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Coleção Resumos

Direito Processual Penal


Parte 3

Janaina Mascarenhas

Sumá rio
TEORIA GERAL DOS ATOS DECISÓRIOS.........................................................................................3
TEORIA GERAL DOS RECURSOS CRIMINAIS.................................................................................18
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.................................................................................................23
APELAÇÃO..................................................................................................................................26
EMBARGOS INFRIGENTES E DE NULIDADE.................................................................................29
AGRAVO EM EXECUÇÃO.............................................................................................................31
MANDADO DE SEGURANÇA.......................................................................................................36
HABEAS CORPUS........................................................................................................................38

2023
NULIDADES.................................................................................................................................43
TEORIA GERAL DOS ATOS DECISÓRIOS
1. Introdução
Atos materiais x atos decisórios.
Atos decisórios  despachos, decisões interlocutórias e sentenças.
1.1 Despachos
Despachos tem conteúdo decisório mínimo e podem ser delegados. São irrecorríveis.
CR/88 Art. 93, XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório.
1.2 Decisões interlocutórias
As decisões interlocutórias no processo penal são aqueles em que juiz profere uma
decisão mas não adentra no mérito quanto à culpa do réu. Se dividem em decisões
interlocutórias simples e mistas:
 As decisões interlocutórias simples
o Não colocam fim ao processo ou a uma fase do procedimento
o Resolvem questões processuais importantes. (ex: decretação de prisão
provisória)
 Decisões interlocutórias mistas
o Extintivas/terminativas: Colocam fim no processo, sem tocar no mérito,
só questões processuais (ex: reconhecimento de coisa julgada, rejeição da
denuncia por inépcia)
o Não terminativa - Colocam fim no procedimento, tocando o mérito (ex:
decisão de pronúncia)
o Resolvem incidentes de forma definitiva (ex: decisão que não reconhece
a insanidade mental).
As decisões interlocutórias mistas podem ser:
 Terminativas – dão fim ao processo (ex: rejeição da denúncia por ausência de
justa causa)
 Não terminativas – não dão fim ao processo, apenas a uma fase ou procedimento
(ex: decisão de pronúncia)
As decisões interlocutórias são passíveis de recurso, desde que previstos na legislação.
Se não estiver previsto, as questões podem ser suscitadas na apelação.
1.3 Sentença
Sentença  é o ato jurisdicional que julga o mérito, absolvendo ou condenando o
acusado.
Diferente das decisões interlocutórias mistas terminativas, a sentença faz juízo de culpa
do réu.
 Sentença definitiva – faz juízo de condenação ou absolvição
 Sentença terminativa (decisão terminativa) – julga o mérito mas não condena
nem absolve, ex: reconhece a prescrição, morte do réu, causas de extinção da
punibilidade.
OBS: Diferença de decisões com força de definitiva – colocam fim a uma fase ou ao
próprio processo sem julgar o mérito (ex: rejeição de denuncia por inepcia)
STJ, HC 462253/SC, 2018 - É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e
registrada em meio audiovisual, ainda que não haja a sua transcrição

1.3.1 Estrutura e requisitos da sentença


Parte interna  requisitos internos ou endógenos: o relatório, a fundamentação e o
dispositivo.
Parte autenticativa  assinatura, data e local no qual o ato decisório fora praticado.
 Relatório
É dispensado o relatório nos juizados (art. 81 §3° L. 9099/95)
São qualificadas as partes, a vítima e são expostos, de forma sucinta, os atos
processuais.
Pelo principio da impessoalidade, quem ajuíza a ação penal pública não é o Procurador,
é o MP.
A qualquer tempo a qualificação do réu pode ser retificada, a ausência de elementos não
impede o ajuizamento de ação penal.
A incompletude do relatório não leva à nulidade da sentença.
Art. 381. A sentença conterá:
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou
outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A
qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se
for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem
prejuízo da validade dos atos precedentes
 Fundamentação
Art. 381. A sentença conterá: (...)
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
É a alma da decisão judicial, elemento estruturante da legitimidade da atuação do juiz,
sendo nula a sentença com fundamentação insuficiente (art. 93, IX CR/88). A única
exceção é o Tribunal do Juri.
Princípio da persuasão racional (livre convencimento motivado):
Teoria racional da prova
(i) o juiz não pode fundamentar com base em íntimas convicções;
(ii) impossibilidade de fundamentar com base em informações fora dos autos;
(iii) enfrentamento de todos os argumentos suscitados pelas partes.
Limitações ao livre convencimento motivado do magistrado:
 Impossibilidade de fundamentar com base em provas ilícitas.
 Impossibilidade de fundamentar apenas com base em elementos de informação.
 Impossibilidade de fundamentar apenas com base em colaborações premiadas.
(art. 4º §16 L. 12.850/13) – regra da corroboração.
Fundamentação per relationem – é admitida.
 Dispositivo
Art. 381. A sentença conterá:
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo
Não se admite dispositivo per relationem.
Deve ser certo e determinado. O juiz deve indicar o dispositivo da condenação ou ao
menos o nomen iuris.
Na absolvição deve ser indicado o fundamento (art. 386 CPP), para que seja possível
posterior análise do dever de indenizar na esfera civil. Gera coisa julgada cível: ausência
do fato; não ser o autor; excludentes de ilicitude – não significa que não pode ser
demandado, apenas que a causa de excludente não pode mais ser questionada.
Artigo 65 do CPP: Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento
de dever legal ou no exercício regular de direito.
 Autenticação
Data, local e assinatura.
Não há necessidade, nas decisões impressas, ser rubricada em todas as paginas.
1.4 Classificação
a) Decisões subjetivamente simples x subjetivamente plúrimas x
subjetivamente complexas
As decisões subjetivamente simples são aquelas proferidas por força do convencimento
de um único sujeito. Pode ser no primeiro grau, mas não necessariamente, já que a Lei
n. 12.694/2012 prevê a possibilidade de decisões em primeiro grau por colegiados nos
crimes de organizações criminosas.
As decisões subjetivamente plúrimas são aquelas decisões proferidas por órgão
colegiado homogêneo, encarregado de examinar todas as questões do julgamento.
Decisões subjetivamente complexas: são aquelas proferidas por órgão heterogêneo, em
que há divisão de tarefas entre órgãos distintos. Exemplo é o Tribunal do Juri, sistema
puro (diferente do escabinado, em que todos fazem o juízo de culpabilidade).
b) Decisões suicidas x vazias x autofágicas
Decisões suicidas são as que possuem contradições internas inconciliáveis dentro da
fundamentação ou entre essa e o dispositivo. O efeito é a nulidade da sentença,
desafiada por embargos de declaração ou recurso de apelação para nulidade.
Decisões vazias são as desprovidas de fundamentação.
Decisão autofágica é uma decisão válida, em que embora a fundamentação reconheça a
procedência, há a extinção da punibilidade. É o caso do perdão judicial.
2. Sentença absolutória
 Própria
 Impropria
 Absolvição sumária
 Absolvição sumaria imprópria. – júri se única tese defensiva.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato; [in dubio pro reo]
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; [in dubio pro reo]
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20,
21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada
dúvida sobre sua existência [in dubio pro reo]
VII – não existir prova suficiente para a condenação [in dubio pro reo]
A sentença absolutória própria é aquela em que se rejeita a acusação por alguns dos
fundamentos do art. 386 do CPP.
A sentença absolutória imprópria é aquela em que se reconhece a acusação mas se
aplica uma sanção penal de medida de segurança e não de pena privativa de liberdade,
por reconhecimento da inimputabilidade.
A sentença de absolvição sumária imprópria é a absolutória imprópria com
julgamento antecipado da lide. Ocorre no júri, porque a instrução na fase de prelibação
permite a sentença sumária impropria. No procedimento ordinário não é possível porque
o momento da absolvição sumaria é anterior à instrução necessária para verificar a
insanidade.
A sentença de absolvição sumária é aquela que ocorre com base no art. 397 CPP (ou
415 no caso do juri). É juízo de certeza.
 Ausência de tipicidade
 Excludente de ilicitude
 Excludente de culpabilidade, exceto inimputabilidade por insanidade (é
absolvição impropria, e não sumária)
 Extinção de punibilidade [atecnia, porque na verdade é sentença declaratória,
Sumula 18 do STJ]
OBS: Porque não se admite absolvição sumária nos casos de inimputabilidade?
Porque se for menor, declina, se for insanidade, para preservar o direito ao devido
processo legal e a ampla defesa, com a normal instrução e alegação de outras teses
defensivas, que possam levar a absolvição própria ou imprópria.
Por que pode, no júri, quando for a única tese defensiva? Porque no júri o
procedimento é bifásico, de modo que no primeiro momento, da pronuncia, já são
apresentadas provas, de modo que se for a única tese não há violação a ampla defesa.
Parte da doutrina, no entanto, entende que isso também se aplicaria ao procedimento
comum.
OBS2: Se a inimputabilidade for por embriaguez total involuntária não se aplica o 397,
porque pode ser absolvido de imediato, já que é absolvição sumária própria, causa de
exclusão de culpabilidade.
2.1 Efeitos da sentença absolutória
Efeito principal  colocação em liberdade.
Efeitos secundários:
 Levantamento de medidas constritivas após o trânsito em julgado.
 Devolução da fiança.
 Retirada da identificação fotográfica do processo (L. 12.037)
 Impossibilidade de ser julgado pelo mesmo fato. – previsão no Pacto de San
Jose da Costa Rica, decorre da coisa julgada.
o ATENÇÃO! Discussão sobre apelação de absolvição no júri, por
contrariedade à prova dos autos. O CPP admite novo júri após
absolvição. Alguns autores, como Aury Lopes Jr e uma Turma do STF
entendem que não seria possível, primeiro pela soberania dos vereditos,
segundo pela impossibilidade de ser julgado novamente pelos mesmos
fatos.
3. Sentença condenatória
3.1 Fixação da PPL [VER PENAL II]
O principio da individualização da pena tem uma faceta legislativa, uma faceta judicial
e uma judicial-executiva, da execução penal.
Com base nesse principio o STF julgou inconstitucional a vedação a conversão de PPL
em PRD na Lei de Drogas e a vedação a progressão de regime em Crimes Hediondos.
O sistema trifásico de aplicação da pena (Nelson Hungria):
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.
3.1.1 Primeira fase: pena base e circunstâncias judiciais

 Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente. - 4


 Motivos, circunstâncias e consequências do crime. - 3
 Comportamento da vítima. – 1 [polemica]
As circunstâncias podem ser favoráveis, neutras ou desfavoráveis.
Se forem favoráveis ou neutras, a pena base se aproxima do mínimo, mas se forem
desfavoráveis a pena se aproxima da média da soma dos limites cominados (termo
médio). Exemplo: homicídio, de 6 a 20 anos. Termo médio: 13 anos.
Culpabilidade – grau de reprovabilidade
Antecedentes:
STJ Sumula 444: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.
Para o STJ e para o STF (Tema 150 RG), ainda que passado o período depuratório de 5
anos a condenação anterior transitada em julgado pode ser usada como maus
antecedentes.
ATOS INFRACIONAIS  não podem ser valorados na pena base!
[cuidado, pq podem pra prisão preventiva desde que preenchidos os requisitos de
comprovação documental, gravidade e temporalidade; e também para o STJ podem pra
afastar o trafico privilegiado]
Conduta social: diz respeito à vida da pessoa na comunidade. Não pode ser anotações
de inquéritos. É apurada pelo interrogatório, que na primeira parte diz respeito à pessoa
e por outros documentos apresentados.
STJ, 2020 - Demonstrada mera falta de técnica na sentença, o habeas corpus pode ser
deferido para nominar de forma correta os registros pretéritos da paciente, doravante
chamados de maus antecedentes, e não de conduta social, sem afastar, todavia, o dado
desabonador que, concretamente, existe nos autos e justifica diferenciada
individualização da pena.
Personalidade: [o argumento de “personalidade criminosa” é falacioso]
Motivo, circunstâncias e consequências do crime: Não pode ser um elemento do
crime, pois é bis in idem. Homicídio qualificado por motivo torpe não pode ter a pena
base majorada por motivo torpe. Fraude do estelionato não pode majorar a pena pelas
circunstâncias, exceto se for uma fraude muito elaborada.
STF, 2016, - Elevados custos da investigação e enriquecimento do réu não são
argumentos para aumentar a pena-base
STF - Aumento da pena-base pelo fato de a concussão ter sido praticada por policial.
Tambem já aumentou por ser prefeito, deputado etc.
Comportamento da vítima – não pode ser usado para prejudicar o direito da vítima.
STJ entende que o comportamento da vítima nunca pode ser usado para piorar a pena do
agressor, mas apena para melhorar, já que aumentar a pena por comportamento de
outrem é contra a individualização da pena.
3.1.2 Segunda fase: pena provisória – atenuantes e agravantes
As agravantes são taxativas (art. 61 CP) e as atenuantes são exemplificativas (art. 67);
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência.
STJ, 2020 - Ainda que o juízo da condenação não diga expressamente da reincidência, o
juízo da execução pode verificar e aplicar, não para mudar a pena e o regime, mas para
os fins da execução como concessão de livramento condicional, tempo de progressão
etc. Para mudar a pena propriamente dita só com recurso do MP.
STJ, 5T AgRg no HC 669203 / SC, 2021 - 3. Tratando-se de réu multirreincidente, deve
ser procedida à compensação parcial entre a atenuante da confissão espontânea e a
agravante da reincidência, como realizado pela Corte Estadual, sendo que o aumento da
pena na fração de 1/2 não se mostra desproporcional, eis que, mesmo com a
compensação, restam três condenações a serem sopesadas na segunda fase da
dosimetria.
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a
comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
STJ, 5T, 2017 - É possível, a depender do caso concreto, que o juiz reconheça a teoria
da coculpabilidade como sendo uma atenuante genérica prevista no art. 66 do Código
Penal..
3.1.3 Terceira fase: pena definitiva – majorantes e minorantes
Quando há causa de aumento e diminuição ao mesmo tempo há cumulação, aplicação
sucessiva, sem compensação.
Se forem duas causas de aumento ou duas de diminuição da parte ESPECIAL o
juiz PODE limitar-se a uma que mais aumente ou mais diminua (art. 68 §unico CP).
Causa de aumento ou diminuição na parte GERAL: só no final de tudo aplica. Ex:
tentativa.
1ª corrente – o uso do paragrafo único do artigo 68 é faculdade, e o juiz aplica os dois
aumentos como regra
2ª corrente – o uso do paragrafo único é faculdade, mas o juiz para aplicar os dois
aumentos deve fundamentar. Posição do STJ e STF.
3ª corrente – o uso do paragrafo único é dever, não podendo aplicar os dois aumentos.
3.2 Determinação do regime (fase secundária da individualização)
STJ Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é
Até 4 anos  aberto vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso
4 a 8 anos  semi do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito.
Acima de 8  fechado
NÃO REINCIDENTE
STF Súmula 718: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada
STF Súmula 719: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.
O que é motivação idônea? Pode utilizar o art. 59, circunstancias desfavoráveis, não é
bis is idem porque é a segunda fase, de imposição de regime.
Reincidente: em regra o regime inicial é o fechado. No entanto, a Sumula 269 do STJ
admite o regime semiaberto se a pena for até 4 anos e as circunstâncias judiciais
forem favoráveis.
OBS: Art. 387 §2° CPP - O tempo de prisão provisória, administrativa, no estrangeiro
ou de internação será computado para fins de determinação do regime. [não diminui a
pena, apenas permite regime menos gravoso]
3.3 Fase terciária: substituição da PPL por PRD
Substituem as PPL quando:
Pena até 1 ano : 1 multa OU 1
 PPL não superior a 4 anos. PRD
 Crime sem violência ou grave ameaça.
o Exceção: na lesão corporal leve do art. 129 §4° Pena > 1 ano: 1 multa + PRD
ou recíproca pode substituir; nas penas não ou 2 PRD
superiores a 6 meses pode substituir por
STJ SUMULA 171 – se o
MULTA.
preceito secundário prevê
 Nos crimes culposos, qualquer pena.
multa, não pode substituir a
 Réu não reincidente em crime doloso
PPL por multa.
o Exceção: se não for reincidência específica e a
medida seja adequada (art. 44 §3° CP)
 Circunstâncias judiciais favoráveis
STJ, 2020 - Não existe direito subjetivo do réu em optar, na substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos por qual medida prefere cumprir,
cabendo ao judiciário fixar a medida mais adequada ao caso concreto. Tambem não
cabe optar por se prefere 2 PRD ou 1 PRD e uma multa.
STJ. 6ª Turma. REsp 1699665-PR, 2018 - Em caso de descumprimento injustificado da
pena restritiva de direitos (ex: prestação pecuniária), o CP prevê, como consequência, a
reconversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade. Logo, o juiz não
deve decretar o arresto dos bens do condenado como forma de cumprimento forçado da
pena substitutiva. A possibilidade de reconversão da pena já é a medida que, por força
normativa, atribui coercividade à pena restritiva de direitos.
Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em
julgado da condenação.
OBS: descumprimento gera o retorno a PPL – conversão obrigatória. Precisa antes
intimar o apenado para se defender.
Conversão facultativa – quando é condenado a PPL. Se for possível compatibilizar,
ex: regime aberto, não precisa converter.
TEMA 1106 STJ REPETITIVO - Sobrevindo condenação por pena privativa de
liberdade no curso da execução de pena restritiva de direitos, as penas serão objeto de
unificação, com a reconversão da pena alternativa em privativa de liberdade. Exceção:
pode cumprir simultaneamente se compatível e PPL posterior for apenados em regime
aberto. Vedada a unificação automática nos casos em que a PRD é superveniente ao
cumprimento de PPL.Nesse caso ofende a coisa julgada. O juiz já sabia da ppl e ainda
assim converteu.
STJ entende que sempre que for semi aberto ou fechado vai impedir a PRD. Parte
da doutrina discorda porque por exemplo se for so pena de prestação pecuniária, é
possível cumprir ainda que preso em regime fechado.
3.4 Pena de multa (art. 49 CP)
Sistema bifásico:
 Fixação da quantidade de dias-multa – 10 a 360
 Fixação do valor do dia-multa. – 1/30 SM a 5 SM
O valor do salário é o no momento do crime.
3.5 Decretação, manutenção, substituição de prisão preventiva
Art. 387 (...)
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a
imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
3.6 Efeitos da sentença penal condenatória
3.6.1 Efeitos penais
Principais: cumprimento da pena e inclusão no rol dos culpados (este último depende do
trânsito em julgado).
Secundários: 3R
 Induzir a reincidência nos 5 anos após o trânsito em julgado
 Eventual regressão de regime.
 Revogação de sursis (penal precisa do transito crime doloso, processual basta o
processamento por crime) ou livramento condicional. (precisa transito do crime
a ppl)
3.6.2 Efeitos extrapenais (arts. 91 e 92 CP)
Obrigatórios: Em todos os crimes.
 Obrigação de reparar o dano
o Art. 387 já prevê que na sentença o juiz fixará o mínimo
indenizatório. Jurisprudência tem entendido que precisa de
requerimento e prova do valor. Pode ser dano moral ou material.
o Crime vago = não cabe. Não tem vitima.
 Perda, em favor da União, dos instrumentos ilegais e produtos do crime.
(confisco dos instrumenta sceleris.)
o § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em
favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a
ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas,
a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados
para o cometimento de novos crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
 Suspensão dos direitos políticos – STJ entende que também se aplica às PRD.
o RG TEMA 370 STF - A suspensão de direitos políticos prevista no art.
15, inc. III, da Constituição Federal aplica-se no caso de substituição da
pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
Específicos: dependem de declaração judicial em certos crimes.
 Perda do cargo, função ou mandato eletivo.
o PPL igual ou superior a 1 ano com abuso de poder ou violação de
dever para com a administração. OU
o PPL igual ou superior a 4 anos.
o STJ, 2017 - Para que possa ocorrer a perda do cargo do membro do
Ministério Público, são necessárias duas decisões. A primeira,
condenando-o pela prática do crime e a segunda, em ação promovida
pelo Procurador-Geral de Justiça, reconhecendo que o referido crime é
incompatível com o exercício de suas funções, ou seja, deve existir
condenação criminal transitada em julgado, para que possa ser
promovida a ação civil para a decretação da perda do cargo (art. 38, §2º,
da Lei n. 8.625/1993).
 Perda do poder familiar.
o Crime doloso sujeito a reclusão contra filho, tutelado, curatelado ou
outrem com mesmo poder.
 Inabilitação para dirigir veículo.
o Veículo como instrumento do crime doloso.
 Perda dos bens produto/proveito que sejam incompatíveis com a renda
o Alteração da L. 13964/2019, art. 91-A
o Só pra crimes com pena máxima superior a 6 anos de reclusão.
o Deve ser requerida pelo MP já na denúncia.
o Juiz na sentença deve dizer qual o valor incompatível.
Enunciado 15 Jornada DPPPP - Para fins de aplicação do art. 91-A do Código Penal,
cabe ao Ministério Público, e não à Defesa, a comprovação de incompatibilidade entre o
patrimônio e os rendimentos lícitos do réu.
[há uma discussão pq o CP prevê que a parte pode provar a licitude do patrimônio, o
que alguns dizem que significa que é ônus da defesa.]
[confisco alargado lei de drogas: foi anterior; prevê a habitualidade ou reiterada; não
precisa ser pedida na denuncia]
OBS: A perda do cargo só ocorre se exercer o mesmo cargo que exercia no momento
do crime, salvo casos excepcionais.
OBS2: Indenização pelo prejuízo – art. 387, IV do CPP o juiz fixa o valor mínimo de
indenização, mas pro STJ precisa de pedido EXPRESSO e prova do prejuízo.
Tema 983 STJ – na LMP é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de
dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda
que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. O
dano é presumido. Para dano material, esse sim precisaria de instrução com o valor.
STF, 2 TURMA, 2020 - O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no
âmbito do próprio processo penal, a pagar danos morais coletivos. Não falou se precisa
pedido expresso.
Enunciado 25 JDPP- As obrigações pecuniárias (pena de multa, custas processuais e
obrigação de reparar os danos) advindas da sentença penal condenatória recorrível, não
podem ser executadas antes do trânsito em julgado.
O juiz pode deixar de fixar o valor mínimo em algumas situações, como, por exemplo:
a) quando não houver prova do prejuízo;
b) se os fatos forem complexos e a apuração da indenização demandar dilação
probatória, o juízo criminal poderá deixar de fixar o valor mínimo, que deverá ser
apurado em ação civil; ex: mensalão
c) quando a vítima já tiver sido indenizada no juízo cível.
Não se trata de sistema de acumulação de instâncias, porque o juízo criminal apenas
determina o mínimo, mas não faz coisa julgada material quanto ao valor, já que pode
ainda ser majorado no cível. Há portanto uma separação mitigada de instâncias.
A Prescrição da pretensão PUNITIVA extingue também o efeito de condenar pelo valor
mínimo, já que este pressupõe o exercício do direito de punir. No entanto, a prescrição
EXECUTÓRIA não extingue, porque a sentença condenatória transitada já vale como
título executivo judicial.
O HC não é meio adequado para impugnar esse quantum mínimo. (STJ, STJ. 6ª Turma,
2015)
3.6.3 AÇÃO CIVIL EX DELITO
Sistema de independência mitigada de instancias – há separação entre juízo criminal
e cível mas algumas questões julgadas pelo criminal reverberam no cível (efeito
positivo da coisa julgada ou efeito preclusivo subordinante do criminal sobre o cível)
O juízo cível PODE suspender até o transito da sentença criminal
Faz coisa julgada no cível (doutrina critica essa nomenclatura já que não há identidade
de partes nem de causa de pedir):
 Inexistência do fato
 Excludentes de ilicitude
o Não pode ser rediscutida a existência da excludente mas não significa
que vai eximir de responsabilidade no cível, porque o artigo 929 e 930
do CC/02 prevê responsabilização em caso de legitima defesa quando
atingir terceiro não culpado, com o direito de regresso contra o agressor.
 Não ser o autor (certeza)
Procedimento: pode ser direto com execução do título que condena com o mínimo
indenizatório OU processo de conhecimento.
No caso da execução direta, apenas pode ser contra o réu, não contra seu responsável
(Pacelli). Já na ação de conhecimento é possível o litisconsórcio.
3.7 Pedido de absolvição pela acusação
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória,
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer
agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Parte da doutrina critica esse dispositivo, por afrontar o sistema acusatório, advogando
pela inconstitucionalidade.
A jurisprudência do STJ, no entanto, não reconhece essa vertente, e admite condenação
com base no art. 385 do CPP.
3.8 Publicação e intimação da sentença
Publicação  com a entrega para o escrivão. É esse o marco interruptivo da prescrição.
Intimação  todos os sujeitos devem ser intimados da sentença. Necessária a intimação
do réu (pessoalmente) e do defensor, porque há uma legitimidade recursal autônoma e
disjuntiva do réu. [CPP]
STJ, 2019 – Tanto 5º quando 6º Turmas entendem que no caso de réu solto basta a
intimação do defensor constituído, nos termos do art. 392, II do CPP. Não é
cerceamento de defesa.
Havendo divergência quanto a intenção de recorrer, entre o réu e o defensor técnico,
prevalece este último.
STF Sumula 705 - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Pessoal: réu; defensor dativo; defensoria pública; MP.
Publicação: defensor constituído
Edital: nem reu solto nem defensor constituído forem encontrados (basta encontrar um
pra intimar).
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou,
sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o
mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído
não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído
também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e
assim o certificar o oficial de justiça
4. Principio da correlação (congruência)
No processo penal esse princípio tem mais força do que no processo civil, porque o réu
se defende dos fatos alegados na acusação, de modo que uma condenação por fatos
alheios à denúncia viola a ampla defesa.
4.1 Emendatio libelli
CP Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de
aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da
acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.
É uma divergência de capitulação entre a acusação e o magistrado. Não há alteração
dos fatos.
É cabível em todas as ações, sejam públicas ou privadas.
Momento: É possível no momento da sentença, ou até mesmo em 2ª instância, com
exceção da vedação da reformatio in pejus (se o recurso for apenas da defesa, não pode
emendar pra agravar).
STF, HC 87324, 2007 – Não é lícito ao juiz no ato de recebimento da denúncia, conferir
definição jurídica diferente da que consta na peça acusatória.
Excepcionalmente pode ser antes se: a) macular a competência absoluta; b) o adequado
procedimento; ou c) restringir benefícios penais por excesso de acusação
Pode no momento de receber a denúncia? Parte da doutrina entende que é possível a
desclassificação do crime no momento do recebimento da denúncia., no entanto não é
majoritário. Essa decisão, que recebe desclassificando, é impugnada por CORREIÇÃO
PARCIAL. Em casos que não houver má-fé, o STJ entende poder haver fungibilidade
com RESE.
No caso de emendatio no meio do processo, no entanto, que haja declinação a outro
juízo (incompetência superveniente) o recurso é RESE. Não cabe fungibilidade com
apelação.
CPP, Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto
nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a
pena, quando somente o réu houver apelado da sentença
OBS: para analisar se há gravame deve-se analisar a nova tipificação de modo global,
não apenas a pena aplicada.
STF, HC 123251, 2014 - A pena fixada não é o único efeito que baliza a condenação,
devendo ser consideradas outras circunstâncias para verificação de existência reformatio
in pejus
STJ entende que mudança entre crime consumado e tentado não é incongruente, é
mera emendatio. Mas de doloso para culposo há novos fatos a serem defendidos, por
isso é mutatio.
4.2 Mutatio Libelli
Há mudança da base fática, que exige nova definição jurídica. Imprescinde de
aditamento pelo MP em 5 dias, o juiz não pode fazer de ofício.
Só cabe em ações penais públicas ou privadas subsidiárias da pública.
Momento: depois da instrução probatória. Não pode ser em 2ª instância.
STJ Súmula 453: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do
Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato
delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou
implicitamente, na denúncia ou queixa.
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver
sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28
deste Código
Requisitos:
 Surgimento de provas de elementares ou circunstâncias novas
 Fato diverso – alguns afirmam que nesse caso não pode haver mutatio, mas novo
processo.

