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Janaina Mascarenhas
Sumá rio
TEORIA GERAL DOS ATOS DECISÓRIOS.........................................................................................3
TEORIA GERAL DOS RECURSOS CRIMINAIS.................................................................................18
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.................................................................................................23
APELAÇÃO..................................................................................................................................26
EMBARGOS INFRIGENTES E DE NULIDADE.................................................................................29
AGRAVO EM EXECUÇÃO.............................................................................................................31
MANDADO DE SEGURANÇA.......................................................................................................36
HABEAS CORPUS........................................................................................................................38
2023
NULIDADES.................................................................................................................................43
TEORIA GERAL DOS ATOS DECISÓRIOS
1. Introdução
Atos materiais x atos decisórios.
Atos decisórios despachos, decisões interlocutórias e sentenças.
1.1 Despachos
Despachos tem conteúdo decisório mínimo e podem ser delegados. São irrecorríveis.
CR/88 Art. 93, XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório.
1.2 Decisões interlocutórias
As decisões interlocutórias no processo penal são aqueles em que juiz profere uma
decisão mas não adentra no mérito quanto à culpa do réu. Se dividem em decisões
interlocutórias simples e mistas:
As decisões interlocutórias simples
o Não colocam fim ao processo ou a uma fase do procedimento
o Resolvem questões processuais importantes. (ex: decretação de prisão
provisória)
Decisões interlocutórias mistas
o Extintivas/terminativas: Colocam fim no processo, sem tocar no mérito,
só questões processuais (ex: reconhecimento de coisa julgada, rejeição da
denuncia por inépcia)
o Não terminativa - Colocam fim no procedimento, tocando o mérito (ex:
decisão de pronúncia)
o Resolvem incidentes de forma definitiva (ex: decisão que não reconhece
a insanidade mental).
As decisões interlocutórias mistas podem ser:
Terminativas – dão fim ao processo (ex: rejeição da denúncia por ausência de
justa causa)
Não terminativas – não dão fim ao processo, apenas a uma fase ou procedimento
(ex: decisão de pronúncia)
As decisões interlocutórias são passíveis de recurso, desde que previstos na legislação.
Se não estiver previsto, as questões podem ser suscitadas na apelação.
1.3 Sentença
Sentença é o ato jurisdicional que julga o mérito, absolvendo ou condenando o
acusado.
Diferente das decisões interlocutórias mistas terminativas, a sentença faz juízo de culpa
do réu.
Sentença definitiva – faz juízo de condenação ou absolvição
Sentença terminativa (decisão terminativa) – julga o mérito mas não condena
nem absolve, ex: reconhece a prescrição, morte do réu, causas de extinção da
punibilidade.
OBS: Diferença de decisões com força de definitiva – colocam fim a uma fase ou ao
próprio processo sem julgar o mérito (ex: rejeição de denuncia por inepcia)
STJ, HC 462253/SC, 2018 - É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e
registrada em meio audiovisual, ainda que não haja a sua transcrição
4.2.1 Procedimento
Aditamento Resposta ao aditamento recebimento/rejeição nova AIJ
Cabe RESE contra o não recebimento.
Art. 384 (...) § 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para
continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do
acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Imputação alternativa superveniente (Afrânio jardim): O juiz não é obrigado a
condenar pelo crime aditado, ele pode condenar pelo delito anterior se entender não
demonstrado, ao fim, as elementares ou circunstâncias aditadas. Não pode, no entanto,
condenar por outro delito que não seja o originário nem o aditado (sentença extra ou
ultra petita).
