização dos consumidores lesados.

A responsabilidade será sempre solidária, conforme prevê o art.7º, p.u, do CDC, quando tiver
mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente para prevenção ou reparação de
dano causado em relação de consumo, mas nem sempre será objetiva.

Em regra, a responsabilidade será objetiva quanto ao fornecedor do produto ou serviço.

No entanto, a exceção prevista é nos casos de profissionais liberais, a qual a responsabilidade


será subjetiva, mas o procedimento do CDC seguirá normalmente, como exemplo, na inversão
do ônus da prova, a qual caso verificada a existência de um dos requisitos, verossimilhança das
alegações ou hipossuficiência do consumidor, a critério do juiz, deverá ser realizada.

Tal inversão do ônus da prova no caso de responsabilidade subjetiva é denominada como culpa
presumida.

O Min. Benjamin Herman em seus julgados menciona a teoria da qualidade, tomando por base
de consumo a qualidade do produto ou serviço oferecido.

Ocorrendo um vício de qualidade ou quantidade que torna o produto ou serviço impróprio ou


inadequado para o consumo, configura-se o vício (art. 18, caput, do CDC).

Por outro lado, ocorrendo defeito do produto ou serviço capaz de gerar insegurança, temos o
denominado fato do produto ou serviço (art. 12,p.1º, CDC)

Exemplos:

Fato do produto: arts. 12 e 13, CDC

Fato do serviço: 14, CDC

Vício do produto: 18, CDC

Fato do produto: 20, CDC

No tocante à prescrição e decadência, quando se tratar de vícios aparentes ou de fácil


constatação, ocorrerá a decadência em 30 dias quando o produto ou serviço não for durável, e
90 dias durável, contados a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução do
serviço.

Na ocorrência de vício oculto, o início da contagem será a partir do surgimento deste.


Ressaltando-se que deverá ser levado em consideração as hipóteses que obstam a decadência,
quais sejam, a reclamação comprovada perante o fornecedor e a instauração de IC pelo MP até
seu término.

Por fim, quando se tratar de fato do produto ou serviço ocorrerá a prescrição no prazo de 5
anos, contados do conhecimento do dano e sua autoria. (27, CDC).

- TDDC (Ações Coletivas)


Questão 1
1. Ações coletivas - Uma vez firmado o TAC, o que dele foi objeto não será objeto de ACP. Por
quais motivos pode-se dizer que essa assertiva é verdadeira?

Diogo Vicente: Porque o que for objeto do TAC, e não for cumprido servirá de título executivo,
podendo ser diretamente executado no juízo cível.

Joicy Romano: Isso que o Diogo Vicente disse, se não for cumprido é execução, se estiver sendo
cumprido falta interesse de agir.

Questão 2
2. Ações coletivas - O TAC pode ser feito nos autos da ACP, neste caso ele será um título executivo
judicial?

Tiago Croda: Sim, seria homologado pelo juiz como um acordo normal, geraria uma sentença de
mérito (269, III, CPC) e seria um título exe. judicial.

Questão 3
3. Ações Coletivas - A Ação Civil Pública deve propiciar uma tutela tripartite e conglobada. O que
isto quer dizer?

Almanaque Almanaque: Sim, a tutela tripartite significa que a ação pode ter por objeto a tutela
dos três direitos e interesses transindividuais: difusos, coletivos e individuais homogêneos e
conglobada porque, na mesma ação, pode ser pleiteada a reparação de danos ou que sejam
evitados danos aos mencionados direitos transindividuais. Assim, a mesma circunstância fática
e legal pode ensejar tutela coletiva tripartite e conglobada, ou seja, a tutela de direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos.

Questão 4
4. Ações Coletivas - A) O arquivamento do Inquérito Civil, devidamente homologado pelo
Ministério Público, impede a propositura da ação civil pública por eventuais interessados?
Justifique. B). Diferencie interesses ou direitos difusos dos coletivos.

Suzana Fernandes: 1. O arquivamento do IC não impede a propositura da ação civil por qualquer
do outros colegitimado. Afinal, o arquivamento é promovido dentro do MP. Trata-se de ato
interno, sem a participação do Judiciário, de tal forma que não há qualquer obstáculo a
propositura de ação por parte de outro legitimado.

Joicy Romano: Embora tanto os interesses difusos quanto os coletivos, tenham natureza
indivisível e transindividual, a diferença entre eles reside na possibilidade de determinação de
seus titulares, já que os direitos difusos são de titularidade de pessoas indeterminadas, tal como
o meio ambiente, e os direitos coletivos são titularizados por grupo ou categoria de pessoas,
determinadas ou determináveis, portanto.

Diogo Vicente: E complemento: no caso dos direitos difusos o nexo que une os titulares desses
interesses é um fato comum; no caso dos coletivos em sentido estrito, o vínculo é dado por uma
relação jurídica base entre os interessados, ou entre estes e o réu da ação coletiva.

Questão 5
5. Ações Coletivas - No que consiste a intervenção processual móvel?

Bianca Polegatti: É a hipótese em que a pessoa jurídica que tenha o ato impugnado, no caso de
ação popular, pode deixar de oferecer contestação ou possa atuar ao lado do ator popular,
desde que seja útil pra o processo. Também há possibilidade de ocorrer nas ações de
improbidade administrativa.

Joicy Romano: Isso! PJDP poder migrar de polo na AP e Ação de Improbidade. Essa mobilidade
deve sempre estar pautada no interesse público primário.

Questão 6
6. Ações Coletivas - Diversamente do que sucede com as demais pessoas habilitadas para
propositura da ACP, as associações têm legitimação condicionada. Explique os três tipos de
condições estabelecidos.

Eduardo Araújo: A associação tem que ser constituída há 01 ano e ter por finalidade a proteção
do patrimônio público e social ao: meio ambiente, consumidor, ordem econômica, livre
concorrencia, direitos dos grupos raciais, étnicos ou religiosos, e ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico. (acho que é isso, respondendo rapidamente)

Zélia Moraes: Ter por finalidade institucional assunto que diga respeito ao objeto da ACP, ou
seja demonstrar pertinência temática. E o requisito de ser constituída a pelo menos 1 ano (esse
pode ser dispensado pelo Juiz, diante da relevância social e importância dos danos)

Joicy Romano: É isso, mas caberia citar que são três tipos de condições: formal (constituída como
associação); temporal (pelo menos 1 ano, salvo dispensa pelo juiz em caso de relevância social);
institucional (pertinência temática).

