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NOÇÃO.
Sistema de normas ou regras jurídicas que disciplinam e regulam a aplicação do
direito penal aos comportamentos delituosos submetidos à apreciação dos tribunais.
Sistema de normas jurídicas que regulam o processo penal.
A relação existente entre Direito Processual Penal e o Direito penal é uma relação de
complementaridade na medida que, aquele é o meio ou instrumento de realização do
Direito penal, que não é um ramo de direito de aplicação directa.
O Direito Processual Penal assume um aspecto de parte ou forma de um direito
penal global.
Inicia com a fase da Investigação dirigida por um Juiz. A investigação abre-se com
uma denúncia secreta;
PROCESSO MISTO.
Inquisitório na fase de investigação, isto é, na fase de Instrução preparatória.
Acusatório nas fases seguintes especialmente no julgamento, que é público, oral e
contraditório.
O PROCESSO EM ANGOLA. FASES DO PROCESSO: DESCRIÇÃO
SUMÁRIA
– Art. 365º CPP; 346º CPP e 44º Decreto-Lei nº 35.007. A pronúncia corresponde a
aceitação do juiz dos factos alegados na acusação.
Com o despacho de pronúncia inicia-se a fase do julgamento.
Esta fase é dominada pela ideia de transformar o juízo de probabilidade em juízo de
certeza.
-O princípio geral da aplicação da lei no tempo consiste em que a lei só vigora para o
futuro. art.º 12º CC. Em direito processual penal vigora o mesmo princípio. «tempus
regit actum». A lei processual, sendo adjectiva e instrumental é em princípio de
aplicação imediata.
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO
-A lei processual penal aplica-se , em princípio, dentro do território de um Estado, no
espaço territorial onde exerce a sua soberania.
O poder de julgar e de aplicar pena é uma emanação do poder do Estado. Exerce-se
um, onde se exerce o outro. Princípio da territorialidade.
EXCEPÇÕES:
1. Derivada dos usos e convenções internacionais, que reconhecem o princípio da
extraterritorialidade dos consulados, embaixadas e residências dos embaixadores
estrangeiros.
CRIMES SEMI-PÚBLICOS: são aqueles que para serem punidos necessitam de ser
denunciados pelos ofendidos ou por pessoas ligadas aos ofendidos.
3.3. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. Princípio segundo o qual, deverá agir-se a
favor do réu, sempre que a prova produzida seja insuficiente e não conduza à
formação de um juízo de certeza sobre a existência de infracção ou de que foi o
arguido que a cometeu. Art. 148º e 150ª CPP
4. PRINCIPIOS RELATIVOS À FORMA
Não se pode em processo penal falar de uma relação jurídica processual, nos termos
em que essa relação existe e é entendida no direito e processo civil. A verdade é que
no processo penal se estabelecem relações entre sujeitos e os intervenientes no
processo e que a essas relações correspondem direitos e deveres processuais.
Sujeitos (em sentido amplo), são pessoas entre as quais se estabelecem as relações
jurídicas processuais. Em sentido restrito são aqueles participantes a quem competem
direitos e deveres processuais autónomos, no sentido de que através da sua própria
decisão pode determinar, dentro de certos limites, a concreta tramitação do processo.
Os sujeitos processuais são o juiz, titular da jurisdição, o Ministério Público ou o
acusador particular, titular da acção penal e o réu, titular do direito à defesa.
O TRIBUNAL
A ORGANIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS CRIMINAIS. ARTIGO 176º CRA
COMPETÊNCIA. ESPÉCIES
COMPETÊNCIA MATERIAL
A incompetência material, é tida por lei como uma excepção dilatória e por
conseguinte leva a que o tribunal obsta ao conhecimento do mérito da causa e dá
lugar à absolvição da Instância ou a remessa do processo para o outro tribunal.
A inobservância das regras de competência material produz a INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA DO TRIBUNAL. Pode ser alegada em qualquer altura do processo.
Poderá argui-la tanto o Mº Pº como o acusador particular e o réu. Art. 139º do C.P.P.
Determinada e declarada a incompetência material é remetido o processo ao tribunal
competente e este, se for o caso anulará os actos processuais que não teria praticado
caso o processo tivesse corrido perante ele, desde o início ou os que tenham de ser
repetidos para tomar conhecimento da causa. Art. 145º C.P.P.
As regras excepcionais estabelecidas nos artigos 56º, 57º e 58º, em razão da conexão
objectiva, é preciso notar que elas não se aplicam, quando os crimes conexos sejam
uns de competência dos tribunais comuns e outros da competência dos tribunais
especiais.
Tendo sido instaurado vários processos, apensar-se-ão àquele que respeite à infracção
que determina a competência para o Julgamento.