Essa Teoria NÃO É ADMITIDA pela maioria da doutrina e jurisprudência, já que
após a reforma de 2008 o artigo 384 §4º passou a prever que Havendo aditamento, cada
parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o
juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo
de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
4.3 Regras comuns da mutatio e emendatio
a) Cabimento de SURSIS (art. 384 §1°)
STJ Súmula n. 337: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
STF Súmula 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28
do Código de Processo Penal
b) Alteração de competência (art. 384 §2°): pode ocorrer, devendo ser os autos
remetidos.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS CRIMINAIS
1. Introdução
1.1 Conceito
Instrumento processual de impugnação de decisões judiciais, com previsão em lei
federal, interposto no bojo de uma mesma relação processual, com o objetivo de
promover a reforma, a invalidação, o aclaramento ou a integração da decisão judicial
recorrida.
1.2 Características
Voluntariedade
Endoprocessual, dentro da mesma relação processual
Previsão em lei federal
Finalidade de reformar (error in iudicando), invalidar (error in procedendo),
aclarar ou integrar decisão.
Taxatividade
OBS: Antes da CRFB/88, o Regimento Interno do STF apresentava status de lei
ordinária, de modo que os recursos, eventualmente previstos naquele contexto, foram
formalmente recepcionados com status de lei federal. No entanto, previsões regimentais
(do STF, STJ, TJ ou TRF), que veiculem recursos sem correspondência em lei federal,
não poderão ser caracterizados como recursos, por não apresentarem previsão em lei
federal.
1.3 Natureza jurídica
1ª corrente: Desdobramento do direito de ação e de defesa (prolonga a litispendência)
2ª corrente: novo exercício do direito e ação
3ª corrente: Meio processual destinado a impugnar decisão (mais genérico)
1.4 Fundamentos justificantes
a) Fundamento jurídico: Duplo grau de jurisdição.
É o direito de ter fatos, provas, incidentes conhecidos por dois níveis de jurisdição
diferentes e sobrepostos. Por isso os recursos extraordinários não são duplo grau de
jurisdição.
Previsão na CADH (principio não expresso na CR/88) e inerente ao devido processo
legal.
Compatibilidade com o foro por prerrogativa: por ser norma constitucional e o princípio
ser supralegal a CR/88 prevalece.
b) Fundamento humano: possibilidade de erro.
c) Fundamento psicológico: inconformismo natural do ser humano.
2. Princípios recursais
a) Voluntariedade (art. 574 CPP) – reexame não é recurso.
b) Taxatividade
c) Unirrecorribilidade/singularidade
d) Fungibilidade (art. 579 CPP) – não haver má-fé
a. Não ser erro grosseiro
b. Observância do prazo do recurso cabível
c. STJ, Jurisprudência em teses - Aplica-se o princípio da fungibilidade à
apelação interposta quando cabível o recurso em sentido estrito, desde
que demonstrada a ausência de má-fé, de erro grosseiro, bem como a
tempestividade do recurso.
e) Convolação – quando um recurso correto é recebido como outro, por ser mais
benéfico ao réu.
f) Vedação da reformatio in pejus (art. 617 CPP)
g) Conversão – endereçamento equivocado
h) Complementariedade (art. 1024, §4º CPC) – no caso de mudança da decisão.
i) Suplementariedade ou variabilidade – STF NÃO ACEITA A VARIBILIDADE
que é o contrario da unirrecorribilidade.
j) Dialeticidade - contraditório
Vedação da reformatio in pejus (efeito prodrômico da sentença): O tribunal não
pode piorar a situação do réu se apenas ele recorreu da decisão. Não se aplica à
acusação, havendo apenas recurso da acusação pode melhorar a situação do réu
(reformatio in mellius).
A doutrina e o STF tem suplantando o principio da soberania dos vereditos no Tribunal
do Juri, para concretizar a vedação à reformatio in pejus, de modo que um novo
julgamento não pode ser pior do que o primeiro se houver recurso exclusivo da defesa.
OBS: no novo julgamento o corpo de sentença pode reconhecer agravante nova, mas na
dosimetria a pena não pode ser superior à primeira. Assim compatibiliza a soberania
(segundo júri pode conhecer qualificadoras) com a proibição da reformatio in pejus.
OBS2: Não pode aumentar nem a pena de multa, mesmo diminuindo a PPL, pq multa
também é pena.