Diogo Vicente: Apenas gostaria de complementar com uma informação importante: o juiz pode
dispensar o requisito da pré-constituição há pelo menos um ano quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano ou pela relevância do bem
jurídico a ser tutelado (artigo 5º, § 4º, da Lei n. 7347/85).

Questão 7
7. Ações Coletivas - A coisa julgada "secundum eventum probationes" só existe nas ações que
tutelam interesses difusos e coletivos. C/E?

Karol Lessa: C. Na tutela de interesses individuais homogeneos só existe a coisa julgada


secundum eventum litis.

Marília Boschezi: E. Embora o legislador não tenha previsto expressamente a coisa julgada
secundum eventum probationes para os direitos individuais homogêneos, a doutrina e
jurisprudência entende ser aplicável, tendo em vista a essencial função das ações coletivas lato
sensu.

Marília Boschezi: Também quero saber! Mas acredito que a resposta vai ser como certa por ser
objetiva, considerando que pela lei não tem. Porém, na doutrina e jurisprudência há posições
que afirmam existir. É isso João?

João Luiz: Em que pese forte divergência, a resposta mais segura é a assertiva do post, ou seja,
Certa! No entanto, fica a dica da Marília, que será importante numa eventual redação.

Questão 8
8. Ações Coletivas - O Estado proporciona amparo legislativo para defesa em juízo dos interesses
coletivos lato sensu. Uma vez julgadas procedentes tais ações, dar-se-á início à fase de execução
da tutela coletiva. Discorra sobre a tutela judicial que tenha por objeto os direitos em comento,
abordando, em seu texto, os seguintes pontos:

a) como é formado o microssistema de normas que tutelam as ações coletivas;

b) os princípios específicos que norteiam a fase executiva das ações coletivas;

c) a legitimidade do Ministério Público nessa fase processual, levando em consideração cada


uma das modalidades dos interesses coletivos lato sensu.

RESPOSTA:

a) O microssistema de normas coletivistas é formado pela força atrativa do art. 21 da Lei da Ação
Civil Pública (nº 7.347/85), que prevê que são aplicáveis às ações coletivas, em geral, as
disposições do Título III do Código do Consumidor, o qual, por sua vez, prevê que as normas da
Lei de ACP são aplicáveis às ações nele tratadas. Dessa forma, os diplomas voltados aos direitos
transindividuais compõe um universo em que cada integrante é complementado pelo outro, o
que abrange não só as leis citadas, mas toda aquela que versa sobre direitos coletivos (lato
sensu), na medida em que se mostrar útil à tutela do interesse perseguido.

b) Os princípios norteadores da execução das ações coletivas são: (i) ampla cognição, devendo
o interessado, para fazer jus ao bem pretendido, comprovar não só sua lesão, mas também o
nexo causal entre esta e a conduta do réu; (ii) legitimidade subsidiária dos entes citados no art.
82 do CDC, os quais poderão promover a liquidação e execução da sentença se não houver
interessados habilitados em número proporcional à gravidade do dano, decorrido um ano da
publicação do edital comunicador do trânsito em julgado da sentença condenatória, ou, no caso
exclusivo do MP, se o autor não promover a execução dentro de 60 dias a partir do trânsito em
julgado; (iii) facultatividade do foro: por interpretação sistemático-analógica do CDC, o
interessado pode propor a liquidação e execução no foro do local do dano, no do domicilio do
réu ou do no de seu próprio domicílio, e o titular da ação coletiva só pode executá-la no foro da
ação condenatória.

c) O MP possui legitimidade para executar todas as ações coletivas de que seja titular, mas
conforme o STJ, quando se trata de direitos individuais homogêneos há uma precedência da
execução individual sobre a coletiva, de sorte que o MP e os colegitimados só podem liquidar e
executar a sentença se não houver interessados habilitados em número proporcional à
gravidade da lesão, decorrido um ano da publicação do edital comunicador do trânsito em
julgado da condenação. Além disso, o MP possui o dever de executar ações movidas por outros
entes, desde que haja inércia do titular por 60 dias a partir do trânsito em julgado da ação
condenatória.

Questão 9
9. Ações coletivas- Quais são as espécies de execução da sentença coletiva? Explique
resumidamente.

Rafael Souza: A execução da sentença coletiva pode ser coletiva ou individual.

No primeiro caso, o próprio ente que moveu a ação (como autor ou colegitimado) pode requerer
seu cumprimento, seja quanto a pagamento ao fundo de defesa de direitos coletivos (como
indenização por dano moral, material ou social), seja quanto a eventual condenação de fazer ou
não fazer (ex: determinação de que todos os documentos disponibilizados aos clientes do
fornecedor-réu tenham versões em braile, ou ordem para não derrubar determinados
monumentos ou árvores).

No segundo caso, os interessados (ou seja, os beneficiários) podem se habilitar nos autos,
fazendo prova de sua condição (ex: apresentando laudos médicos, carteira de trabalho
profissional ou carteira funcional, conforme a natureza do direito reconhecido), para fazerem
jus à satisfação de seu interesse (ex: concessão de medicamento ou verba indenizatória).

Questão 10
10. Discorra sobre a coisa julgada nas ações coletivas de interesses difusos e coletivos, fazendo
referência aos artigos de lei pertinentes à matéria.

Inicialmente, a coisa julgada nas ações coletivas de interesses difusos e coletivos, em regra, terá
efeito “erga omnes”, na hipótese de procedência das ações coletivas de interesses difusos, ou
seja, será seus efeitos se estenderão a todos.

Por outro lado, nas ações de interesses coletivos, a coisa julgada terá efeitos ultra partes,
gerando efeitos somente aos grupos, categorias ou classes cujos interesses foram tutelados. Já
na ocorrência de improcedência em razão do mérito, nas ações de interesses difusos e coletivos,
a coisa julgada somente terá efeito sobre estas, não prejudicando os interesses e direitos
individuais, razão pela qual é possível que o indivíduo proponha ação individual versando sobre
o mesmo tema.

Por sua vez, quando ocorrer improcedência por falta de provas, não haverá coisa julgada, pois
qualquer legitimado poderá propor outra Ação Civil Pública, com base em novas provas. Ainda
cumpre salientar que nas ações que versarem sobre direitos fundamentais, como exemplos,
direito ao consumidor (arts. 5º, XXXII; 170,V, ambos da Constituição Federal, 48, ADCT e 1º do
CDC) e ambiental (arts. 225 da CF/88), em razão da proteção constitucional que os tutelam são
indisponíveis.

Por fim, podemos concluir que ainda que ocorra coisa julgada material nas ações que versarem
sobre direitos fundamentais, será possível o ingresso de ação rescisória, no prazo de dois anos,
bem como após decorrido esse prazo, com base em novas provas, devido à importância
conferida ao direito fundamental tutelado a ser protegido em detrimento do formalismo.