4.2.1 Procedimento
Aditamento  Resposta ao aditamento  recebimento/rejeição  nova AIJ
Cabe RESE contra o não recebimento.
Art. 384 (...) § 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para
continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do
acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Imputação alternativa superveniente (Afrânio jardim): O juiz não é obrigado a
condenar pelo crime aditado, ele pode condenar pelo delito anterior se entender não
demonstrado, ao fim, as elementares ou circunstâncias aditadas. Não pode, no entanto,
condenar por outro delito que não seja o originário nem o aditado (sentença extra ou
ultra petita).
Essa Teoria NÃO É ADMITIDA pela maioria da doutrina e jurisprudência, já que
após a reforma de 2008 o artigo 384 §4º passou a prever que Havendo aditamento, cada
parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o
juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo
de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
4.3 Regras comuns da mutatio e emendatio
a) Cabimento de SURSIS (art. 384 §1°)
STJ Súmula n. 337: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
STF Súmula 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28
do Código de Processo Penal
b) Alteração de competência (art. 384 §2°): pode ocorrer, devendo ser os autos
remetidos.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS CRIMINAIS
1. Introdução
1.1 Conceito
Instrumento processual de impugnação de decisões judiciais, com previsão em lei
federal, interposto no bojo de uma mesma relação processual, com o objetivo de
promover a reforma, a invalidação, o aclaramento ou a integração da decisão judicial
recorrida.
1.2 Características
 Voluntariedade
 Endoprocessual, dentro da mesma relação processual
 Previsão em lei federal
 Finalidade de reformar (error in iudicando), invalidar (error in procedendo),
aclarar ou integrar decisão.
 Taxatividade
OBS: Antes da CRFB/88, o Regimento Interno do STF apresentava status de lei
ordinária, de modo que os recursos, eventualmente previstos naquele contexto, foram
formalmente recepcionados com status de lei federal. No entanto, previsões regimentais
(do STF, STJ, TJ ou TRF), que veiculem recursos sem correspondência em lei federal,
não poderão ser caracterizados como recursos, por não apresentarem previsão em lei
federal.
1.3 Natureza jurídica
1ª corrente: Desdobramento do direito de ação e de defesa (prolonga a litispendência)
2ª corrente: novo exercício do direito e ação
3ª corrente: Meio processual destinado a impugnar decisão (mais genérico)
1.4 Fundamentos justificantes
a) Fundamento jurídico: Duplo grau de jurisdição.
É o direito de ter fatos, provas, incidentes conhecidos por dois níveis de jurisdição
diferentes e sobrepostos. Por isso os recursos extraordinários não são duplo grau de
jurisdição.
Previsão na CADH (principio não expresso na CR/88) e inerente ao devido processo
legal.
Compatibilidade com o foro por prerrogativa: por ser norma constitucional e o princípio
ser supralegal a CR/88 prevalece.
b) Fundamento humano: possibilidade de erro.
c) Fundamento psicológico: inconformismo natural do ser humano.
2. Princípios recursais
a) Voluntariedade (art. 574 CPP) – reexame não é recurso.
b) Taxatividade
c) Unirrecorribilidade/singularidade
d) Fungibilidade (art. 579 CPP) – não haver má-fé
a. Não ser erro grosseiro
b. Observância do prazo do recurso cabível
c. STJ, Jurisprudência em teses - Aplica-se o princípio da fungibilidade à
apelação interposta quando cabível o recurso em sentido estrito, desde
que demonstrada a ausência de má-fé, de erro grosseiro, bem como a
tempestividade do recurso.
e) Convolação – quando um recurso correto é recebido como outro, por ser mais
benéfico ao réu.
f) Vedação da reformatio in pejus (art. 617 CPP)
g) Conversão – endereçamento equivocado
h) Complementariedade (art. 1024, §4º CPC) – no caso de mudança da decisão.
i) Suplementariedade ou variabilidade – STF NÃO ACEITA A VARIBILIDADE
que é o contrario da unirrecorribilidade.
j) Dialeticidade - contraditório
Vedação da reformatio in pejus (efeito prodrômico da sentença): O tribunal não
pode piorar a situação do réu se apenas ele recorreu da decisão. Não se aplica à
acusação, havendo apenas recurso da acusação pode melhorar a situação do réu
(reformatio in mellius).
A doutrina e o STF tem suplantando o principio da soberania dos vereditos no Tribunal
do Juri, para concretizar a vedação à reformatio in pejus, de modo que um novo
julgamento não pode ser pior do que o primeiro se houver recurso exclusivo da defesa.
OBS: no novo julgamento o corpo de sentença pode reconhecer agravante nova, mas na
dosimetria a pena não pode ser superior à primeira. Assim compatibiliza a soberania
(segundo júri pode conhecer qualificadoras) com a proibição da reformatio in pejus.
OBS2: Não pode aumentar nem a pena de multa, mesmo diminuindo a PPL, pq multa
também é pena.
3. Admissibilidade recursal
Subjetivos Objetivos
Intrínsecos LECA IN IN Legitimidade Cabimento
Interesse recursal Adequação
Inexistência de fatos
impeditivos ou
modificativos
Extrínsecos RE TEM PRE Regularidade formal
Tempestividade
Preparo (?) [apenas ação
penal exclusivamente
privada]

Os requisitos para admissibilidade dos recursos são os mesmos do processo civil.


