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Trata-se de incidente de uniformização nacional suscitado pelo INSTITUTO NACIONAL DO

SEGURO SOCIAL - INSS, pretendendo a reforma do acórdão proferido pela Turma Recursal de
Minas Gerais, no qual se discute o pedido de concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, mediante o reconhecimento da especialidade de atividades laborativas
desenvolvidas nos períodos mencionados na petição inicial. Sustenta o recorrente que o
acórdão impugnado divergiria da jurisprudência firmada por turma recursal de outra região, no
sentido de que "não há enquadramento especial pelo exercício da atividade de tecelão ou de
trabalhador em indústria têxtil, pois o Parecer MT-SSMT nº 085/78 não é norma cogente, mas
mero enunciado de orientação administrativa, a qual, inclusive, há muito não é mais seguida
pelo INSS". Alega, também, a ocorrência de dissídio com o entendimento firmado pela Turma
Nacional de Uniformização e pelo Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual a comprovação
da exposição ao agente insalubre ruído sempre demandou aferição por laudo técnico. É o
relatório. O presente recurso não merece prosperar. A Turma Nacional de Uniformização, no
julgamento do PEDILEF n. 05280351420104058300, decidiu que, "em face do disposto no art.
383 do Decreto 83.080/79 e no referido Parecer MT-SSMT n. 085/78, é possível o
reconhecimento do caráter especial de "atividades laborativas cumpridas em indústrias de
tecelagem, sendo possível, pois, efetuar a conversão pretendida mesmo sem a apresentação
do respectivo laudo técnico, mormente por se tratar de período anterior à inovação legislativa
da Lei 9.032/95 que exige prova da efetiva exposição". Confira-se: PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO
DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. TRABALHADOR DA INDÚSTRIA
TÊXTIL. PARECER MT-SSMT N. 085/78, DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. ENQUADRAMENTO
PROFISSIONAL. ANALOGIA CÓDIGOS 2.5.1 DO DECRETO 53.831/64 E 1.2.11 DO DECRETO
83.080/79. POSSIBILIDADE. PEDIDO NÃO CONHECIDO - QUESTÃO DE ORDEM 13/TNU. A
Presidência da TNU deu provimento a agravo interposto contra decisão que inadmitiu o
incidente de uniformização nacional suscitado pela parte ora requerente, pretendendo a
reforma de acórdão oriundo de Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção
Judiciária de Pernambuco que, reformando a sentença de parcial procedência, reconheceu
período adicional de trabalho especial. Sustenta o recorrente que o acórdão recorrido diverge
de julgamento proferido pela 1ª Turma Recursal de Santa Catarina (Recurso de Sentença Cível
(Processo 2007.72.95.009635-1, relator juiz federal Andrei Pitten Velloso, julgado em
30/07/2008), a qual entendeu que "não há enquadramento especial pelo exercício da
atividade de tecelão ou de trabalhador em indústria têxtil, pois o Parecer MT-SSMT nº 085/78
não é norma cogente, mas mero enunciado de orientação administrativa, a qual, inclusive, há
muito não é mais seguida pelo INSS". Alega que o reconhecimento como especial dos períodos
de 31/08/1984 a 29/07/1985, e 01/08/1986 a 25/03/1988, durante os quais a autora
trabalhou em indústria têxtil, sem comprovação por meio de laudo pericial, afronta o
entendimento desta TNU (PEDILEF 200672950186724) e do STJ (AGRESP 200601809370;
AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 877972; STJ - SEXTA TURMA; DJE de
30/08/2010), segundo os quais a comprovação da exposição a agentes insalubres (ruído e
calor) sempre demandou aferição por laudo técnico. Não conheço o incidente, tendo-se em
vista o disposto na Questão de Ordem n. 13, desta TNU. Inicialmente, destaco que a sentença
reconheceu a especialidade do labor exercido pelo recorrido junto à empresa Lipasa do
Nordeste S/A, nos períodos de 24/4/1979 a 20/9/1983 e de 26/3/1988 a 6/8/1993, ancorando-
se em laudos periciais, segundo os quais a autora estava submetida a ruído na intensidade de
95 dB(A), superior à tolerada pela legislação previdenciária. Todavia, rejeitou a pretensão de
reconhecimento do labor na mesma empresa em relação aos períodos de 31/8/1984 a
29/7/1985, e de 01/08/1986 a 25/3/1988, pela falta de laudos periciais, em que pese a autora
haver apresentado perfis profissiográficos previdenciários (PPP), relativos aos vínculos e
períodos descritos. Ocorre que a Turma Recursal de origem, em recurso contra a sentença,
reconheceu a especialidade da atividade desenvolvida pela autora na indústria têxtil nos
períodos rejeitados pela sentença presumindo a presença do agente ruído de forma nociva à
saúde do trabalho, dispensando a apresentação de laudo pericial para esses períodos,
arrematando: "faz jus a autora à conversão do tempo anteriormente mencionado. Assim, de
31/08/1984 a 29/07/1985 e 01/08/1986 a 25/03/1988 tem-se o total de 2 anos, 6 meses e 23
dias, e aplicando-se o fator 1,2 chega-se ao montante de 3 anos, 0 meses e 29 dias". Ora,
nenhum reparo merece o acórdão impugnado, uma vez que em sintonia com a jurisprudência
desta TNU sobre o tema, a qual reconhece a especialidade da atividade prestada em indústria
têxtil até 28/04/1995, mediante enquadramento profissional, por analogia aos itens nº 2.5.1
do Decreto nº 53.831/64 e nº 1.2.11 do Decreto 83.080/79. Com efeito, esta Turma Nacional
vem reconhecendo a especialidade da atividade exercida em indústria têxtil em razão do
Parecer MT-SSMT n. 085/78, do Ministério do Trabalho (emitido no processo n.
42/13.986.294), que estabeleceu que todos os trabalhos efetuados em tecelagens dão
direito ao enquadramento como atividade especial, devido ao alto grau de ruído inerente a
tais ambientes fabris (cf. PEDILEF 05318883120104058300, relator juiz federal PAULO
ERNANE MOREIRA BARROS, julgado em 11/03/2015). No PEDILEF mencionado, restou
assentado por este Colegiado Nacional que, em face do disposto no art. 383 do Decreto
83.080/79 e no referido Parecer MT-SSMT n. 085/78, é possível o reconhecimento do caráter
especial de "atividades laborativas cumpridas em indústrias de tecelagem, sendo possível,
pois, efetuar a conversão pretendida mesmo sem a apresentação do respectivo laudo
técnico, mormente por se tratar de período anterior à inovação legislativa da Lei 9.032/95
que exige prova da efetiva exposição", em face do princípio da segurança jurídica, da
incidência do princípio in dubio pro misero e da presunção de insalubridade conferida às
atividades desenvolvidas nas indústrias de tecelagem, conforme legislação da época da
prestação dos serviços. Incidente não conhecido. (grifo nosso) (PEDILEF
05280351420104058300, Rel. JUIZ FEDERAL JOSÉ HENRIQUE GUARACY REBÊLO, DOU
19/02/2016 PÁGINAS 238/339) Compulsando os autos, verifico que o acórdão impugnado se
encontra em consonância com a mencionada jurisprudência. Dessa forma, incide, à espécie, a
Questão de Ordem n. 13/TNU: "Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudência
da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se
firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido". Ante o exposto, com fulcro nos art. 16, I, do
RITNU, nego seguimento ao incidente. Intimem-se.
(Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Presidência) 0003979-91.2013.4.01.3801,
MINISTRO RAUL ARAÚJO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.)

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