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Sentença Penal

Técnica, Prática e Desenvolvimento de Habilidades


Noções Gerais e Requisitos Formais da Sentença

• Conceito: trata-se da decisão definitiva dentro de um processo penal. A


sentença penal é um ato jurisdicional que determina a condenação ou a
absolvição de um réu, finalizando um processo por meio
da argumentação estruturada do juiz que acompanha o caso.

• Natureza jurídica: as sentenças têm a mesma natureza da ação em que


são proferidas. Podem ser: condenatórias, declaratórias e constitutivas.
A rigor, todas as sentenças são, a um só tempo, condenatórias,
declaratórias e constitutivas.
• Classificação:

• Declaratórias: reconhecem uma determinada situação jurídica (ex:


absolutórias, de extinção da punibilidade);

• Condenatórias: reconhecem a procedência da pretensão punitiva do


Estado;

• Constitutivas: reconhecem uma nova situação jurídica (ex: sentença


em HC que reconhece o trancamento da ação penal).
• Há setores da doutrina que incluem mais duas classificações, além das
três anteriores:

• Mandamentais: contêm uma ordem que deve ser


imediatamente cumprida, sob pena de desobediência (ex: sentença
em HC que determina a soltura do preso);

• Executivas: possuem um caráter executivo e decisório


propriamente considerado (ex: determinação do sequestro de bens
do acusado).
Tipos de Sentenças
Sentença suicida: é a sentença que apresenta contradição entre a parte
dispositiva fundamentação. Por exemplo, se o magistrado argumenta no
sentido de que o réu é culpado e deve ser condenado, mas o absolve nas
disposições, configura-se a sentença suicida;

Sentença vazia: é passível de anulação por falta ou insuficiência de


fundamentação (vide art. 564, V, CPP);

Sentença autofágica: reconhece a imputação, mas declara extinta a


punibilidade;

Sentença subjetivamente simples: proferida pelo juiz singular;


Sentença subjetivamente plúrima: proferida por órgão colegiado
homogêneo, como os TJ's e Conselho da Justiça Militar;

Sentença subjetivamente complexa: proferida por órgão colegiado


heterogêneo (mais de um órgão), como o júri;

Sentença branca: sentença em que o juiz remete ao tribunal a decisão de


um ponto controvertido de direito internacional.
A sentença objetivamente (pedido/causa de pedir) complexa é
formalmente una, mas é materialmente complexa (decide mais de uma
demanda). Já a sentença subjetivamente complexa é aquela que conta
com a participação de mais de um órgão jurisdicional.

No direito brasileiro, a sentença branca não existe, tendo em vista que a


sua aplicabilidade violaria o princípio da indeclinabilidade da jurisdição
(o juiz não pode deixar de decidir um caso para o qual é competente).
Ainda sobre a natureza e classificação das sentenças, existia um ponto
controvertido acerca da sentença que concede o perdão judicial.

O perdão judicial é um instituto previsto para determinados crimes do


Código Penal (homicídio culposo, lesão corporal culposa, injúria, etc.) e
também na legislação especial (lei de organizações criminosas, por
exemplo).

Tal perdão é concedido pelo juiz nos casos em que considera que a
conduta do agente o atinge de forma tão grave que a pena se torna
desnecessária
Por um tempo, existiu um conflito doutrinário sobre a natureza dessa
sentença:
• 1ª corrente: decisão declaratória, capaz de gerar efeitos secundários
(lançamento do nome do réu no rol dos culpados e possibilidade de
gerar maus antecedentes);
• 2ª corrente: decisão condenatória, subsistindo todos os efeitos
secundários da condenação;
• 3ª corrente: decisão declaratória de extinção da punibilidade, sem
qualquer ônus para o réu.

O STJ, ao publicar a súmula n.º 18, tornou o entendimento da 3ª


corrente concreto. Assim, o réu que recebe perdão judicial nos moldes
legais, não carrega qualquer ônus no âmbito penal (efeitos secundários).
Decisões ou sentenças em sentido amplo: o Projeto do Código de
Processo Penal definiu sentença penal, no sentido amplo, como "o ato
pelo qual o Juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito".

Interlocutórias: a decisão interlocutória, conforme o § 2º do artigo 203


do CPC, é definida como o pronunciamento judicial que decida alguma
coisa no processo e que não se enquadre no conceito de sentença.

Interlocutórias mistas: já a decisão interlocutória mista é aquela que não


resolve somente uma controvérsia entre as partes, como também encerra
uma etapa do processo, mas sem julgar seu mérito. Na prática,
encontramos um exemplo dessa decisão no caso de saneamento e
organização do processo.
Sentença em sentido estrito: essa significação em sentido estrito do
vocábulo sentença, como “decisão judicial daquilo que constitui o
Direito em um caso concreto,” ou, o julgamento da procedência da
acusação, deduzida na denúncia ou queixa, ou proclamação da
existência do direito de punir do Estado, foi acolhida pelo legislador de
1941.

Condenatória: o efeito principal da sentença condenatória é a


aplicação da pena a ser cumprida pelo acusado. Existem, contudo,
diversos efeitos secundários previstos tanto no Código Penal quanto em
leis especiais. Em alguns casos, esses efeitos secundários são de
natureza penal e, em outros, de cunho extrapenal.
Absolutória própria: trata-se da decisão que reconhece a improcedência
da pretensão punitiva acusatória (MP ou querelante). A conclusão aqui é
que o acusado não é culpado pelos crimes que lhe foram imputados.

Absolutória imprópria: a sentença penal absolutória imprópria é a


sentença aplicada ao inimputável em casos de doentes mentais. Sua
finalidade legal é absolver o inimputável em razão da ausência de
culpabilidade e, logo em seguida, de modo preventivo e curativo,
aplicar-lhe uma medida se segurança.
• Lógica, clareza e precisão da sentença.

• Princípio da correlação: o artigo 492 do Código de Processo Civil


consagra o princípio da congruência, da correlação ou da adstrição,
segundo o qual a decisão judicial fica limitada ao pedido formulado
pela parte autora, de modo que o julgador que decide fora dos limites
da lide poderá incorrer em julgamento extra, citra ou ultra petita.
• Cabeçalho.
• Preâmbulo.
• Relatório
• Nome das partes
• Suma dos fatos articulados na denúncia ou queixa.
• Referência aos laudos periciais
• Fundamentação;
• Dispositivo;
• Data;
• Assinatura (autenticação)
Sequência do Rito

Inicia-se com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-


crime (ação penal privada).

Podem ser arroladas até 8 testemunhas (ordinário), 5 (sumário) ou 3


(JECRIM).

Após o oferecimento da denúncia, a exordial acusatória irá para a


conclusão do juiz, e a rejeição da petição inicial ocorre caso esteja
inepta, faltando pressupostos processuais ou falta de justa causa.
Prisão Cautelar

É uma prisão processual, possuindo caráter meramente provisório,


sendo decretada diante da necessidade de segregação cautelar durante as
investigações ou tramitação da ação penal.
Alegações Finais
Desejo a todos um ótimo dia!

Muito obrigado por terem me ouvido.

Helio Narvaez

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