- TDDC (Patrimônio Público)


Questão 1
1. Patrimônio público - O que é tombamento?

Constitui forma de intervenção na propriedade. É a declaração pelo Poder Público do valor


histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa
razão devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio. (Professor Marco
Miguel)

Questão 2
2. Patrimônio público - Quais os meios de defesa judicial do patrimônio público? Justifique

Joicy Romano: Ação Popular, Ação Civil Pública e Ação de Improbidade, a depender de quem
deseja propor e do caso concreto.

Diogo Vicente No caso o Ministério Público pode propor a Ação Civil Púbica e a Ação de
Improbidade né, e no caso da Ação Popular ele jamais poderá iniciá-la, podendo no máximo
assumir o polo ativo se o autor dela desistir ou abandoná-la de forma infundada.

Vinícius Prado São meios de defesa judicial do patrimônio público: Ação Civil Pública: a CF
estabeleceu que tal instrumento é destinado a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. No termo “ação civil pública” podemos
incluir a “ação civil de improbidade”. Ação Popular: por expressa determinação constitucional é
utilizada para proteger contra atos lesivos ao patrimônio público, ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural. (Professor Marco Miguel)

- TDDC (Idoso/Deficientes/Racial)
Questão 1
1. A ACP de proteção às pessoas portadoras de deficiência não permite a formulação do pedido
individual homogêneo, uma vez que a legislação é anterior ao CDC, cabendo ao MP intervir em
qualquer demanda, inclusive as individuais, qualquer que seja o tema discutido, e se a sentença
for de improcedência ou reconhecimento de carência de ação, cabe o reexame obrigatório. C ou
E, comente.

Questão 2
2. O direito à saúde é direito fundamental da pessoa humana, e sendo de direito público subjetivo
e dever do Estado, a responsabilidade pelas políticas a serem desenvolvidas, inclusive assistência
farmacêutica e médico-hospitalar, cabe aos Entes Políticos, que devem ser acionados em
litisconsórcio passivo necessário, não cabendo, porém, ação ministerial, ressalvando-se, porém,
a negativa em face da “reserva do possível”. C ou E, comente.

Questão 3
3. A ACP é instrumento apto para a apreciação das lesões e ameaças de lesão aos interesses da
população negra decorrentes de desigualdade étnica, podendo ser utilizada, inclusive, para
garantir o direito à saúde, o estudo da história da população negra no Brasil, a cultura, a
assistência religiosa de praticantes de religiões matrizes africanas, inclusive moradia. C ou E,
comente.

Questão 4
4. O idoso goza de proteção especial no ordenamento brasileiro, aplicando-se, a ele, a doutrina
da proteção integral e o princípio da prioridade absoluta. Assegura-se ao idoso o direito à
acessibilidade urbana e aos alimentos, e, exigido o cumprimento por um coobrigado, este tem o
direito de trazer os demais à lide. As transações relativas a alimentos, feitas perante o MP, são
títulos executivos extrajudiciais, não cabendo, porém, decreto prisional pelo inadimplemento.

Questão 5
5. O idoso, dentre os direitos protegidos, tem a impossibilidade de elevação do plano de saúde
em razão de idade, e a cargo do MP, poderá ter seus direitos individuais protegidos por IC e ACP,
cabendo ao MP atuar como substituto processual em qualquer situação. C ou E, comente.

- Direito Processual Civil


Questão 1
1. No processo civil brasileiro, existe interesse do réu em recorrer de uma sentença de
improcedência? Explique.

Renata Barbosa: Em regra, não, pois lhe faltaria interesse recursal. No entanto, há exceções em
que se vislumbra interesse recursal do réu em impugnar uma sentença de improcedência: a) se
houver alguma nulidade nesta sentença; b) se, no âmbito do processo coletivo, a improcedência
for por insuficiência de provas - como se sabe, a sentença de improcedência (sentença de
mérito) faz coisa julgada material e impede sua repropositura. Todavia, se nas ações civis
públicas (e na ação popular) a improcedência for por insuficiência de provas, não haverá coisa
julgada (somente haverá coisa julgada se a improcedência se der por outros motivos). Por isso,
a doutrina diz que a coisa julgada é “secundum eventum litis“ (haverá coisa julgada dependendo
da fundamentação de improcedência). O julgamento improcedente por insuficiência de provas
não é o melhor resultado obtido pelo réu, pois será possível que o MP reproponha a ação.
Melhor seria para o réu que a sentença fosse julgada improcedente por inexistência de dano,
pois haveria coisa julgada material nessa hipótese e o autor não poderia renovar a ação. O réu
poderá recorrer ao tribunal pedindo que se mantenha a improcedência e altere a
fundamentação de insuficiência de provas para inexistência de dano.

Questão 2
2. Como as condições da ação se relacionam ao mérito desta? Explique.

Diogo Vicente: A teoria que trata do momento da verificação das condições da ação é a Teoria
da Asserção, que consiste em verificá-las com base nas assertivas do autor na sua petição inicial,
pois até então não existem provas. Se a constatação de que está ausente ao menos uma das
condições da ação se der até o saneador (sentença sem resolução do mérito), se ocorrer após
aquele (sentença com resolução do mérito).
Importante salientar que o Código de Processo Civil vigente adotou essa teoria em parte, pois
independente do momento em que se percebe a falta de qualquer uma das condições da ação,
o processo sempre terá sentença sem resolução do mérito.

Porém, na prática, os juízes e tribunais têm adotado a teoria da asserção na íntegra.

Diogo Vicente: Na verdade a teoria da asserção é adotada porque as condições da ação possuem
relação jurídica com o objeto material discutido, e ai entra o que eu havia falado anteriormente.
No início do processo, faz-se uma cognição sumária acerca da existência das condições da ação,
pois não se tem provas e por isso se baseia nas afirmações do autor na petição inicial; se depois,
na fase instrutória, percebe-se que o autor fez afirmações inverídicas, o direito material
discutido também não foi provado como verdadeiro, e por isso é julgado o processo com
resolução do mérito (Teoria da asserção na íntegra).

Joicy Romano: Tá, só queria que vc explicasse tbm que a Legitimidade é verificada com base nas
partes da relação de direito material, o interesse de agir é verificado com base na dinâmica e
natureza do direito material e a possibilidade jurídica do pedido com base na proteção conferida
pelo ordenamento ao direito discutido. Perceba que embora tenha se aprofundado
corretamente na teoria da asserção e estar super correto, esqueceu de mostrar pro examinador
o básico: que vc sabe quais são as condições da ação RS

Questão 3
3. Em regra, ao atuar como parte, o MP é autor da ação. Contudo, há a possibilidade de o mesmo
figurar como réu. Cite dois exemplos em que isto ocorre.