3.1 Requisitos objetivos
a) Cabimento
 Necessidade que haja previsão típica de um recurso contra um decisão.
 Se não houver previsão, em regra, cabe no recurso de apelação, pelo princípio da
subsidiariedade da apelação.
 Ademais, caso haja grave violação ao direito de locomoção, sempre há a
possibilidade de HC, que não é recurso.

b) Adequação
 É relativizado pela fungibilidade, bem como pela conversão e convolação.
c) Tempestividade
 MP tem direito a intimação pessoal
 A data de início é a data de entrada dos autos no MP
 Defensoria tem direito a prazo em dobro – lei própria.
 Defensor dativo não tem direito a prazo em dobro. [so intimação pessoal]

d) Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos


 Impeditivos: renúncia ou preclusão.
 Extintivos: desistência ou deserção (ações exclusivamente privadas)
STF Súmula 705 - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestado sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Defesa técnica é indisponível.
MP não pode desistir da ação, mas pode renunciar da apelação.
e) Regularidade formal
 Em alguns recursos no processo penal a petição simples de intenção de recorrer
pode ser interposta antes da razões recursais (não observa a dialeticidade, se não
interpor as razões vai com devolutividade ampla).

3.2 Requisitos subjetivos


a) Legitimidade
CPP, Art. 577 - O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo
querelante, ou pelo réu, seu procurador, ou seu defensor.
A Legitimidade recursal do réu e do defensor são autônomas e Classificação da sucumbência:
disjuntivas em razão da autodefesa.
Única x múltipla – atinge
Legitimação subsidiária – do ofendido habilitado como apenas 1 das partes ou as duas
assistente de acusação e seus sucessores. partes.
b) Interesse recursal Direta x indireta – atinge
Tradicionalmente se identifica por meio da sucumbência mas apenas as partes ou atinge as
essa associação é apenas parcialmente correta. O réu pode ter pessoas do art. 31.
interesse em recorrer da absolvição para mudar os fundamentos
e ter efeitos civis mais benéficos. A acusação pode ter interesse Total x parcial.
em recorrer da condenação para alterar a pena.
4. Efeito dos recursos
4.1 Efeito obstativo
Impedimento da formação da coisa julgada e prolonga a litispendência.
4.2 Efeito devolutivo
Efeito devolutivo horizontal diz respeito à matéria que é devolvida ao tribunal. O efeito
devolutivo horizontal restringe a análise do tribunal, mas para o réu deve ser respeitado
o principio da vedação à reformatio in pejus.
O efeito devolutivo vertical (em profundidade): Refere-se à possibilidade do tribunal,
no julgamento do recurso, analisar todos os fatos, provas e alegações que possibilitem o
julgamento da matéria.
4.3 Efeito suspensivo
Não se aplica a todos os recursos. No processo penal, em regra o efeito suspensivo não é
do recurso em si, mas da impossibilidade de execução da sentença sem trânsito em
julgado.
Atualmente, a sentença poderá ser executada apenas a partir do trânsito em julgado.
Tem efeito suspensivo:
I. Apelação de sentença condenatória
II. RESE nos casos de pronúncia; quebra da fiança; rejeição da apelação.

4.4 Efeito regressivo


Consiste na devolução da matéria impugnada para reexame por parte do mesmo o órgão
que prolatou a decisão recorrida
Tem efeito regressivo:
I. RESE
II. Agravo em execução
III. Carta testemunhável.
OBS: Recurso invertido: quando o juiz, por meio do efeito regressivo, revê o seu
entendimento, invertendo a parte sucumbente, de modo que o apelado passa a ter
interesse em apelar. Esse recurso interposto pelo novo sucumbente é recurso invertido.
4.5 Efeito extensivo
Possibilidade de se estender o resultado favorável de um recurso interposto por um dos
réus aos outros que não recorreram, desde que os fundamentos decorram de um a
circunstância objetiva (art. 580 CPP).
Ex: júri de um correu desclassifica o crime para latrocínio. Vai se estender ao outro réu.
4.6 Efeito substitutivo
O acórdão substitui a sentença a quo naquilo que é enfrentado pelo tribunal (art. 1008
CPC) (precisa ter admissibilidade do recurso).
5. Direito intertemporal e recursos
1ª corrente: Prevalece a lei no momento do crime. Mistura direito material com direito
processual
2ª corrente: Prevalece a lei na data da decisão impugnada. – teoria do isolamento
dos atos.
3ª corrente: Prevalece a lei na data da interposição do recurso.
Outras teorias: teoria da unidade: todo o processo com a mesma lei, ainda que já
revogada
Teoria das fases processuais – referente a prova por exemplo.
6. Classificação dos recursos
A) Quanto à obrigatoriedade: de oficio x voluntario – classificação antiga, hoje
todos os recursos são voluntários.
B) Quanto à fundamentação: de fundamentação livre x de fundamentação
vinculada. [ex: edcl é vinculada]
C) Quanto à extensão da matéria impugnada: total x parcial.
D) Quanto ao objeto imediato do recurso: natureza ordinária x extraordinária
OBS: TOTAL X PARCIAL
Para Barbosa Moreira a classificação se baseia na sucumbência da parte: o recurso
total é aquele que impugna tudo o que poderia ser impugnado por aquela parte. Parcial é
aquele que impugna apenas parte.
Para Dinamarco a classificação se baseia na decisão como um todo: o recurso total é
aquele que impugna toda a decisão e o parcial é o que impugna parte da decisão.
7. Recurso extraordinário e sobrestamento em matéria penal
Sendo o RE repetitivo ou não, o relator no STF pode pedir o sobrestamento. No caso de
repetitivos há o sobrestamento obrigatoriamente, mas no RE normal não, é uma
faculdade.
Enquanto suspenso, a prescrição também suspende.
Não abrange Inquerito nem investigação do MP.
Não abrange processo com réu preso
O juiz de piso pode a qualquer momento decidir questões urgentes.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
8. Características
 Em REGRA cabe contra decisões interlocutórias.
 Somente cabe em juízo de primeiro grau.
 Hipóteses taxativas da lei.
 Caráter subsidiário (absorção da apelação)
A taxatividade não significa que não possa haver interpretação analógica ou extensiva
ou que não haja legislação esparsa que preveja o cabimento. Exemplo é o art. 294,
parágrafo único, CTB; DL 210/67 também prevê.
9. Procedimento
Em regra é processado por instrumento, em autos apartados, diferente da apelação.
Se aproxima do agravo de instrumento do processo civil.
Casos em que é processado nos autos:
 Não receber a denúncia ou queixa
 Julgar procedente exceções, salvo suspeição.
 Pronuncia do réu
 Extinção da punibilidade
 Conceder ou denegar HC [obs: concessão já gera remessa necessária]
OBS: RESE contra lista geral de jurados: Parte da doutrina entende que não subsiste
mais essa hipótese, porque cabe Reclamação em 10 dias. Para outra parte da doutrina
ainda subsiste, sendo prazo de 20 dias.
OBS2: RESE contra decisão que rejeita denúncia: se for provido já serve o acórdão
como recebimento da denúncia, exceto se declarar nulidade da decisão de rejeição.
(STF Sumula 709)
10. Prazo:
5 dias +2
Apresentação (autos apartados ou não)  juízo de admissibilidade em 1º grau 
contrarrazões  juízo de retratação  envio ao 2º grau.
OBS: Contra decisão que inadmite o RESE cabe carta testemunhável.
STF, SUMULA 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para
oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo
a nomeação de defensor dativo.
STJ Jurisprudência em Teses - A ausência de contrarrazões ao recurso em sentido
estrito interposto contra decisão que rejeita a denúncia enseja NULIDADE
ABSOLUTA do processo desde o julgamento pelo Tribunal de origem.

