atos que podem ser praticados pelo juiz ao longo do Processo Penal. São eles: despachos, decisões interlocutórias, decisões definitivas e sentença. 1.1 – Despachos: “São decisões do magistrado, sem abordar questão controvertida, com a finalidade de dar andamento ao processo (NUCCI, 2008, p.656). São, em suma, atos de mera movimentação do processo e por meio deles o juiz cumpre o dever por imposto de promover o andamento regular do Processo Penal. São exemplos: a designação de audiência, determinação de intimação das partes, determinação de juntada de documentos, etc. Por não ter conteúdo decisório os despachos, de regra, não estão sujeitos a recurso. 1.2 – Decisões Interlocutórias:
São decisões que não julgam o mérito do
processo. “São soluções dadas pelo juiz, a cerca de qualquer questão controversa, envolvendo a contraposição de interesses das partes, podendo ou não colocar fim ao processo” (NUCCI, 2008, p. 656-657).
Há duas espécies de decisões interlocutórias
no Processo Penal: Decisão Interlocutória Simples e Decisão Interlocutória Mista. a) Decisão Interlocutória Simples: é a decisão que não encerra o processo nem tampouco qualquer fase do procedimento. Ex: decretação ou revogação de prisão preventiva; quebra de sigilo telefônico, determinação de busca e apreensão, recebimento de denúncia etc. b) Decisão Interlocutória Mista: pode ser terminativa ou não terminativa
- Terminativa – é a decisão que extingue o
processo, porém, sem julgamento do mérito. Ex: quando o juiz acolhe exceção de coisa julgada ou de litispendência, rejeição da denúncia.
- Não Terminativa – é a decisão que encerra
uma fase do procedimento, mas não extingue o processo. Ex: a pronúncia. 1.3 – Decisões Definitivas: “São as tomadas pelo juiz, colocando fim ao processo, julgando o mérito em sentido lato, ou seja, decidindo acerca da pretensão punitiva do Estado, mas sem avaliar a procedência ou improcedência da imputação” (NUCCI, 2008, p. 657). Em resumo, é a decisão que julga e encerra o processo sem condenar ou absolver. Nesse sentido, as decisões definitivas apenas afastam a pretensão punitiva estatal porque reconhecem a existência de alguma causa extintiva de punibilidade. Ex: decisão que reconhece a prescrição ou qualquer outra causa extintiva de punibilidade. 1.4 – Sentenças: É a decisão terminativa do processo e definitiva quando ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação (NUCCI, 2008, p. 656). Em suma, são decisões que julgam o mérito da causa, condenando ou absolvendo. Essa é a verdadeira sentença, como consta no art. 381, do Código de Processo Penal, (conceito estrito de sentença), pois em algumas passagens o Código de Processo Penal emprega o termo “sentença” em sentido amplo para abranger, também, as decisões interlocutórias mistas e as definitivas, que não avaliam a imputação propriamente dita. Existem duas espécies de Sentenças:
a) Sentença Condenatória: ocorre quando o juiz
condena o réu (julga procedente a ação e o condena), impondo ao agente delitivo determinada sanção penal.
b) Sentença Absolutória: quando o juiz julga
improcedente o pedido formulado. Há duas espécies de sentença absolutória: Sentença Absolutória Própria e Sentença Absolutória Imprópria. - Sentença Absolutória Própria – quando o juiz apenas julga improcedente o pedido, refutando a pretensão punitiva deduzida em juízo. Implica em simples absolvição do réu, sem qualquer outra consequência relevante no Processo Penal
- Sentença Absolutória Imprópria – quando o
juiz absolve e aplica medida de segurança; isso ocorre em relação ao réu inimputável por doença mental ou por dependência toxicológica. 2 – Classificação das Decisões/Sentenças:
2.1 – Sentença Simples: é a decisão de juiz
monocrático.