Marco Custodio Ação rescisória e anulatória de TAC

Questão 4
4. Diferencie substituição processual de sucessão processual.

Joicy Romano: Na substituição processual, um sujeito está legitimado a defender interesse de


outrem e esta ocorre somente em decorrência de expressa autorização legal. Já a sucessão
processual verifica-se quando há troca de sujeitos no processo, que pode se dar em razão de
morte, incorporação ou fusão de pessoa jurídica ou até mesmo decorrer de ato voluntário no
caso de nomeação à autoria ou de alienação de coisa litigiosa.

Questão 5
5. O MP tem legitimidade para ser autor na ação de interdição? Explique.

Salem Concurseiro: Sim, na ausência dos outros legitimados para propor a ação (pais e cônjuge,
por exemplo) ou quando estes não a proporem. E também nos casos de doença mental grave.
(Eu só lembro isso do CC, não sei se tem outras resoluções especiais no CPC ou lei esparsa).

Joicy Romano: Sim, isso ae. Mas quando o MP for parte deve ser nomeado curador especial para
resguardar o interesse do interditando.

Matérias 2
- Constitucional
Questão 1
1. A CF proíbe qualquer trabalho aos menores de 14 anos. Como é possível a existência de atores
mirins nas telenovelas, participação como apresentadores, etc, sem que isso se configure uma
atividade ilegal?

Lili Rezende Joicy Romano penso mais ou menos o seguinte: o trabalho de menores de 14 anos
(pois maiores de 14 anos poderiam trabalhar como aprendizes) é sim vedado tanto pela CF,
como pelo ECA, como pela CLT, como por Convenções da OIT, como pela própria principiologia
do direito da infância (proteção integral e proteção das crianças e adolescentes como indivíduos
ainda em desenvolvimento)....e por aí vai. Contudo, hoje, excepciona-se casos particulares, por
meio de alvarás e autorizações para trabalho para crianças (expedidos pela Justiça do Trabalho),
na maioria esmagadora das vezes para trabalhos em comerciais e tv (tem artigo no ECA
enfatizando isso). Fato é que crianças não podem ser arrimo de família, mas se houver
autorização judicial e se o trabalho não for tão prejudicial aos afazeres da criança (escola e lazer),
não vejo tamanhas complicações. Recentemente houve um problema no programa "Bom dia e
Companhia" (acho) do SBT e os apresentadores mirins foram afastados pela justiça por conta do
suposto problema psíquico que um trabalho tão precoce poderia causar numa criança. São
decisões passíveis de recurso sim e de bastante questionamento, até porque, embora o direito
proíba, não pode se afastar o direito da realidade do país, uma vez que programas infantis são
comercializáveis, educativos e, muitas vezes, possuem relevantes picos de audiência. Não vejo
mal algum uma criança assistir carrossel, desde que a tal "Maria Joaquina" ou "Cirilo" não
tenham infância perdida em razão de exaustivas horas de gravação.

Questão 2
2. Quais as finalidades (constitucionalmente definidas) do MP?

Joicy Romano: Defesa da ordem jurídica, regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.

Questão 3
3. Em relação ao Conselho Nacional de Justiça, responda de maneira fundamentada: o princípio
constitucional da separação de poderes (CF, art. 2º) e as garantias de independência do Poder
Judiciário (CF, arts. 95, 96 e 99), todos como cláusulas pétreas (CF, art. 60, §4º, III), são colidentes
com a criação, composição e características do CNJ (CF, art. 103-B)?

Renata Barbosa: O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um órgão do Poder Judiciário, criado
por meio da Emenda Constitucional 45, de 31 de dezembro de 2004, que incluiu o art. 103-B à
Constituição da República, integrado por membros do judiciário, ministério público, advogados
e cidadãos. Com atuação em todo o território nacional, compete ao CNJ o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e a fiscalização do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, promovendo o aperfeiçoamento do serviço público na prestação da
Justiça. A partir da criação do CNJ passou-se a discutir a sua (in) constitucionalidade sob o
argumento de que a sua criação (por meio de emenda constitucional, fruto do poder
constituinte derivado reformador), a sua composição (integrantes não exclusivos do judiciário)
e suas características (controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e a
fiscalização do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes), causariam lesão à separação
dos poderes e ao pacto federativo, ambos cláusulas pétreas e, portanto, não tangenciáveis pelo
poder constituinte derivado reformador. Todavia, não foi esse o entendimento adotado pelo
STF no julgamento da ADI 3.367, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, em que
se declarou a constitucionalidade do CNJ. Além disso, a doutrina prescreve que a separação dos
poderes é afetada apenas quando o núcleo de independência e da atividade principal exercida
por eles é restringido pelo domínio ou ingerência de outro. Controles recíprocos, dentro de
determinadas margens, são admitidos (e desejáveis) constituindo o chamado sistema de freios
e contrapesos. O Conselho Nacional de Justiça não integra a estrutura do legislativo ou do
executivo, mas do próprio judiciário. Nesta senda, o controle que exerce não é externo, mas
interno ao Poder Judiciário. Por outro lado, não afeta a prestação jurisdicional, função precípua
do referido poder, mas exerce mero controle financeiro e administrativo. Ora, controle exercido
por órgão próprio ao Poder Judiciário sobre suas atividades administrativas e financeiras e com
intuito fiscalizatório não ameaça a independência da prestação jurisdicional.