Art. 55º CPP. Se os processos correm em tribunais diferentes, a apensação só se fará
depois do despacho de pronúncia ou equivalente.
SUSPEIÇÕES
O MINISTÉRIO PÚBLICO
1.ORGANIZAÇÃO DO Mº Pº. POSIÇÃO DO MºPº NO PROCESSO PENAL.
FUNÇÕES.
O Mº Pº é o órgão que se encarrega da prossecução do processo e é também o titular
da acção penal. Art. 1º do Dec.
– Lei nº 35.007.
O Mº Pº é exercido em Angola pela Procuradoria Geral da República,
institucionalizada pela Lei n.º 4/79, de 27 de Abril.
A Procuradoria Geral da República é uma Unidade Orgânica subordinada ao
Presidente da República.
Ao MºPº são impostas as mesmas causas de impedimento e suspensão dos juizes. Art.
105º e 113º CPP. Não se aplica porém ao MºPº o impedimento do n.º 3 do art. 104º do
C. P. Penal.
1.O Mº Pº não poderá exercer a acção penal, sem lhe ter sido feita a denúncia nos
casos previstos na lei. Para crimes semi-públicos a lei exige uma participação de
pessoas que a lei indica.
2.O MºPº também ñ poderá exercer a acção penal, quando ela depender de acusação
particular.
Só poderá acusar pelos factos incluídos na acusação particular e a sua intervenção
cessa com o perdão ou desistência do acusador particular.
§ único do art. 3º do Dec.-Lei n.º 35.007.
3.Constitui uma verdadeira excepção à oficialidade da acusação a faculdade
concedida aos assistentes de acusarem desacompanhados do Mº Pº, nos casos em que
este se abstenha de o fazer
b) Na instrução contraditória.
-Requerê-la. Art. 327º CPP, com a redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 20/88 de 31
de Dezembro.
- Intervir directamente, isto é, de modo autonómo e sem subordinação ao Mº Pº,
oferecendo provas e requerendo ao juiz diligências convenientes. Art. 4º§ 2 do Dec.-
Lei nº 35.007
-Assistir aos autos de instrução contraditória, salvo se a sua presença for
incompatível como êxito da diligência. Art. 330º e§1 CPP.
-Requerer ao juiz que sejam feitas às testemunhas perguntas para completar e
esclarecer os depoimentos, necessários ao esclarecimento da verdade. Art. 332º CPP.
-Requerer esclarecimento dos peritos. Art. 333ºCPP.
-Manter ou não acusação (formular acusação definitiva ou abster-se). Art. 335ºCPP
-Recorrer do despacho da Pronúncia e do que ponha termo ao processo, mesmo que o
Mº Pº não o tenha feito. Art. 4º,§2º n.º 3 do Dec.-Lei nº35.007.
c) No julgamento.
-Assistir à audiência. Art. 417º CPP.
-Pronunciar-se sobre o requerimento da defesa e exercer o contraditório
.Art. 415º CPP.
-Ser ouvido, pessoalmente em declarações. Art. 216º, 428º 3 431º CPP.
-Interrogar e contra-interrogar. Art. 435º CPP.
-Requerer a aclaração ou reforma da sentença. Art. 456ºCPP.
- Alegar oralmente e contra-alegar. Art. 467ºCPP.
-Reclamar dos quesitos. Art. 11º, nº 3 da Lei nº 20/88.
-Recorrer da sentença. Art. 647º nº 2 do CPP.
As pessoas com legitimidade, nos termos do art. 4º do Dec.-Lei nº 35.007, poderão
requerer a sua constituição como assistentes, em qualquer altura do processo, desde
que o façam até 5 dias antes da audiência de discussão e julgamento, tratando-se de
simples assistentes à acusação do Mº Pº. Terão no entanto, de aceitar o processo no
estado em que se encontrar. Art 4º,§5 do dec.-Lei nº35.007.
Ofendido é a toda aquela pessoa prejudicada nos seus legítimos interesses, ou todas
as pessoas civilmente lesadas pela infracção penal.
1.A acção cível poderá propor-se em separado, quando a acção penal não tiver sido
exercida pelo Mº Pº dentro dos seis meses, a contar da participação, ou se estiver sem
andamento durante esse tempo, ou o processo for arquivado ou o réu tiver sido
absolvido.
2. O mesmo sucede quando instaurado processo penal por infracção que dependa de
participação ou acusação particular, se verificarem as razões indicadas na hipótese.
3. Se a acção penal se extinguir antes do julgamento (ex. por amnistia), a acção de
perdas e danos terá de ser proposta no tribunal civil. Art. 33º CPP.
