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SENTENÇA
I – DO RELATÓRIO
Cuidam-se de ações conexas, que foram reunidas para julgamento conjunto
para evitar o risco de decisões conflitantes, haja vista a identidade entre as matérias
aventadas nas duas demandas (art. 55, § 3º, do CPC c/c art. 769 da CLT).
A primeira demanda representa ação ordinária tombada sob o n.º 1002212-
50.2017.5.02.0373, sendo ajuizada pela empresa DIMENSÃO SERVIÇOS E
COMÉRCIO LTDA em face da UNIÃO FEDERAL, também já qualificada, pugnando,
em síntese, pela isenção do cumprimento da contratação de empregados deficientes,
tudo conforme argumentos expostos na petição inicial e aditamento de ID. 1bf8ece, que
ensejou a inclusão como terceiro interessado do SIEMACO - SINDICATO DOS
TRABALHADORES EM EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ASSEIO E CONSERVAÇÃO E LIMPEZA URBANA DE SÃO PAULO.
A segunda demanda, por sua vez, representa ação civil pública que recebeu o
n.º 1000280-96.2018.5.02.0371, sendo ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO em face da empresa DIMENSÃO SERVIÇOS E COMÉRCIO LTDA,
pugnando pela condenação da ré na obrigação de implementar a quota do art. 93 da Lei
8.213/91, bem assim de indenizar pelos danos morais coletivos causados, também nos
moldes da peça de ingresso.
O contraditório foi observado, tendo a parte demandada apresentado
contestação que atende ao princípio da impugnação especificada. Ademais, houve a
manifestação do Parquet no processo 2212/2012, na condição de fiscal da lei.
No dia 23/08/2018, foi realizada a audiência UNA com o fim de tentar a
conciliação das partes, facultando-se aos interessados a colheita da prova oral. Em
seguida, foi encerrada a instrução processual com a oportunidade para os interessados
apresentarem razões finais.
É o relatório. Por inconciliados, passo aos fundamentos.
II – DOS FUNDAMENTOS
1.DA AÇÃO ORDINÁRIA N.º 1002212-50.2017.5.02.0373
1.1. DA RETIFICAÇÃO DO POLO PASSIVO
Ante a manifestação da União de ID. d04dc35, retifique-se o polo passivo para
que consta como 1ª ré a Procuradoria Regional da União da 3ª Região (CNPJ n.º
26.994.558/0001-23), por se tratar do órgão representativo da União Federal nas
demandas sem impugnação a CDA, tal como se dá na hipótese.
Outrossim, entendo descabida a manutenção no polo passivo do SIEMACO -
SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO E LIMPEZA URBANA DE SÃO
PAULO (CNPJ n.º 62.653.233/0001-40). Primeiro, porque tal ente nem mesmo possui
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representatividade na região de Mogi das Cruzes, local onde situada a sede da ré.
Segundo, porque não há pedido expresso de nulidade da norma coletiva juntada com a
petição de ID. 5a646a8, que nem mesmo se aplica ao caso, dados os limites da vigência
territorial.
Assim sendo, retifique-se o polo passivo no tocante à União e exclua-se o
SIEMACO-SP do polo passivo.
1.2.DO VALOR DA CAUSA. RITO PROCESSUAL
A parte ré não impugnou o valor da alçada no momento adequado, tal como
dispõe o art. 2º, § 1º, da Lei n.º 5.584/70. Além disso, deixou de comparecer à
audiência, onde restou mantido o valor fixado com a concordância dos presentes.
Dito isso, e por considerar que a inicial não viola o disposto no art. 292 do
CPC, rejeito a impugnação formulada.
A ação pode ser definida como um direito subjetivo que viabiliza a atividade
jurisdicional de pacificar os conflitos por meio da aplicação da lei ao caso concreto.
Embora de natureza fundamental (art. 5º, XXXV, da CF), tal direito se submete à
observância de determinados requisitos de admissibilidade, cuja interpretação deve ser
branda, ante a primazia que se dá ao julgamento de mérito e à instrumentalidade das
formas (art. 4º e 448 do CPC).