Nesse sentido o magistério de Luis Roberto Barroso: “é evidente que a cláusula pétrea de que
trata o art. 60, §4°, III, não imobiliza os quase 100 (cem) artigos da Constituição que, direta ou
indiretamente, delineiam uma determinada forma de relacionamento entre Executivo,
Legislativo e Judiciário. Muito diversamente, apenas haverá violação à cláusula pétrea da
separação dos Poderes se o seu conteúdo nuclear de sentido tiver sido afetado (...) O Conselho
Nacional de Justiça não viola o princípio da Separação de Poderes (...) é órgão próprio do
Judiciário, não de outro Poder, e suas atividades dizem repeito à fiscalização e à supervisão de
atividades administrativas, não de atividade privativa do Judiciário (...) não há aqui, portanto,
qualquer vulneração à cláusula pétrea em questão“. Destaca-se também passagem do magistral
voto proferido pelo Min. Cézar Peluso na ADI 3.367-DF: “Longe, pois, de conspirar contra a
independência judicial, a criação de um órgão com poderes de controle nacional dos deveres
funcionais dos magistrados responde a uma imperfeição contingente do Poder, no contexto do
sistema republicano de governo. Afinal, ‘regime republicano é regime de responsabilidade. Os
agentes públicos respondem por seus atos‘. E os mesmos riscos teóricos de desvios pontuais,
que se invocam em nome de justas preocupações, esses já existiam no estado precedente de
coisas, onde podiam errar, e decerto em alguns casos erraram, os órgãos corregedores“.
Também improcedente o argumento daqueles que referem-se a composição do CNJ, que conta
com advogados, membros do Ministério Público e cidadãos de notável saber jurídico, como
forma de confirmar-se a ameaça à separação dos poderes. De longa data a composição dos
próprios tribunais conta com quadros egressos da advocacia e do ministério público através do
chamado quinto constitucional. Os Tribunais Eleitorais contam com membros da advocacia e o
STF, corte suprema, tem seus membros livremente nomeados pelo Presidente da República
(executivo) e aprovados pelo Senado Federal (Legislativo). Portanto, a participação dos outros
poderes na formação (e não condução) dos órgãos judiciários ou na origem dos seus
componentes em nada afeta a separação dos poderes nem constitui novidade no nosso
ordenamento jurídico. De qualquer sorte a maioria dos membros que compõe o CNJ (09 em 15)
são egressos do Judiciário. Mas uma vez alude-se a passagem do voto do Min. Cézar Peluso (ele
próprio magistrado de carreira) na ADI 3.367-DF: “Nem embaraça a conclusão, o fato que
tenham assento e voz, no Conselho, membros alheios ao corpo da magistratura. Bem pode ser
que tal presença seja capaz de erradicar um dos mais evidentes males dos velhos organismos de
controle, em qualquer país do mundo: o corporativismo, essa moléstia institucional que
obscurece os procedimentos investigativos, debilita as medidas sancionatórias e desprestigia o
Poder“. Por outro lado é improcedente o argumento de que haveria lesão ao pacto federativo.
Embora autônomos, os Estados devem participar na formação da vontade do ente global, que,
como anteriormente explanado é a União (...) depreende-se que a jurisdição pertence ao Estado,
é nacional. Todavia, existe descentralização judiciária, com a competência dos Estados para
organizar a sua justiça, a teor do art. 125 da CF (...) Dessa forma, não pode ser apoiado o
entendimento de que o Conselho Nacional de Justiça desrespeitaria o pacto federativo, uma vez
que se trata de órgão do próprio Poder Judiciário, integrado tanto por juízes estaduais como
federais, contemplando ambas as esferas federativas(...). Ora, a harmonização do judiciário no
território nacional é desejável, não sendo por outro motivo concebida uma lei orgânica (que
clama por sua reforma dada a antiguidade) ou conselhos em âmbito nacional, como o Conselho
da Justiça Federal. O pacto federativo não repele, mas alberga, a concepção de unidade,
coerência e transparência nos poderes, ainda que sediados e administrados no âmbito local dos
entes federados. Por isso, norma ou fiscalização central é o corolário da estruturação harmônica
e una do judiciário, e não ofensa ao pacto federativo.

Logo, não há que se falar em inconstitucionalidade do CNJ.

Questão 4
4.Direitos fundamentais têm natureza jurídica dúplice. Explique tal duplicidade.

Joicy Romano Tais direitos tem natureza dúplice pois são categoria especial de direito subjetivo,
ligados à condição de pessoa humana, e partes integrantes do direito objetivo, por constituírem
princípios.

Questão 5
5. CNMP possui competência para realizar controle de constitucionalidade de lei? Qual
entendimento do STF?

Diogo Vicente: É órgão meramente administrativo, não possuindo poder jurisdicional; se fizer
estará usurpando em sua competência

Lú Concurseira: Não possui competência para realizar controle de constitucionalidade de lei.

Questão 6
6. Como compatibilizar direito de reunião e de utilização (indistinta/ indiscriminada) de bem
público de uso comum do povo?

Diogo Vicente: Basicamente isso que vocês disseram. A via pública é bem de uso comum do
povo. Sendo assim, não pode ser utilizada de forma indistinta, indiscriminada, pois outras
pessoas não podem ser prejudicadas por ter o direito de passagem obstruído. O direito de
reunião é assegurado na CF, mas para que possa ser utilizado é necessário prévio aviso às
autoridades para que possam supervisionar esse uso, o controle do fluxo de veículos no trânsito,
a segurança dos presentes, etc. Em outras palavras, o direito de um acaba onde começa o do
outro. Princípio básico do direito.

Questão 7
7.Pode o membro do Ministério Público pleitear direito individual?

Joicy Romano: Pode pleitear direitos individuais homogêneos, direito individual indisponível e
direito individual disponível dotado de relevância social.

Questão 8
8. MP/RJ - É possível ao órgão do Ministério Público buscar tutela judicial para amparar direito
individual de pessoa com deficiência física? Resposta fundamentada.
Diogo Vicente: É possível, pois com base na combinação do artigo 127 com o 129, incisos III, IX
da CF. O primeiro diz que o Ministério Público é uma instituição essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos direitos
sociais e individuais indisponíveis.

Quanto ao artigo 129, inciso III, o MP tem como uma de suas funções promover o inquérito civil
e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público, histórico, turístico e paisagístico, e
de outros interesses difusos e coletivos.

Com relação ao artigo 129, inciso IX, o órgão ministerial pode exercer outras funções desde que
compatíveis com sua finalidade.

Importante que se diga ainda, que referida legitimidade já era dada ao Ministério Público por
meio da Lei que trata dos portadores de deficiência.

Portanto, o "parquet" pode sim promover a tutela judicial dos interesses de pessoa com
deficiência.

Anderson Mosconi Ortega: Só para lembrar. Para o ministro Herman Benjamin os deficientes
são hiper vulneráveis

Lú Concurseira: Acredito que a fundamentação também possa ser complementada pelo artigo
5 da Lei 7853/89. "O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas
ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas".

Questão 9
9. O Ministério Público, dentro de suas funções institucionais, poderá determinar interceptações
telefônicas?

Eduardo Elvis Grosso: Exato, ainda mais se adotarmos o entendimento do STF, quando
reconhece o poder de investigação do MP, desde que respeite a cláusula de reserva de jurisdição
e os direitos e garantias assegurados à qualquer pessoa sujeita a investigação por parte do
Estado.

Questão 10
10. O ministério público pode decretar quebra do sigilo bancário? Fundamentar a resposta.