11. Efeitos:
Devolutivo Sim
Regressivo Sim
Extensivo Pode ter
Suspensivo perda da fiança;
denegar a
apelação;
 pronúncia
 quebra da fiança,
no tocante à perda
da metade do
valor.
STJ, Jurisprudência em teses - A decisão do juiz singular que encaminha recurso em
sentido estrito sem antes proceder ao juízo de retratação é mera irregularidade e
não enseja nulidade absoluta.
12. Hipóteses de cabimento
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Rejeição de mutatio também cabe RESE.
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
Também cabe pra prisão temporária e para revogação de outras medidas cautelares do
319. [soltou é rese]
É cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar
diversa da prisão. STJ. 6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 13/12/2016 (Info 596).
VI - que absolver o réu, nos casos do art. 411; (Revogado pela Lei nº 11.689, de
2008)
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Apenas pro caso de negar, porque concedido há remessa necessária.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
OBS: prejudicial obrigatória – sobre estado civil da pessoa. Não importa se já
tem ou não ação ajuizada no cível. O MP deve promover a ação civil ou dar
prosseguimento a ela, se for AP publica. Prejudicial facultativa – outro tema (que a lei
civil não limita prova). Precisa ter ajuizado ação cível. MP apenas intervém quando for
AP pública. Suspende apenas por um prazo determinado
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XXV – que recusar a homologação à proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A desta Lei.
Se o juiz recusa a homologação é RESE. Se o MP recusa acordo, o acusado pode pedir
aplicação do art. 28 do CPP.
APELAÇÃO
13. Características
É um recurso com efeito devolutivo mais amplo, que pode discutir todas as questões,
processuais ou materiais. Absorve as questões que seriam discutidas por outros
recursos.
14. Classificação
a) Ampla x parcial
b) Principal x subsidiária
A apelação subsidiária pressupõe inércia do MP. Pode ser interposta pelo CADI ou por
terceiro interessado. Não tem efeito suspensivo. Tem prazo de 15 dias.
Art. 598 - Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da
sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém efeito
suspensivo.
Discussão sobre se seria possível esse recurso quando a ação penal é publica e o MP
pede a absolvição.
15. Procedimento
A apelação é interposta nos próprios autos.
Admissibilidade pelo juízo a quo. Contra a decisão que inadmite cabe RESE.
16. Prazo
5 dias + 8 dias (após admissão). Pode optar por interpor as razões apenas no tribunal
(art. 600 §4º)
Súmula 428, STF - Não se considera prejudicada a apelação entregue em cartório no
prazo legal, embora despachada tardiamente
Art. 600, § 4 - se o apelante declarar na petição ou no termo em que interpor a
apelação, que deseja arrazoar na superior instância, os autos serão remetidos ao
tribunal ad quem, onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais e
notificadas as partes pela publicação oficial
Contravenção: 3 dias para razões.
Nos juizados é 10 dias.
STJ, Jurisprudência em Teses - Verificada a inércia do advogado constituído para
apresentação das razões do apelo criminal, o réu deve ser intimado para nomear novo
patrono, antes que se proceda à indicação de defensor para o exercício do contraditório.
STF Sumula 708 - É NULO o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir
outro.
STF, SUMULA 705 - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
17. Cabimento (art. 593)
O rol do 593 não é taxativo, também há previsão no 416 e na Lei 9.099/95.
Art. 593 - Caberá apelação no prazo de 5 dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular.
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular
nos casos não previstos no capítulo anterior.
Exemplo: decisão que extingue o processo de crime tributário por não estar presente
condição de punibilidade de constituição do crédito tributário. Julga o mérito mas não
condena nem absolve, é decisão interlocutória mista terminativa, com força de
definitiva; impronuncia.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia [error in procedendo] Ex: nulidade dos
quesitos; alegação em plenário da tese da legítima defesa da honra.
b) se for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados
[error in iudicando]
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança
[error in iudicando]
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos
Nesses casos a apelação terá fundamentação vinculada. (efeito devolutivo restrito,
Sumula 713 STF)
Nulidade na fase de pronuncia deve ser arguida por RESE contra a pronúncia. A
nulidade posterior deve ser relacionada a error in procedendo, aspecto formal.
Só há novo julgamento na hipótese do art. 593, III, d, decisão dos jurados contraria a
prova dos autos. Só pode ser alegada uma vez.
Nos outros casos o Tribunal pode retificar a sentença com erro ou injustiça ou contrária
a decisão dos jurados.
Art. 593, § 1 - Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir
das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2 - Interposta a apelação com fundamento no inciso III, c, deste artigo, o tribunal ad
quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de
segurança.
18. Efeitos
Devolutivo Sim
Regressivo Não
Extensivo Pode ter
Suspensivo Depende da sentença.
Se for condenatória
tem, se for absolutória
não tem. Se for
absolutória imprópria
tem efeito suspensivo
indireto.
EMBARGOS INFRIGENTES E DE NULIDADE
19. Características
São recursos semelhantes, que visam impugnar decisões não unânimes dos Tribunais
(TJ TRF) desde que não favoráveis ao réu. Somente cabíveis contra decisões de
segunda instância (apelação, RESE, agravo em execução), não cabem contra decisões
de competência originária nem contra outros recursos.
Embargos infringentes  matéria de mérito.
Embargos de nulidade  matéria processual.
OBS: RISTF art. 333, I prevê embargo infringente para processo originários. STF
entende que cabe, foi recepcionado pela CR/88. Os votos vencidos tem que ser pela
absolvição propriamente dita, não conta se o fundamento for diverso, como prescrição.
STJ, REsp 1.843.523/CE, 2021 – No julgamento de recurso no Tribunal, deve ser feito a
contagem de votos primeiro quanto a preliminares e, sendo afastadas, quanto ao mérito.
Isso porque, sendo ignorado esse procedimento, aquele que acolhe a preliminar não
julga o mérito, e os demais acabam vencendo por unanimidade quanto ao mérito. Isso
impede a defesa por meio de embargos infringentes.
OBS: No STF cabe embargo infringente dos julgamentos das Turmas e do Plenário,
AINDA QUE ORIGINÁRIOS, por RISTF. No Plenário precisa ser pelo menos 4 votos
divergentes e na Turma apenas 2, a não ser que haja ausência. O prazo é de 15 dias.
20. Prazo
10 dias.
21. Efeitos
Devolutivo Sim, na matéria
impugnada
Regressivo Não
Extensivo Pode ter
Suspensivo Segue o efeito do
recurso que foi julgado
de modo não unânime.

Se for apelação, que


tem efeito suspensivo, o
embargo vai ter
também. Se for agravo
em execução, que não
tem efeito suspensivo,
não vai ter.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. Características
 Destinado a corrigir omissões contradições e ambiguidades das decisões.
 Cabível em qualquer grau de jurisdição.
 Tem fundamentação vinculada
2. Procedimento
Interpostos por petição nos autos. Nos juizados podem ser interpostos oralmente.
Pode ter efeito infringente e nesse caso a parte contrária deve ser intimada para se
manifestar.
3. Prazo
2 dias.
Juizados: 5 dias.
4. Efeitos
Interrompem o prazo recursal.
Quando os embargos de declaração forem reconhecidos como meramente protelatórios,
não se deve conceder, a eles, a interrupção, tampouco a suspensão do prazo de outro
recurso, pois se estaria premiando a manobra fraudulenta (Regimento Interno do STF,
art. 339, caput e §2º).
Art. 66. Compete ao Juiz da
execução
I - aplicar aos casos julgados lei
posterior que de qualquer modo
favorecer o condenado;
AGRAVO EM EXECUÇÃO II - declarar extinta a
1. Características punibilidade;
É o recurso cabível para discutir qualquer questão afeta à III - decidir sobre
execução penal. Não possui efeito suspensivo. :a) soma ou unificação de penas
;b) progressão ou regressão nos
LEP, Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso regimes;
de agravo, sem efeito suspensivo. c) detração e remição da pena;
2. Procedimento d) suspensão condicional da
O procedimento é o mesmo do RESE, por falta de previsão da pena;
LEP. e) livramento condicional
f) incidentes da execução.
STF, Sumula 700 - É de cinco dias o prazo para interposição de IV - autorizar saídas
agravo contra decisão do juiz da execução penal (5+2) temporárias;
V - determinar:
Pode ser interposto por instrumento ou termo nos autos.
a) a forma de cumprimento da
3. Efeitos pena restritiva de direitos e
fiscalizar sua execução;
Devolutivo Sim b) a conversão da pena restritiva
Regressivo Sim de direitos e de multa em
privativa de liberdade;
Extensivo Pode ter
c) a conversão da pena privativa
Suspensivo Não. de liberdade em restritiva de
direitos;
d) a aplicação da medida de
CARTA TESTEMUNHÁVEL segurança, bem como a
substituição da pena por medida
1. Características e cabimento de segurança;
Serve para viabilizar a subida do recurso ao tribunal ad quem, e) a revogação da medida de
quando inadmitido o recurso no juízo a quo. segurança;
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: f) a desinternação e o
restabelecimento da situação
I - da decisão que denegar o recurso; anterior;
g) o cumprimento de pena ou
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição medida de segurança em outra
e seguimento para juízo ad quem. comarca;
h) a remoção do condenado na
Contra inadmissão de Apelação cabe RESE, não carta hipótese prevista no § 1º, do
testemunhável. artigo 86, desta Lei.
Contra inadmissão de RE ou RESP cabe agravo, não carta VI - zelar pelo correto
cumprimento da pena e da
testemunhável em 5 dias (agravinho não segue CPC mas sim o medida de segurança;
RISTF)
VII - inspecionar, mensalmente,
2. Procedimento os estabelecimentos penais,
tomando providências para o
Prazo de 48 horas.
adequado funcionamento e
Endereçada ao escrivão ou diretor de secretaria, não ao juiz. promovendo, quando for o caso,
a apuração de responsabilidade;
Efeitos: Regressivo, devolutivo. NUNCA suspensivo. VIII - interditar, no todo ou em
parte, estabelecimento penal que
REVISÃO CRIMINAL estiver funcionando em condições
inadequadas ou com infringência
aos dispositivos desta Lei;
1. Introdução
O instituto da revisão criminal surge no contexto de sociedade democrática na qual há
um embate dialético entre a segurança jurídica das decisões e a necessidade de desfazer
decisões injustas do ordenamento jurídico.
A Revisão Criminal relativiza a coisa julgada, é um meio de impugnação exclusivo da
defesa.
Conceito: ação autônoma de impugnação, de competência originária dos Tribunais (ou
Turmas Recursais), destinada a viabilizar a desconstituição da coisa julgada formada em
processo criminal condenatório ou impositivo de sentença absolutória imprópria,
quando a decisão impugnada estiver impregnada por erro judiciário.
Pressupostos: erro judiciário + trânsito em julgado de sentença condenatória ou
absolutória imprópria.
Natureza jurídica: ação autônoma de impugnação.
Cabe liminar? Sim, de modo EXCEPCIONAL no caso de violação a texto de lei,
porque a sentença judicial transitada presume-se válida e eficaz. Precisa de um juízo
de quase certeza.
1.1 Revisão criminal x ação rescisória
As diferenças são:
i. Natureza das ações: revisão é criminal, rescisória é cível.
ii. Prazo: revisão não tem prazo, rescisória tem prazo de 2 anos.
iii. Legitimidade: revisão é exclusiva da defesa, rescisória pode ser por qualquer
parte.