No caso em análise, feitas as retificações supra, reputo satisfatoriamente
verificados tais requisitos, visto que presentes tantos os pressupostos processuais quanto
as condições da ação, não havendo óbice capaz de gerar a extinção do feito sem
resolução do mérito, pois ausentes as hipóteses descritas pelo art. 485 do CPC.
Realmente, encontram-se presentes os requisitos de constituição e validade da
relação jurídico processual, pois o Juízo é competente (art. 114 da CF) e a citação foi
regular (art. 239 do CPC c/c 841 da CLT). Além disso a peça de ingresso se mostrou
apta para veicular a pretensão autoral, atendendo às exigências do art. 840 da CLT, que
inclusive demandam leitura compatível com a simplicidade do processo do trabalho,
bastando que viabilize o direito de defesa, tal como se deu na hipótese, possibilitando
plenamente o exercício do contraditório (art. 5º, LV, da CF).
Ultrapassados tais temas, tampouco vislumbro vício insanável na capacidade
e/ou representação das partes que remanesceram nos autos, as quais se mostraram
legitimadas a atuar no feito, mormente diante da teoria da asserção, sendo patente a
necessidade da atuação jurisdicional, dado o princípio da demanda e a ausência de
solução do conflito por outros meios.
No tocante aos documentos, observo ter sido respeitada a Resolução n.º
185/2017 do CSJT, que dispensa inclusive a declaração de autenticidade pela parte
peticionante. Eventuais irregularidades formais, por certo, não invalidam por si só os
meios de prova trazidos à baila, haja vista o princípio da instrumentalidade estatuído
pelos arts. 794 da CLT e 277 do CPC, ficando com o interessado o ônus de desconstituir
a prova, na forma do artigo 818 da CLT c/c arts. 373 e 436, III, do CPC.
Por fim, observo que não existem protestos verdadeiramente fundamentados e
capazes de obstar, por si sós, a análise das pretensões deduzidas nos autos. Destarte,
com espeque no art. 337, § 5º, do CPC, registro desde já que, no entendimento deste
Juízo, não há motivo para a reabertura da instrução e tampouco para extinção do feito
sem resolução do mérito, pois presentes os pressupostos processuais, as condições da
ação e os demais requisitos necessários à análise da matéria de fundo invocada pelas
partes.
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1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência ao trabalho,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito à
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trabalhista (Lei 13.467/17) não beneficia a requerente, pois o atual art. 611-A da CLT
nem mesmo trata da matéria.
O Tribunal Superior do Trabalho, além disso, já deixou assente que a quota
abrange tanto os cargos administrativos, quanto os operacionais, alcançando o trabalho
interno e externo, ainda que demandem qualificação específica (TST, AIRR-191100-
07.2006.5.15.0094). Como se não bastasse, ainda pacificou que os dispositivos legais
ligados à demanda devem ser aplicados inclusive nas funções de vigilante, motorista e
cobrador, por exemplo. Neste sentido, a ementa dos seguintes julgados, devidamente
indicados no curso da demanda:
“Esta Corte adota a tese de não ser possível excluir da base de cálculo da cota a
que se refere o art. 93, IV, da Lei 8.213/91, as vagas de motoristas existentes na
empresa, pois o próprio dispositivo não faz limitação, fixando um percentual sobre
"seus cargos", de modo genérico, não sobre determinados cargos. Se a lei não faz a
distinção, não cabe ao intérprete fazê-lo, sob pena de limitar ainda mais o acesso dos
portadores de necessidades especiais às oportunidades de trabalho, além de caracterizar
uma forma de discriminação contra essas pessoas, contrariando os fundamentos,
objetivos e princípios presentes no texto constitucional. Recurso de revista conhecido e
provido.” (TST, RR - 2178-62.2012.5.10.0012, 6ª Turma, Rel. Min. Augusto César
Leite de Carvalho, DeJT 21/10/2016).
“RECURSO DE REVISTA – EMPRESA DE VIGILÂNCIA VAGAS
DESTINADAS A PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA – ARTIGO 93
DA LEI Nº 8.213/91 – CÁLCULO DO PERCENTUAL.
1 - A empresa que contar com 100 ou mais trabalhadores deverá obedecer a um
percentual mínimo de empregados portadores de necessidades especiais, segundo o
disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91.