Joicy Romano: Não, pois o MP, ao atuar na investigação que irá subsidiar a propositura da ação
penal tem apenas os poderes investigatórios comuns, ou seja, os mesmos da autoridade policial.
Portanto, para que ocorra a quebra de sigilo bancário de um investigado, deve o MP requerer
ao juiz que a decrete.

Karine de Luca: Ótima resposta Joicy Romano!! Além disso, a lei complementar 105/11 que
disciplina o sigilo bancário, não confere legitimidade do mp ter acesso direto aos dados dos
investigados!

Questão 11
11.Qual a diferença entre garantias e prerrogativas do membro do MP?

- Administrativo
Questão 1
1. São necessários os requisitos das cautelares nos pedidos de indisponibilidade de bens cautelar
em face do agente improbo?

Joicy Romano: Não é necessário demonstrar o periculum in mora, bastando os indícios


relevantes da prática de ato improbo, já que a lei e a própria CF definiram a possibilidade de
indisponibilidade de bens na hipótese do ato de improbidade, visando acautelar o patrimônio
que poderá ter o dever de ressarcir o erário.

Questão 2
2. O que é o princípio da intranscendência subjetiva das sanções?

Vinícius Prado: O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições


superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido
as causadoras do ato ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe
a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por
administrações anteriores.

Questão 3
3. Qual Prazo prescricional da ação de indenização proposta contra pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público?

R: Informativo 563 do STJ É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de
trânsito proponha ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte
coletivo (empresa de ônibus). O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei
9.494/97 e também no art. 14 c/c art. 27, do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.277.724-PR, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563)

Questão 4
4. As organizações sociais que celebrarem contrato de gestão com o Poder Público podem ser
consideradas delegatárias de serviços públicos? Responsa e justifique.

Marília Boschezi: Não, as organizações sociais realizam o serviço público respectivo em nome
próprio, porém não são consideradas delegatárias porque não recebem por meio do poder
público concessão ou permissão para execução de serviços públicos.

Arthur Inácio: As organizações sociais são entidades privadas, criadas por particulares, não
tendo finalidade lucrativa. Elas celebram com o Estado um contrato de gestão, se qualificando
como uma organização social.

Questão 5
5. O que é capacidade política?

Thiago Bovi: Capacidade política em se tratando de direito administrativo é a aptidão de que se


valem os entes da administração direta ou centralizada de inovar no mundo jurídico. Afinal está
é uma das principais diferenças desses entes, denominados também como políticos, em relação
aos entes administrativos, que são as pessoas jurídicas da administração indireta. Estes não
possuem a capacidade em tela. E porquê não possuem? Pelo simples fato de que o constituinte
assim não o quis.

Questão 6
6. O prazo prescricional para propor a ação de improbidade administrativa contra ato ímprobo
praticado por Prefeito Municipal durante o primeiro mandato começa a fluir a partir do término
deste, ainda que o agente político seja reeleito para o segundo mandato. ( )

Cinthia Cavalcante X Douglas Evair: Se o agente público é detentor de mandato eletivo, praticou
o ato de improbidade no primeiro mandato e depois se reelegeu, o prazo prescricional é contado
a partir do fim do segundo mandato (e não do término do primeiro) (STJ. 2ª Turma. REsp
1107833/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/09/2009). (fonte Dizer Direito).

Questão 7
7. A probidade adm é princípio expresso na CF e os atos de improbidade tão somente praticados
por agentes públicos, não estando, a eles sujeitos, terceiros e sucessores dos responsáveis. C ou
E, comente.

Questão 8
8. Os atos de improbidade adm estão previstos em rol exaustivo na LIA, aplicando-se a
responsabilidade objetiva, qual seja, basta a mera demonstração do vínculo causal objetivo
entre a conduta do agente e o resultado lesivo, todavia a responsabilização depende da efetiva
ocorrência de dano. C ou E, comente.

Questão 9
9. A ação de improbidade exige prévia instauração de Inquérito Civil, no qual não pode ser
formalizado TAC, exigindo-se litisconsórcio ativo necessário e contraditório ou defesa preliminar,
além de juízo de admissibilidade onde vigora o “in dubio pro reo”, descabendo tutela antecipada
e medidas cautelares. C ou E, comente.

- Civil
Questão 1
1. É possível dar curador à pessoa enferma, que esteja na plenitude de suas faculdades mentais?
Justifique e explique

Renata Barbosa: Sim, trata-se de modalidade de curatela especial, prevista no artigo 1780 do
Código Civil. Destina-se ao enfermo ou portador de deficiência física e é uma curatela de menor
extensão, já que pode abranger apenas alguns dos negócios ou bens do curatelado e, ao
contrário da curatela decorrente de interdição, não o priva totalmente dos atos da vida civil,
nem declara a incapacidade civil absoluta. Há que se verificar, no caso concreto, se é caso de
interdição ou se simplesmente o agente está incapacitado, por enfermidade ou deficiência física,
mesmo que definitivamente, para cuidar de seus negócios ou bens (todos ou não). Em sendo o
caso, bastará que ele próprio ou qualquer das pessoas legitimadas aludidas no art. 1768 do
Código Civil requeiram a nomeação de curador em Juízo.

Questão 2
2. Há possibilidade de um Herdeiro Necessário ter seu direito à herança afastado? Explique.

Diogo Vicente: Sim, existe essa possibilidade quando o herdeiro pratica atos atentatórios à
dignidade do autor da herança. Salvo engano é o instituto do herdeiro indigno, é isso?? Exemplo:
a Suzane Von Richthofen que matou os pais para receber a herança. Alguns doutrinadores
afirmam que isso seria um resquício do velho instituto da "morte civil". Em outras palavras a
pessoa está viva, mas para fins de herança é considerada pré-morta.

Diogo Vicente: Pessoal, gostaria de fazer uma pequena retificação na minha resposta, no caso a
deserdação também seria possível para retirar a possibilidade do herdeiro necessário receber a
herança. O artigo 1829 do Código Civil, que trata da ordem sucessória, na verdade traz como
herdeiros necessários as pessoas que o legislador imaginou que o autor da herança gostaria de
beneficiar na hipótese de não haver o testamento. Portanto, o autor da herança pode retirar
um herdeiro necessário da linha sucessória por meio de disposição de última vontade.

Salem Concurseiro: O Código não fala em indignos e sim em "excluídos da herança", que é o
caso da Suzaninha, e só pra complementar o que o Diogo falou, o excluído não pode administrar
o patrimônio de quem o representou (matei de boas meus pais e vou ficar aqui administrando
a grana - NÃO PODE!!! hahahah). É declarado por sentença, somente.

Cabe ao legatário também!