1.2 Juízo rescindente e juízo rescisório


O juízo rescindente é aquele que vai desconstituir a decisão injusta (sempre tribunal). O
juízo rescisório é aquele que substitui a decisão por outra. Nem sempre o Tribunal vai
realizar o novo julgamento, podendo apenas anular. O tribunal poderá alterar a
classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
No Tribunal do Juri pode em revisão criminal de sentença que condenou o réu direto
absolver, sem precisar passar por novo júri. Já se for impugnada por Apelação alegando
contrariedade à prova dos autos não pode julgar direto, anula e faz outro júri.
2. Condições da ação
2.1 Legitimidade
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente
habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
Pelo próprio réu, seu procurador ou CADI. MP não pode.
STF, 2001 – Ministério Público, não tem legitimidade para formalizar a revisão
criminal, pouco importando haver emprestado ao pedido o rótulo de habeas corpus.
A legitimidade passiva é o ente correspondente à jurisdição responsável pela
condenação. Exemplo: condenação na JF o legitimado passivo é a União.
2.2 Interesse de agir
Imprescindível o trânsito em julgado.
Não é necessário o esgotamento de instâncias.
2.3 Possibilidade jurídica do pedido
Necessário que a sentença imponha sanção penal.
É possível ajuizamento ainda que já tenha cumprido a pena (diferente do HC)
STF, HC 104998, 2010 – A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga
extinta a punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa julgada em
sentido estrito, é inexistente em sentido jurídico. [polemica doutrinaria, parte entende
que não seria possível pq seria uma revisão maligna ao réu. Outra parte entende que
seria possível porque não seria revisão criminal já que não houve coisa julgada]
STJ, REsp 1172278/GO, 2010 – É possível revisão de julgamentos do júri desde que
baseado em grave erro judiciário. A revisão deve gerar um novo julgamento.
Nos juizados também é cabível a Revisão Criminal das sentenças, mas não da sentença
homologatória de transação, porque não é condenatória. (dessa só cabe Apelação,
prevista pela própria lei)
3. Cabimento (art. 621)
 Sentença contrária à lei ou aos autos
 Sentença fundada em provas falsas
 Nova prova de inocência ou circunstância que diminua a pena
Art. 621 - A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à
evidência dos autos; [PODEM SER NORMAS NÃO ESCRITAS, JURIS] aqui pode
julgar direto, diferente da apelação que precisa novo júri.
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado
ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
STF Súmula 343: Não cabe ação rescisória por ofensa à literal disposição de lei quando
a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais.
A prova falsa deve ser comprovadamente falsa, não pode haver comprovação da
falsidade dentro da ação revisional. [diferente do processo civil]
4. Procedimento
O réu possui capacidade postulatória para ajuizar a revisão criminal.
Competência é originária do Tribunal hierarquicamente superior ao juízo que
condenou. Se a condenação foi em 2º grau, o próprio tribunal tem competência.
STF Súmula 393 - Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a
recolher-se à prisão.
 Não há dilação probatória.
 Imprescinde da certidão de trânsito em julgado.
 Prevê figuras de relator e revisor.
 Pode ser liminarmente rejeitada, cabendo recurso de agravo interno.
 MP atua como custos iuris.
 Efeito suspensivo é excepcionalíssimo, bem como liminar.
OBS: Na revisão criminal não prospera o in dubio pro reo, porque a condenação
anterior tem presunção de legitimidade, devendo o réu provar o erro judiciário.
4.1 Vedação da reformatio in pejus
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da
infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela
decisão revista
4.2 Recursos cabíveis
Só é cabível Embargos de declaração, RE, RESP, e agravos regimentais como o agravo
interno.
Não cabe apelação e RESE porque esses só se opõem a decisões de primeiro grau.
Embargos infringentes ou de nulidade também não cabem porque presumem recurso em
2ª instância, e a Revisão criminal é ação originária.
5. Indenização por erro judiciário
Art. 5º LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença
O autor deve pedir explicitamente a indenização pelo erro judiciário.
Não cabe indenização quando o erro for imputável ao próprio impetrante
Art. 630 - O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma
justa indenização pelos prejuízos sofridos.
(...)
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio
impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
6. Coisa julgada na ação de revisão
A coisa julgada é secundum eventum probationis, ou seja, se houver novas provas pode
haver nova ação de revisão criminal.
Art. 622 (...)
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em
novas provas.
7. Jurisprudência em Teses – STJ
 O julgamento superveniente da revisão criminal prejudica, por perda de objeto, a
análise do habeas corpus anteriormente impetrado.
 O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de habeas corpus impetrado contra
decisão proferida em recurso especial não afasta, por si só, a competência do
Superior Tribunal de Justiça para processar e julgar posterior revisão criminal.
 É assegurada à defesa a sustentação oral em sessão de julgamento de revisão
criminal.
 A Turma Recursal é o órgão competente para o julgamento de revisão criminal
ajuizada em face de decisões proferidas pelos Juizados Especiais.
 É possível a correção da dosimetria da pena em sede de revisão criminal.
 O réu possui capacidade postulatória para propor revisão criminal, nos termos do
art. 623 do CPP, que foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e não
foi revogado pela Lei n. 8.906/94 Estatuto da Advocacia.
 A mudança de orientação jurisprudencial e a interpretação controvertida a
respeito de determinado dispositivo legal não são fundamentos idôneos para a
propositura de revisão criminal.
 A retratação da vítima ou das testemunhas constituem provas novas aptas a
embasar pedido de revisão criminal.
MANDADO DE SEGURANÇA
1. Introdução
É uma ação constitucional residual, e em regra é impetrado em matéria cível, porque
residual em relação ao HC. Tutela direitos líquidos e certos lesionados ou ameaçados
por autoridade pública. A legitimidade ativa é ampla, pode ser impetrado pelo MP ou
pelo réu, e pode ter natureza preventiva ou repressiva.
Prazo decadencial: 120 dias.
STF, Sumula 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra
decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte
passivo.
2. Cabimento
Primeiramente cabe observar as hipóteses em que não cabe MS:

Decisão da qual cabe recurso.
o Exceção: decisão teratológica. Ex: concessão fiança pelo delegado.
 Decisão transitada em julgado.
L. 12.016/09 Art. 5º - Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
(...)
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
STF, Sumula 267 - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de
recurso ou correição.
STJ Súmula 604 - Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público
2.1 Casuística do cabimento do MS em matéria criminal

i. Decisão que indefere pedido de intervenção como assistente da acusação.