3. Admissibilidade recursal
Subjetivos Objetivos
Intrínsecos LECA IN IN Legitimidade Cabimento
Interesse recursal Adequação
Inexistência de fatos
impeditivos ou
modificativos
Extrínsecos RE TEM PRE Regularidade formal
Tempestividade
Preparo (?) [apenas ação
penal exclusivamente
privada]
b) Adequação
É relativizado pela fungibilidade, bem como pela conversão e convolação.
c) Tempestividade
MP tem direito a intimação pessoal
A data de início é a data de entrada dos autos no MP
Defensoria tem direito a prazo em dobro – lei própria.
Defensor dativo não tem direito a prazo em dobro. [so intimação pessoal]
11. Efeitos:
Devolutivo Sim
Regressivo Sim
Extensivo Pode ter
Suspensivo perda da fiança;
denegar a
apelação;
pronúncia
quebra da fiança,
no tocante à perda
da metade do
valor.
STJ, Jurisprudência em teses - A decisão do juiz singular que encaminha recurso em
sentido estrito sem antes proceder ao juízo de retratação é mera irregularidade e
não enseja nulidade absoluta.
12. Hipóteses de cabimento
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Rejeição de mutatio também cabe RESE.
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
Também cabe pra prisão temporária e para revogação de outras medidas cautelares do
319. [soltou é rese]
É cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar
diversa da prisão. STJ. 6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 13/12/2016 (Info 596).
VI - que absolver o réu, nos casos do art. 411; (Revogado pela Lei nº 11.689, de
2008)
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Apenas pro caso de negar, porque concedido há remessa necessária.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
OBS: prejudicial obrigatória – sobre estado civil da pessoa. Não importa se já
tem ou não ação ajuizada no cível. O MP deve promover a ação civil ou dar
prosseguimento a ela, se for AP publica. Prejudicial facultativa – outro tema (que a lei
civil não limita prova). Precisa ter ajuizado ação cível. MP apenas intervém quando for
AP pública. Suspende apenas por um prazo determinado
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XXV – que recusar a homologação à proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A desta Lei.
Se o juiz recusa a homologação é RESE. Se o MP recusa acordo, o acusado pode pedir
aplicação do art. 28 do CPP.
APELAÇÃO
13. Características
É um recurso com efeito devolutivo mais amplo, que pode discutir todas as questões,
processuais ou materiais. Absorve as questões que seriam discutidas por outros
recursos.
14. Classificação
a) Ampla x parcial
b) Principal x subsidiária
A apelação subsidiária pressupõe inércia do MP. Pode ser interposta pelo CADI ou por
terceiro interessado. Não tem efeito suspensivo. Tem prazo de 15 dias.
Art. 598 - Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da
sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém efeito
suspensivo.
Discussão sobre se seria possível esse recurso quando a ação penal é publica e o MP
pede a absolvição.
15. Procedimento
A apelação é interposta nos próprios autos.
Admissibilidade pelo juízo a quo. Contra a decisão que inadmite cabe RESE.
16. Prazo
5 dias + 8 dias (após admissão). Pode optar por interpor as razões apenas no tribunal
(art. 600 §4º)
Súmula 428, STF - Não se considera prejudicada a apelação entregue em cartório no
prazo legal, embora despachada tardiamente
Art. 600, § 4 - se o apelante declarar na petição ou no termo em que interpor a
apelação, que deseja arrazoar na superior instância, os autos serão remetidos ao
tribunal ad quem, onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais e
notificadas as partes pela publicação oficial
Contravenção: 3 dias para razões.
Nos juizados é 10 dias.
STJ, Jurisprudência em Teses - Verificada a inércia do advogado constituído para
apresentação das razões do apelo criminal, o réu deve ser intimado para nomear novo
patrono, antes que se proceda à indicação de defensor para o exercício do contraditório.
STF Sumula 708 - É NULO o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir
outro.