2 - A referida norma é de ordem pública e não excetua do seu âmbito de aplicação
as atividades de vigilância. Recurso de Revista conhecido e provido.” (TST, RR
437/2007-018-10-40, 3ª Turma, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DJe
09/04/2010).
Ora, se pessoas sem plena aptidão física podem trabalhar inclusive em
empresas de vigilância armada, nas quais é exigida a conclusão em curso de formação
específica (Parecer nº 117/2008/CONADE/SEDH e PARECER/CONJUR/MTE/N°
545/2008), o que se dirá das empresas que concentram suas atividades nas funções de
portaria, zeladoria e asseio, nas quais inexiste risco efetivo (art. 193 da CLT) e, ainda
que houvesse, não há necessidade de qualificação especial, muito menos impedimento
para a contratação (arts. 5º, II e XIII, da CF).
Registro que, ao contrário do que aventado pela DIMENSÃO, não se pode
presumir a má-fé do ser humano com deficiência, no sentido de que se recusaria a obter
emprego para não perder eventual benefício social, mais ainda quando ausente prova de
que o valor deste supera o do piso da categoria. Em verdade, há um notório exército de
reserva composto por desempregados aptos (com deficiência ou não) que clamam por
uma verdadeira e efetiva empregabilidade em nosso país. Evidente, portanto, que as
escusas levantadas pela empresa são tão somente uma forma de fugir do compromisso
social imposto pelo legislador e, quiçá, mascarar seu preconceito com justificativas
laterais, ineptas para afastar a regra geral acima mencionada.
De fato, o que se percebe nas petições da DIMENSÃO é uma visão totalmente
deturpada da pessoa com deficiência, como se tais seres humanos fossem absolutamente
incapazes, frágeis e até mesmo maliciosos. Incapazes, porque não conseguiriam nem
mesmo sentar numa portaria para controlar o acesso de pessoas; frágeis, pois estariam
permanentemente em "situações de risco em relação a eventuais possibilidades de
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Julgo improcedente.
1.5.DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A presente demanda foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei Federal n.º
13.467/2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho. Por corolário, mostram-
se cabíveis os honorários advocatícios pela mera sucumbência, independentemente de
pedido expresso e ainda que o polo passivo seja representado pela Fazenda ou pela
Procuradoria (art. 791-A, § 1º, da CLT).
Dito isso, e considerando-se o critério equitativo previsto pelo § 8º do art. 85
do CPC, bem assim diante da natureza e importância da causa, do grau de zelo
profissional, da qualidade do trabalho e tempo exigido do procurador, condeno a parte
autora a pagar os honorários advocatícios sucumbenciais, ora fixados em R$ 952,68,
inclusive em respeito à tabela de honorários da OAB/SP, atualizada em 07/02/2019.
Defiro, nestes termos.
2.DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA N.º 1000280-96.2018.5.02.0371
necessária, como também para se manifestar nos autos, inclusive com mais de uma
oportunidade para apresentar razões finais.Logo, rejeito os protestos, inclusive com
amparo nos arts. 6º, 8º, 9º e 10 do CPC c/c 765 e 769 da CLT.
Dito isso, por não afastada a força da lei no caso específico e considerando-se
que não houve o cumprimento voluntário da norma pela requerida, julgo procedente o
pedido formulado pelo Parquet para o fim de determinar à DIMENSÃO SERVIÇOS E
COMÉRCIO LTDA que promova a contratação de pessoas com deficiência e/ou
beneficiários reabilitados pelo INSS, no percentual previsto no art. 93 da Lei 8.213/91,
considerando como base de cálculo o número total de empregados, sem qualquer
exclusão. A DIMENSÃO deverá provar nos autos semestralmente, via documentos, que
está cumprindo as determinações supra, iniciando-se a obrigação no dia 29/10/2019. Tal
prazo é estipulado em razão da urgência da medida para o efetivo cumprimento da quota
(arts. 300 do CPC), sem desconsiderar as eventuais dificuldades operacionais da
requerida em readequar os quadros da empresa, inclusive com possibilidade de dispensa
de funcionários para cumprir a lei.