ii. Trancamento de inquérito ou ação penal para o qual a lei não prevê PPL.
iii. Tutela dos interesses da Pessoa Jurídica.
iv. Decisão que determina o sequestro de bens sem os requisitos legais
(teratológica)
v. Defesa das prerrogativas do advogado que não se relacionem com o direito de
locomoção do acusado.
vi. Indeferimento de pedido de instauração de inquérito em ação privada.
3. Procedimento
É o procedimento geral da Lei 12.016/09.
Competência: de acordo com a CR/88. Contra ato de delegado é de competência de juiz
federal de 1º grau. PR É TRF.
3.1 Recursos cabíveis
Decisões interlocutórias (liminares)  agravo de instrumento.
Concessão da segurança  reexame necessário
Denegação da segurança  apelação.
Denegação da segurança em competência originária dos Tribunais  ROC STJ
Denegação da segurança em competência originária de T. Superior  ROC STF
Decisões monocráticas em competência originária  agravo interno. (no caso do STF e
STJ aplica o prazo do regimento interno, não do CPC, 5 dias)
Obs: agravo em re e resp é 5 dias.
ATENÇÃO! Aplica-se o 942 do CPC em MS, decisões não unanimes na apelação no
Tribunal.
HABEAS CORPUS
1. Introdução
Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Remédio constitucional petrificado que visa tutelar a liberdade de locomoção dos
indivíduos.
Para essa ação autônoma constitucional de impugnação é necessário haver interesse de
agir da parte. O interesse de agir se divide em necessidade e adequação. A necessidade
do HC se dá pela violência ou coação decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. A
adequação se dá pela tutela da liberdade de locomoção. No Brasil, as hipóteses são
alargadas, mas não se tem mais a Doutrina Brasileira do HC de Rui Barbosa, que era
amplíssima.
OBS: HC COLETIVO
STF, HC 143.641/SP, 2018 – HC de feição abstrata no qual o STF analisou em abstrato
os requisitos para prisão domiciliar de mulheres grávidas. A crítica a esse HC é também
sua novidade: foi um julgamento abstrato, que não combateu ilicitudes concretas,
apenas definiu balizas para que os magistrados deliberem, no caso concreto, sobre as
prisões.
Outros casos: HC COLETIVO contra ato de juíza da infância que determinou toque de
recolher para crianças desacompanhadas; HC COLETIVO para presos em regime
fechado na pena mínima em trafico privilegiado. HC COLETIVO para presos que não
são liberados por hipossuficiência no pagamento da fiança.
2. Hipóteses em que cabe HC (casuística)
a) Contra decisão que concede quebra de sigilo telefônico/bancário.
b) Para trancamento da ação, mesmo com aceitação do SURSIS processual.
a. OBS: STJ entende que no caso de sursis não prejudica HC, mas que
transação prejudica. Já STF entende que nunca prejudica.
c) Assegurar o direito de visita
d) Medidas cautelares diversas da prisão (Info 888 STF)
e) Réu delatado que não se manifesta após o delator
3. Hipóteses em que não cabe HC (casuística)
a) Infração penal cuja pena abstratamente cominada seja apenas de multa.
(Súmula n° 693 do STF)
b) Quando já extinta a PPL (Sumula 695 STF) – cabe revisão
c) Pena de exclusão de militar, perda da patente ou da função (Sumula 694 STF)
d) Perda do cargo como efeito extrapenal específico
e) Apreensão de veículo
f) Pedido de reabilitação
g) Preservação do sigilo entre advogado e cliente (cabe MS)
h) Extração gratuita de cópias do processo criminal
i) Para requerimento de aditamento de denúncia que inclua outro réu.
j) Afastamento cautelar de magistrado denunciado (LC 35/79 art. 29)
k) Contra sentença que reconhece nulidade absoluta que resultou na absolvição
(seria um HC como sucedâneo da revisão criminal, que não pode ser pro
sociedade. Polemica da certidão de óbito falsa.)
l) Perda de direitos políticos
m) Impeachment
n) Reparação civil cominada na condenação.
o) Como sucedâneo de recurso ordinário
p) Artigo 28 da LEI DE DROGAS.
STF, HC 147556, 2017 – Contra decisão que denega HC em Tribunal Superior a
Constituição prevê o ROC. Por isso, não cabe novo HC contra essa decisão.
OBS: Punições disciplinares militares
CF, Art. 142 [...] § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares.
A proibição da CR/88 diz respeito ao mérito da punição. A legalidade da prisão, no
entanto, pode ser objeto de controle jurisdicional por meio de HC.
STJ, HC 482.549-SP, 2020 - O habeas corpus, quando impetrado de forma
concomitante com o recurso cabível contra o ato impugnado, será admissível apenas se
for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção OU se traduzir pedido diverso
do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do paciente. Nos
outros caso o HC fica prejudicado.
4. Legitimidade
4.1 Impetrante e paciente
O impetrante (subscrevente) pode ou não ser o paciente (sofre ou está ameaçado de
sofrer coação).
Qualquer pessoa pode propor HC, seja física ou jurídica, nacional, estrangeira, e até
incapazes, sem assistência de advogado.
A pessoa jurídica pode impetrar, mas não pode ser paciente, mesmo que seja ré.
4.2 Autoridade coatora
É a pessoa responsável pelo abuso de direito ou ilegalidade. O detentor é apenas o
responsável pela execução do ato. Exemplo: prisão ilegal o delegado é autoridade, o
carcereiro é apenas detentor.
Parte da doutrina entende ser possível HC contra particulares. Exemplo: hospitais
particulares que mantém pessoa em cárcere, empresa que fecha rua sem autorização.
5. Espécies de HC
a) Repressivo (liberatório) – visa atacar ato que já violou a liberdade de
locomoção. Juiz emite ALVARÁ de soltura ou CONTRAMANDADO de
prisão.
b) Preventivo – visa evitar uma violação ilegal da liberdade. Juiz expede SALVO
CONDUTO.
c) Trancativo – visa obstar investigações ou processos sem justa causa.
6. Hipóteses legais de HC (art. 648 CPP)
 Ausência de justa causa
 Prisão por tempo maior que o permitido por lei
 Autoridade incompetente
 Cessação do motivo que autorizava a coação (ex: prisão preventiva)
 Não admissão da fiança
 Nulidade absoluta do processo
 Extinção da punibilidade
7. Competência
Deve-se analisar a autoridade coatora e o paciente.
7.1 STF
Art. 102, I, d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas
alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal
de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o
paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância
Não cabe HC originário ao STF de decisão monocrática, ainda que de ministro do STF.
Tem que ser de Tribunal Superior, colegiado, OU quando o paciente for uma das
autoridades sujeitas ao STF. Por esse motivo não cabe HC de decisão monocrática que
inadmite RESP no STJ, nem de decisão de Turma do STF nem monocrática.
7.2 STJ
Art. 105, I, c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral
Governadores, TJ, TRF, TRE, TRT, membros de TCE, PRR.
ATENÇÃO! MS contra ato de Tribunal é competência do próprio tribunal. HC é do
STJ.
CUIDADO! HC contra ato de PGJ é no TJ. Contra ato de membro do MP também.
7.3 TRF
Art. 108, I d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
Autoridade coatora: juiz federal, procurador da republica, turma recursal.
ATENÇÃO! MS contra procurador da republica é competência de juiz federal. HC é do
TRF.
7.4 Turma Recursal
Julga HC contra ato de juiz do juizado.
7.5 Juiz federal
Art. 109, VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição
Autoridade federal, ex: delegado.
8. Procedimento
 Petição inicial não possui muitas formalidades.
 Não comporta dilação probatória.
 Autoridade coatora presta informações.
 Cabe liminar.
 Há efeito extensivo em HC no concurso de pessoas, podendo abarcar outros réus
(art. 580 CPP)
 Não cabe intervenção de terceiro (excepcionada quando há ação privada, o
querelante pode atuar como interventor).
9. Recursos cabíveis contra HC
Decisão concessiva em 1ª instância  Reexame necessário.
Decisão denegatória em 1ª instância  RESE
Decisão denegatória em única instância em T. Superior  ROC ao STF
Decisão denegatória em única ou ultima instância em TJ ou TRF  ROC ao STJ
Contra decisão que defere ou indefere liminar  legislação NÃO PREVÊ RECURSO!
Nem mesmo agravo interno! A praxe forense é de impetrar outro HC contra essa
decisão monocrática, mas no STJ e no STF não se admite (Sumula 691 STF). É
irrecorrível, portanto.
Prazo: 5 dias.
10. Coisa julgada no HC
É possível o ajuizamento de vários HC desde que fundados em motivos diferentes ou
novas provas. A coisa julgada é secundum eventum probationis.
11. Jurisprudência importante e recente
STF, Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão
de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
STF Sumula 691 – Não compete ao STF conhecer de HC impetrado contra decisão de
relator que, em HC requerido no Tribunal Superior, indefere liminar. As vezes é
mitigada para conceder HC de ofício em casos de flagrante ilegalidade.
STJ, 2019 – Transação penal após o oferecimento da denúncia. Não cabe HC para
discutir a justa causa da ação penal, porque a transação prejudica o HC. Diferente é o
caso do SURSIS processual, porque neste há recebimento da denúncia, de modo que o
firmamento de SURSIS não impede a análise de HC.
X
STF, 2019 – nem a transação nem o sursis impedem o HC.
STF, 2019 - O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a
correta fixação da competência, bem como sobre a existência de transnacionalidade do
delito imputado.
STF, HC 143333, Plenário, 2019 - A sentença condenatória superveniente, ainda que
não lance mão de fundamentos induvidosamente autônomos e diversos da ordem
prisional originária, prejudica o HC contra decreto segregatório inicialmente
atacado, a ensejar o não conhecimento da impetração. Tal cenário, contudo, não impede
o exame da excepcional concessão da ordem de ofício.
X ou seja para STF sentença prejudica HC contra prisão preventiva.
STJ, RHC 108.753/MG, 2019 – A sentença condenatória superveniente não
prejudica o HC impetrado contra a prisão preventiva. Sentença manteve a preventiva
apenas reiterando os motivos anteriores.
HC justa causa e sentença condenatória - Súmula 648-STJ: A superveniência da
sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação penal por falta de
justa causa feito em habeas corpus.
HC justa causa HC justa causa HC justa causa e HC prisão
e transação e sursis sentença preventiva e
condenatória sentença
condenatória
STF Não prejudica Não prejudica Prejudica Prejudica,
ainda que
mesmos
fundamentos
STJ Prejudica Não prejudica Prejudica Não
prejudica se
- Sumula 648
mesmos
ATENÇÃO! fundamentos
Teve um julgado
excepcionando
caso de cadeia de
custodia na 6
turma! HC
653.515-RJ,

STF, 2018 – Regimento Interno do STF, artigo 22, dá discricionariedade ao Relator


para decidir se afeta o HC ao plenário ou mantém na Turma.
NULIDADES
1. Introdução
Em processo penal as irregularidades apenas geram nulidade se houver prejuízo (pas de
nullité sans grief). Portanto, a nulidade depende de pronunciamento judicial, não há
nulidade automática.
Natureza jurídica da nulidade:
1ª corrente: Sanção processual de ineficácia do ato defeituoso.
2ª corrente: Defeito do ato processual, intrínseco a ele.
2. Atos inexistentes, anuláveis e nulos
Atos inexistentes são “não-atos”, porque falta um elemento estruturante essencial. Por
isso, não sofrem sanção porque sequer existem no mundo jurídico, nem podem ser
convalidados.
Atos anuláveis e nulos, por outro lado, são atos existentes, mas que possuem alguma
irregularidade. Produzem seus efeitos enquanto não tiverem a nulidade declarada.
2.1 Nulidade relativa e absoluta
Nulidade relativa Nulidade absoluta
Interesse das partes Interesse da jurisdição
Sujeitas a preclusão Não precluem¹
Podem ser reconhecidas de ofício Podem ser reconhecidas de ofício
Precisa demonstrar prejuízo Precisa demonstrar prejuízo²
Pode ser convalidada Pode ser convalidada³

¹O STF tem entendido que apesar de não precluir, a nulidade absoluta precisa ser
alegada oportuno tempore.
²STF superou a doutrina clássica que entendia que a nulidade absoluta teria prejuízo
presumido (2017).
³Convalidação da nulidade absoluta é com temperamentos.
STF SUMULA 160 - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Não pode haver reconhecimento de nulidade, ainda que absoluta, de ofício, se resultar
reformatio in pejus. Exceção é a remessa necessária, na qual pode haver o
reconhecimento de qualquer nulidade de oficio, porque a devolutividade é ampla. Já no
recurso da acusação, a devolutividade é restrita ao que a acusação arguiu.
Para melhorar a situação do réu sempre pode ser reconhecida qualquer nulidade de
ofício.
OBS: Incompetência Absoluta: Pode o juiz absolutamente competente, ao promover
novo julgamento depois de recurso da defesa, piorar a pena aplicada pelo juiz
incompetente? Não. Seria um a forma de reformatio in pejus indireta.
3. Nulidades extraprocessuais
No bojo de investigações extraprocessuais pode haver nulidade, ainda que não se trate
de atos processuais. No entanto, as nulidades extraprocessuais não afetam a
regularidade dos atos processuais.
4. Princípios norteadores
4.1 Princípio do interesse e da boa-fé processual
CPP Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse.
Teoria da nulidade guardada – STJ tem rechaçado o comportamento da parte que,
sabendo de irregularidade, mantém-se silente para posteriormente se beneficiar da
alegação de nulidade.
Princípio do interesse – não há interesse em arguir nulidade que aproveite à outra
parte.
4.2 Princípio do prejuízo e da instrumentalidade das formas
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas: [...]
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim.
O princípio do prejuízo é central no estudo das nulidades, porque só há nulidade com
prejuízo. Princípio da instrumentalidade baseia-se na ideia de que a finalidade do ato é
maior do que a forma em si, opondo-se ao sistema da legalidade das formas.
4.3 Princípio da causalidade (efeito expansivo da nulidade)
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores,
serão renovados ou retificados.
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente
dependam ou sejam consequência.
A nulidade de um ato causa uma nulidade dos atos que dele derivam. Precisa haver um
nexo causal entre os atos, não apenas uma sequência cronológica. Ex: interrogatório
sem informar direito ao silencio, gera confissão e condenação baseada na confissão.
No caso de incompetência, por força do art. 567 do CPP apenas se anulam os atos
decisórios, mantendo os demais. O STF tem mitigado para permitir também a
ratificação e o aproveitamento de atos com relativo conteúdo decisório. (ex:
recebimento da denúncia)
Incompetência absoluta não interrompe prescrição. Incompetência relativa
interrompe a prescrição.
CPP, Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
STF, RHC 129809, 2016 - Possibilidade de ratificação dos atos instrutórios pela
incompetência do juízo. Entendimento que se estende a atos de relativo caráter
decisório, cujo aproveitamento não afronte o contraditório e a ampla defesa.
4.4 Princípio da conservação dos atos processuais (confinamento das nulidades)
Outra face do princípio da causalidade. Quando não há relação, a nulidade de um ato
não influi no outro.
5. Convalidação das nulidades
Relacionado à instrumentalidade das formas, do princípio do prejuízo, da celeridade e
da duração razoável do processo.
a) Suprimento – omissão que é regularizada. Ex: denuncia omissa na qualificação
pode ser suprida.
b) Retificação – erro que permite correção.
c) Ratificação – omissão cujo suprimento é feito pro outro sujeito. Ex: 568 CPP.
d) Preclusão
a. Temporal
b. Logica
c. Consumativa
e) Prolação de sentença – convalida as nulidades relativas.
f) Coisa julgada – saneatória geral das nulidades relativas.
g) Renovação – novo ato que substitui o anterior.
6. Momento de arguição
As nulidades absolutas podem ser alegadas em qualquer tempo, observando a Teoria da
nulidade guardada, ou seja, um momento oportuno que vá ao encontro da boa-fé
processual.
As nulidades relativas tem um momento específico e se sujeitam a preclusão.
A regra básica é: nulidades anteriores à citação devem ser alegadas em resposta à
acusação; nulidades posteriores à resposta à acusação devem ser alegadas em
alegações finais.
Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se
refere o art. 406 art. 411
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a
que se refere o art. 500
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas
depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e
apregoadas as partes (art. 447) [art.463, caput, e §1º, do CPP];
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo
depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem
Nulidades posteriores à pronúncia: logo depois de anunciado o julgamento; Se
anteriores à pronuncia, em RESE contra pronuncia.
Julgamento em plenário, em audiência ou sessão de Tribunal – alegação imediata.
7. Hipóteses legais de nulidade (art. 564 CPP)
O Rol é meramente exemplificativo.
i. Incompetência, suspeição ou suborno do juiz – juiz peitado
É nulidade absoluta mas que não necessariamente gera invalidade dos atos, porque os
atos instrutórios e de relativo caráter decisório podem ser aproveitados. Engloba
impedimento, coação do juiz, etc.
STF Sumula 706 – É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência
penal por prevenção.
ii. Ilegitimidade da parte
É nulidade absoluta. Pode ser ativa ou passiva (ex: réu menor de idade.).Pode ser
ilegitimidade ad causam ou ad processum.
iii. Falta de denúncia, queixa ou representação
Engloba a denúncia insuficiente, inepta, viciada. Não obstante, pode haver
convalidação. Exemplo: denúncia genérica de crimes societários.
iv. Falta de exame de corpo de delito em crimes não transeuntes.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado
Parte mais garantista e moderna da doutrina afirma que a não realização do exame de
corpo de delito deve gerar uma sentença absolutória, e não uma nulidade do processo,
porque não comprovada a materialidade.
O exame de corpo de delito pode ser direto, quando os peritos o realizam diretamente
sobre a pessoa ou objeto da ação delituosa, ou indireto, quando não é propriamente um
exame, uma vez que os peritos se baseiam nos depoimentos das testemunhas em razão
do desaparecimento dos vestígios, nessa hipótese, o exame pode ser suprimido pela
prova testemunhal.
A nulidade ocorreria apenas nos casos de exame realizado sem as formalidades legais.
v. Falta de defensor.
Nulidade absoluta.
STF Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Mesmo que o réu constitua advogado, se ele não comparece o juiz deve nomear
defensor ad hoc para aquele ato.
vi. Falta de intervenção do MP
Deve-se garantir paridade de armas ao MP por meio de intimação, a fim de que o
membro do MP possa participar de todos os atos do processo.
vii. Falta de citação, de intimação para interrogatório e de prazos para acusação e
defesa.
A falta de citação é nulidade passível de convalidação pelo comparecimento
espontâneo.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada,
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o
faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento
do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
Circundunção: declaração de nulidade da citação. Citação circunduta – aquela anulada
em virtude de vício insanável.
STF Sumula 707 – Constitui nulidade a falta de intimação de denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia (RESE), não suprindo a
nomeação de defensor dativo.
STF Sumula 708 – É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
STF Sumula 366 – Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se
baseia.
STF Sumula 351 – É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce sua jurisdição.
viii. Falta de intimação das decisões
Pessoal: réu preso, defensor dativo, MP e Defensoria.
Publicação: defensor constituido, réu solto. [basta um quando solto]
Edital: réu solto e/ou defensor em local não conhecido