STF, SUMULA 705 - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
17. Cabimento (art. 593)
O rol do 593 não é taxativo, também há previsão no 416 e na Lei 9.099/95.
Art. 593 - Caberá apelação no prazo de 5 dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular.
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular
nos casos não previstos no capítulo anterior.
Exemplo: decisão que extingue o processo de crime tributário por não estar presente
condição de punibilidade de constituição do crédito tributário. Julga o mérito mas não
condena nem absolve, é decisão interlocutória mista terminativa, com força de
definitiva; impronuncia.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia [error in procedendo] Ex: nulidade dos
quesitos; alegação em plenário da tese da legítima defesa da honra.
b) se for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados
[error in iudicando]
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança
[error in iudicando]
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos
Nesses casos a apelação terá fundamentação vinculada. (efeito devolutivo restrito,
Sumula 713 STF)
Nulidade na fase de pronuncia deve ser arguida por RESE contra a pronúncia. A
nulidade posterior deve ser relacionada a error in procedendo, aspecto formal.
Só há novo julgamento na hipótese do art. 593, III, d, decisão dos jurados contraria a
prova dos autos. Só pode ser alegada uma vez.
Nos outros casos o Tribunal pode retificar a sentença com erro ou injustiça ou contrária
a decisão dos jurados.
Art. 593, § 1 - Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir
das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2 - Interposta a apelação com fundamento no inciso III, c, deste artigo, o tribunal ad
quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de
segurança.
18. Efeitos
Devolutivo Sim
Regressivo Não
Extensivo Pode ter
Suspensivo Depende da sentença.
Se for condenatória
tem, se for absolutória
não tem. Se for
absolutória imprópria
tem efeito suspensivo
indireto.
EMBARGOS INFRIGENTES E DE NULIDADE
19. Características
São recursos semelhantes, que visam impugnar decisões não unânimes dos Tribunais
(TJ TRF) desde que não favoráveis ao réu. Somente cabíveis contra decisões de
segunda instância (apelação, RESE, agravo em execução), não cabem contra decisões
de competência originária nem contra outros recursos.
Embargos infringentes matéria de mérito.
Embargos de nulidade matéria processual.
OBS: RISTF art. 333, I prevê embargo infringente para processo originários. STF
entende que cabe, foi recepcionado pela CR/88. Os votos vencidos tem que ser pela
absolvição propriamente dita, não conta se o fundamento for diverso, como prescrição.
STJ, REsp 1.843.523/CE, 2021 – No julgamento de recurso no Tribunal, deve ser feito a
contagem de votos primeiro quanto a preliminares e, sendo afastadas, quanto ao mérito.
Isso porque, sendo ignorado esse procedimento, aquele que acolhe a preliminar não
julga o mérito, e os demais acabam vencendo por unanimidade quanto ao mérito. Isso
impede a defesa por meio de embargos infringentes.
OBS: No STF cabe embargo infringente dos julgamentos das Turmas e do Plenário,
AINDA QUE ORIGINÁRIOS, por RISTF. No Plenário precisa ser pelo menos 4 votos
divergentes e na Turma apenas 2, a não ser que haja ausência. O prazo é de 15 dias.
20. Prazo
10 dias.
21. Efeitos
Devolutivo Sim, na matéria
impugnada
Regressivo Não
Extensivo Pode ter
Suspensivo Segue o efeito do
recurso que foi julgado
de modo não unânime.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. Características
Destinado a corrigir omissões contradições e ambiguidades das decisões.
Cabível em qualquer grau de jurisdição.
Tem fundamentação vinculada
2. Procedimento
Interpostos por petição nos autos. Nos juizados podem ser interpostos oralmente.
Pode ter efeito infringente e nesse caso a parte contrária deve ser intimada para se
manifestar.
3. Prazo
2 dias.
Juizados: 5 dias.
4. Efeitos
Interrompem o prazo recursal.