Na hipótese de inadimplência, fica desde já estipulada multa mensal no valor
de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada empregado que deixou de ser contratado (com
deficiência ou reabilitado), tudo com amparo nos arts. 652, V, “d”, e 835 da CLT e 537
do CPC, que autorizam o Judiciário a impor sanções processuais inclusive de ofício.
Por fim, consigno que não há que falar em qualquer limitação da cominação
ora imposta, ante a natureza jurídica da astreinte, que é fazer valer a decisão judicial.
Ademais, registro que nenhuma petição, seja de embargos declaratórios, seja de
reconsideração, servirá para sobrestar o prazo acima estipulado, cabendo à requerida
tomar todas as medidas necessárias para cumprir a decisão judicial a partir da intimação
da presente.
Julgo procedente, nestes termos.
não se vislumbra, ao menos por ora, qualquer situação que justifique o levantamento do
véu corporativo e tampouco a solidariedade dos membros que compõem a requerida,
pois inexiste fraude ou abuso no uso da pessoa jurídica, sendo a empresa solvente, pelo
que se sabe.
Assim sendo, rejeito o pedido formulado na fase cognitiva.
2.8.DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
O art. 793-B considera litigante de má-fé aquele que:
“I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
(...);
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.”
A requerida, ao questionar a competência territorial deste Juízo, incidiu no
comportamento descrito no inciso I supra, tendo em vista que a ação civil pública n.º
280/2018 somente foi distribuída para a 3ª VT de Mogi das Cruzes em virtude da ação
prévia ajuizada pela própria empresa (2212/2017). Além disso, ao interpor mandado de
segurança contra a decisão de ID. 6254e06, a DIMENSÃO opôs resistência injustificada
ao andamento do processo, no claro intuito de postergar o deslinde da causa, levando
indevida e prematuramente o processo para as instâncias superiores, aparentemente
ciente de que não teria como escapar de uma condenação judicial.
Ora, é fato notório entre os minimamente conhecedores do direto que não cabe
mandado de segurança para atacar decisão que comporta meio impugnativo próprio e,
como se sabe, já existe o recurso ordinário para tutelar a parte no caso concreto (art. 895
da CLT). Portanto, ao desvirtuar o uso do writ, evidente que a requerida incidiu na
figura no inciso VII acima descrito, pois buscou única e exclusivamente protelar o feito.
Neste contexto, com base nos incisos I, IV e VIII do art. 793-B c/c art. 80 do
CPC, considero a parte DIMENSÃO litigante de má-fé, razão pela qual, com fulcro nos
arts.793-C da CLT e 81 do CPC, condeno-a a pagar uma multa no importe de R$
20.000,00, tendo em vista as balizas da lei em cotejo com o valor da causa.
A multa em comento também se reverterá em proveito do FAT.
2.9.DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Em se tratando de ação civil pública movida pelo MPT, reputo incabíveis
honorários advocatícios (STJ, REsp 1.626.443/RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª
Turma, DJe 27/08/2018).
Nada a deferir.
2.10.DA LIQUIDAÇÃO E DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
A liquidação envolve matéria de ordem pública e, portanto, pode ser feita de
modo diverso daquele determinado em sentença, desde que atenda à legislação vigente
no momento da apuração dos créditos (Súmula 344 do STJ). Sem embargo, a fim de
evitar a alegação de nulidade por omissão, esclareço desde logo que a liquidação deverá
ser realizada por meio de cálculos, respeitados os critérios da fundamentação e os
termos da petição inicial, que servem como balizas da condenação (arts. 141 e 492 do
CPC).
A correção monetária seguirá o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
Especial (IPCA-E), de acordo com o que pacificado na Arguição de
Inconstitucionalidade n.º 479-60.2011.5.04.0231, em que a Corte Suprema Trabalhista
declarou a inconstitucionalidade por arrastamento da expressão “equivalentes à TRD”,
atingindo por consequência lógica a incidência da Lei n.º 13.467/17. Tal também é o
entendimento do STF esposado no julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e na
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Reclamação n.º 22.012, esta última julgada em 05.12.2017 (após a reforma trabalhista),
abrangendo especificamente a utilização da IPCA-E na Justiça do Trabalho.