2.2 – Sentença Subjetivamente Plúrima: é a
decisão emanada de órgão colegiado. Ex: Tribunal de Justiça. 2.3 – Sentença Subjetivamente Complexa: é a decisão proferida no Tribunal do Júri: os jurados decidem sobre o mérito do caso enquanto o juiz cuida da fixação da pena. É uma decisão, em suma, que emana de várias vontades.
2.4 – Sentença Material: é a que julga o
mérito do caso
2.5 – Sentença Formal: é a que decide uma
questão puramente processual. 2.6 – Sentença Autofágica ou de Efeito Autofágico: é a aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu e em seguida julga extinta a punibilidade concreta. Ex: sentença que concede perdão judicial (Súmula 18, do STJ).
2.7 – Sentença Vazia: é a que não conta com
nenhuma fundamentação.
2.8 – Sentença Suicida: ocorre quando o
dispositivo (ou conclusão) não se coaduna com a fundamentação. 2.9 - Sentença Declaratória Extintiva de Punibilidade: quando o juiz julga extinta a pretensão punitiva ou a pretensão executória, porém, não condena, nem absolve o réu. Ex: extinção do processo pela morte, pela prescrição etc.
2.10 – Sentença Constitutiva: ocorre quando o juiz constitui uma nova situação jurídica. É o que se dá quando o juiz concede Reabilitação Criminal ou a sentença de Habeas Corpus que determina o trancamento do Inquérito Policial. 3 – Requisitos da Sentença (art. 381, CPP)
3.1 – Relatório: a sentença deve conter os
nomes das partes e uma exposição resumida das alegações da acusação e da defesa, além de apontar os atos processuais e quaisquer incidentes que tenham ocorrido durante o processo.
3.2 – Motivação ou Fundamentação: é a
fase em que o juiz aponta a razões que o levarão a condenar ou absolver o acusado. É o momento em que o juiz expõe o seu raciocínio. A ausência de fundamentação gera nulidade (art. 564, inciso V, do CPP, com redação dada pela Lei 13.964/2019 – Pacote Anticrime. Destaque-se, ainda que a Lei 13.964/2019 – Pacote Anticrime, incluiu o § 2º, ao art. 315, do Código de Processo Penal, o qual indica as hipóteses em que uma sentença não poderá ser considerada fundamentada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 3.3 – Conclusão ou Dispositivo: é a fase em que o juiz declara a procedência ou improcedência da ação penal, indicando os artigos de lei aplicados. Em caso de sentença condenatória o juiz também procede a dosimetria da pena.
3.4 – Autenticação: consiste na indicação
do lugar, data (dia, mês e ano) e assinatura do juiz. Sem assinatura do juiz a sentença não tem valor jurídico. 4 – Efeitos da Sentença Absolutória:
a) se o acusado estiver preso, deverá ser
libertado automaticamente;
b) se o acusado for inimputável por doença
mental ou dependência toxicológica, o juiz aplica a medida de segurança. Nesse caso, ocorre a sentença absolutória imprópria;
c) a fiança deve ser devolvida;
d) impede a ação civil, mas apenas quando o juiz criminal reconhece a inexistência do fato; ou que o acusado não participou dos fatos; ou quando reconhece causa de exclusão da antijuridicidade. 5 – Efeitos da Sentença Condenatória:
a) Efeitos Principais ou Primários:
imposição da pena privativa de liberdade; da pena restritiva de direitos; da pena de multa.
b) Efeitos Secundários ou Acessórios:
Penais: impedir ou revogar sursis; impedir ou revogar livramento condicional; impedir a reabilitação; lançar o nome do réu no rol dos culpados; propiciar a reincidência. (automáticos). Extrapenais:
Genéricos: tornar certa a obrigação de reparar o dano; perda em favor do Estado dos instrumentos do crime, bens e valores de origem ilícita; suspensão dos direitos políticos. (automáticos) (art. 91, CP).
O art. 91-A (CP), inserido pelo Pacote Anticrime,
estabelece que nan hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. Específicos: perda de cargo, função pública ou mandato eletivo; incapacidade para poder familiar, tutela ou curatela; inabilitação para dirigir veículos. (não- automáticos) (art. 92, CP)