Quando os embargos de declaração forem reconhecidos como meramente protelatórios,
não se deve conceder, a eles, a interrupção, tampouco a suspensão do prazo de outro
recurso, pois se estaria premiando a manobra fraudulenta (Regimento Interno do STF,
art. 339, caput e §2º).
Art. 66. Compete ao Juiz da
execução
I - aplicar aos casos julgados lei
posterior que de qualquer modo
favorecer o condenado;
AGRAVO EM EXECUÇÃO II - declarar extinta a
1. Características punibilidade;
É o recurso cabível para discutir qualquer questão afeta à III - decidir sobre
execução penal. Não possui efeito suspensivo. :a) soma ou unificação de penas
;b) progressão ou regressão nos
LEP, Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso regimes;
de agravo, sem efeito suspensivo. c) detração e remição da pena;
2. Procedimento d) suspensão condicional da
O procedimento é o mesmo do RESE, por falta de previsão da pena;
LEP. e) livramento condicional
f) incidentes da execução.
STF, Sumula 700 - É de cinco dias o prazo para interposição de IV - autorizar saídas
agravo contra decisão do juiz da execução penal (5+2) temporárias;
V - determinar:
Pode ser interposto por instrumento ou termo nos autos.
a) a forma de cumprimento da
3. Efeitos pena restritiva de direitos e
fiscalizar sua execução;
Devolutivo Sim b) a conversão da pena restritiva
Regressivo Sim de direitos e de multa em
privativa de liberdade;
Extensivo Pode ter
c) a conversão da pena privativa
Suspensivo Não. de liberdade em restritiva de
direitos;
d) a aplicação da medida de
CARTA TESTEMUNHÁVEL segurança, bem como a
substituição da pena por medida
1. Características e cabimento de segurança;
Serve para viabilizar a subida do recurso ao tribunal ad quem, e) a revogação da medida de
quando inadmitido o recurso no juízo a quo. segurança;
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: f) a desinternação e o
restabelecimento da situação
I - da decisão que denegar o recurso; anterior;
g) o cumprimento de pena ou
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição medida de segurança em outra
e seguimento para juízo ad quem. comarca;
h) a remoção do condenado na
Contra inadmissão de Apelação cabe RESE, não carta hipótese prevista no § 1º, do
testemunhável. artigo 86, desta Lei.
Contra inadmissão de RE ou RESP cabe agravo, não carta VI - zelar pelo correto
cumprimento da pena e da
testemunhável em 5 dias (agravinho não segue CPC mas sim o medida de segurança;
RISTF)
VII - inspecionar, mensalmente,
2. Procedimento os estabelecimentos penais,
tomando providências para o
Prazo de 48 horas.
adequado funcionamento e
Endereçada ao escrivão ou diretor de secretaria, não ao juiz. promovendo, quando for o caso,
a apuração de responsabilidade;
Efeitos: Regressivo, devolutivo. NUNCA suspensivo. VIII - interditar, no todo ou em
parte, estabelecimento penal que
REVISÃO CRIMINAL estiver funcionando em condições
inadequadas ou com infringência
aos dispositivos desta Lei;
1. Introdução
O instituto da revisão criminal surge no contexto de sociedade democrática na qual há
um embate dialético entre a segurança jurídica das decisões e a necessidade de desfazer
decisões injustas do ordenamento jurídico.
A Revisão Criminal relativiza a coisa julgada, é um meio de impugnação exclusivo da
defesa.
Conceito: ação autônoma de impugnação, de competência originária dos Tribunais (ou
Turmas Recursais), destinada a viabilizar a desconstituição da coisa julgada formada em
processo criminal condenatório ou impositivo de sentença absolutória imprópria,
quando a decisão impugnada estiver impregnada por erro judiciário.
Pressupostos: erro judiciário + trânsito em julgado de sentença condenatória ou
absolutória imprópria.
Natureza jurídica: ação autônoma de impugnação.
Cabe liminar? Sim, de modo EXCEPCIONAL no caso de violação a texto de lei,
porque a sentença judicial transitada presume-se válida e eficaz. Precisa de um juízo
de quase certeza.