Em suma, após a modulação dos efeitos, prevaleceu o entendimento de que a
TRD não respeita o direito de propriedade, pois não recompõe a perda inflacionária
havida ao longo do tempo, merecendo ser adotado o critério acima descrito, inclusive
para que não haja afronta aos princípios da isonomia e da proporcionalidade e tampouco
ofensa ao art. 927, V, do CPC, que impõe a observância da disciplina judiciária (TST,
AIRR-25823-78.2015.5.24.0091, 15/12/2017; TRT/SP, RO 1001046-
70.2017.5.02.0053, 09/08/2018). Assim sendo, quando da apuração, deverá ser
observado o marco temporal da exigibilidade de cada obrigação, seguindo a diretriz do
artigo 459 da CLT e da Súmula 381 do TST, respeitada a Súmula 439 do TST para a
indenização por danos morais.
Sobre o valor corrigido incidirão juros moratórios de modo simples, no
importe de 1% ao mês, a partir do ajuizamento da ação, com esteio no art. 883 da CLT e
na Súmula 200 do C. TST. O cálculo será realizado de acordo com a Tabela Única de
Atualização e Conversão de Débitos Trabalhistas do CSJT vigente no momento da
liquidação, observada a Súmula 07 do TRT/02, pois cabe ao devedor arcar com todos os
encargos decorrentes da eventual demora processual, sendo seu o dever de primar pelo
rápido cumprimento da sentença judicial.
Registro que não são devidas quaisquer contribuições fiscais (IR) ou
previdenciárias (INSS) no caso em tela, ante a natureza indenizatória das parcelas
deferidas nestes autos (art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91 c/c OJ 400 da SDI-1). Indevidas,
outrossim, quaisquer compensações, por ausentes as hipóteses legais autorizadoras (arts.
368 do CCB e 767 da CLT c/c Súmula 18 do TST).
Em arremate, destaco que a parte ré, caso se transforme em executada, pode ser
validamente citada na pessoa de seu advogado, mas sem que incida a multa do art. 523
do CPC, ante a incompatibilidade do instituto com o processo laboral (Súmula 31 do
TRT/SP e Tema Repetitivo 4 do TST). No mais, é evidente que os critérios de
liquidação e execução deverão ser debatidos no momento oportuno, que é a fase de
cumprimento de sentença, não sendo esta a etapa adequada para se arvorar na matéria.
2.11.DOS DEMAIS REQUERIMENTOS E ESCLARECIMENTOS FINAIS
Apenas para evitar a oposição de embargos protelatórios, deixo expresso que o
Juízo não se encontra obrigado a rebater os argumentos meramente contingenciais e
tampouco as alegações subsidiárias, que, por sua própria natureza, são incapazes de
atingir a decisão adotada nos capítulos acima descritos (art. 489, § 1º, IV, do CPC c/c
art. 15 e incisos da IN 39/16 TST).
Finalmente, atentem as partes que os embargos declaratórios não servem para
discutir o conteúdo das provas e tampouco para obter a reforma do julgado, devendo
tais pretensões serem dirigidas à instância revisora. De todo modo, é certo que, por
imperativo legal, em caso de eventual omissão ou mesmo vício de nulidade, o próprio
Tribunal é competente para complementar ou sanear o feito de modo imediato, sem
necessidade de baixa dos autos ao primeiro grau (art. 1.013, §§ 1º e 3º, do CPC c/c
Súmula 393 do C. TST), que inclusive já encerrou sua função jurisdicional na fase
cognitiva, sem qualquer necessidade de pré-questionamentos.
São estas, portanto, as razões de decidir.
III – DA CONCLUSÃO
Diante do exposto e nos termos da razão de decidir supra, que integra este
dispositivo para todos os efeitos, nos autos das demandas conexas acima descritas,
decido (art. 55, § 3º, do CPC c/c arts. 769 e 832 da CLT):
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Decorrido o prazo de oito dias sem o recolhimento das custas (R$ 18,74 na
Ação Ordinária n.º 2212/2017 e R$ 2.400,00 na ACP n.º 280/2018), execute-se a
Dimensão.
Intimem-se as partes e os interessados cadastrados no PJe. Cumpra-se.
Mogi das Cruzes - SP, 29.04.2019
MATHEUS DE LIMA SAMPAIO
Juiz do Trabalho Substituto
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