A deserdação é ato dispositivo de vontade do testador que deverá no testamento colocar


expressamente qual foi a causa que o deserdado incorreu (dentro das hipóteses elencadas)
senão a deserdação não é considerada válida.

Ex: Estou deserdando meu filho PORQUE ELE PEGOU MINHA MULHER!!! (artigo 1.963,III -
relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto).

E os outros herdeiros que sobraram deverão provar que o alegado era verdade em até 4 anos
depois de aberto o testamento.

Espero ter ajudado.. rsrs

Joicy Romano: A deserdação é no testamento, a ação de indignidade pode ser proposta por
quem dela se aproveite em até 4 anos da abertura da sucessão. A indignidade é um pouco mais
restrita (suas causas)

Questão 3
3. LINDB - No que consiste o Princípio da Segurança Jurídica? Há hipóteses em que é autorizada
sua relativização. Quais são elas?

Diogo Vicente O princípio da segurança jurídica é aquele que procura trazer estabilidade às
relações jurídicas. Está, de certa forma, relacionado à ideia de ato jurídico perfeito, coisa julgada
e direito adquirido, isso porque busca assegurar à pessoa que obteve um determinado direito
por meio do Poder Judiciário, não venha a perdê-lo de forma arbitrária. No entanto, esse
princípio pode ser relativizado em algumas situações, como, por exemplo, nas hipóteses do
artigo 485 que trata da ação rescisória, ação revisional de alimentos (pode fazer com que a
pessoa receba menos do que recebia antes), entre outras.

Joicy Romano Boa Diogo. O Princípio é isso, vc apontou atos processuais que o relativizam, ao
formular a pergunta eu havia pensado na retroatividade de leis (penal benéfica, normas de
ordem pública que visam assegurar função social da propriedade e dos contratos, etc, mas ta
tudo ali!)
Marcela Grillo A segurança jurídica é um direito fundamental do cidadão. Implica estabilidade,
pela adoção pelo Estado de comportamentos coerentes, não contraditórios. É também respeito
às realidades consolidadas.

A segurança jurídica está prevista constitucionalmente no artigo 5, XXXVI: "A lei não prejudicará
o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Estes três institutos (direito
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada) promovem a segurança juridica (trilogia da
segurança jurídica).

Além disso, a segurança jurídica está igualmente contida no princípio da irretroatividade da lei
penal mais gravosa.

Em determinadas situações, o princípio da segurança jurídica pode não prevalecer sobre a


realidade, cedendo lugar a outros valores protegidos constitucionalmente, merecedores de
abrigo, como exemplo quando determinada decisão judicial for proferida em desconformidade
com os preceitos constitucionais (relativização da coisa julgada).

Questão 4
4. No que tange aos direitos possessórios previstos no código civil, existe alguma exceção a teoria
objetiva (ihering) ou subjetiva (savigny) da posse? Aponte e explique!

Rafael Olinto: Existe, por exemplo quando da usucapião o Código Civil, fugindo à teoria objetiva
adotada, exige o elemento anímico "animus domini", qual seja, a boa-fé do detentor.

Rafael Toledo: Na verdade, a exceção a tais teorias está prevista no artigo 1.207, primeira parte,
do código civil, que dispõe: “Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu
antecessor;”. Pelo princípio da saisine, a posse transfere-se no momento da morte do de cujus
para os respectivos herdeiros. Tomemos o seguinte exemplo: “A” teve um filho, qual seja “B”.
“A” mora no Brasil, tem a posse de uma casa e nunca mais teve contato com o seu filho “B” que
mora em Londres, Inglaterra. Por tal previsão do art. 1207, a partir do momento em que “A”
falecer, a posse do seu imóvel passará para “B” automaticamente. Veja, “B” não tem animus,
nem tem corpus, mas é possuidor, por expressa disposição legal. Portanto, uma exceção as
teorias objetiva e subjetiva.

Questão 5
5. Alimentos provisionais e provisórios são sinônimos. C/E? Justifique.

Laís N. Macedo: Errado. Alimentos provisionais são requeridos quando não há prova pré-
constituída da obrigação alimentar. Exige-se apenas o fumus boni iuris e o periculum in mora. Já
nos alimentos provisórios o autor precisa juntar provas pré-constituídas que comprovem a
existência do parentesco.

João Luiz: Complementando: os alimentos provisionais são previstos no CPC, especificamente


nas cautelares.

- ECA
Questão 1
1. Tendo em vista a evolução das formas de regulação dos interesses da criança e do adolescente
no Brasil, faça um contraponto entre as principais características da doutrina da situação
irregular e da doutrina da proteção integral, com menção à existência de diploma(s) legislativo(s)
que, na ordem jurídica brasileira, tenha(m) contemplado os preceitos de qualquer uma das duas.

Renata Barbosa: A doutrina da situação irregular do menor foi adotada no extinto Código de
Menores, o qual foi sucedido pelo ECA. Referida legislação foi criada em virtude do alto índice
de menores infratores e visava garantir a intervenção jurídica para que referida situação fosse
controlada. Os menores não eram considerados sujeitos de direitos, mas mero objetos, sendo
que os infratores eram afastados da sociedade. O menor que cometia um delito era considerado
portador de patologia social. Esta doutrina, hoje, encontra-se totalmente superada pela
doutrina da proteção integral, fruto da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e da
Constituição Federal de 1988. O Estatuto da Criança e do Adolescente adota referida doutrina
como base principiológica, bem como os princípios do melhor interesse do menor e da absoluta
prioridade. O menor passou a ser considerado sujeito de direitos e, portanto, titular de direitos
fundamentais. A criança e o adolescente devem ter prioridade absoluta em seus cuidados e
todas as condutas devem visar o que é melhor para o menor.

Questão 2
2. Os prazos em dobro ao MP São aplicados no ECA?

Eduardo Elvis Grosso: Sim, uma vez que a fase recursal segue o Código de Processo Civil (CPC,
arts. 188 e 191). Segue julgado: (STJ - REsp: 727044 SC 2005/0029063-0, Relator: MIN. CARLOS
FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF, Data de Julgamento: 01/04/2008, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/04/2008)

Questão 3
3. No que consiste a internação sanção?

Paulo Queiroz: A internação sanção decorre do descumprimento reiterado de uma medida


diversa da internação anteriormente aplicada. Pode ser determinada pelo prazo máximo de 3
meses, se não me engano.

Questão 4
4.Estrangeiro pode adotar e exercer tutela, mas nunca a guarda de criança ou adolescente. C/E?

Karol Lessa: E, pois a única forma de colocar a criança ou adolescente em família substituta
estrangeira é através da adoção.