1.1 Revisão criminal x ação rescisória
As diferenças são:
i. Natureza das ações: revisão é criminal, rescisória é cível.
ii. Prazo: revisão não tem prazo, rescisória tem prazo de 2 anos.
iii. Legitimidade: revisão é exclusiva da defesa, rescisória pode ser por qualquer
parte.
¹O STF tem entendido que apesar de não precluir, a nulidade absoluta precisa ser
alegada oportuno tempore.
²STF superou a doutrina clássica que entendia que a nulidade absoluta teria prejuízo
presumido (2017).
³Convalidação da nulidade absoluta é com temperamentos.
STF SUMULA 160 - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Não pode haver reconhecimento de nulidade, ainda que absoluta, de ofício, se resultar
reformatio in pejus. Exceção é a remessa necessária, na qual pode haver o
reconhecimento de qualquer nulidade de oficio, porque a devolutividade é ampla. Já no
recurso da acusação, a devolutividade é restrita ao que a acusação arguiu.
Para melhorar a situação do réu sempre pode ser reconhecida qualquer nulidade de
ofício.
OBS: Incompetência Absoluta: Pode o juiz absolutamente competente, ao promover
novo julgamento depois de recurso da defesa, piorar a pena aplicada pelo juiz
incompetente? Não. Seria um a forma de reformatio in pejus indireta.
3. Nulidades extraprocessuais
No bojo de investigações extraprocessuais pode haver nulidade, ainda que não se trate
de atos processuais. No entanto, as nulidades extraprocessuais não afetam a
regularidade dos atos processuais.
4. Princípios norteadores
4.1 Princípio do interesse e da boa-fé processual
CPP Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse.
Teoria da nulidade guardada – STJ tem rechaçado o comportamento da parte que,
sabendo de irregularidade, mantém-se silente para posteriormente se beneficiar da
alegação de nulidade.
Princípio do interesse – não há interesse em arguir nulidade que aproveite à outra
parte.
4.2 Princípio do prejuízo e da instrumentalidade das formas
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas: [...]
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim.
O princípio do prejuízo é central no estudo das nulidades, porque só há nulidade com
prejuízo. Princípio da instrumentalidade baseia-se na ideia de que a finalidade do ato é
maior do que a forma em si, opondo-se ao sistema da legalidade das formas.
4.3 Princípio da causalidade (efeito expansivo da nulidade)
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores,
serão renovados ou retificados.
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente
dependam ou sejam consequência.
A nulidade de um ato causa uma nulidade dos atos que dele derivam. Precisa haver um
nexo causal entre os atos, não apenas uma sequência cronológica. Ex: interrogatório
sem informar direito ao silencio, gera confissão e condenação baseada na confissão.
No caso de incompetência, por força do art. 567 do CPP apenas se anulam os atos
decisórios, mantendo os demais. O STF tem mitigado para permitir também a
ratificação e o aproveitamento de atos com relativo conteúdo decisório. (ex:
recebimento da denúncia)
Incompetência absoluta não interrompe prescrição. Incompetência relativa
interrompe a prescrição.
CPP, Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
STF, RHC 129809, 2016 - Possibilidade de ratificação dos atos instrutórios pela
incompetência do juízo. Entendimento que se estende a atos de relativo caráter
decisório, cujo aproveitamento não afronte o contraditório e a ampla defesa.
4.4 Princípio da conservação dos atos processuais (confinamento das nulidades)
Outra face do princípio da causalidade. Quando não há relação, a nulidade de um ato
não influi no outro.
5. Convalidação das nulidades
Relacionado à instrumentalidade das formas, do princípio do prejuízo, da celeridade e
da duração razoável do processo.
a) Suprimento – omissão que é regularizada. Ex: denuncia omissa na qualificação
pode ser suprida.
b) Retificação – erro que permite correção.
c) Ratificação – omissão cujo suprimento é feito pro outro sujeito. Ex: 568 CPP.
d) Preclusão
a. Temporal
b. Logica
c. Consumativa
e) Prolação de sentença – convalida as nulidades relativas.
f) Coisa julgada – saneatória geral das nulidades relativas.
g) Renovação – novo ato que substitui o anterior.