ix. Falta de quórum nos Tribunais para julgamento.


x. Falta dos requisitos legais da sentença
xi. Falta de remessa necessária
Em verdade não é uma nulidade, o que ocorre é que não transita em julgado.
STF Súmula 423: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex
officio, que se considera interposto ex lege.
xii. Por omissão de formalidade essencial do ato
Exemplo: não informar o direito ao silencio no interrogatório do réu.
 No JURI
xiii. Falta de pronúncia
Engloba as nulidades da pronúncia, como a ausência de fundamentação ou excesso de
linguagem.
xiv. Falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,
quando a lei não permitir o julgamento à revelia, ex: reu preso. [tem que intimar
mas pode n ir]
Pessoal: réu preso, defensor dativo, MP e Defensoria.
Publicação: defensor constituido, réu solto. [basta um quando solto]
Edital: réu solto e/ou defensor em local não conhecido
xv. Falta de intimação para a partes arrolarem testemunhas (ate 5 no plenário, ate 8
na instrução)
xvi. Menos de 15 jurados para a constituição do júri
xvii. Falta de sorteio dos jurados e incomunicabilidade (absoluta)
xviii. Falta de quesitos e respostas
Súmula nº 156 do STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório.
xix. Ausência das partes no julgamento do júri. Advogado só adia 1 vez, nomeia
dativo. MP adia.
8. Jurisprudência importante recente
STF, HC 166373, 2019 – Delatado deve ter prazo sucessivo ao delator. Nulidade. Há
discussão sobre se é relativa ou absoluta, alguns dizem ser absoluta porque a ampla
defesa é principio constitucional, outros que é relativa por precisar demonstrar prejuízo
(visão errada)
STF, 2 Turma, AO 2093, 2019 – É nulo o interrogatório do delator sem a presença do
advogado do delatado. [se for só corréu, sem delação, não precisa a presença, só a
intimação]. Se o delatado atua em causa própria como advogado não pode ouvir o
depoimento do delator.
STF, RCL 33711, 2019 – Interrogatório feito pela autoridade policial em sede de busca
e apreensão sob a alcunha de “entrevista” é nula. Não possibilitou consulta prévia com
advogado nem certificou do direito ao silencio, violando os artigos 5º, LVI da CR/88 e
157 §1º do CPP.
STJ, RMS 59413/DF, 2019 – Juiz pode designar defensor dativo sem pedido do réu,
como no caso da inércia. Dever de zelar pela regularidade do processo penal e
observância das garantias constitucionais de contraditório, ampla defesa e devido
processo legal. No caso concreto, no entanto, o STJ entendeu que não cabia nomeação
da Defensoria Pública do DF para atuar em processo da Justiça Militar do DF por conta
da reserva do possível e porque de acordo com a EC 80/2014 a defensoria deve estar
funcionando em todas as comarcas a partir de 2022, motivo pelo qual não há mora a ser
combatida pelo judiciário.
STJ, 6 Turma, RHC 69586/PA, 2019 – Em matéria de processo penal prevalece a coisa
julgada primeiro.
STF, 2011, 1ª Turma – Mesmo entendimento.
ATENÇÃO! Corte Especial do STJ em 2019 determinou em matéria cível que
prevalece a SEGUNDA coisa julgada.
STF, 2018 – Não é nula intimação do advogado já falecido do réu, quando havia outros
que não comunicaram ao juízo do óbito. A defesa contribuiu para a omissão.
STF E STJ – Não informar do direito ao silêncio é nulidade relativa. Aviso de Miranda.
[atenção! A mera falta de registro no inquérito não significa que não foi comunicado
desse direito.]
STF, 1 TURMA, HC 147584, 2020 - A nulidade processual pela não abertura da fase de
diligências configura nulidade relativa, devendo ser arguida no momento oportuno e
com a demonstração de efetivo prejuízo
STF, 2019 - A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento
originário no Tribunal não implica, por si só, nulidade processual. A sustentação oral
não é defesa técnica obrigatória, mas sim faculdade do defensor. O que é obrigatório é a
sua intimação e, se inerte, a determinação de dativo.
STJ, 6 Turma, RESP 1580435/GO, 2016 – Réu não foi citado nem pessoalmente nem
por edital. Não supre a falta de citação a juntada de procuração a advogado que foi
constituído no inquérito.
(são meio contraditórias) x
STJ, 5 Turma, HC 338540 – Réu foi citado por edital e não compareceu. Não é nula a
citação de advogado constituído no inquérito com poderes amplos para atuar em juízo,
sem a suspensão do art. 366 do CPP.
STF, INQ 3983 (Eduardo cunha), 2016 – Testemunha também tem direito a não auto
incriminação naquilo que disser respeito a sua participação no crime. As informações da
colaboração revogada podem ser usadas contra terceiros, mas não contra o colaborador
(revogação tem efeito entre as partes). O delatado tem direito a consultar apenas os
documentos já apensados, que não provoquem prejuízo ao andamento das diligências, e
que lhe digam respeito.
STJ, RESP 1348978/SC, 2016 – Não há nulidade no não comparecimento do MP à
audiência de instrução, desde que devidamente citado. O magistrado pode fazer
perguntas. A não observância do art. 212 é nulidade relativa e deve ser arguida na
audiência sob pena de preclusão.
STJ, Jurisprudência em teses - A ausência de intimação da defesa sobre a expedição de
precatória para oitiva de testemunha é causa de nulidade relativa.
A não intimação da data da oitiva no juízo deprecado NÃO GERA NULIDADE.
STJ, Jurisprudência em teses - A inversão da ordem prevista no art. 400 do CPP, que
trata do interrogatório e da oitiva de testemunhas de acusação e de defesa, não configura
nulidade quando o ato for realizado por carta precatória, cuja expedição não suspende o
processo criminal. – CUIDADO, RECENTEMENTE 2021 STJ ENTENDEU PELA
NULIDADE RELATIVA – preclusao e prejuízo.
1. Embora o artigo 222, §1º, do Código de Processo Penal, disponha que a
expedição da carta precatória não suspende a instrução criminal, a
hipótese não autoriza a indiscriminada inversão procedimental da ordem
prevista no artigo 400 do Código de Processo Penal, sendo necessário que o
Juízo processante observe o interrogatório do acusado como ato final da
instrução (RHC 118.854/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, DJe 28/2/2020).
2. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na RvCr n. 5563/DF, de
minha relatoria, julgado em 12/5/2021, DJe de 21/5/2021, reafirmou o
entendimento de que a nulidade decorrente da inversão da ordem do
interrogatório - prevista no artigo 400 do CPP - está sujeita à preclusão e
demanda a demonstração de prejuízo.
STJ, Jurisprudência em teses - Na intimação pessoal do réu acerca de sentença de
pronúncia ou condenatória, a ausência de apresentação do termo de recurso ou a não
indagação sobre sua intenção de recorrer não gera nulidade do ato.
STJ, Jurisprudência em teses - São nulas as provas obtidas por meio da extração de
dados e de conversas privadas registradas em correio eletrônico e redes sociais (v.g.
whatsapp e facebook) sem a prévia autorização judicial.
STJ, REsp 1695349/RS, 2019 – Revista íntima de visita em presídio baseada apenas em
denuncia anônima é ilegal, ainda que resulte em apreensão de drogas no corpo da
pessoa.

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