Thiago Bovi: E. Pois é cabível a adoção internacional, quando os adotantes possuírem domicílio
no território em outro país. Destaca-se nesse caso a imprescindibilidade do estágio de
convivência entre as partes, respeitado o tempo mínimo de 30 dias, devendo ser cumprido em
território nacional.

Marília Boschezi: E. Considerando que a adoção feita por estrangeiro (internacional) é medida
excepcional, não se admite guarda, nem tutela como formas de colocação em família substituta.

- Comercial
Questão 1
1. No que consiste o "Cram Down"?
Rafael Toledo: De acordo com o § 1.º do art. 58, "o juiz poderá conceder a recuperação judicial
com base em plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na
mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa: I o voto favorável de credores que
representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia,
independentemente de classes; II a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos
do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação
de pelo menos 1 (uma) delas; III na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de
1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1.º e 2.º do art. 45 desta Lei. "A regra
é complementada pelo § 2.º:"A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base
no § 1.º deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe
que o houver rejeitado."

Marília Boschezi: “Cram down” é a possibilidade do juiz falimentar aprovar o plano de


recuperação judicial rejeitado por determinada classe de credores, desde que seja verificada a
viabilidade econômica do citado plano e ficar demonstrado o interesse social com vistas à
preservação da empresa (art. 58, parágrafo primeiro, da lei 11.101/05). É a única hipótese do
juiz não decretar falência ante a desaprovação do plano de recuperação.

Questão 2
2.Disserte sobre a desconsideração inversa da personalidade jurídica, conforme posicionamento
recente do STJ.

Assunção Kaka: A desconsideração inversa da personalidade jurídica ocorre quando o devedor


esconde seus bens particulares em uma pessoa jurídica. A desconsideração inversa faz recair a
responsabilidade para a empresa por dívidas dos sócios. Ocorre normalmente nos casos de
divórcios, em que são transferidos bens para a empresa visando à ocultação de patrimônio.

- Direitos Humanos
- Eleitoral
Questão 1
1. Diferenciar sufrágio, voto e escrutínio, indicando a sua relação com as cláusulas pétreas do
texto constitucional.

Joicy Romano: O sufrágio é o poder inerente ao povo de participar da gerência da vida pública,
o voto é o instrumento para a materialização desse poder e o escrutínio é o procedimento para
prática do voto. Ao tratar dos direitos políticos, fundamentais e, portanto, cláusulas pétreas, a
CF destaca a soberania popular, razão pela qual sufrágio, voto e escrutínio, que são os meios de
exerce-la, não podem ser reduzidos ou alterados com prejuízo ao exercício da cidadania.

Questão 2
2. Disserte sobre a competência consultiva e a competência regulamentar dos órgãos da justiça
eleitoral.

Marco Custodio: Consultiva - é uma competência atípica comparada aos outros órgãos
jurisdicionais, visando dirimir conflitos sobre a lei eleitoral, o legislador trouxe a possibilidade
das autoridades públicas federais e partidos políticos, por meio de consultas em tese, acionar o
TSE para que este explique seu posicionamento sobre dúvida envolvendo norma eleitoral, no
âmbito do TRE a aludida consulta pode ser requerido por qualquer autoridade pública ou partido
político, desde que o pedido também seja feito em tese.

Joicy Romano: Só complementando, apenas o TSE possui competência regulamentar. E a


competência consultiva não é exercida no período eleitoral, tampouco tem eficácia vinculativa,
mas mero efeito de orientação.

Questão 3
3.O estrangeiro é elegível? Fundamentar a resposta.

Joicy Romano Em regra, não, pois é inalistavel. A exceção seria ao português equiparado que,
apresentando a carta de igualdade, aliste-se e preencha as demais condições de elegibilidade,
não podendo, contudo, candidatar-se ao cargo de presidente e vice, por ser este reservado ao
brasileiro NATO.

Questão 4
4. No Brasil, é admitida a candidatura de um menor de idade? Explique.

Sergio Campos Junior: lembro de ter uma decisão que um candidato a vereador e o TSE julgou
que seria na data da posse o requisito, logo poderia candidatar com 17.

Joicy Romano: Gabarito com Sergio Campos Junior. Pode se candidatar ao cargo de vereador,
desde que devidamente assistido, detenha as demais condições de elegibilidade e comprove 18
anos na posse.

Questão 5
5.Discorra sobre a regra de Verticalização criada pelo TSE e sobre sua aplicabilidade.

Ana Luisa Salamunes: A verticalização consiste na regra de que as coligações entre partidos
políticos feitas para a eleição da Presidência da República prevalecem para as eleições de outros
cargos em todo o território nacional. Entendia o Tribunal Superior Eleitoral que se tratava de
regra inafastável, já que fortalecia o caráter nacional dos partidos políticos, em conformidade
com a previsão do art. 17, I, da Constituição. Contudo, a aprovação da Emenda Constitucional
nº 52/2006 extinguiu essa regra, ao dispor a não vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal. Entendendo que essa nova regra alterava o processo
eleitoral, no julgamento da ADI 3685 o Supremo Tribunal Federal decidiu pela
inconstitucionalidade da emenda, tendo em vista que deveria ter aplicabilidade tão somente às
eleições de 2008, e não às de 2006, em respeito ao princípio da anualidade. Assim, a revogação
da regra de verticalização passou a valer nas eleições seguintes, dando plena autonomia aos
partidos políticos para firmar o regime das suas coligações. (BARREIROS NETO, Jaime. Direito
eleitoral. 4 ed. Salvador: Juspodium, 2014. p. 121.)

Questão 6
6. O que é a cláusula de barreira? Qual o entendimento do STF sobre a questão?

Questão 7
7. Um juiz eleitoral de uma zona eleitoral do interior do Estado expediu um ofício-circular
proibindo que os candidatos fizessem carreatas em determinas ruas do Município. Alguns dias
depois, determinado candidato fez uma carreata no Município e passou por algumas ruas que
tinham sido proibidas. Diante disso, foi denunciado pela prática do crime de desobediência
eleitoral (art. 347 do Código Eleitoral). Houve a prática de crime? Justifique a sua resposta.

Marília Boschezi: Não houve a prática de crime por não ter sido comprovado o conhecimento,
por parte do candidato, do ofício expedido pelo juiz eleitoral.

Rafael Toledo: Exato Mari. Há ainda um argumento complementar rs, o juiz deveria ter
determinado uma ordem direta e individualizada ao referido candidato para que houvesse a
configuração do delito em comento.

STF. 2ª Turma. AP 904/RO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/4/2015 (Info 781).

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