6. Momento de arguição
As nulidades absolutas podem ser alegadas em qualquer tempo, observando a Teoria da
nulidade guardada, ou seja, um momento oportuno que vá ao encontro da boa-fé
processual.
As nulidades relativas tem um momento específico e se sujeitam a preclusão.
A regra básica é: nulidades anteriores à citação devem ser alegadas em resposta à
acusação; nulidades posteriores à resposta à acusação devem ser alegadas em
alegações finais.
Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se
refere o art. 406 art. 411
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a
que se refere o art. 500
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas
depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e
apregoadas as partes (art. 447) [art.463, caput, e §1º, do CPP];
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo
depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem
Nulidades posteriores à pronúncia: logo depois de anunciado o julgamento; Se
anteriores à pronuncia, em RESE contra pronuncia.
Julgamento em plenário, em audiência ou sessão de Tribunal – alegação imediata.
7. Hipóteses legais de nulidade (art. 564 CPP)
O Rol é meramente exemplificativo.
i. Incompetência, suspeição ou suborno do juiz – juiz peitado
É nulidade absoluta mas que não necessariamente gera invalidade dos atos, porque os
atos instrutórios e de relativo caráter decisório podem ser aproveitados. Engloba
impedimento, coação do juiz, etc.
STF Sumula 706 – É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência
penal por prevenção.
ii. Ilegitimidade da parte
É nulidade absoluta. Pode ser ativa ou passiva (ex: réu menor de idade.).Pode ser
ilegitimidade ad causam ou ad processum.
iii. Falta de denúncia, queixa ou representação
Engloba a denúncia insuficiente, inepta, viciada. Não obstante, pode haver
convalidação. Exemplo: denúncia genérica de crimes societários.
iv. Falta de exame de corpo de delito em crimes não transeuntes.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado
Parte mais garantista e moderna da doutrina afirma que a não realização do exame de
corpo de delito deve gerar uma sentença absolutória, e não uma nulidade do processo,
porque não comprovada a materialidade.
O exame de corpo de delito pode ser direto, quando os peritos o realizam diretamente
sobre a pessoa ou objeto da ação delituosa, ou indireto, quando não é propriamente um
exame, uma vez que os peritos se baseiam nos depoimentos das testemunhas em razão
do desaparecimento dos vestígios, nessa hipótese, o exame pode ser suprimido pela
prova testemunhal.
A nulidade ocorreria apenas nos casos de exame realizado sem as formalidades legais.
v. Falta de defensor.
Nulidade absoluta.
STF Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Mesmo que o réu constitua advogado, se ele não comparece o juiz deve nomear
defensor ad hoc para aquele ato.
vi. Falta de intervenção do MP
Deve-se garantir paridade de armas ao MP por meio de intimação, a fim de que o
membro do MP possa participar de todos os atos do processo.
vii. Falta de citação, de intimação para interrogatório e de prazos para acusação e
defesa.
A falta de citação é nulidade passível de convalidação pelo comparecimento
espontâneo.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada,
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o
faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento
do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
Circundunção: declaração de nulidade da citação. Citação circunduta – aquela anulada
em virtude de vício insanável.
STF Sumula 707 – Constitui nulidade a falta de intimação de denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia (RESE), não suprindo a
nomeação de defensor dativo.
STF Sumula 708 – É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
STF Sumula 366 – Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se
baseia.
STF Sumula 351 – É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce sua jurisdição.
viii. Falta de intimação das decisões
Pessoal: réu preso, defensor dativo, MP e Defensoria.
Publicação: defensor constituido, réu solto. [basta um quando solto]
Edital: réu solto e/ou defensor em local não conhecido