Não é necessário que se constitua assistente no processo para requerer
indeminização. Art. 32ºCPP.
A lei reserva uma possibilidade para as pessoas a quem forem devida a indemnização
para requerem-na, antes de ser proferida a sentença final em 1ª instância.§3 do art. 34
CPP.
Caso o réu não pague a liquidação e a execução correrão no tribunal cível, servindo
de título executivo a sentença penal condenatória.
O ARGUIDO E O SEU DEFENSOR. ARGUIDO E RÉU. POSIÇÃO DE
ARGUIDO NO PROCESSO. O INTERROGATÓRIO E O DIREITO DE
DEFESA.
O CPP refere-se ao sujeito passivo do mesmo processo quer com o nome de arguido
quer com o nome de réu, indiscriminada e aparentemente de uma forma nem sempre
criteriosa. No entanto, usa-se com maior frequência o termo arguido para designar o
sujeito passivo durante a fase da instrução e o termo réu, após a pronúncia e
sobretudo na fase de julgamento. Do ponto de vista legal e material não existe
diferença entre os termos, mas na perspectiva teórica e doutrinal é costume fazer a
distinção e utilizar um termo ou outro conforme as fases processuais.
O art. 251º CPP define o arguido como aquele sobre quem recaia forte suspeita de ter
perpetrado uma infracção , cuja existência esteja suficientemente comprovada.
O arguido é sujeito processual e como tal a ele cabe não só obrigações, mas também
direitos processuais.
O arguido tem o direito de ser ouvido, logo, o interrogatório funciona como meio de
obtenção de prova e como meio de defesa.
De acordo a fase do processo ,a situação do arguido e do objectivo imediato com que
ele se propõe, pode se considerar três tipos de interrogatórios do réu:
a)Primeiro interrogatório de arguido preso.
Art. 4º da Lei nº 18-A/80;
b)Interrogatório do arguido não preso e os segundos e seguintes interrogatórios de
arguidos presos. Art. 264º e 265º CPP
c)Os interrogatórios em audiência. Art. 425º e 534º CPP e 10º da Lei nº 20/88
Em todos eles se revela o estatuto próprio do arguido como sujeito processual,
armado com o seu direito à defesa.
Os presos sem culpa formada, presos durante a fase de instrução do processo, deverão
ser apresentados ao Mº Pº. Art. 14 da Lei nº 18-A/92.
É obrigatório a presença do advogado ou defensor oficioso no acto do interrogatório
do réu, sob pena de nulidade processual das declarações obtidas. Art. 268º CPP
Nos interrogatórios de arguidos não presos a presença do advogado ou do defensor
oficioso não é obrigatória, mas poderá se fazer assistir de advogado. Art. 265º §2 do
CPP.
Quando alguém estaja a ser ouvido como declarante e tenha forte suspeita de que
esteja a ser algo de suspeitas de ter cometido o crime pode requerer que seja ouvido
nos termos e com as formalidades do primeiro interrogatório do arguido não preso.
Art. 252º§Único CPP.
O arguido tem os seguintes direitos no acto do interrogatório: ser assistido por um
advogado, não responder às perguntas que lhe forem feitas sobre à matéria da culpa,
não ser punido se responder falsamente.
A comparência do arguido em juízo é obrigatória nos termos do art. 22º CPP. A falta
de comparência do arguido em juízo, quando esta for obrigatória é sancionada. Art.
283º, 286º n. 3º e 419º CPP.
Assim, para além de um direito de defesa a comparência em juízo é ao mesmo tempo
um dever ou uma obrigação processual inerente a responsabilidade pessoal do
arguido.
Actos processuais são também actos jurídicos que têm por fim constituir, modificar e
prosseguir ou extinguir uma relação jurídico-processual.
Dos actos jurídico-processuais há que distinguir os factos jurídicos processuais, que
não dependem nem têm origem na vontade das partes ou sujeitos envolvidos no
processo. Ex.: a morte do arguido que extingue o procedimento criminal.
PRAZOS
Prazo judicial é o período durante o qual ou a partir do qual se pode praticar um acto
processual.
O prazo pode ser estabelecido por lei, ou pelo juiz. O primeiro (fixado por lei) é em
princípio, improrrogável, sem prejuízo das excepções previstas pela lei. Art. 144º e
147º CPC
O prazo conta-se a partir do início «dies a quo» ou do seu termo «dies ad quem».
Contando-se a partir do início não se considera o dia em que começa, mas, conta-se o
dia em que findar. Art. 279º CC. Se o prazo for regressivo não se considera o dia em
que termina, mas, conta-se o dia em que começa. Art. 404ºcpp (ex. de prazo
regressivo).